domingo, 1 de novembro de 2020

MESTRE OMRAAM MIKHAEL AIVANHOV


"Não será o prazer que vos dará a felicidade, mas sim o trabalho. Estais surpreendidos? Isso prova que ainda não compreendestes o que é o verdadeiro trabalho, senão saberíeis que é nele que podeis encontrar a felicidade.
Não se trata de vos privardes de prazer, mas simplesmente de não fazerdes dele o primeiro objetivo da vossa existência, porque ele enfraquece-vos, empobrece-vos: todas as emoções e sensações que viveis vão queimando, pouco a pouco, as vossas reservas.
Em vez de se tomar o prazer como a razão da existência, deve dizer-se: «Ah, eu devo fazer da minha vida algo de sensato, de útil, de grandioso!» e, assim, substituir o prazer pelo trabalho. Substituir o prazer pelo trabalho é substituir uma atividade vulgar, egoísta, por outra mais nobre, mais generosa, que amplia a consciência e desencadeia em nós novas possibilidades."
 
"Só obtereis resultados no plano espiritual se possuirdes as qualidades e as virtudes necessárias para dar suporte ao vosso trabalho. Tomemos como exemplo os talismãs. Cada vez mais as pessoas se servem de talismãs que compraram numa loja, e imaginam que lhes basta usá-los ou colocá-los em algum lugar das suas casas para estarem protegidas e serem bem-sucedidas. É um erro! Mesmo que se trate de um talismã que tenha sido preparado para vós por um grande Mago, se quiserdes que ele continue a ser eficaz e poderoso, tereis de ser vós a animá-lo, a alimentá-lo com os vossos pensamentos e os vossos sentimentos, com a vossa vida pura, senão, ao fim de algum tempo, ele perde as suas forças e morre. Nenhum talismã dura eternamente; a sua vida depende das qualidades da pessoa que o usa."
 
"Enquanto não possuirdes a luz da Ciência Iniciática, podereis pensar, evidentemente, que não há nada a apontar-vos, que sois impecáveis, perfeitos. Mas, no dia em que recebeis essa luz, ficais menos orgulhosos, porque sois obrigados a dar-vos conta de que não sois assim tão bons como isso: vereis que perdestes o vosso tempo e desperdiçastes as vossas forças em toda a espécie de atividades inúteis ou prejudiciais. Por vezes, ficais tão apavorados que tendes vontade de voltar para a escuridão. Mas não, deveis ficar na luz, porque a luz é sempre preferível. Mais vale uma pessoa ver-se suja e feia, a ser cega a respeito de si mesma, porque é o único meio de ter vontade de se transformar. Direis: «Mas isso far-nos-á sofrer!» Paciência! É preferível sofrer um pouco, mas estar na luz. Nunca serve de nada esconder a realidade."
 
"Todos os humanos procuram Deus, mesmo sem saberem que O procuram. Dizem apenas que procuram a felicidade. Mas quem não a procura? Deus está em toda a parte do Universo; está oculto em tudo o que suscita o nosso desejo. Os ambiciosos, os bêbedos, os comilões, os cobiçosos, os devassos, também procuram Deus à sua maneira, porque, efetivamente, também se pode encontrar uma minúscula parcela d'Ele no álcool, nos alimentos, na sexualidade, no dinheiro, na glória, no poder... Podemos encontrar Deus em toda a parte, até nos pântanos, até nas pedras, onde a sua presença é como que uma chispa escondida. Mas, claro, com isso apenas se experimentará uma satisfação momentânea, pois não é nas camadas espessas, nas formas inferiores da matéria, que se pode encontrar Deus realmente, mas sim no espírito."
 
"Como se desenvolve uma abóbora? Primeiro, está suspensa por um pequenino caule que podeis partir facilmente. Mas, à medida que ela vai crescendo, o caulezinho reforça-se, ao ponto de suportar um peso de várias dezenas de quilos. Pois bem, refleti neste exemplo, para o vosso trabalho de discípulos. Não tenteis captar as correntes e as vibrações do mundo espiritual, que são muito intensas, sem primeiro terdes construído em vós algo de sólido que vos permitirá resistir a todas as tensões. Alguns seres que querem aprender tudo de uma vez, desenvolver as suas faculdades num instante, preparam para si próprios perturbações graves, até a loucura. Como aquele homem a quem o médico receitara um medicamento para tomar algumas gotas por dia durante um mês. «Um mês? Isso é muito tempo!», disse o doente; então, absorveu todo o conteúdo do frasco no mesmo dia, e morreu. Não, há que fazer as coisas sem pressas, com paciência e regularidade, e, assim, o sistema nervoso , que consegue reforçar-se, torna-se capaz de resistir às maiores tensões."
 
"Duas vezes, três vezes, quatro vezes por dia, nós reunimo-nos para meditar, orar, cantar em conjunto... São momentos maravilhosos, os melhores da nossa existência. Mas talvez ainda falte uma coisa: todas essas energias, todos esses impulsos não receberam uma determinação, uma direção. Quando quereis enviar uma carta, ela nunca chegará ao seu destino se não escreverdes o endereço. Deveis escrever uma direção, uma morada; então, mesmo que percais a carta na rua, alguém a encontrará e a meterá na caixa do correio. Do mesmo modo, as energias espirituais que projetamos devem ter uma direção, devem ser concentradas e dirigidas para um objetivo, senão entram no grande reservatório cósmico, onde se dispersam sem produzir grandes resultados. No plano intelectual, no plano afetivo, no plano físico, todos têm uma atividade; mas essa atividade é dispersa, não é concentrada numa direção e, por isso, não produz muitos efeitos. Para se obter resultados, existe apenas um meio: a concentração das energias num objetivo."
 
"O número quatro é o número da purificação e, sendo o número da purificação, também é o do sofrimento, porque o sofrimento é, muitas vezes, o único meio de purificação. Quando sofreis, é porque o Céu vos faz passar pelas malhas de uma peneira. O número quatro é o da pureza, do sofrimento e da limitação: da limitação no plano físico (observai como a figura do quadrado dá uma impressão de encerramento e até de aprisionamento), do sofrimento no plano astral e da pureza no plano mental. Nós estamos encerrados na prisão que é o nosso corpo físico, e sofremos, mas sofremos para sermos purificados; uma vez puros, seremos livres, sairemos da prisão."
 
"Enquanto não possuirdes a luz da Ciência Iniciática, podereis pensar, evidentemente, que não há nada a apontar-vos, que sois impecáveis, perfeitos. Mas, no dia em que recebeis essa luz, ficais menos orgulhosos, porque sois obrigados a dar-vos conta de que não sois assim tão bons como isso: vereis que perdestes o vosso tempo e desperdiçastes as vossas forças em toda a espécie de atividades inúteis ou prejudiciais. Por vezes, ficais tão apavorados que tendes vontade de voltar para a escuridão. Mas não, deveis ficar na luz, porque a luz é sempre preferível. Mais vale uma pessoa ver-se suja e feia, a ser cega a respeito de si mesma, porque é o único meio de ter vontade de se transformar. Direis: «Mas isso far-nos-á sofrer!» Paciência! É preferível sofrer um pouco, mas estar na luz. Nunca serve de nada esconder a realidade."
 
"Os cientistas fazem pesquisas nos seus laboratórios, e está muito bem, mas para isso abandonam os laboratórios interiores que a Natureza colocou neles e nos quais poderiam realizar fenómenos tão prodigiosos como os que conseguem realizar no plano físico. Por que razão todo o esplendor deverá estar fora do homem e não nele? Muitas pessoas vos dirão: «Vinde ver a minha oficina, a minha garagem, a minha fábrica...» Mas nunca vos dirão: «Vinde ver o que está em mim», porque sabem que há nelas todas as desordens, todas as paixões desenfreadas, e isso não é agradável de ver, não ficareis deslumbrados."
 
"Por vezes, os inimigos são mais úteis do que os amigos. Sim, se compreenderdes bem as coisas, vereis que são eles os vossos verdadeiros amigos, porque são impiedosos, não vos poupam nada, assinalam-vos tudo o que não está bem. Direis: «Mas, muitas vezes, eles exageram!» Sim, é verdade, mas isso não tem importância, eles servem-vos de microscópios, e os microscópios, por vezes, são muito úteis; os cientistas usam-nos todos os dias! Os microscópios permitem ver pormenores que, sem eles, passariam despercebidos. Por isso, se desejais mesmo avançar, deveis aceitar a ideia de que, frequentemente, os vossos inimigos são mais úteis do que os vossos amigos. São eles que vos obrigam a trabalhar, a corrigir-vos, a encontrar soluções para os problemas que vos colocam, e assim, graças a eles, tornais-vos mais fortes e mais inteligentes."
 
"Enquanto vos julgardes separados dos outros, não os conhecereis. Para conhecerdes os seres, deveis sentir que eles vivem em vós; é assim que estabeleceis uma ligação que vos permitirá saber o que eles sentem. Pode acontecer que alguém esteja a sofrer junto de vós sem que o suspeiteis sequer, porque deixou de haver comunicação entre vós e essa pessoa. Mas reparai numa mãe: mesmo afastada do filho, se ele sofre, ela sente que isso está a acontecer, porque permanece em comunicação com ele. Deveis basear a vossa existência na ideia de unidade. Quando tiverdes baseado as vossas relações com os outros nesta ideia, tudo ficará claro, tereis uma melhor compreensão dos seres e até podereis tornar-vos clarividentes."
 
"Vós tendes um alto ideal e verificais que não conseguis realizá-lo, é demasiado difícil, não vos sentis à altura. Então, pensais: «Não vale a pena continuar, sou tolo em teimar, perdi anos a alimentar um ideal irrealizável. Sou ridículo aos olhos de toda a gente. Todos os que me rodeiam tiveram sucesso e vivem no bem-estar material; eu sou o único que continua à espera do resultado dos seus esforços. Acabou-se, vou parar com isto!» Nesse momento, cortais a ligação com o Céu, e isso é estúpido; apesar das vossas lacunas e das vossas insuficiências, nunca deveis abandonar o vosso ideal. Muitos homens de valor pararam os seus trabalhos sem saberem que, se tivessem perseverado, teriam atingido o seu objetivo."
 
"Um verdadeiro Mestre apresenta-vos todos os métodos úteis ao vosso avanço espiritual, mas vós é que deveis fazer o trabalho para obter resultados. Ele não o fará no vosso lugar. Aliás, isso de nada serviria. Uma aquisição espiritual ou um dom psíquico, para se manterem, devem ser alimentados em vós com os vossos esforços, com o vosso trabalho. Por isso, um Mestre pode abrir-vos as portas, mas vós é que deveis entrar, ele não vos levará à força; e só depois de ver que avançais é que vos abrirá novas portas. Sempre que o Mestre vê que fazeis progressos, põe perante vós um degrau superior, e vós é que deveis subir esse novo degrau. Por isso, deixai de esperar que alguém, de repente, pousando a mão sobre vós, ou pronunciando algumas fórmulas mágicas, vos dê a iluminação. Ninguém o fará, nem mesmo o vosso Mestre, que está perto de vós. Mesmo que ele o quisesse, não poderia, porque isso é contrário às leis da vida."
 
"Quando se estuda o ser humano, verifica-se que existem nele certas tendências profundamente enraizadas que nada consegue extirpar, ao passo que outras tendências devem ser incessantemente estimuladas por conselhos, pela leitura, pela prece, para que não desapareçam completamente.
Quando se trata, por exemplo, de fome, de sede, de sono, de vontade de possuir, de se apropriar ou de experimentar alguns prazeres, não é necessário que alguém vos venha lembrar isso; eles já se encontram tão fortemente enraizados que, mesmo que queirais, não conseguis desembaraçar-vos deles. Mas, quando se trata de raciocinar, de mostrar sabedoria, de ser previdente ou de manifestar qualidades de desapego, de generosidade, já precisais de ser estimulados. Há no homem, pois, algo solidamente enraizado e outras coisas muito mais frágeis, que é preciso estar sempre a ativar e a encorajar."
 
"Quando uma mulher espera um filho, há entidades tenebrosas do mundo invisível que procuram nela uma porta aberta para entrarem e se instalarem na criança; e é a conduta dessa futura mãe que lhes abre ou lhes fecha as portas. Por isso, uma mulher grávida, quando sente em si impulsos bizarros que até aí nunca teve, deve saber que isso é a prova de que entidades malfeitoras giram à sua volta para tentarem influenciá-la. Se ela não lhes resistir, essas entidades entrarão na criança e, durante toda a sua vida, visitá-la-ão para comerem e beberem à sua custa. A mãe deve, pois, estar muito atenta, e ter as “chaves” – isto é, pensamentos de luz e de harmonia – para fechar as portas e salvar o seu filho."
 
"As pedras preciosas vibram em harmonia com a Inteligência Cósmica; elas são submissas, obedientes, por isso são transparentes e deixam passar a luz. As outras pedras, que são opacas, opõem-se à luz e, como não pode atravessá-las, a luz abandona-as, iluminando-as apenas à superfície. Mas a pedra preciosa compreendeu e diz: «Tenho de deixar passar a luz através de mim, para que ela possa manifestar todas as suas nuances, que são tão ricas! Então, serei amada, apreciada, ocupar-se-ão de mim, não me deixarão sujar ou esmagar, estarei num colar, numa coroa, sempre à vista, sempre esplendorosa.» É assim que pensa a pedra preciosa. A vós cabe, agora, interpretar."
 
"Há anos que os astrólogos e os esoteristas falam da vinda da era do Aquário. Aqueles que têm vários planetas no signo do Aquário estão particularmente preparados para captar as novas ondas que vêm desta constelação. São inovadores, inventores. Todas as descobertas no domínio psíquico e esotérico também têm a sua origem no Aquário, sobretudo a ideia de coletividade, de fraternidade. Por isso, o mundo inteiro vai agora ser obrigado a debruçar-se sobre esta ideia de fraternidade, de universalidade, e a trabalhar com ela."
 
"Seja qual for o trabalho de que a Providência ou o destino vos tenha encarregado, deveis esforçar-vos por realizá-lo sempre o melhor possível. Se vos recusardes a fazê-lo ou o fizerdes de forma negligente, com o pretexto de que não o achais digno de vós, estagnareis na vossa evolução e, mais tarde, sereis obrigados a voltar à mesma situação para corrigir, para reparar. Então, verificareis como é difícil recomeçar um trabalho que se imaginava ter terminado. Se estamos na terra a sofrer e a debater-nos com dificuldades, é precisamente porque temos de recomeçar o nosso trabalho. O Céu enviou-nos de novo para repararmos os nossos erros, para nos mostrar que não sabemos trabalhar e que ainda precisamos de aprender. É esse o sentido das nossas reincarnações sucessivas. Se nos recusarmos a compreender essas lições, seremos enviados de novo, e as nossas falhas serão cada vez mais difíceis de corrigir."
 
"Muitas pessoas dizem: «Ah, a Ciência Iniciática é magnífica! Sente-se que ela traria a solução dos nossos problemas, mas não temos tempo para a estudar nem para fazer exercícios: a família, o trabalho, as relações... Estamos sobrecarregados.» E sentem-se justificadas. Na realidade, se tivessem intuição, se fossem almas muito evoluídas, não estariam metidas numa situação que as limita tanto. Se estão demasiado comprometidas, é porque, nas incarnações precedentes, não fizeram a evolução necessária, que lhes permitiria beneficiarem agora de toda essa ciência formidável. Porque é que, desde a infância, alguns seres começaram a preparar-se, sentindo que deviam manter-se livres para servir um ideal? É porque tinham reminiscências do passado ou porque, antes de reincarnarem, fizeram uma promessa às entidades divinas. Os outros julgam-se sempre justificados por se deixarem afundar na matéria e dizem: «Que queres, meu caro, é assim, é a vida!» Não, a vida é o que se faz dela e, se alguns estão tão tomados pelos seus afazeres, é porque não souberam libertar-se interiormente."
 
"Quando não se tem estatura para os assumir, até os melhores cargos são esmagadores. Mesmo só para suportar o peso do saber, é preciso ter um cérebro preparado, senão sucumbe-se. Assim, em vez de desejardes sempre o saber, desejai a luz, porque ela não pesa; a luz está acima do saber e também vos traz o saber. Assim como o Sol ilumina os objetos, os raios que projetais pelo vosso espírito sobre os objetos do mundo invisível tornam-nos visíveis. Podeis, assim, explorar progressivamente o mundo psíquico, e o cérebro também tem tempo de se reforçar, ao passo que, se tiver de receber bruscamente uma grande quantidade de conhecimentos, ele é como um soalho que um peso muito grande faz abater."
 
"Jesus dizia: «Eu sou o caminho, a verdade e a vida.» Para um Iniciado, esta imagem é clara, é a de um rio que desce da montanha. «O caminho, a verdade, a vida»: o caminho é o leito do rio, a vida é a água que corre nesse leito, e a verdade é a Nascente de onde jorra a vida. Agora, traduzamos: o caminho por onde corre a vida e que nos permite voltar a subir à Nascente é a sabedoria. A vida, ou seja, a água que rega as pedras e as plantas, que dessedenta os animais e os homens, é o amor. Eis, então, o que Jesus queria dizer: eu sou o caminho da sabedoria, sou o amor que faz nascer a vida divina e sou a fonte da verdade de onde jorra essa vida. A água é o símbolo da vida, do amor. Todas as energias, todas as forças que circulam na Natureza são representadas como uma água, um fluido que rega, que mata a sede, que mantém a vida. A imagem da nascente e do rio tem a sua correspondência na vida espiritual, e o nosso Ensinamento é precisamente isso, tem como base o amor (a água), a sabedoria (o leito do rio) e a verdade (a nascente). Todos os dias podeis fazer este exercício de beber, pelo pensamento, nesse rio que vem dos cumes, de vos saciardes na nascente límpida, pura, do amor."
 
"Toda a gente ouve música, mas poucas pessoas sabem como ouvi-la para ativarem em si centros espirituais, para se projetarem no espaço, se elevarem, se enobrecerem e se purificarem, ou até para resolverem problemas. Quando se ouve uma obra, em primeiro lugar deve-se saber o que ela representa, se é uma força boa ou má, e a que pode ser comparada: é semelhante ao vento, ao trovão, é como uma torrente que se precipita da montanha, é eletricidade, é calor?... Qualquer que seja a força emitida, é preciso saber utilizá-la. Se for o vento, imaginai que navegais num barco com as velas todas desfraldadas. Se for eletricidade, podeis fazer funcionar aparelhos espirituais, etc... A música é uma força. Cada som produz vibrações que, consoante a sua natureza, desencadeiam no homem determinados impulsos, de que ele deve aprender a servir-se."
 
"Na sociedade, talvez uma pessoa consiga apropriar-se de um lugar de topo reclamando, barafustando, eliminando os outros, mas, no mundo espiritual, só se pode lá chegar por intermédio de um trabalho assíduo, constante. Então, sim, a pessoa eleva-se e impõe-se, tanto às forças inferiores como às forças da Natureza, e um dia torna-se uma divindade. No plano físico, os humanos procuram atropelar os outros e fazê-los cair para tomarem o seu lugar, e muitas vezes conseguem-no. Mas devem saber que não é assim que podem evoluir e que esses sucessos que conseguiram alcançar não durarão muito, pois existe uma lei segundo a qual os humanos só podem receber o que merecem. É uma lei universal, uma lei promulgada pelos Vinte e Quatro Anciãos. Sim, as forças da Natureza, que sabem o que fazeis, que sabem do que sois dignos e capazes, arranjam as coisas de modo a que, mais cedo ou mais tarde, tenhais exatamente o que mereceis."
 
"A vitória sobre a nossa natureza inferior é sempre uma incerteza. É exatamente como um país que venceu outro: nunca está seguro de que essa vitória perdure, porque, um dia, enquanto o vencedor dorme sobre os louros, o país vencido procurará desforrar-se. O mesmo acontece com a natureza inferior: ainda que, em certas circunstâncias, tenhais conseguido vencer algumas das suas manifestações, a vitória nunca está definitivamente assegurada; a qualquer momento, ela pode reerguer-se, dar coices... e lá ficais por terra. Que deveis fazer, então? Suplicar à vossa natureza divina, o princípio crístico, que venha instalar-se em vós. Assim, em vez de serdes sempre como um vencedor que nunca está seguro da vitória, tendes um associado poderoso com o qual podeis contar, e mesmo que, por vezes, estejais um pouco fatigados, um pouco adormecidos, ele continua a controlar os movimentos da vossa natureza inferior."
 
"Suponhamos que o discípulo obteve algumas vitórias sobre a preguiça, a cólera, o ciúme, a sensualidade, etc... Se ele disser: «Como eu sou forte! Venci as tentações», é nesse momento que está em perigo, porque é nesse momento que lhe preparam armadilhas de uma tal subtileza, que ele cairá nelas, sem dúvida. Se não é humilde e se ilude com os pequenos resultados que obteve, ainda não conhece todas as astúcias da sua natureza inferior. É quando ele está mais seguro de si que a natureza inferior retoma o ascendente e lhe prepara algumas surpresas. Um verdadeiro discípulo está sempre consciente dos perigos, e é quando obtém algumas vitórias que começa a inquietar-se um pouco e a interrogar-se: «O que é que me espera agora? Não devo triunfar já, é demasiado cedo!» E não só fica vigilante, como sabe que não pode lutar por si só, não pode contar exclusivamente consigo e suplica ao Senhor que venha instalar-Se nele para lhe dar a possibilidade de vencer."
 
"As verdades expressas nos Livros Sagrados foram vividas por espíritos excecionais. Para as compreendermos, temos de conseguir elevar-nos até eles, vibrar no mesmo comprimento de onda que eles e, sobretudo, ter a mesma maneira de viver que eles. Tudo está na maneira de viver. Foi ela que permitiu aos profetas, aos grandes Mestres, aproximarem-se da Divindade, é ela que deveis adotar para, por vossa vez, a compreenderdes; não há outro método. Não vos inquieteis por não compreenderdes logo a Bíblia ou outros Livros Sagrados, pois há neles coisas difíceis; lede sem vos perturbardes e elevai-vos pelo pensamento, pedindo que a vossa vida seja modificada, que o Espírito venha iluminar-vos. Jesus dizia aos seus discípulos: «Tenho ainda muitas coisas para vos dizer, mas agora não conseguis aguentá-las. Quando vier o Consolador, o Espírito da Verdade, ele conduzir-vos-á a toda a verdade.» Fora deste contacto com o Espírito, nenhuma verdadeira compreensão é possível."
 
"Não basta compreenderdes as coisas intelectualmente e expordes de forma brilhante o que compreendestes; é necessário que esta compreensão se manifeste na nossa vida quotidiana. Não é apenas pelas vossas palavras, mas sim pelos vossos atos, pelos vossos gestos, pela vossa atitude em cada circunstância da vida, que deveis dar testemunho da vossa compreensão. Por enquanto, ainda são os homens de ciência, os letrados, os eruditos, que estão em primeiro lugar, pois falam e escrevem bem. Mas, no futuro, isso mudará, e o mundo inteiro inclinar-se-á, sim, mas perante aqueles que, tendo trabalhado para desenvolver as qualidades de bondade, de pureza, de integridade, de nobreza, souberem manifestá-las na vida. Por isso, não vos preocupeis em saber muito, mas tornai-vos senhores de vós próprios; então, até a Natureza vos obedecerá, vos escutará e vos apreciará."
 
"Mesmo que peçam ao Céu que os ilumine, todos os que não trabalham verdadeiramente para transformar a sua maneira de viver não podem receber uma resposta correta. Porquê? Porque a resposta do Céu, ao passar através de todas as camadas impuras que eles acumularam em si, sofre uma deformação. É exatamente como quando se mergulha uma vara na água: parece partida. Sim, até os conselhos do mundo divino, ao atravessarem um meio que não está convenientemente preparado, chegam deformados. Para se receber do Céu respostas claras, límpidas e verídicas, é preciso fazer esforços para se purificar, para se despojar, para se enobrecer. Senão, há tantos riscos de errar, que mais vale nem dar ouvidos ao que se recebe. Muitos seres têm alguns dons de mediunidade, de clarividência, e é verdade que captam elementos do mundo invisível, mas são elementos muito misturados em que é melhor não se fiarem. Só a pureza, a nobreza ou a harmonia emanadas por um ser podem atestar a autenticidade da sua intuição."
 
"Costuma-se dizer aos jovens: «Aproveitai bem, porque a juventude não dura muito.» É verdade, claro, mas para quem? Precisamente para aqueles que dão ouvidos a esses conselhos perniciosos e se apressam a viver todas as diversões e a gozar todos os prazeres! Eles rapidamente perdem o viço e, quando já não são tão agradáveis, tão vivos, são rejeitados, o que é normal. Então, evidentemente, como os factos estão à vista, as pessoas tiram conclusões. Sim, mas, se os factos são o que são, é porque não se soube, previamente, observar e raciocinar como deve ser. Então, eis o que eu tenho a dizer aos jovens: «Se trabalhardes para a luz, por um alto ideal, quanto mais envelhecerdes, mais vivos e expressivos vos tornareis; adquirireis, até, uma vida e uma expressividade que não tivestes durante a juventude. Claro que sereis um pouco mais curvados, tereis mais algumas rugas, mais alguns cabelos brancos, mas não vos foqueis nisso: deixai o corpo envelhecer tranquilamente e pensai que a alma ainda pode manifestar-se através dele com uma juventude extraordinária. "
 
"Está escrito nos Salmos: «Caminharei perante o Eterno na Terra dos Vivos.» A Terra dos Vivos é o Sol, onde habitam os seres mais nobres e mais luminosos, tão luminosos e irradiantes que a luz que percorre o espaço resulta das suas vibrações, das suas emanações. A luz que ilumina os planetas não vem propriamente do Sol, mas sim dos seus habitantes. O Sol é uma terra fértil e cultivada, onde floresce toda uma civilização que é obra de entidades sublimes. São essas entidades que projetam toda a luz vivificadora que chega até nós. Um dia, os cientistas descobrirão isto."
 
"Sentis-vos tristes e infelizes, queixais-vos de que vos deixam sós, de que ninguém vos ama... Pois bem, estai cientes de que isso acontece porque não sabeis dar frutos. Observai as árvores: durante o inverno, elas ficam negras, sombrias, e ninguém as visita. Mas, quando têm flores e frutos, as pessoas que passeiam, as crianças, os namorados, vão muitas vezes até junto delas. Não se deve estranhar, pois, que alguns seres se encontrem sós, que ninguém vá visitá-los, pois isso é uma consequência da sua mentalidade deplorável: eles acharam que era mais sábio nunca produzirem frutos... Isso poupava-lhes trabalho!... A maioria das pessoas tem esta mentalidade; mas, enquanto estiverem sem flor, sem fruto, sem perfume, elas permanecerão na miséria, exteriormente e interiormente. Porque não trabalharam para dar alguma coisa? Quando se dá, não se está só. Todos devemos florir e dar frutos. É o melhor meio de sairmos de todas as nossas misérias."