domingo, 8 de março de 2020

MESTRE OMRAAM MIKHAEL AIVANHOV



"Para justificarem a desobediência e a grosseria das crianças, algumas pessoas afirmam que elas têm muito mais inteligência do que os seus pais e são obrigadas a fazer-lhes frente. É verdade que encontramos crianças verdadeiramente excecionais, mas são casos muito raros, e não é verdade que a maioria das crianças são génios com razão para se revoltarem contra pais imbecis. Não, e, antes de tudo, devemos saber que, se uma criança nasceu nesta ou naquela família, é porque há uma razão para isso; agora, que ela lá se encontra, é demasiado tarde para julgar e criticar. Se ela é tão genial, porque veio encarnar numa família de gente imbecil? Foi precisamente para fazer um estágio, e, ao fazer esse estágio, deve aceitar os seus pais. Depois, ver-se-á. Para já, como veio para esta família, deve começar por viver em sintonia com ela. Quando tiver dado provas da sua superioridade, poderá fazer o que quiser, mas não antes."

"Se Jesus disse: «Pedi e dar-vos-ão», é porque este ato de pedir, de desejar, de insistir, portanto, de implorar, rogar, orar, tem o poder de produzir certas mudanças, pelo menos na nossa consciência. Talvez não possamos alterar as circunstâncias exteriores, mas, face às circunstâncias, podemos mudar a nossa atitude interior, a nossa maneira de ver e de sentir, para já não estarmos tão aflitos, tão esmagados. Os nossos maiores poderes não estão no plano físico, mas no plano psíquico. Tem havido tantas pessoas com verdadeiras razões para sofrerem, para estarem desesperadas, mas que, pela oração, conseguiram encontrar a paz, a luz, a liberdade! Aqueles que querem transformar os seus estados de consciência devem saber que podem fazê-lo, graças a esta faculdade de orar que Deus deu a cada criatura."

"A quem vos dirigis, na vida, para tratar dos vossos assuntos: à porteira, ao varredor, à criada? Não, é a uma personagem de topo, que tem mais poderes do que vós. Pois bem, ficai sabendo que, assim como existe uma hierarquia exterior, que deveis respeitar para obter aquilo de que necessitais, existe uma hierarquia interior, no topo da qual reinam a vossa alma e o vosso espírito, e é a eles que deveis apelar para resolverdes os vossos problemas. Enquanto os humanos não conseguirem aceitar esta hierarquia interior, enquanto recusarem submeter-se ao princípio divino, estarão condenados ao insucesso. Todos aqueles que puderam estudar a realidade dos mundos superior e inferior, na Natureza e em si próprios, constataram que estavam povoados por entidades de toda a espécie: os seres do mundo superior manifestam-se com amor, bondade, generosidade, doçura, paciência, enquanto as criaturas do mundo inferior são cruéis, sem piedade. Então, porque se há de sempre escutar os cochichos dessas entidades maléficas, 
em vez de se dar ouvidos aos espíritos luminosos?"

"Deveis desejar a harmonia e a paz, tendo em mente que não podereis progredir se não encontrardes dificuldades e oposição. É preciso que se compreenda isto: aqueles que desejam a harmonia e a paz, sem antes terem aprendido a ultrapassar os obstáculos, preparam para si uma vida de desordem e perturbações. Porquê? Porque a verdadeira harmonia, a verdadeira paz, são uma recompensa que só recebem aqueles que conseguiram conquistá-las, ao manifestarem qualidades de desapego, de bondade, de paciência. Nessa circunstância, ainda que tenham de sofrer provações, não ficam atormentados, não sofrem e não fazem sofrer os outros, porque conseguiram transformar tudo, melhorar tudo, utilizar tudo. Graças a um trabalho paciente, aturado, conseguiram estabelecer relações com o Céu, fazer trocas com as entidades luminosas que o povoam, e então, sim, pode dizer-se que atingiram a verdadeira paz, a verdadeira harmonia."

"Aqueles que se consagram ao Céu não devem imaginar que terão uma vida tranquila, sem choques nem provações. Não, o Céu, que se ocupa deles, não os abandona a uma vida fácil, tranquila, insignificante. Aquele que se consagrou deve saber que será experimentado. Não serão provas para o punir, mas para o conduzir aos graus superiores de consciência, onde se desenvolverá, crescerá interiormente e despertará capacidades que nunca seriam despertadas se ele tivesse ficado em segurança e bem-estar. Quando o homem trabalha para a glória de Deus, as provações que o esperam são para o impelir a transformar-se definitivamente, até se tornar uma divindade. Mas, se ele trabalhar afastado da luz, todas as provações que tiver de passar serão correções, punições. Evidentemente, estas também irão ajudá-lo, impedi-lo de continuar a descer, mas são punições. As provações não têm, pois, o mesmo significado nos dois casos."

"Para a maioria dos humanos, a felicidade consiste em serem amados. Claro, eles até concordam em que também devem amar um pouco, mas creem que o mais importante é serem amados. A prova disso é que sofrem imenso quando descobrem que aquele ou aquela que amam não lhes retribui esse amor, não lho retribui tanto como eles o desejavam. Para serem felizes, esperam que o amor lhes venha do exterior. Se ele não vier, ou se lhes for retirado, sentem-se privados; não acreditam na sua própria força, no seu próprio poder de amar; têm necessidade de que o amor lhes seja dado por alguém do exterior. Na realidade, é preciso que saibam que, para encontrarem a paz e a alegria, não devem continuar a esperar que o amor lhes venha dos outros, mas sim decidir-se a contar somente com o seu próprio amor."

"Muitas pessoas olham os espiritualistas com piedade e dizem: «Meu Deus, que vida! Orar, meditar, fazer exercícios espirituais, jejuar, até, em vez de aproveitar os prazeres, como toda a gente. Coitados, é horrível!» Estas pessoas não sabem que aqueles que elas lamentam já tiveram, num passado próximo ou longínquo, essa vida que elas consideram tão desejável, e que a abandonaram precisamente porque descobriram a existência de outros domínios; eles conheceram outros estados de consciência, que lhes trouxeram outras felicidades, outras sensações de plenitude muito mais vastas, mais estáveis, mais seguras, de que os materialistas não têm a menor ideia. E, como essas pessoas que ainda não experienciaram tais alegrias espirituais, não têm o direito de se pronunciar sobre elas. Os espiritualistas puderam fazer a comparação, mas os materialistas não, porque vivenciam apenas uma categoria de prazeres; portanto, não podem pronunciar-se com conhecimento de causa e pr
 ecipitam-se ao lamentarem aqueles que escolheram a via da espiritualidade."

"Quantos homens e mulheres se suicidaram apesar de, como se costuma dizer, «terem tudo para serem felizes»: juventude, beleza, inteligência, riqueza, uma família e amigos que os amavam... Eles tinham tudo, exceto o essencial; o gosto pela vida; e isso, nenhuma das vantagens que eles possuíam poderia dar-lhes.
É na mente, pois, que se deve começar por mudar alguma coisa; é interiormente que se deve procurar ser feliz, porque, quando se tiver aprendido a ser feliz interiormente, ser-se-á feliz em quaisquer condições. Sim, mesmo nas piores condições, uma pessoa pode comunicar com as entidades celestes e sentir-se realizada, cheia de luz. Se a causa da vossa felicidade estiver dentro de vós, nada nem ninguém poderá privar-vos dela. No dia em que conseguirdes encarar as coisas assim, será o começo da vossa libertação, da vossa imortalidade, da vossa eternidade."

"A natureza inferior em nós é tão egoísta, má e cruel porque viveu em condições muito difíceis. Vede o que os animais têm de enfrentar para terem alimento e abrigo ou para se protegerem dos outros animais!... Como quereis que essa natureza primitiva, que viveu em condições idênticas, seja agora generosa e desinteressada? Para sobreviver, ela necessitava precisamente de ser egoísta, vingativa, e agora é perfeita nas suas manifestações. A natureza inferior tem tido direito, pois, a um lugar ao sol, e cumpriu perfeitamente a sua tarefa, mas ela não representa a última etapa do desenvolvimento humano. Agora, cabe à inteligência manifestar as suas qualidades. Graças a ela, estabelecer-se-á um equilíbrio entre as forças instintivas e as forças racionais. A natureza inferior tornar-se-á, por assim dizer, o alimento da natureza superior, que aproveitará todas as suas riquezas, e então será a plenitude."

"Frequentemente, nós ficamos alguns minutos em silêncio. Este silêncio não é um fim em si, apenas proporciona as condições para se fazer um trabalho interior. O silêncio, por si, não traz grande coisa; é certo que apazigua, é repousante, mas apenas isso. O verdadeiro papel do silêncio é dar livre curso ao pensamento e à imaginação. Por isso, quando estamos todos juntos em silêncio, tentai criar algo puro, caloroso, luminoso, para que a atmosfera à nossa volta vibre, e todos os que aqui vierem sintam em si um impulso para o bem. Senão, para que nos reunimos? Para que estamos juntos? Não devemos ficar para aqui como pedras! Até na imobilidade e no silêncio é preciso saber estar vivo e ser criador."

"O amor é um impulso magnífico, mas, na maior parte das vezes, misturam-se nele elementos passionais que impedem a sua verdadeira natureza de se manifestar... Reparai nos animais quando nascem: um cãozinho, um vitelinho, um cabritinho... não estão muito limpos, mas a mãe limpa-os. Também se dá banho a uma criança acabada de nascer. Pois bem, com o amor deve ser a mesma coisa. O amor é um filho divino, porque, sob qualquer forma de amor, há sempre Deus, mas é preciso purificá-lo, libertá-lo, para se descobrir a Divindade. Mesmo o amor mais egoísta, mais inferior, mais sensual, contém uma quintessência divina, mas coberta de demasiados elementos díspares, porque teve de atravessar, no seu trajeto, alguns lugares que não estavam muito limpos: chaminés, riachos lamacentos... É como uma pedra preciosa que é preciso limpar."

"A sexualidade é uma tendência puramente egocêntrica que leva o ser humano a só procurar o seu próprio prazer, ainda que tenha de fazê-lo em detrimento do seu parceiro. O amor, pelo contrário, pensa primeiro na felicidade do outro, é baseado no sacrifício, sacrifício de tempo, de forças, de dinheiro, para ajudar o outro, para lhe permitir desabrochar e desenvolver todas as suas capacidades. Nada é mais belo do que o amor, quando o homem está preparado para aceitar privações, para arrancar algo de si próprio, a fim de o dar. E a espiritualidade começa precisamente quando o amor domina a sexualidade, quando sois capazes de vos sacrificar para bem do outro. Enquanto não fordes capazes de vos sacrificar, não sereis capazes de amar."

"É possível ser feliz no casamento, mas desde que o homem e a mulher saibam como considerar-se mutuamente e aprendam a procurar o lado divino um do outro. Se não procurarem no parceiro a alma e o espírito, pelos quais devem fazer sacrifícios, todos os sacrifícios, que não contem com o corpo físico para os satisfazer. Vede: quando um homem perdeu a vida, quando “entregou a sua alma ao Criador”, não passa de um cadáver; e a sua mulher diz: «É preciso enterrá-lo!» Todavia, ela amava-o, e ainda o ama. Sim, mas é o lado subtil que se ama, não a matéria. Ora, o que é vivo é a parte divina do homem, a sua parte espiritual. O corpo físico não tem grandes alterações, até envelhece, e ao fim de algum tempo está-se farto dele... Mas a vida interior é sempre diferente, sempre nova como a água que corre, e é dessa água que todos gostam."

"Quando o Cristo desceu à terra, o seu espírito era grande, sublime, mas o seu corpo era pequeno, isto é, os seus membros, aqueles que o rodeavam, não souberam deixar-se penetrar muito profundamente por ele. Foi por causa da fraqueza dos seus membros, incapazes de apreender a sua grandeza, o seu poder, a sua imensidão, que Jesus foi crucificado. É certo que, quando ele entrou em Jerusalém, a multidão gritava: «Hossana!» Mas, quando ele foi detido no jardim de Getsemani, até os seus discípulos o abandonaram. Foi nestes discípulos que Jesus foi pequeno e fraco e não pôde, pois, enfrentar aqueles que, muito mais numerosos, estavam decididos a aniquilá-lo. Agora, ao longo dos séculos, o espírito do Cristo estendeu-se, pouco a pouco, pelo mundo inteiro. Já não podem crucificá-lo, porque ele está encarnado num corpo imenso, está abrigado nos corações e nas inteligências de milhões de seres."

"Entre os quatro elementos, a água é o que se introduz mais intimamente no nosso organismo; por isso, ao bebê-la, podemos comunicar com as forças puras do Universo e absorver os elementos que ela contém. Mas, para isso, é preciso bebê-la lentamente, aos golinhos, com a consciência de que se absorve o sangue da Natureza, que dessedenta e alimenta as criaturas. A água é a mãe da vida e merece o nosso respeito, o nosso reconhecimento e o nosso amor. Nas bodas de Caná, Jesus transformou a água em vinho, isto é, em sangue, em vida. Bebei água pensando que, no vosso corpo, ela também se transforma em sangue portador de vida. Meditai demoradamente nesta ideia e dizei à água: «Tu, que alimentas todas as criaturas, revela-me os segredos da vida eterna.»"

"O amor é um impulso magnífico, mas, na maior parte das vezes, misturam-se nele elementos passionais que impedem a sua verdadeira natureza de se manifestar... Reparai nos animais quando nascem: um cãozinho, um vitelinho, um cabritinho... não estão muito limpos, mas a mãe limpa-os. Também se dá banho a uma criança acabada de nascer. Pois bem, com o amor deve ser a mesma coisa. O amor é um filho divino, porque, sob qualquer forma de amor, há sempre Deus, mas é preciso purificá-lo, libertá-lo, para se descobrir a Divindade. Mesmo o amor mais egoísta, mais inferior, mais sensual, contém uma quintessência divina, mas coberta de demasiados elementos díspares, porque teve de atravessar, no seu trajeto, alguns lugares que não estavam muito limpos: chaminés, riachos lamacentos... É como uma pedra preciosa que é preciso limpar."

"Ouve-se dizer muitas vezes: «Puseram-me no mundo sem pedir a minha opinião; o meu pai era um bêbedo, a minha mãe uma mulher má, eles brigavam, batiam um no outro e também me batiam, privavam-me de alimento, de vestuário, eu não tinha livros para ir à escola... É por isso, por causa dos meus pais, que hoje sou um homenzinho sem importância.» E toda a gente concordará: «Coitado, claro que ele não tem culpa; se tivesse tido boas condições na sua juventude, etc., etc.» Mas, então, porque encarnou ele em tal família? Foi por acaso? Não, a Ciência Iniciática explica que há uma justiça e uma inteligência absolutas, que determinam exatamente, segundo as vossas obras, os vossos méritos, em que condições deveis encarnar, em que época, em que família, em que país... Portanto, aparentemente, os vossos pais é que são os responsáveis – porque é sempre preciso um responsável no plano físico – mas, na realidade, o verdadeiro culpado sois vós mesmos, que cr
 iastes tais condições."

"A sexualidade é uma tendência puramente egocêntrica que leva o ser humano a só procurar o seu próprio prazer, ainda que tenha de fazê-lo em detrimento do seu parceiro. O amor, pelo contrário, pensa primeiro na felicidade do outro, é baseado no sacrifício, sacrifício de tempo, de forças, de dinheiro, para ajudar o outro, para lhe permitir desabrochar e desenvolver todas as suas capacidades. Nada é mais belo do que o amor, quando o homem está preparado para aceitar privações, para arrancar algo de si próprio, a fim de o dar. E a espiritualidade começa precisamente quando o amor domina a sexualidade, quando sois capazes de vos sacrificar para bem do outro. Enquanto não fordes capazes de vos sacrificar, não sereis capazes de amar."

"O plano espiritual é construído e organizado de tal maneira, que apenas o facto de se pensar num ser ou num determinado elemento permite contactá-lo diretamente, qualquer que seja o lugar em que ele se encontre. Não é preciso, pois, conhecer a sua situação exata, como no plano físico, em que se tem necessidade de mapas ou endereços precisos. No plano espiritual, no plano divino, basta-vos concentrar fortemente o pensamento, para que ele vos conduza exatamente onde quiserdes. Pensais em saúde e já vos encontrais na região da saúde... Pensais em música, estais na região da música... É por isso que o discípulo de uma Escola Iniciática consagra todos os dias algum tempo a trabalhos de meditação, para visitar as regiões do mundo invisível, onde sabe que encontrará tudo aquilo de que necessita."

"Em todos os domínios é necessária uma evolução, mesmo na religião. Ora, aí, mais do que em qualquer outro domínio, os humanos têm tendência para imaginar que preceitos, ritos, instituídos há séculos, são válidos eternamente. Não, é um erro pensar assim. Tudo evolui, tudo progride. Vede como a ciência atual evolui rapidamente! Sim, a ciência evolui, mas a religião não evolui. Porque fazem os cientistas tantas descobertas? Porque não acreditam, duvidam, e dir-se-ia, até, que são as dúvidas que os fazem progredir. Os religiosos, pelo contrário, creem, mas uma fé que não é viva faz estagnar os humanos. Aliás, nem sequer se pode chamar a isso fé, é superstição ou fanatismo."

"Não seguis o Ensinamento da Fraternidade Branca Universal apenas para ouvirdes conferências ou lerdes livros que alimentarão o vosso intelecto; seguis este Ensinamento para vos ligardes ao Céu, para viverdes emoções espirituais que vos permitirão descobrir outras regiões em vós. É por isso que deveis empreender um trabalho sobre vós, no qual o coração e a alma tenham um papel preponderante. O intelecto só deve servir para vos mostrar o melhor caminho a seguir e vos dar razões para o seguir, nada mais. Todo o restante trabalho deve ser feito pelo coração, pela alma, pelo espírito. O intelecto só tem contacto com a superfície, não com o essencial."

"Muitas pessoas pretendem trabalhar para o futuro, para o seu futuro e o dos seus filhos: põem dinheiro no banco, compram ações, fazem um seguro de vida... e pensam que assim trabalham para o futuro! Meu Deus! Mas a que é que elas chamam futuro? O futuro é algo mais do que os trinta, quarenta ou cinquenta anos que ainda têm de passar na terra, ou a duração da vida dos seus filhos e dos seus netos!... Esse futuro pelo qual os humanos creem que trabalham é tão próximo que muito depressa será o presente, e um presente que cedo desaparecerá. Portanto, eles trabalham no vazio, para nada. Sim, na realidade, todos os acontecimentos que se desenrolarão nesta existência pertencem ao presente. O futuro é outra coisa, e vós ainda não sabeis verdadeiramente o que ele é. Esse futuro de que vos falo está fora do passado e do presente, é a eternidade, o infinito, e é esse que nós temos o poder de criar."

"Na maioria dos humanos, a consciência manifesta-se como se fosse a subconsciência, ou seja, como se todas as impressões do passado, todos os instintos hereditários, todas as tendências animais, ressurgissem incessantemente para se projetarem nessa tela que é a consciência. Por isso, quando o discípulo começa a percorrer o caminho da Iniciação, deve contar com surpresas. Ele quer orar, ser bom, puro, mas um outro desejo se põe a gritar dentro dele: «Ah! não, isso não, eu quero...» Então, coitado, muitas vezes ele capitula. Mas se, apesar de tudo, continuar a lutar contra os seus desejos inferiores, pouco a pouco irá conseguindo libertar-se e começar a viver na supraconsciência. As criaturas celestes, que veem os seus esforços, vêm em seu auxílio e ele sente-se apoiado, iluminado, a sua consciência começa a ampliar-se, a ficar mais esclarecida. O que não quer dizer que ele esteja definitivamente ao abrigo das forças do subconsciente, porque elas continuarão
  a tentar reconduzi-lo à vida animal. Mas, se ele prosseguir nos seus esforços, passado algum tempo estabelecer-se-á como que uma barreira entre ele e o mundo subterrâneo, e então ficará realmente fora do seu alcance."

"O plano espiritual é construído e organizado de tal maneira, que apenas o facto de se pensar num ser ou num determinado elemento permite contactá-lo diretamente, qualquer que seja o lugar em que ele se encontre. Não é preciso, pois, conhecer a sua situação exata, como no plano físico, em que se tem necessidade de mapas ou endereços precisos. No plano espiritual, no plano divino, basta-vos concentrar fortemente o pensamento, para que ele vos conduza exatamente onde quiserdes. Pensais em saúde e já vos encontrais na região da saúde... Pensais em música, estais na região da música... É por isso que o discípulo de uma Escola Iniciática consagra todos os dias algum tempo a trabalhos de meditação, para visitar as regiões do mundo invisível, onde sabe que encontrará tudo aquilo de que necessita."

"Seja o que for que vos disserem, sejam quais forem as filosofias que circulem atualmente pelo mundo, nunca corteis a ligação com Deus. Pelo contrário, procurai-O, pensai n'Ele, amai-O, invocai-O; recebereis assim energias invisíveis, mas extraordinariamente poderosas, que impedirão as forças das trevas de vos perturbarem e prejudicarem. Talvez sejais ainda um pouco maltratados de vez em quando, porque ainda não conseguistes criar essa ligação poderosa com o Senhor, mas, no dia em que o conseguirdes, o mal já não poderá atingir-vos. Os cristãos recitam ou cantam: «O Senhor é meu pastor», mas, para eles, isso não passa de palavras, porque não conhecem toda a ciência extraordinária que está oculta por detrás delas. Nada é mais importante, essencial, do que este amor para com o Criador, porque graças a ele tudo se ordena, tudo se regulariza, tudo se harmoniza."

"A Terra é um centro de aprendizagem ao qual descemos por várias razões, principalmente para saldarmos as dívidas que contraímos nas nossas encarnações anteriores. Em seguida, temos de compreender a situação em que nos encontramos no momento; finalmente, devemos trabalhar para nos aperfeiçoarmos em todos os domínios. A maior parte dos humanos, que não sabe por que razão se encontra na Terra, limita-se a comer, beber, dormir, divertir-se, brigar... Aqueles que são esclarecidos, pelo contrário, sabem que devem reparar os erros cometidos nas suas vidas precedentes. Depois, procuram compreender porque estão em tal país, em tal família, e o que se espera deles. Finalmente, esforçam-se por desenvolver todos os germes das qualidades e virtudes que o Criador neles depositou desde sempre. É por isto que uma Escola Iniciática é tão indispensável; não há nada superior ao esclarecimento que ela traz ao discípulo sobre o sentido da sua vida terrestre."