domingo, 4 de outubro de 2020

MESTRE OMRAAM MIKHAEL AIVANHOV

 

"Os humanos raramente têm consciência dos seus hábitos mentais. Um, quando deve empreender um trabalho, fica imediatamente crispado, enerva-se; outro, perante cada situação nova, tem logo uma reação negativa ou de receio; outro revolta-se; outro desanima… Mas, como são atitudes de que eles nem sequer se apercebem, não conseguem corrigi-las e, seja em que situação for, encontram sempre um pretexto para voltarem a cair nas mesmas esquisitices. A primeira coisa que deveis fazer é, pois, estudardes-vos para vos conhecerdes. A partir do momento em que vedes claro em vós, já tendes os meios para remediar a situação: recebeis imediatamente um impulso para mobilizardes todas as possibilidades que Deus pôs na vossa subconsciência, na vossa consciência e na vossa supraconsciência: é assim que progredis dia após dia, por causa do hábito que adquiristes de vos estudardes e estardes lúcidos em relação a vós mesmos."
 
"Se soubermos reforçar-nos e ir mais longe na nossa compreensão das coisas, um mal que deitaria os outros por terra, ou os aniquilaria, a nós tornar-nos-á mais fortes, mais nobres e mais saudáveis. Portanto, não devemos tentar suprimir o mal, mas reforçar-nos para lhe resistir. O que é que se faz contra a chuva, a neve, a tempestade? Sai-se de casa para ordenar às forças da Natureza que se acalmem? Talvez seja assim nos contos de fadas, mas na vida corrente as pessoas ocupam-se da sua casa, consolidam-na, verificam o isolamento, instalam um bom sistema de aquecimento, e isso é suficiente, elas ficam tranquilas. Então, porque é que, interiormente, não se há de fazer a mesma coisa? Porque é que as pessoas lutam contra o mal em vez de se ocuparem somente a tornar-se mais fortes, mais resistentes, para compreenderem melhor e agirem melhor? "
 
"Para sair dos limites da sua consciência, o discípulo deve aprender a projetar-se muito alto, até esse Ser que abarca tudo e alimenta todas as criaturas, e interrogar-se sobre como Ele encara o devir do homem, quais são os seus projetos para ele, para a sua evolução no futuro, próximo e longínquo. É assim que o discípulo consegue sair de si mesmo: procurando aproximar-se cada vez mais desse Ser imensamente grande, luminoso e perfeito. Vai-se realizando um trabalho no seu interior, na subconsciência, na consciência, na supraconsciência, e as sensações e experiências que ele vive são inexprimíveis. Esta prática é uma das mais salutares para o discípulo. Dedicando-se a ela diariamente, ele consegue afastar-se do seu eu limitado para se fundir no oceano de luz que é Deus. É aí que lhe são outorgados o verdadeiro conhecimento, a verdadeira libertação e a verdadeira felicidade."
 
"O que é preciso compreender, de uma vez por todas, com o trabalho espiritual é que ele se aplica a uma matéria extremamente subtil, que escapa aos nossos meios de investigação habituais. Mas os resultados que é possível obter no plano espiritual são tão reais como aqueles que se pode obter no plano físico. Assim como, no plano físico, é real cortardes lenha ou preparardes uma sopa, no plano espiritual é real desencadeardes forças, orientardes correntes, iluminardes as consciências; mais cedo ou mais tarde, os resultados surgirão. Enquanto não se conhece estas leis e se está à espera de ver imediatamente resultados concretos do seu trabalho espiritual, desanima-se e, por vezes, até se destrói aquilo que já se construiu. "
 
"Está escrito: «Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, toda a tua alma, todo o teu entendimento e toda a tua força.» Sim, porque tudo reside no amor a Deus: a saúde, a beleza, a luz, a inteligência, a força, a liberdade. Se amarmos Deus com todo o nosso ser, se, para nós, Deus estiver em primeiro lugar, se fizermos esforços quotidianamente, três vezes, quatro vezes, dez vezes por dia, para sairmos de nós mesmos e nos fundirmos na imensidão de onde nos vem a vida, a felicidade, as forças e todas as bênçãos, compreenderemos que nenhuma criatura merece tanto o nosso amor como Deus. Sim, pois ninguém – nem pais, nem esposa, nem marido, nem filhos, nem amigos – pode dar-nos algo tão essencial, ninguém! Dão-nos alguns objetos, alguns sorrisos, mas isso está longe, muito longe de poder comparar-se com a vida e as bênçãos que vêm da Fonte divina."
 
"A maior parte dos casamentos acaba num falhanço. No entanto, instintivamente, subconscientemente, o homem e a mulher que começam a amar-se têm a esperança de que esse amor será maravilhoso, divino, de que encontraram finalmente a sua alma gémea, de que viverão a plenitude. Então, de onde vem essa esperança? Da recordação de um passado longínquo, do conhecimento, profundamente registado neles, de que no Alto, no mundo divino, a união do princípio masculino com o princípio feminino se realiza no maior esplendor, na maior plenitude. É por se procurarem num nível muito baixo que o homem e a mulher não encontram a mesma plenitude. O verdadeiro casamento é a união que o homem e a mulher realizam com a sua alma e o seu espírito. Se se sentem desiludidos, é porque não souberam realizar esse casamento. A felicidade só é possível quando eles conseguem unir-se no Alto."
 
"Os humanos são extraordinários! Escutam os conselhos do primeiro que aparece e lhes diz como podem vencer na vida, o que devem pensar a respeito de política e de religião, com quem devem relacionar-se, como podem recuperar a saúde, etc., sem se questionarem sobre se essa pessoa tem realmente os elementos que lhe permitem aconselhá-los. Assemelham-se àquele homem que, como estava a perder o cabelo, foi a uma loja comprar uma loção. «Aqui tem um produto muito eficaz – diz-lhe o comerciante –, é policarpina. Faça uma fricção todas as noites e verá que é milagroso.» Ele compra o produto e volta a casa encantado, sem ter notado que o indivíduo que lhe fez propaganda do produto não tinha um só cabelo na cabeça. Se aquele produto era eficaz, porque é que ele continuava a ser careca?
As pessoas vão atrás seja de quem for sem refletir, sem notar os indícios que provam que a pessoa que lhes faz belos discursos é incapaz de as ajudar seja no que for. Infelizmente, isto é verdade em todos os domínios."
 
"Para sair dos limites da sua consciência, o discípulo deve aprender a projetar-se muito alto, até esse Ser que abarca tudo e alimenta todas as criaturas, e interrogar-se sobre como Ele encara o devir do homem, quais são os seus projetos para ele, para a sua evolução no futuro, próximo e longínquo. É assim que o discípulo consegue sair de si mesmo: procurando aproximar-se cada vez mais desse Ser imensamente grande, luminoso e perfeito. Vai-se realizando um trabalho no seu interior, na subconsciência, na consciência, na supraconsciência, e as sensações e experiências que ele vive são inexprimíveis. Esta prática é uma das mais salutares para o discípulo. Dedicando-se a ela diariamente, ele consegue afastar-se do seu eu limitado para se fundir no oceano de luz que é Deus. É aí que lhe são outorgados o verdadeiro conhecimento, a verdadeira libertação e a verdadeira felicidade."
 
"Temos de ser capazes de transformar todas as impurezas que recebemos daquilo que nos rodeia, dos alimentos, do ar e até dos pensamentos e dos sentimentos dos humanos. É preciso ir ainda mais longe e transformar, até, tudo o que se recebe dos outros como ódio, crítica ou ingratidão. Quantas “pedras” os Iniciados não receberam de todos os lados… montanhas de pedras! Mas eles descobriram a maneira de as transformar em pedras preciosas. Todos os tesouros que eles nos deixaram são pedras preciosas que lhes foram atiradas e sobre as quais eles trabalharam. A verdadeira alquimia é isso. Se a Terra é capaz de transformar a matéria bruta em pedras preciosas, porque é que nós não haveremos de o ser? O essencial é pensar nisso. Um ser humano possui todas as forças e todos os poderes; existe nele mesmo a pedra filosofal, que pode transformar tudo em ouro. Enquanto os humanos não tiverem esta filosofia, sentir-se-ão infelizes, esmagados, a mínima crítica que lhes 
fizerem deitá-los-á por terra."
 
"O Sol é o melhor restaurante que existe, por isso nós vamos visitá-lo todas as manhãs. Mas, para se receber nele alimento, é preciso ter ouro; não ouro nos bolsos, esse não serve para nada, mas ouro no cérebro. Quando o dono do restaurante, o espírito solar, vê que tendes umas moedas de ouro em vós, envia imediatamente pratos e mais pratos, os mais suculentos. De outro modo, ficareis ali a bocejar, a coçar-vos, suspirando: «Não sinto nada, não recebo nada, não vale a pena vir a este restaurante.» Ficais à espera de que vos sirvam, mas vão servir os outros, e a não vós. A vós, dizem-vos: «Ide primeiro juntar ouro, e depois servir-vos-emos.» Ter ouro é compreender a sabedoria divina, apreciá-la, amá-la, procurá-la. Quando os espíritos do Sol veem que tendes desse ouro, ocupam-se imediatamente de vós."
 
"Muitas vezes, os humanos é que são os responsáveis pelas condições difíceis em que vivem. Mas eles não se apercebem disso e acusam sempre os outros por não lhes terem dado isto ou facilitado aquilo. Na realidade, mesmo que lhes deem o que eles pedem, isso não mudará grande coisa, pois, quando se é fraco, preguiçoso, ignorante, não se é mais feliz e, sobretudo, não se melhora, pelo contrário. Tem-se visto muitas vezes que, quando se satisfaz todos os desejos do homem, ele só se avilta. Antes, pelo menos, as dificuldades obrigavam-no a refletir, a fazer esforços. Mas, quando os obstáculos desaparecem, pode-se dizer que o caminho do inferno fica escancarado diante dele. Evidentemente, isso não significa que se deve manter os humanos com privações e em dificuldades, não, mas é perigoso dar grandes facilidades materiais a todos aqueles que não sabem dominar-se e põem a vida material à frente da vida espiritual, pois é expô-los às piores tentações."
 
"Imaginai que soprais fortemente sobre um ramo florido: as pétalas voam em todas as direções; desaparece toda a ordem, todo o arranjo que lhe dava beleza. Pois bem, é o que vós também fazeis quando vos deixais levar pela cólera, pelo ciúme, pela cobiça, pela sensualidade: produzis um sopro, uma corrente que perturba os átomos e os eletrões em vós, e é a perturbação dessa organização interior que está na origem das doenças psíquicas ou mesmo das físicas, e que vos afasta do mundo espiritual. Por isso, quando sentis uma perturbação, um mal-estar, falai com as vossas células, dizei-lhes: «Vá, acalmai-vos! Envio-vos ondas de harmonia e de amor… Sede obedientes, retomai o vosso trabalho.» Nunca deixeis um estado negativo instalar-se em vós, procurai ultrapassá-lo rapidamente. "
 
"O amor superior é um estado de consciência no qual todos os seres, um dia, devem aprender a viver. Este estado de consciência não pode ser descrito e também não se consegue explicá-lo aos seres que não estão preparados para o viver. Tudo o que se pode fazer é conduzi-los até aí, pouco a pouco. Este estado de consciência permite ao homem sentir-se interiormente ligado ao Universo. Então, ele é como que um instrumento que vibra em uníssono com tudo o que existe, sente uma paz profunda e, sobretudo, uma imensa benevolência para com todos os seres. Sabe de onde provém essa boa disposição, sente simplesmente que ela invadiu todo o seu ser e o impele a manifestar-se com amor e compreensão. Ele vê a Natureza e todos os humanos com um novo olhar e está feliz."
 
"Agora instrui-se toda a gente, mesmo os povos mais primitivos, mas não se consegue perceber que essa instrução é seguida de perturbações e de revoltas. Como é que o saber e o desenvolvimento intelectual, que são coisas boas, estão na origem de tantas guerras e tantas infelicidades? Na realidade, a causa não é o saber, mas a natureza do saber. Quando se abre os olhos das pessoas, o que elas começam por ver são as desigualdades sociais: os outros são ricos e poderosos, ao passo que elas são pobres e fracas. Então, evidentemente, o ciúme e a revolta despertam nelas. Desejam toda a espécie de coisas que até ali nunca tinham desejado, e, como não sabem como obtê-las, optam pela maneira mais simples: a violência. Direis: «Então deve-se manter as pessoas na ignorância e no obscurantismo?» Não, os Iniciados não são a favor da ignorância, mas também não são a favor de um saber que não desperta o homem para as aspirações da alma e do espírito."
 
"Diz-se que os seres eleitos têm uma marca na testa. Mas não é uma marca que um ser visível ou invisível pode vir apor do exterior. É o próprio homem que, pelo seu trabalho, pela sua elevação espiritual, inscreve esse sinal na sua testa. Tenho-vos dito muitas vezes que tudo se regista, e os nossos atos, os nossos sentimentos e os nossos pensamentos deixam registos não só à nossa volta, mas também, e sobretudo, em nós. Todo o nosso ser é impregnado, modelado, moldado, pelas manifestações da nossa vida psíquica. Sim, é uma lei: sempre que manifestamos bondade, justiça, paciência, amor… essas virtudes inscrevem-se em nós, e não só se inscrevem em nós, mas também criam à nossa volta uma espécie de campo magnético que atrai do espaço forças benéficas que nos protegem."
 
"Se conseguirdes dar a primazia, em vós, ao Eu superior, participareis no trabalho cósmico do Cristo, do próprio Deus. Sim, é algo de misterioso, uma atividade que se desenrola noutra esfera e, muitas vezes, até sem terdes consciência disso. Quando estais absorvidos nas vossas tarefas quotidianas, não sabeis o que faz o vosso espírito. Mas talvez um dia, quando o vosso cérebro estiver suficientemente desenvolvido, passeis a estar conscientes desse trabalho do vosso espírito no Universo. Por enquanto, o essencial é que restabeleçais a ligação com ele. E deve ser precisamente essa a vossa única preocupação durante as meditações: apaziguar os habitantes em vós, para vos reunirdes ao vosso Eu superior, que é quinta-essência do próprio Deus."
 
"Enquanto os humanos confiarem nas realizações materiais, terão deceções, pois, dada a sua natureza, essas aquisições não são duradouras. Então, que as deixem um pouco de lado e se ponham a trabalhar para alcançarem o ser mais inacessível, o próprio Deus, ou o seu Eu superior, para que ele desça e venha manifestar-se neles… Então, sim, terão as verdadeiras realizações, realizações interiores, na consciência, que são imediatas e duradouras. Para conseguirdes tais realizações, concentrai-vos num ideal sublime que sabeis, à partida, que nunca se materializará no plano físico, mas interiormente sentireis essa realização, vivê-la-eis nesse mesmo instante e ela nunca vos deixará."
 
"A solidão é o mais terrível dos sofrimentos por que o homem pode passar ao longo da sua vida. Por isso, cada um procura aquele ou aquela com quem poderá fazer trocas ao nível dos pensamentos, das emoções, um ser no qual possa apoiar-se. Mas é difícil encontrar o ser que se procura. Imensos livros explicaram esta angústia, este sofrimento que advém da impossibilidade de descobrir uma alma gémea com a qual se possa fazer trocas! Porque só Deus pode preencher o coração humano, definitiva e completamente. Aquele que quer vencer a solidão, sentir em cada dia que não está só, mas sim rodeado de criaturas invisíveis, e que ele próprio está cheio de uma imensa presença, feita de alegria e de felicidade, deve unir-se a Deus. Mas deve unir-se a Deus em manifestação, isto é, unir-se à sabedoria, ao amor e à verdade. Para aquele que põe o amor no seu coração, a sabedoria na sua cabeça e a verdade na sua vontade, a solidão já não existe."
 
"As aves são o resultado da evolução de certos répteis. Como é que esta evolução ocorreu? Talvez existissem entre os répteis alguns indivíduos mais empreendedores, mais audaciosos, mais curiosos, que deram o exemplo, e alguns seguiram-nos: acabaram por levantar voo. Os outros, preguiçosos, receosos, sem ambição, permaneceram agarrados ao solo. Foi o que se passou também com os seres humanos: ao longo da História, sempre houve uma minoria de seres prontos a seguir aqueles que os impeliam para novos caminhos, ao passo que os outros, a maioria, estagnavam.
Sempre houve precursores, audaciosos, é assim que a humanidade progride: graças aos audaciosos. Depende da boa vontade, da consciência, da inteligência de cada um de nós seguir esses audaciosos para nos tornarmos aves, para sermos livres."
 
"As quatro estações encontram-se na nossa vida. A primavera passa muito depressa; o verão é efervescente, agitado por paixões. No outono, por fim, tudo se apazigua; é o melhor período, aquele em que o homem, finalmente senhor de si próprio, é capaz de dar frutos. Quanto ao inverno, é a estação do frio, do despojamento. Pode-se dizer, pois, que o inverno representa a verdade. A infância (primavera) é a vida; a adolescência (verão) é o amor; a maturidade (outono) é a sabedoria; e, finalmente, a velhice (inverno) é a verdade... Para muitos, infelizmente, a triste verdade! Isto porque, quando estão de partida para o outro mundo, já não podem ter ilusões. Portanto, como podeis perceber: a vida, o amor, a sabedoria e a verdade... É muito interessante verificar como as quatro estações correspondem às diferentes idades da vida do homem."
 
"Na vida corrente, por uma coisa de nada os humanos atormentam-se e despedaçam-se uns aos outros. O seu campo de consciência é tão estreito e limitado que nada lhes parece mais importante do que as suas preocupações, as suas ambições, os seus amores, as suas querelas. Eles não veem a imensidão do céu por cima das suas cabeças, todo esse espaço infinito que, se quisessem erguer os olhos para ele, lhes permitiria libertarem-se das suas limitações e respirarem fundo. Ao pensarem no infinito, na eternidade, começarão a sentir-se planar acima de tudo, e nada poderá atingi-los – nenhum desgosto, nenhuma tristeza, nenhuma perda –, porque despertará neles uma outra consciência, julgarão e viverão as coisas de uma maneira bem diferente."
 
"Todos aqueles que, na religião, põem a tónica nas noções, nas crenças, nos ritos, e se afastam das realidades essenciais que são a luz, o calor e a vida, provocam grandes infelicidades. Devem começar a virar-se para o Sol, para aprenderem a sua lição! O Sol é generoso, tolerante, e diz: «Acreditai naquilo que vedes. Eu continuo a distribuir-vos as minhas riquezas.» Os humanos massacrar-se-ão até se exterminarem para imporem a sua conceção de um Deus que nenhum deles alguma vez viu. Direis que não se pode ver Deus. É certo, só se pode ver um reflexo seu, precisamente no Sol! É o Sol que melhor exprime a perfeição divina. Ele continua a dar a todos a luz, o calor e a vida, sem se ocupar de saber quem é ortodoxo, católico, protestante, judeu, muçulmano, budista… Para o Sol, todos são filhos de Deus.
Virá um tempo em que já não se conseguirá ignorar estas grandes verdades, todos descobrirão a verdadeira e única religião. Então, os cristãos compreenderão que o Cristo não é outro senão o espírito do Sol. Claro que não se trata de descobrir o Cristo no disco solar físico que vemos no céu, trata-se de descobrir que, além do Sol, que é um símbolo, está o Senhor, pleno de amor."
 
"O homem não poderá gozar de felicidade e de paz enquanto dentro de si não for respeitada a ordem hierárquica. Se o estômago tomar o lugar do cérebro, é evidente que ele pensará com o estômago, o que não será boa coisa!... Já vistes o que acontece numa orquestra antes da chegada do maestro? Todos os músicos saem e entram, falam uns com os outros, afinam os instrumentos... É uma cacofonia! Mas, quando chega o maestro, a cabeça, faz-se silêncio, cada um toma o seu lugar, e então ouvem-se sons que mergulham o público no êxtase. Isto acontece porque todos estão no seu lugar, sabem o que têm a fazer e fazem-no.
Para que a ordem hierárquica se instale em nós, não devem ser os desejos e as paixões a dominar, mas sim a sabedoria, a razão e, ainda acima deles, à cabeça, o Espírito de Deus. Devemos, pois, orar, suplicar, até que essa cabeça, o Espírito de Deus, venha instalar-se em nós. Então, a divina hierarquia será restabelecida e tudo em nós será harmonioso e musical!"
 
"Tentai falar o menos possível dos defeitos dos outros, porque, ao mencioná-los, entrais em contacto com esses defeitos e fazeis mal a vós próprios. Quando falais contra alguém, o Céu diz: «Quanto tens em caixa? Dá metade do que tens àquele de quem falas. Se queres corrigi-lo, é porque és rico; dá-lhe, pois, da tua riqueza!» Mas, quando dizeis coisas boas de alguém, o Céu diz a essa pessoa: «Dá-lhe um pouco dos teus tesouros, porque ele fala bem de ti.» Portanto, se disserdes mal dos outros, são eles que beneficiam com isso, ao passo que, se disserdes bem deles, vós é que beneficiais.
Admitindo que tenhais sido obrigados a dizer algo de negativo a respeito de alguém, não termineis aí, acrescentai uma palavra positiva. Sejam quais forem os defeitos da pessoa, tentai encontrar nela uma qualidade e mencionai-a, para terminardes com algo positivo. Nunca se deve ficar pelo lado negativo."
 
"No homem, o intelecto situa-se entre o espírito e a matéria. Quando vê que a matéria consegue entravar, bloquear, os impulsos divinos do espírito, o intelecto pode intervir, para dar de novo ao espírito a sua força, para lhe abrir portas. O espírito empurra continuamente a partir do interior, mas o homem nem sempre está consciente, não sabe que pode facilitar o trabalho do espírito ou, pelo contrário, opor-se-lhe, dando mais possibilidades à matéria.
Os Iniciados abriram escolas precisamente para que os humanos tomem consciência desta realidade e se decidam a fazer um trabalho sobre si mesmos, a dominar-se, a purificar-se, para permitirem que o espírito, finalmente, se manifeste. Os grandes Mestres conhecem esta possibilidade que o homem tem de se determinar pelo seu intelecto, a fim de decidir em que sentido agir; por isso insistem para que ele tome consciência deste papel que pode desempenhar no Universo, sendo suporte ao trabalho do espírito sobre a matéria."
 
"O homem perfeito, o homem ideal, o homem tal como a Inteligência Cósmica o criou nas suas oficinas, é semelhante ao Sol, e tudo o que emana dele é da mesma quinta-essência que a luz do Sol, mas no estado etérico. Assim, quanto mais o homem se aproxima da perfeição, mais as suas emanações se tornam semelhantes à luz; como a luz, elas propagam-se através do espaço, e aqueles que são sensíveis recebem-nas e beneficiam delas. Eis a razão por que o homem deve procurar atingir a perfeição do Sol; porque é essa mesma força, essa mesma energia solar, que emana do seu cérebro, dos seus olhos, da sua boca, das suas mãos, de todo o seu corpo, e que, tal como a luz, leva as suas bênçãos não apenas aos humanos, mas também às plantas, às pedras, a toda a Natureza."
 
"Para trabalhar pela humanidade, um grande Mestre necessita de um corpo coletivo; entre os seus discípulos, uns são os olhos, os ouvidos ou a boca desse organismo, outros são o coração, o estômago, os pulmões, os braços, as pernas... Enquanto não puder animar esse corpo coletivo, o Mestre estará limitado.
O espírito de um grande Mestre esforça-se, pois, por encarnar não só no seu corpo físico, mas também no corpo coletivo de uma comunidade espiritual, para a desenvolver e a aperfeiçoar. Mas esse corpo coletivo, em contrapartida, deve esforçar-se igualmente para ajudar o espírito do Mestre a encarnar e a manifestar-se em si. Por conseguinte, em vez de ficar fixado no corpo de Jesus pregado numa cruz, um cristão deve ter como única preocupação preparar-se para se transformar numa parcela purificada e luminosa do corpo coletivo que o espírito do Cristo trabalha para animar. Há dois mil anos, Jesus morreu crucificado, é um facto, não podemos fazer nada em relação a isso, mas cabe-nos agora reforçar o corpo do Cristo para que o seu espírito continue a trabalhar na Terra."
 
"A verdadeira religião ensina que os humanos devem aproximar-se da luz, do calor e da vida do Sol, isto é, procurar a sabedoria que esclarece e resolve os problemas, o amor desinteressado que embeleza, encoraja e consola, e a vida subtil e espiritual que os torna ativos, dinâmicos e audaciosos, para realizarem na Terra o Reino de Deus e a sua Justiça. Ninguém pode, por isso, combater esta religião; se alguém tentar destruí-la, destruir-se-á a si mesmo, porque se limita.
Quando esta compreensão de uma religião universal penetrar nos espíritos, toda a organização da vida se tornará universal: não haverá mais separações entre os homens, nem fronteiras, nem guerras. É preciso que todos aceitem a religião e a fraternidade universais que o Sol nos ensina. Conhecendo o Sol em todas as suas sublimes manifestações de luz, de calor e de vida, os humanos aproximar-se-ão cada vez mais da Divindade, e assim a Terra transformar-se-á num paraíso, onde todos os homens viverão como irmãos."