MESTRE OMRAAM MIKHAEL AIVANHOV

"Pensai em preparar as condições para que a Inteligência Cósmica possa visitar-vos e trabalhar em vós, pois ela envia ininterruptamente para o espaço raios, partículas, para com elas vos impregnar e vos tornar melhores. Sim, precisais de saber isto: se não vos tornais melhores, é porque nada fazeis para permitir que a Inteligência Cósmica penetre em vós. Devido às vossas fraquezas e às vossas impurezas, pouco a pouco fabricais uma carapaça que vos torna impermeáveis à sua influência. Para romperdes essa carapaça, precisais de fazer um trabalho de purificação, de renúncia. Cada renúncia a um vício, a um hábito pernicioso, abre uma porta para o mundo luminoso. Já que tantos amigos do mundo invisível querem ajudar-vos, porque haveis de impedi-los? Abri o vosso coração e a vossa alma e dizei: «Bem-vindos, espíritos luminosos! Eu preciso de vós. Entrai, purificai-me, dai-me da vossa luz!»"

"É preferível atribuir sempre uma finalidade aos trabalhos espirituais. Então, dizei: «Eu estou a meditar, a orar, para a realização disto ou daquilo.» Sim, indicai a razão, para que as forças que projetais não se percam em todas as direções e sejam orientadas para um ponto preciso. Assim, tornar-vos-eis, pouco a pouco, senhores dos vossos pensamentos. O pensamento é muito difícil de domar, de submeter, é como um cavalo selvagem.
Em muitos livros hindus, vemos as lamentações de alguns yogis: «Ó Indra, como é difícil submeter o pensamento! Tanto como tentar fazer uma corda com areia ou ligar o vento.» Mas, exercitando-nos todos os dias e dando uma finalidade aos nossos exercícios, acabamos por tornar o pensamento dócil e, sobretudo, atuante."

"O único verdadeiro criador é o que cria pelo pensamento, porque é no plano mental que as coisas se criam. No plano físico, não se cria, copia-se, imita-se, faz-se uns arremedos. A verdadeira criação tem lugar no mundo espiritual. Portanto, ainda que deem ordens à matéria, ainda que a dirijam e a obriguem a trabalhar para eles, todos os que ainda não compreenderam esta verdade nivelam-se pela matéria, descem ao seu nível e, portanto, perdem o poder de se impor, perdem a sua força mágica. Por isso, eu digo-vos: se quiserdes tornar-vos verdadeiros criadores, forças formidáveis, aprendei a servir-vos da vossa vontade, do vosso pensamento, do vosso espírito, para moldardes as situações e os acontecimentos da vossa existência."

"Quando a criança forma o seu corpo físico no seio da mãe, chama a si, no além, a sua família invisível, que é muito numerosa, para que ela a ajude nesta construção. De todos os lados chegam pais, avós e até antepassados longínquos, que deitam mãos à obra. Eis a razão por que o corpo físico é condicionado pelo atavismo, pela hereditariedade. E esta hereditariedade pode ser sã ou doentia. Toda uma geração, por vezes várias, participam na construção do corpo da criança, que é, portanto, o reflexo, a síntese dessas gerações de seres que viveram ao longo de séculos e milénios. Por isso é tão difícil escapar ao atavismo, à influência de uma família. Só o discípulo de uma Escola Iniciática, que é instruído na omnipotência do espírito sobre a matéria, consegue, pouco a pouco, modificar a sua hereditariedade."

"É frequente erguer-se estátuas aos homens e mulheres considerados benfeitores. Porque salvaram a pátria, descobriram vacinas ou foram grandes poetas, grandes filósofos, etc., colocam-nos num pedestal. E há razão para isso, é claro, não digo que se deve retirar-lhes os louros. Todavia, acho que aqueles a quem deveríamos erigir as mais belas estátuas são os nossos inimigos... É verdade, eles são os nossos verdadeiros benfeitores. Graças a eles, somos obrigados a estar mais vigilantes, a ser mais inteligentes, mais pacientes. Pensais que isto não tem sentido? Pois bem, pensai o que quiserdes, mas, apesar disso, tentai refletir um pouco nesta ideia: habitualmente, os nossos amigos adormecem-nos, ao passo que os nossos inimigos espevitam-nos. Direis: «Mas isso é horrível! Eles vão aniquilar-nos!» Não. Se tiverdes um alto ideal e o desejo sincero de avançar, recebereis o saber e a força para utilizardes todos os obstáculos que os vossos inimigos puserem no vosso ca
 minho. Esses obstáculos serão como degraus que vos permitirão subir cada vez mais alto."

"A alma e o espírito do homem são de essência divina e eles conhecem-se e manifestam-se como tal lá em cima, no seu mundo. Mas também precisam de se conhecer e se manifestar aqui em baixo, através da matéria, ou seja, através do corpo físico. Este é o mais profundo mistério da existência humana. Ele é simbolizado pela imagem da serpente que morde a sua própria cauda: a cabeça é o Eu superior, o espírito, e a cauda é o eu inferior, a matéria. A cabeça engole a cauda – isto significa que o espírito age sobre a matéria para poder manifestar-se através dela. O espírito, que está em cima, que é omnisciente, omnipotente, deve poder contemplar-se através da matéria como se esta fosse um espelho. É o objetivo da Iniciação: transformar a matéria para que esta possa reenviar ao espírito a imagem de si próprio."

"Não deveis deixar-vos levar pelas vossas simpatias e pelas vossas antipatias, mas aprender a utilizá-las. Quando uma pessoa vos é simpática, pensai nela para vos regozijardes e vos animardes. Sim, quem vos é simpático age favoravelmente sobre vós; aproveitai, pois, a boa disposição que isso vos proporciona. Perguntais-me agora: «E o que é que havemos de fazer com quem nos é antipático?» Ora bem, nesse caso, exercitai-vos e dizei: «Agora, nós! Temos de ultrapassar isto!» Experimentai, e vereis quão fortes e poderosos vos tornareis. Sim, há sempre ocasiões para vos reforçardes, em tudo o que vos acontece. Porque não as utilizais? Apegais-vos aos vossos sentimentos de simpatia ou de antipatia... Mas isso é insuficiente; deveis saber que se trata de impulsos que nascem em vós, não para que vos deixeis ir atrás deles, mas para que os utilizeis inteligentemente e façais com que eles sirvam a vossa evolução."

"Só a beleza pode salvar-nos. Mas não a beleza física dos homens e das mulheres, que nos arrasta para as paixões e para as tragédias. A beleza que pode salvar-nos é a beleza espiritual. Pela meditação, pela contemplação, devemos procurar sentir essa beleza, revestir-nos dela, impregnar-nos dela, pois é ela que nos preserva da beleza enganadora. Vesti um fato novo a uma criança e ela não precisará de ser muito inteligente para sentir que não deve sujá-lo a brincar no rio. Da mesma maneira, quando tiverdes conseguido atingir o mundo da verdadeira beleza, que é pura luz, e de a vossa aura estar impregnada dessa luz, já não tereis vontade de ir mergulhar num lugar qualquer e sujar esse magnífico traje. É, pois, essa beleza que vos salva. Mas, evidentemente, enquanto vos sentirdes como aquele que, vestido de fato de macaco, patinha na lama, no estrume ou no óleo sujo das máquinas, não recuareis perante qualquer sujidade, qualquer impureza."

"O que é, na realidade, o trabalho do pensamento? Em nós e à nossa volta, existe uma matéria subtil, mas inorganizada, pois ainda não recebeu formas. É sobre esta matéria que o nosso pensamento tem poderes e compete-nos agir sobre ela como se fosse uma pasta de modelar, a fim de nos tornarmos criadores no mundo da beleza, da harmonia e da luz. O que o homem cria no plano material é importante, sem dúvida, mas são infinitamente mais importantes as suas criações psíquicas, é por estas que ele é julgado pelo Céu. A maioria dos humanos, que não dominam o seu pensamento, povoam o espaço com criaturas monstruosas, diabólicas, que vão propagar o mal por toda a parte. O discípulo, que conhece os poderes do pensamento, procura, pelo contrário, só produzir criaturas benéficas que irão levar a paz e a luz por todo o mundo."

"A ciência enveredou há muito, muito tempo, pelo caminho da análise: separar, cortar, dissecar... É certo que, de vez em quando, é necessário analisar um ou outro pormenor, mas a síntese é o único método verdadeiramente útil e rico, porque só a síntese vivifica. Com a análise, cada vez limita-se mais, restringe-se mais. Podemos dizer, então, que a síntese tende para a vida... Uma prova: o que faz uma mãe? Para formar o filho, ela reúne milhares de elementos. O filho é aquela síntese viva que se mexe, que se alimenta, que fala. Mais tarde, quando chega a hora da análise, cada partícula do corpo vai reunir-se à região de que proveio: a terra, a água, o ar, o fogo... Exatamente como as letras regressam à caixa do tipógrafo. Por conseguinte, se vos obstinais sempre em analisar, em desconjuntar, em desmontar as coisas e os seres, caminhais rumo à morte, à morte espiritual."

"O Senhor não espera que nós realizemos o seu Reino no Alto, onde ele já existe desde a criação do mundo. Ele pede-nos que o realizemos na terra, entre os humanos, sabendo manifestar as virtudes divinas. Todos os grandes Mestres e Iniciados sabem que vieram à terra para trabalhar na realização do Reino de Deus. Por isso, os ensinamentos que incitam os humanos a abandonarem a terra com o pretexto de que ela é um vale de lágrimas e de que a sua verdadeira pátria é algures, fora dela, não são conformes aos projetos de Deus. Segundo o que nós sabemos e o que os grandes Iniciados nos têm ensinado, o desejo e o plano de Deus são a realização do seu Reino na terra. O homem deve trabalhar a matéria, torná-la sensível e subtil, para que ela possa vibrar em harmonia com o mundo do espírito."

"O que é, na realidade, o trabalho do pensamento? Em nós e à nossa volta, existe uma matéria subtil, mas inorganizada, pois ainda não recebeu formas. É sobre esta matéria que o nosso pensamento tem poderes e compete-nos agir sobre ela como se fosse uma pasta de modelar, a fim de nos tornarmos criadores no mundo da beleza, da harmonia e da luz. O que o homem cria no plano material é importante, sem dúvida, mas são infinitamente mais importantes as suas criações psíquicas, é por estas que ele é julgado pelo Céu. A maioria dos humanos, que não dominam o seu pensamento, povoam o espaço com criaturas monstruosas, diabólicas, que vão propagar o mal por toda a parte. O discípulo, que conhece os poderes do pensamento, procura, pelo contrário, só produzir criaturas benéficas que irão levar a paz e a luz por todo o mundo."

"Em vez de perder tempo com perguntas inúteis: «O meu Mestre será uma reencarnação de Jesus, de São João, de Buda? Será Melquisedeque?», o discípulo deve descobrir o que é mais útil para o seu Mestre e para si próprio: trabalhar com o amor e a luz. E também não tem de se interrogar sobre se o seu Mestre é de um grau mais elevado ou menos elevado do que qualquer outro. Não é isso que o fará evoluir, mas sim o seu trabalho e a fidelidade ao Mestre."

"Só encontrareis o sentido da vida se vos consagrardes ao serviço do mais elevado dos ideais, pois, por detrás desse ideal, existem biliões de criaturas a trabalhar. Quando essas criaturas virem que participais com elas na construção de um mundo novo, cumular-vos-ão de graças e, então, sentireis que algo em vós irrompe e transborda... Mesmo sem nada pedirdes, mesmo sem nada esperardes, sentireis que recebestes tudo."

"Enquanto não tiverdes aprendido a dominar-vos, as vossas células não vos obedecerão. Para que elas se submetam às vossas ordens, é imperioso que sintam em vós um chefe. Tem sido mencionado imensas vezes que os yogis podem meditar durante horas nas florestas da Índia, sem que as feras lhes façam qualquer mal. É verdade. Os animais sentem que aqueles yogis são seres com autodomínio e respeitam-nos. Em todas as criaturas está inscrito o sentido de hierarquia. Até as feras sentem o vosso grau de evolução. Também acontece assim, por maioria de razão, com as vossas células, que são como que animaizinhos inteligentes."

"Está escrito: «No começo, Deus criou o Céu e a terra.» Toda a filosofia está contida só nestas duas palavras: o Céu e a terra.
O que é o Céu? É o espírito, a luz, as virtudes. E a terra é o mundo material, o corpo físico. Moisés, que era um grande Iniciado, mencionou o Céu em primeiro lugar e depois a terra. Mas os humanos têm antes tendência para pôr a terra em primeiro lugar. E alguns vão mesmo mais longe: procedem como se só a terra tivesse sido criada sabe-se lá por quem! É por se dar prioridade à terra que já nada vai bem no mundo. E este desequilíbrio também se repercute no ser humano. É preciso que se saiba que a origem de todos os desequilíbrios está no desconhecimento das posições relativas que o Criador atribuiu ao espírito e à matéria. Claro que não se deve negligenciar a matéria, o corpo físico, mas é ainda mais prejudicial para o homem não ter compreendido, de uma vez por todas, que o espírito está sempre em primeiro lugar."

"A Nova Jerusalém é um símbolo do homem novo, cujas qualidades e virtudes são representadas pelo ouro, pelas pérolas e pelas pedras preciosas. Cada um de nós deve transformar-se em Nova Jerusalém. Desde há dois mil anos, numerosas sociedades ocultas têm afirmado que são a Nova Jerusalém. Mas como é possível um ser ou um grupo de seres tomar-se pela Nova Jerusalém, se permanece na incompreensão e nas velhas formas, se não possui as chaves que abrem o Livro da Vida? Só é Nova Jerusalém quem possui as chaves que permitem abrir os sete selos, isto é, quem compreende profundamente as Escrituras. Ser a Nova Jerusalém não é balbuciar alguns extratos da Ciência Iniciática e, paralelamente, continuar na mesma: medroso, enfezado, cheio de incertezas, fraco e mau. Todos nós podemos ser a Nova Jerusalém, desde que tenhamos a luz que não só nos dá o conhecimento, mas também nos mostra a maneira de o manifestarmos na nossa vida."

"A profundidade está ligada ao sentimento, a altura ao pensamento e a largura à atividade. Por isso, não se deve falar de pensamentos profundos, mas de pensamentos elevados, nem de sentimentos elevados, mas sim profundos. Quanto à atividade, deve ser ampla, vasta. Ao longo do seu crescimento, uma árvore desenvolve-se sucessivamente nestas três dimensões. Primeiro, a semente dá origem a raiz, que se afunda no solo. Quanto mais profunda é a raiz, mais a árvore poderá elevar-se e alargar-se. Depois, cresce o tronco, que se eleva para as alturas. Quando a profundidade das raízes e a altura do tronco estão garantidas, a árvore pode alargar-se por intermédio dos seus ramos. O homem deve crescer e desenvolver-se à semelhança da árvore. Só depois de ter aprofundado os seus sentimentos é que ele pode elevar o seu pensamento; e, quando o seu pensamento se tiver elevado, ele poderá alargar a sua atividade."

"Algumas pessoas reúnem-se para tomar uma decisão relativamente a um projeto. Se elas forem capazes de mostrar compreensão e amor umas para com as outras, tudo será fácil. Mas, se vierem sem amor, apenas irão criticar ou contradizer as outras, opor-se a elas, e nunca encontrarão uma solução. É o que acontece frequentemente nas assembleias e nas reuniões, porque nelas não há amor. Quando se vai verdadeiramente inspirado pelo amor, por vezes bastam cinco minutos para se resolver problemas que, sem ele, ficariam por resolver durante anos.
Se não conseguirdes resolver os problemas, não tereis motivos para vos sentirdes orgulhosos, devereis refletir sobre o que poderá impedir-vos de o conseguir: não será falta de amor? Introduzi um pouco mais de amor e os problemas serão resolvidos; então, partireis felizes e até admirados, por ter sido tão simples."

"Moisés tinha imposto ao seu povo leis implacáveis: olho por olho, dente por dente. A mínima falta deveria ser punida, nunca havia lugar para a indulgência ou para o perdão. Mas isso era normal. A humanidade encontrava-se num grau de evolução em que tinha necessidade de regras rigorosas e devia começar por aprender a justiça. Naquela época, a justiça já era um grande progresso. Mas essa situação não podia durar eternamente. Deus é clemente e misericordioso, e era preciso que os humanos se tornassem clementes e misericordiosos como Ele. Foi por isso que Jesus veio ensinar o perdão. Analisai a maneira como ele agiu para com a mulher adúltera que os fariseus queriam lapidar. Pela sua atitude, Jesus transgredia a lei da justiça, mas, ao transgredi-la, instituía a lei do amor."

"Um dia, os discípulos de Nastradine Hodja perguntaram ao seu Mestre: «Nastradine Hodja, quando acabará o mundo?» «É muito simples! – respondeu Nastradine Hodja. Quando eu morrer.» E tinha razão: quando um homem morre, o mundo inteiro desaparece com ele, e, se ele estiver vivo, o mundo também estará vivo. Há aqui matéria para reflexão!... Sim, depende de vós, da vossa consciência, que o mundo esteja vivo ou morto, que ele seja espiritual ou material, subtil ou grosseiro, belo ou feio. Direis: «Mas nós sabemos isso!» Bem, se o sabeis, porque não o conseguis realizar? Conheceis tudo, mas não fazeis nada. Fazei alguma coisa, decidi-vos a mudar os vossos óculos interiores, para que o mundo e os seres se tornem, para vós, verdadeiramente vivos."

"Em todos os domínios – político, social, científico, económico, religioso, moral – ouvimos as pessoas falarem de responsabilidade. Mas quantas são capazes de encarar esta questão com a mesma largueza de vista que um Iniciado? Quase sempre, elas sentem a sua responsabilidade como um fardo terrível, uma fonte de inquietações e aborrecimentos. Assim, em vez de saírem reforçadas, iluminadas, ficam prostradas, esmagadas. Um verdadeiro Iniciado, que procura continuamente manifestar-se e agir de modo a conduzir os que o rodeiam para uma direção divina, encontra nas suas responsabilidades, pelo contrário, possibilidades infinitas de evolução. Isto não quer dizer que ele não sente peso algum... Mas diz para consigo: «Graças a este encargo, vou desenvolver a vigilância, vou alargar a minha consciência», e é assim que ele avança, cresce e se enriquece."

"Habituai-vos a, antes de agir, elevar-vos pelo pensamento até um ponto alto, de onde possais aperceber-vos claramente da situação. Mesmo quando não tiverdes nada de especial para fazer, sempre que dispuserdes de um tempinho livre, entrai em vós e imaginai que subis a esse ponto alto. Quando, depois, tiverdes de agir, tomar decisões, o terreno estará desbravado, e agireis corretamente. É por não adoptarem esta prática que as pessoas andam tão desorientadas e infelizes. Agem sempre em função de impulsos irrefletidos e, evidentemente, batem com a cabeça nas paredes. Ao sentirem que se enganaram, tomam outra direção, mas como, mais uma vez, não refletiram, batem novamente com a cabeça nas paredes. Sim, a cabeça dos humanos está coberta de nódoas negras, de altos, de concavidades, simbolicamente falando. É tempo, pois, de eles levarem a sério os conselhos dos sábios que lhes dizem: «Entra em ti e medita», porque é desse modo que acabarão por se elevar até ao
 cume espiritual, de onde poderão captar os múltiplos aspetos da realidade, a fim de melhor poderem trabalhar e manifestar-se."

"Habituai-vos a levantar-vos cedo para assistirdes ao nascer do Sol, porque é de manhã, ao nascer, que o Sol vos aparece em todo o seu esplendor, com todo o seu significado. Aprendereis a entrar em contacto com ele, com o seu espírito, a absorver os seus raios, que são os germes da vida. É indo ao nascer do Sol que ganhareis a vida eterna, captando e acumulando em vós os germes vivos que estão em suspensão na atmosfera. É certo que também podeis encontrar essas partículas luminosas sempre que orais, meditais, cantais, respirais e comeis com amor. Mas nunca as encontrareis tão abundantes e tão puras como na sua fonte, no Sol."

"O intelecto possui a luz, ou seja, vê, e assim pode observar, informar-se, advertir... Ao passo que o coração possui o calor e, com esse calor, dá o impulso, tem todas as possibilidades de pôr as coisas em movimento, de as fazer avançar, de as deslocar.
A imagem do navio dar-vos-á uma ideia das funções diferentes do coração e do intelecto. Em cima, na ponte, está o capitão; é ele que vê, que indica a direção, que dá ordens. Em baixo, encontram-se os maquinistas, cuja ocupação é fazer avançar o barco; não veem nada, mas são eles que se ocupam da propulsão, não é o capitão; e, se eles não quiserem obedecer, o barco não avançará. Para que o barco avance em segurança e na rota certa, é preciso que todos – capitão e maquinistas – se unam. São também estes a natureza e o papel do intelecto e do coração. O intelecto é mais capaz para a visão, ao passo que o coração é mais capaz para a impulsão."