domingo, 4 de novembro de 2018

MESTRE OMRAAM MIKHAEL AIVANHOV



"Os dois princípios, masculino e feminino, que são os princípios “espírito” e “matéria”, têm origem no Alto, nas regiões celestes. Mas estes dois princípios agem em todos os planos, pois é em todos os planos que se manifesta a sua polaridade. Vós mesmos, quando trabalhais, sois o espírito que age sobre a matéria. Isso já é verdadeiro quando quereis fabricar um objeto ou simplesmente preparar uma refeição. Mas é ainda mais verdadeiro em relação à atividade espiritual. Quando tomais consciência da necessidade de melhorar certas coisas em vós e decidis fazer esse trabalho, polarizais-vos: existe o princípio masculino – vós mesmos, o vosso espírito – e o princípio feminino – a vossa matéria psíquica, sobre a qual quereis trabalhar...
Deveis aprender, pois, a distinguir o eu do não-eu e a afastar-vos daquilo a que vulgarmente chamais o vosso eu mas que, na realidade, não é vós, para vos aproximardes do que é verdadeiramente vós: o vosso Eu Divino. É então que começa o verdadeiro trabalho do espírito sobre a matéria."

"Os pais são considerados responsáveis pelos erros que os seus filhos cometem até atingirem a maioridade. Quando eles causam estragos, na escola ou noutro lugar, é aos pais que as pessoas vão queixar-se e pedir que assumam a reparação do que ficou estragado. Se eles recusam, são levados a tribunal. Em nós, passa-se o mesmo. Se nos deixarmos ir atrás de maus pensamentos, de maus sentimentos, é como se tivéssemos filhos terríveis que vão por toda a parte, no mundo invisível, fazer estragos, e a Justiça Divina pedir-nos-á contas.
Vós direis que os vossos pensamentos e os vossos sentimentos são incontroláveis e que não sois responsáveis por eles. Estais muito enganados! Do mesmo modo que sois responsáveis pelos vossos atos, sois responsáveis pelos vossos pensamentos e pelos vossos sentimentos; é um dos princípios essenciais da Ciência Iniciática, pois os pensamentos e os sentimentos são entidades vivas e atuantes que tendes o dever de educar. As leis humanas só vos julgam relativamente aos vossos atos, mas as leis divinas julgam-vos também relativamente aos vossos pensamentos e aos vossos sentimentos."

"A Iniciação é uma ascese que ensina o homem a vencer as suas fraquezas e todas as suas tendências inferiores. Pode-se compará-la ao buraco estreito que a serpente procura na terra ou nas rochas para aí se libertar da sua velha pele. Por isso, Jesus dizia: «Entrai pela porta estreita, pois larga é a porta e espaçoso é o caminho que conduz à perdição.» O discípulo prepara-se para passar pela porta estreita que lhe tirará a sua velha pele. Em vez de se perturbar e de ter medo, ele deve regozijar-se por se tornar um homem novo, com pensamentos, sentimentos e um comportamento novos, dignos de um filho ou de uma filha de Deus.
Podemos dizer que, ao longo da sua existência, todo o ser humano passa necessariamente por duas portas: a do nascimento e a da morte. Mas existe uma terceira porta, a da Iniciação, e por esta só podem passar aqueles que são capazes de realizar um grande trabalho de purificação e de desapego."

"Alguém diz: «Eu só acredito naquilo que vejo!» Essa pessoa prova, muito simplesmente, que não reflete. Sim! Do que é que ele se ocupa, dia e noite? Dos seus pensamentos e dos seus sentimentos, mas também dos pensamentos e dos sentimentos dos outros. Ora, ela vê-os? Não. Então, como é que esses pensamentos e esses sentimentos representam para ela uma tal realidade? Dois seres amam-se; eles não veem o seu amor, não o tocam, mas por causa dele estão prontos a revolver o Céu e a terra. E a alma e a consciência, quem é que as viu? Quando, num tribunal, o juiz condena um malfeitor «na sua alma e na sua consciência», como é que se pode aceitar que a sorte de um homem seja decidida em nome de algo que nunca se viu?
Sem quererem admiti-lo, os humanos só creem em coisas invisíveis, impalpáveis. Eles pensam, amam, detestam, sofrem, regozijam-se... O que os torna capazes de terem esses pensamentos e esses sentimentos permanecerá invisível, mas, ao mesmo tempo, eles teimam em afirmar que só acreditam naquilo que veem. Que contradição!"

"Vós sentis a necessidade de ser reconhecidos, apreciados, por tudo o que fazeis de bom e de útil. É normal. Contudo, se quereis sentir-vos livres, é preferível libertardes-vos dessa necessidade. Observai-vos: enquanto esperais alguma coisa dos outros, estais vulneráveis. Se não vos manifestam a estima, o reconhecimento, o amor, que julgais merecer, ficais desiludidos, tristes. Mas porquê? Sois filhos e filhas de Deus; não vos basta que o vosso Pai Celeste reconheça os vossos méritos? Vós inquietais-vos, atormentais-vos, porque certos seres humanos – por vezes, pessoas tão vulgares! – não manifestam para convosco estima, respeito e admiração. Mas perdeis o vosso tempo, pois eles estão-se nas tintas para o vosso amor-próprio ferido. Enquanto tiverdes necessidade de que os outros reconheçam os vossos méritos, não podereis avançar. Esquecei um pouco tudo isso e sentir-vos-eis muito mais libertos."

"Imensas pessoas se lamentam por não conseguirem encontrar o sentido da vida! Elas não sabem que só o mundo espiritual pode dar-lhes o sentido da vida; e ele só o dá àqueles que, durante longos anos, fazem esforços para se elevarem até ele.
Dar um sentido à sua vida é a recompensa de um trabalho interior, paciente, incessante, que o homem começou a fazer sobre si mesmo. Quando ele chegou a um certo estado de consciência, recebe um elemento precioso, como que uma gota de luz, uma quintessência que impregna toda a matéria do seu ser. A partir desse momento, a sua vida ganha uma dimensão e uma intensidade novas, ele tem uma nova visão – uma visão clara – dos acontecimentos, como se lhe fosse dado conhecer a verdadeira razão de cada coisa. Mesmo a morte não o assusta, porque essa partícula que ele recebeu do Céu mostra-lhe um mundo onde já não existem perigos nem trevas e ele sente que já segue pelo caminho infinito da luz."

"Por estar sujeito às limitações da matéria, o nosso espírito não pode manifestar-se plenamente. Na sua própria esfera, no Alto, ele tem poderes ilimitados, é omnipotente. É a matéria aqui, em nós e à nossa volta, que lhe impõe limites. Mas, graças à continuidade dos nossos esforços quotidianos, pouco a pouco o espírito abre um caminho para si e acaba por triunfar sobre os obstáculos e transformar tudo.
Diz-se que o espírito tem poderes “sobrenaturais”. Não, na realidade não há nada de sobrenatural. Aquilo a que se chama milagres ou prodígios, todos esses acontecimentos que, aparentemente, contradizem as leis da Natureza, não são sobrenaturais, nem supranaturais, nem antinaturais: apenas obedecem a outras leis, igualmente naturais, que são as do espírito. Esforçai-vos por purificar a matéria do vosso corpo físico e dos vossos corpos psíquicos, e sentireis que também em vós se realizam os “milagres” do espírito."

"A religião cristã ensina que, depois da morte, as almas humanas vão para o purgatório expiar os pecados que cometeram durante a sua vida terrestre. Na realidade, a vossa verdadeira evolução ocorre na terra, não fora dela. Aquele que, por causa das suas falhas, está condenado, após a morte, a sofrer nas regiões do plano astral chamadas “purgatório”, depois tem de voltar à terra para reparar o mal que fez, pois não basta sofrer: o sofrimento não é uma reparação para os erros que se cometeu.
Uma vez que é na terra que o ser humano comete erros, é na terra que ele tem de vir repará-los. Não há outra explicação para a reencarnação. Se ele já tivesse expiado os seus erros no além, por que é que haveria de voltar a descer? Na realidade, existe uma lei segundo a qual cada um tem de reparar os seus erros em todas as regiões do Universo onde esses erros provocaram estragos e, portanto, também no plano físico. É assim que ele se instrui e se melhora."

"Muitas vezes, são as vossas mãos que revelam o vosso estado interior, mais do que qualquer outra parte do corpo. Por isso, quando quereis acalmar-vos, recuperar a ordem e a harmonia em vós, vigiai particularmente as vossas mãos. Com efeito, podeis pensar que estais descontraídos, mas as vossas mãos permanecem crispadas e é nelas que deveis focar a vossa atenção.
Certas pessoas agitam as suas mãos quando falam. Mesmo quando não falam, cruzam-nas, descruzam-nas, manipulam objetos sem qualquer necessidade, coçam-se, fazem rabiscos num papel, tamborilam com os dedos... Imobilizar e descontrair as mãos é um exercício dos mais difíceis. Por isso, observai-vos bem: se conseguirdes descontrair verdadeiramente as vossas mãos, sentireis um bem-estar até no vosso plexo solar."

"O instinto de posse não é, em si, repreensível. Aquele que quer possuir alguma coisa está no seu direito, é a Natureza que lhe dá esse direito. O seu corpo físico, por exemplo, pertence-lhe, e é desejável que ele o guarde para si. Está muito certo ele servir-se do seu corpo para fazer toda a espécie de distribuições (palavras, olhares, sorrisos, saudações, ajuda), mas não dá-lo.
Observai uma árvore: ela preserva as suas raízes, o seu tronco e os seus ramos, mas distribui as suas flores e os seus frutos, para alegria de todos; e as suas folhas também podem ser úteis. Foi assim que a Natureza pensou as coisas. O sábio, que compreendeu a lição da Natureza, esforça-se por imitar a árvore: preserva as suas raízes, o seu tronco e os seus ramos – simbolicamente falando –, mas distribui amplamente as suas folhas, as suas flores e os seus frutos, isto é, os seus pensamentos, os seus sentimentos, as suas palavras, a sua luz, a sua força. Aprendei vós também a conhecer aquilo que podeis dar e aquilo que deveis preservar."

"Por certo já passastes por este tipo de experiência: no final do dia, sentíeis-vos atormentados, abatidos; depois, fostes dormir e, no dia seguinte, acordastes completamente regenerados. O que se passou? Muito simplesmente, ao adormecerdes, conseguistes fugir, entrastes noutro mundo, onde os inimigos que vos perseguiam não foram capazes de vos apanhar.
Este deslocamento ocorre automaticamente à noite, durante o sono; mas nada vos impede de vos deslocardes também conscientemente, no estado de vigília. As preocupações, as perturbações e as tristezas que sentis são entidades que vos perseguem, e a única maneira de lhes escapar é mudar de plano. Se sentis uma perturbação no coração, transportai-vos para o intelecto. Se ela vos perseguir no intelecto, fugi para o coração ou para a alma. Se ela também conseguir apanhar-vos na alma, refugiai-vos no espírito. Quando atingirdes a região do espírito, nada nem ninguém poderá atormentar-vos."

"Simbolicamente, pode dizer-se que a eletricidade é o modo de aquecimento que corresponde aos espiritualistas. Porquê? Porque os verdadeiros espiritualistas são seres que sabem fazer funcionar os seus aparelhos interiores, ligando-se diretamente a essa central elétrica que o mundo divino é: giram o interruptor e sentem imediatamente um calor benfazejo, que enche o seu coração.
Também simbolicamente, podemos dizer que os humanos, na sua maioria, recorrem, para se aquecer, à madeira, ao carvão, ao petróleo, ao gasóleo, ou seja, a sentimentos, emoções e desejos grosseiros; e têm de retirar constantemente as cinzas, as escórias, pôr mais combustível… Mas sem grande resultado; mesmo que provoquem incêndios com as suas paixões descontroladas, têm sempre frio. No entanto, todos os seres possuem, nos seus corpos subtis, “aparelhos” que permitem produzir instantaneamente um calor benfazejo; para os porem em funcionamento, eles devem procurar o contacto com o mundo divino."

"Mesmo que gostem do seu trabalho, os homens e as mulheres só são tocados superficialmente pela sua atividade profissional. Ir à fábrica, ao escritório, vender numa loja, fazer investigações num laboratório, instruir crianças, só põe em ação uma parte das suas faculdades. É por isso que, tantas vezes, a sua atividade profissional os fatiga, os aborrece. A única maneira de vencer a fadiga e o aborrecimento é fazer, ao mesmo tempo, um trabalho pelo pensamento, pelo sentimento, pela vontade. Esse trabalho dará um sentido mais vasto à vossa atividade e tocará as raízes do vosso ser. E só se pode descobrir esse sentido pela ideia de aperfeiçoamento.
Portanto, de agora em diante, pensai em fazer convergir todas as vossas atividades para um único objetivo: o vosso aperfeiçoamento. Será assim que desencadeareis em vós forças que vos transformarão profundamente. Esse trabalho, o único verdadeiramente útil, nunca vos causará fadiga nem aborrecimento. Ganhai-lhe o gosto, ao ponto de nunca deixardes passar um dia sem sentirdes que, através das vossas diferentes atividades, conseguistes pôr em ação forças benéficas, em vós e em vosso redor."

"Pelo facto de o homem ter sido criado à imagem de Deus, qualquer que seja o grau de decadência ou de desespero em que ele possa cair, é impossível que se perca definitivamente: será sempre retido na beira do abismo. Por momentos, podemos pensar que um ser está a precipitar-se de cabeça no vazio. Mas, na realidade, faça ele o que fizer, sejam quais forem os perigos a que se exponha, acabará por ser salvo, pois também tem o selo divino profundamente inscrito em si mesmo: é esse selo, esse cunho, que, mesmo no momento em que se pensa que ele está a perder-se para sempre, o retém como uma mão poderosa e lhe dá a possibilidade de retomar o caminho da luz.
Fixai bem isto: mesmo que o ser humano seja presa de forças obscuras que o arrastam para o abismo, nunca nada está irremediavelmente perdido, pois o Criador pôs nele uma espécie de fecho de segurança: uma centelha que será, eternamente, o testemunho da sua pertença ao divino."

"Um clarividente é capaz de predizer os acontecimentos que estão para vir porque já os viu anunciados no mundo invisível, pois os acontecimentos que se dão na terra têm a sua origem mais acima, nos planos subtis. É preciso um certo tempo para eles descerem ao plano físico, mas, como já estão inscritos em cima, ocorrem necessariamente. A sua realização é o culminar de um longo processo.
Observai uma serpente: qualquer que seja o seu comprimento, a cauda passará sempre por onde a cabeça já passou, pois a cauda segue sempre a cabeça. Tal como a cauda, o mundo físico segue logicamente o movimento desencadeado nos planos subtis: os planos etérico, astral e mental. Em nós, a cabeça representa o pensamento e a cauda representa os atos. Portanto, aquele que tem a paciência de alimentar um ideal espiritual sem nunca desanimar, um dia conseguirá arrastar a cauda, isto é, mudar os seus atos, o seu comportamento, e até transformar o seu corpo físico."

"A Ciência Iniciática traz-vos novos conhecimentos; mas, se não viverdes em harmonia com as leis divinas, esses conhecimentos deixar-vos-ão. Viver em harmonia com as leis divinas é possuir a verdadeira ciência da vida. Então, sim, o saber eterno, universal, cósmico, revelar-se-vos-á, e todos os dias fareis novas descobertas, novas luzes se acenderão em vós.
Vós já possuís este saber, sempre o possuístes, mas ele está tão profundamente enterrado que dificilmente podeis tomar consciência dele. Só a vida harmoniosa, a vida divina, pode fazê-lo vir à superfície; melhor do que qualquer leitura, essa vida é que vos fará conhecer o essencial. Por isso, não conteis com os vossos conhecimentos livrescos: se não viverdes em harmonia com o Céu, tudo se apagará, perdereis tudo, mesmo os vossos dons e as vossas faculdades. Mas basta harmonizardes-vos com o mundo divino para descobrirdes o verdadeiro saber, um saber que nunca vos abandonará."

"Eu quero ser-vos útil, quero ver-vos felizes, por isso é que volto tantas vezes a esta questão fundamental: os alimentos da alma e do espírito. Enquanto não tiverdes aprendido a alimentar a vossa alma e o vosso espírito, sentireis uma insatisfação, um vazio.
Não se deve considerar a ciência espiritual do mesmo modo que se considera as outras ciências. Estuda-se gramática, matemática, física, química, biologia, etc., e, depois de se ter assimilado as noções apresentadas nos manuais, não é preciso repeti-las todos os dias. Consideremos a gramática: a partir do momento em que aprendestes bem a conjugação dos verbos, a concordância dos adjetivos, etc., não precisais de repetir a mesma lição. Mas, no que respeita à vida espiritual, não é por serdes capazes de repetir aquilo que lestes que o compreendestes verdadeiramente. A vida espiritual, pelo contrário, está assente na repetição. Deveis repetir, aprofundar diariamente as mesmas verdades, até elas se tornarem carne e osso em vós."

"As religiões monoteístas apresentaram o Senhor como um ser implacável, vingativo, ciumento, que vê tudo e castiga ao menor erro. Na realidade, não é assim, o Senhor nem sequer vê os erros dos humanos, Ele é todo amor, vive somente no esplendor. Mas Ele fez o mundo assente em leis, e essas leis castigam aqueles que as transgridem.
Vós cometestes um erro e sofreis... Então, orais e sentis que, graças a essa oração, começais a escapar aos vossos tormentos... Subitamente, tendes a sensação de que atingistes o Trono de Deus. Mesmo que estejais cheios de pó, com os cabelos desgrenhados, Deus ordena que vos lavem, que vos vistam, e convida-vos para o seu banquete na companhia dos Anjos e dos bem-aventurados. Quando desceis (porque, evidentemente, sois obrigados a descer, não podeis manter-vos durante muito tempo numa região tão elevada), recomeçam os tormentos... E eles continuarão até compreenderdes como deveis corrigir os vossos erros para, um dia, conseguirdes permanecer junto de Deus."

"Esquecei um pouco tudo o que vos falta. Quando se tem a possibilidade de abraçar pelo pensamento o Universo inteiro, de comunicar com todas as entidades luminosas que o povoam, como é possível sentir-se pobre e sem recursos? O que é que ainda vos falta para compreenderdes que sois ricos e que, com essa abundância, podeis ajudar os outros? Tentai, pelo menos, olhá-los com amor, arrancar do vosso coração algumas partículas benéficas para as projetardes sobre eles. Nesse momento, não só já não tereis a sensação de falta, como vos sentireis felizes, preenchidos.
Para se ficar mais rico, é preciso começar a dar, ao passo que apenas recebendo, ou tirando aos outros, empobrece-se. E enriquece-se quando se dá, porque se ativa em si forças desconhecidas que estavam adormecidas, estagnadas, algures nas profundezas. A partir do instante em que decidis projetar essas forças, elas começam a jorrar, a circular. Vós próprios vos questionais: «Mas como é que isto é possível? Eu dei e agora estou mais rico?» Sim, o mistério do amor está nisso."

"Seja na sua vida profissional, seja na sua vida familiar, há pessoas que têm tendência para se impor sem sequer se aperceberem de como essa atitude as desgasta. E aqueles que têm sempre alguém à perna, ordenando: «Faz isto! Não faças aquilo!», também acham muito cansativo. Eles suportariam melhor a situação se conhecessem os métodos graças aos quais poderiam transformar essas correntes emissivas. Como é que podem transformá-las? Adotando conscientemente uma atitude de passividade: não reagirem exteriormente, mas fazerem, interiormente, um trabalho pelo pensamento, até sentirem, no plexo solar, que essas energias brutas que a outra pessoa está a derramar neles se tornam uma corrente de energias construtivas, vivificadoras.
Aprender a aguentar é uma arte. Já pensastes por que é que os homens vivem menos tempo do que as mulheres? É porque eles têm sempre necessidade de se impor, ao passo que as mulheres estão mais habituadas a aguentar, a suportar, e, muitas vezes, mesmo inconscientemente, adotando uma atitude passiva, elas reforçam-se."

"O respeito verdadeiro, o respeito que devemos cultivar em relação aos seres, não deve limitar-se ao respeito pelos humanos, pois, para além do homem, e acima dele, existem imensas entidades a que ele não dá importância; muitas vezes, até nem acredita na sua existência, escuda-se no “respeito pelo ser humano” para se justificar de não respeitar nada, nem sequer o Criador.
Na realidade, nós não podemos respeitar verdadeiramente os humanos enquanto não tivermos consideração por um mundo que nos ultrapassa. De outro modo, apesar da nossa boa vontade, arriscar-nos-emos a prejudicá-los, porque haverá em nós propósitos que suprimirão o respeito. Só quando temos um sentimento sagrado por alguma coisa, ou antes, por um Ser infinitamente grande, o Criador, é que podemos respeitar realmente os humanos."


"É agradável e útil ter bons amigos, mas é preciso reconhecer que os inimigos também têm a sua utilidade. Se estudardes bem a questão, compreendereis até que, em certos casos, são eles os vossos verdadeiros amigos, pois são impiedosos, não vos poupam nada, farão notar tudo o que em vós não está bem. Vós direis: «Mas, muitas vezes, eles exageram!» Sim, é verdade, mas isso não faz mal, eles são como microscópios, e os microscópios, muitas vezes, são indispensáveis. Os cientistas usam-nos todos os dias, pois eles permitem-lhes ver detalhes que, de outro modo, passariam despercebidos.
Portanto, se desejais mesmo aperfeiçoar-vos, em vez de terdes aversão aos vossos inimigos, deveis admitir a sua utilidade. São eles que vos obrigam a trabalhar, a corrigir-vos, a encontrar soluções para os problemas que vos colocam. Assim, graças a eles, tornais-vos mais sábios e reforçais-vos."