MESTRE OMRAAM MIKHAEL AIVANHOV
"Não será o prazer que vos dará a felicidade,
mas sim o trabalho. Estais surpreendidos? Isso prova que ainda não
compreendestes o que é o verdadeiro trabalho, senão saberíeis que é nele que
podeis encontrar a felicidade.
Não se trata de vos privardes de prazer, mas
simplesmente de não fazerdes dele o primeiro objetivo da vossa existência,
porque ele enfraquece-vos, empobrece-vos: todas as emoções e sensações que
viveis vão queimando, pouco a pouco, as vossas reservas.
Em vez de se tomar o prazer como a razão da
existência, deve dizer-se: «Ah, eu devo fazer da minha vida algo de sensato, de
útil, de grandioso!» e, assim, substituir o prazer pelo trabalho. Substituir o
prazer pelo trabalho é substituir uma atividade vulgar, egoísta, por outra mais
nobre, mais generosa, que amplia a consciência e desencadeia em nós novas
possibilidades."
"Só obtereis resultados no plano espiritual
se possuirdes as qualidades e as virtudes necessárias para dar suporte ao vosso
trabalho. Tomemos como exemplo os talismãs. Cada vez mais as pessoas se servem
de talismãs que compraram numa loja, e imaginam que lhes basta usá-los ou
colocá-los em algum lugar das suas casas para estarem protegidas e serem
bem-sucedidas. É um erro! Mesmo que se trate de um talismã que tenha sido
preparado para vós por um grande Mago, se quiserdes que ele continue a ser
eficaz e poderoso, tereis de ser vós a animá-lo, a alimentá-lo com os vossos
pensamentos e os vossos sentimentos, com a vossa vida pura, senão, ao fim de
algum tempo, ele perde as suas forças e morre. Nenhum talismã dura eternamente;
a sua vida depende das qualidades da pessoa que o usa."
"Enquanto não possuirdes a luz da Ciência
Iniciática, podereis pensar, evidentemente, que não há nada a apontar-vos, que
sois impecáveis, perfeitos. Mas, no dia em que recebeis essa luz, ficais menos
orgulhosos, porque sois obrigados a dar-vos conta de que não sois assim tão
bons como isso: vereis que perdestes o vosso tempo e desperdiçastes as vossas
forças em toda a espécie de atividades inúteis ou prejudiciais. Por vezes,
ficais tão apavorados que tendes vontade de voltar para a escuridão. Mas não,
deveis ficar na luz, porque a luz é sempre preferível. Mais vale uma pessoa
ver-se suja e feia, a ser cega a respeito de si mesma, porque é o único meio de
ter vontade de se transformar. Direis: «Mas isso far-nos-á sofrer!» Paciência!
É preferível sofrer um pouco, mas estar na luz. Nunca serve de nada esconder a
realidade."
"Todos os humanos procuram Deus, mesmo sem
saberem que O procuram. Dizem apenas que procuram a felicidade. Mas quem não a
procura? Deus está em toda a parte do Universo; está oculto em tudo o que
suscita o nosso desejo. Os ambiciosos, os bêbedos, os comilões, os cobiçosos,
os devassos, também procuram Deus à sua maneira, porque, efetivamente, também
se pode encontrar uma minúscula parcela d'Ele no álcool, nos alimentos, na
sexualidade, no dinheiro, na glória, no poder... Podemos encontrar Deus em toda
a parte, até nos pântanos, até nas pedras, onde a sua presença é como que uma
chispa escondida. Mas, claro, com isso apenas se experimentará uma satisfação
momentânea, pois não é nas camadas espessas, nas formas inferiores da matéria,
que se pode encontrar Deus realmente, mas sim no espírito."
"Como se desenvolve uma abóbora? Primeiro,
está suspensa por um pequenino caule que podeis partir facilmente. Mas, à
medida que ela vai crescendo, o caulezinho reforça-se, ao ponto de suportar um
peso de várias dezenas de quilos. Pois bem, refleti neste exemplo, para o vosso
trabalho de discípulos. Não tenteis captar as correntes e as vibrações do mundo
espiritual, que são muito intensas, sem primeiro terdes construído em vós algo
de sólido que vos permitirá resistir a todas as tensões. Alguns seres que
querem aprender tudo de uma vez, desenvolver as suas faculdades num instante,
preparam para si próprios perturbações graves, até a loucura. Como aquele homem
a quem o médico receitara um medicamento para tomar algumas gotas por dia
durante um mês. «Um mês? Isso é muito tempo!», disse o doente; então, absorveu
todo o conteúdo do frasco no mesmo dia, e morreu. Não, há que fazer as coisas
sem pressas, com paciência e regularidade, e, assim, o sistema nervoso , que
consegue reforçar-se, torna-se capaz de resistir às maiores tensões."
"Duas vezes, três vezes, quatro vezes por
dia, nós reunimo-nos para meditar, orar, cantar em conjunto... São momentos
maravilhosos, os melhores da nossa existência. Mas talvez ainda falte uma
coisa: todas essas energias, todos esses impulsos não receberam uma determinação,
uma direção. Quando quereis enviar uma carta, ela nunca chegará ao seu destino
se não escreverdes o endereço. Deveis escrever uma direção, uma morada; então,
mesmo que percais a carta na rua, alguém a encontrará e a meterá na caixa do
correio. Do mesmo modo, as energias espirituais que projetamos devem ter uma
direção, devem ser concentradas e dirigidas para um objetivo, senão entram no
grande reservatório cósmico, onde se dispersam sem produzir grandes resultados.
No plano intelectual, no plano afetivo, no plano físico, todos têm uma
atividade; mas essa atividade é dispersa, não é concentrada numa direção e, por
isso, não produz muitos efeitos. Para se obter resultados, existe apenas um
meio: a concentração das energias num objetivo."
"O número quatro é o número da purificação e,
sendo o número da purificação, também é o do sofrimento, porque o sofrimento é,
muitas vezes, o único meio de purificação. Quando sofreis, é porque o Céu vos
faz passar pelas malhas de uma peneira. O número quatro é o da pureza, do
sofrimento e da limitação: da limitação no plano físico (observai como a figura
do quadrado dá uma impressão de encerramento e até de aprisionamento), do
sofrimento no plano astral e da pureza no plano mental. Nós estamos encerrados
na prisão que é o nosso corpo físico, e sofremos, mas sofremos para sermos
purificados; uma vez puros, seremos livres, sairemos da prisão."
"Enquanto não possuirdes a luz da Ciência
Iniciática, podereis pensar, evidentemente, que não há nada a apontar-vos, que
sois impecáveis, perfeitos. Mas, no dia em que recebeis essa luz, ficais menos
orgulhosos, porque sois obrigados a dar-vos conta de que não sois assim tão
bons como isso: vereis que perdestes o vosso tempo e desperdiçastes as vossas
forças em toda a espécie de atividades inúteis ou prejudiciais. Por vezes,
ficais tão apavorados que tendes vontade de voltar para a escuridão. Mas não,
deveis ficar na luz, porque a luz é sempre preferível. Mais vale uma pessoa
ver-se suja e feia, a ser cega a respeito de si mesma, porque é o único meio de
ter vontade de se transformar. Direis: «Mas isso far-nos-á sofrer!» Paciência!
É preferível sofrer um pouco, mas estar na luz. Nunca serve de nada esconder a
realidade."
"Os cientistas fazem pesquisas nos seus
laboratórios, e está muito bem, mas para isso abandonam os laboratórios
interiores que a Natureza colocou neles e nos quais poderiam realizar fenómenos
tão prodigiosos como os que conseguem realizar no plano físico. Por que razão
todo o esplendor deverá estar fora do homem e não nele? Muitas pessoas vos
dirão: «Vinde ver a minha oficina, a minha garagem, a minha fábrica...» Mas
nunca vos dirão: «Vinde ver o que está em mim», porque sabem que há nelas todas
as desordens, todas as paixões desenfreadas, e isso não é agradável de ver, não
ficareis deslumbrados."
"Por vezes, os inimigos são mais úteis do que
os amigos. Sim, se compreenderdes bem as coisas, vereis que são eles os vossos
verdadeiros amigos, porque são impiedosos, não vos poupam nada, assinalam-vos
tudo o que não está bem. Direis: «Mas, muitas vezes, eles exageram!» Sim, é
verdade, mas isso não tem importância, eles servem-vos de microscópios, e os
microscópios, por vezes, são muito úteis; os cientistas usam-nos todos os dias!
Os microscópios permitem ver pormenores que, sem eles, passariam despercebidos.
Por isso, se desejais mesmo avançar, deveis aceitar a ideia de que,
frequentemente, os vossos inimigos são mais úteis do que os vossos amigos. São
eles que vos obrigam a trabalhar, a corrigir-vos, a encontrar soluções para os
problemas que vos colocam, e assim, graças a eles, tornais-vos mais fortes e
mais inteligentes."
"Enquanto vos julgardes separados dos outros,
não os conhecereis. Para conhecerdes os seres, deveis sentir que eles vivem em
vós; é assim que estabeleceis uma ligação que vos permitirá saber o que eles
sentem. Pode acontecer que alguém esteja a sofrer junto de vós sem que o
suspeiteis sequer, porque deixou de haver comunicação entre vós e essa pessoa.
Mas reparai numa mãe: mesmo afastada do filho, se ele sofre, ela sente que isso
está a acontecer, porque permanece em comunicação com ele. Deveis basear a
vossa existência na ideia de unidade. Quando tiverdes baseado as vossas
relações com os outros nesta ideia, tudo ficará claro, tereis uma melhor
compreensão dos seres e até podereis tornar-vos clarividentes."
"Vós tendes um alto ideal e verificais que
não conseguis realizá-lo, é demasiado difícil, não vos sentis à altura. Então,
pensais: «Não vale a pena continuar, sou tolo em teimar, perdi anos a alimentar
um ideal irrealizável. Sou ridículo aos olhos de toda a gente. Todos os que me
rodeiam tiveram sucesso e vivem no bem-estar material; eu sou o único que
continua à espera do resultado dos seus esforços. Acabou-se, vou parar com
isto!» Nesse momento, cortais a ligação com o Céu, e isso é estúpido; apesar
das vossas lacunas e das vossas insuficiências, nunca deveis abandonar o vosso
ideal. Muitos homens de valor pararam os seus trabalhos sem saberem que, se
tivessem perseverado, teriam atingido o seu objetivo."
"Um verdadeiro Mestre apresenta-vos todos os
métodos úteis ao vosso avanço espiritual, mas vós é que deveis fazer o trabalho
para obter resultados. Ele não o fará no vosso lugar. Aliás, isso de nada
serviria. Uma aquisição espiritual ou um dom psíquico, para se manterem, devem
ser alimentados em vós com os vossos esforços, com o vosso trabalho. Por isso,
um Mestre pode abrir-vos as portas, mas vós é que deveis entrar, ele não vos
levará à força; e só depois de ver que avançais é que vos abrirá novas portas.
Sempre que o Mestre vê que fazeis progressos, põe perante vós um degrau
superior, e vós é que deveis subir esse novo degrau. Por isso, deixai de
esperar que alguém, de repente, pousando a mão sobre vós, ou pronunciando
algumas fórmulas mágicas, vos dê a iluminação. Ninguém o fará, nem mesmo o
vosso Mestre, que está perto de vós. Mesmo que ele o quisesse, não poderia,
porque isso é contrário às leis da vida."
"Quando se estuda o ser humano, verifica-se
que existem nele certas tendências profundamente enraizadas que nada consegue
extirpar, ao passo que outras tendências devem ser incessantemente estimuladas
por conselhos, pela leitura, pela prece, para que não desapareçam
completamente.
Quando se trata, por exemplo, de fome, de sede, de
sono, de vontade de possuir, de se apropriar ou de experimentar alguns
prazeres, não é necessário que alguém vos venha lembrar isso; eles já se
encontram tão fortemente enraizados que, mesmo que queirais, não conseguis
desembaraçar-vos deles. Mas, quando se trata de raciocinar, de mostrar
sabedoria, de ser previdente ou de manifestar qualidades de desapego, de
generosidade, já precisais de ser estimulados. Há no homem, pois, algo
solidamente enraizado e outras coisas muito mais frágeis, que é preciso estar
sempre a ativar e a encorajar."
"Quando uma mulher espera um filho, há
entidades tenebrosas do mundo invisível que procuram nela uma porta aberta para
entrarem e se instalarem na criança; e é a conduta dessa futura mãe que lhes
abre ou lhes fecha as portas. Por isso, uma mulher grávida, quando sente em si
impulsos bizarros que até aí nunca teve, deve saber que isso é a prova de que
entidades malfeitoras giram à sua volta para tentarem influenciá-la. Se ela não
lhes resistir, essas entidades entrarão na criança e, durante toda a sua vida,
visitá-la-ão para comerem e beberem à sua custa. A mãe deve, pois, estar muito
atenta, e ter as “chaves” – isto é, pensamentos de luz e de harmonia – para
fechar as portas e salvar o seu filho."
"As pedras preciosas vibram em harmonia com a
Inteligência Cósmica; elas são submissas, obedientes, por isso são
transparentes e deixam passar a luz. As outras pedras, que são opacas, opõem-se
à luz e, como não pode atravessá-las, a luz abandona-as, iluminando-as apenas à
superfície. Mas a pedra preciosa compreendeu e diz: «Tenho de deixar passar a
luz através de mim, para que ela possa manifestar todas as suas nuances, que
são tão ricas! Então, serei amada, apreciada, ocupar-se-ão de mim, não me
deixarão sujar ou esmagar, estarei num colar, numa coroa, sempre à vista,
sempre esplendorosa.» É assim que pensa a pedra preciosa. A vós cabe, agora,
interpretar."
"Há anos que os astrólogos e os esoteristas
falam da vinda da era do Aquário. Aqueles que têm vários planetas no signo do
Aquário estão particularmente preparados para captar as novas ondas que vêm
desta constelação. São inovadores, inventores. Todas as descobertas no domínio
psíquico e esotérico também têm a sua origem no Aquário, sobretudo a ideia de
coletividade, de fraternidade. Por isso, o mundo inteiro vai agora ser obrigado
a debruçar-se sobre esta ideia de fraternidade, de universalidade, e a
trabalhar com ela."
"Seja qual for o trabalho de que a
Providência ou o destino vos tenha encarregado, deveis esforçar-vos por
realizá-lo sempre o melhor possível. Se vos recusardes a fazê-lo ou o fizerdes
de forma negligente, com o pretexto de que não o achais digno de vós, estagnareis
na vossa evolução e, mais tarde, sereis obrigados a voltar à mesma situação
para corrigir, para reparar. Então, verificareis como é difícil recomeçar um
trabalho que se imaginava ter terminado. Se estamos na terra a sofrer e a
debater-nos com dificuldades, é precisamente porque temos de recomeçar o nosso
trabalho. O Céu enviou-nos de novo para repararmos os nossos erros, para nos
mostrar que não sabemos trabalhar e que ainda precisamos de aprender. É esse o
sentido das nossas reincarnações sucessivas. Se nos recusarmos a compreender
essas lições, seremos enviados de novo, e as nossas falhas serão cada vez mais
difíceis de corrigir."
"Muitas pessoas dizem: «Ah, a Ciência
Iniciática é magnífica! Sente-se que ela traria a solução dos nossos problemas,
mas não temos tempo para a estudar nem para fazer exercícios: a família, o
trabalho, as relações... Estamos sobrecarregados.» E sentem-se justificadas. Na
realidade, se tivessem intuição, se fossem almas muito evoluídas, não estariam
metidas numa situação que as limita tanto. Se estão demasiado comprometidas, é
porque, nas incarnações precedentes, não fizeram a evolução necessária, que
lhes permitiria beneficiarem agora de toda essa ciência formidável. Porque é
que, desde a infância, alguns seres começaram a preparar-se, sentindo que
deviam manter-se livres para servir um ideal? É porque tinham reminiscências do
passado ou porque, antes de reincarnarem, fizeram uma promessa às entidades
divinas. Os outros julgam-se sempre justificados por se deixarem afundar na
matéria e dizem: «Que queres, meu caro, é assim, é a vida!» Não, a vida é o que
se faz dela e, se alguns estão tão tomados pelos seus afazeres, é porque não
souberam libertar-se interiormente."
"Quando não se tem estatura para os assumir,
até os melhores cargos são esmagadores. Mesmo só para suportar o peso do saber,
é preciso ter um cérebro preparado, senão sucumbe-se. Assim, em vez de
desejardes sempre o saber, desejai a luz, porque ela não pesa; a luz está acima
do saber e também vos traz o saber. Assim como o Sol ilumina os objetos, os
raios que projetais pelo vosso espírito sobre os objetos do mundo invisível
tornam-nos visíveis. Podeis, assim, explorar progressivamente o mundo psíquico,
e o cérebro também tem tempo de se reforçar, ao passo que, se tiver de receber
bruscamente uma grande quantidade de conhecimentos, ele é como um soalho que um
peso muito grande faz abater."
"Jesus dizia: «Eu sou o caminho, a verdade e
a vida.» Para um Iniciado, esta imagem é clara, é a de um rio que desce da
montanha. «O caminho, a verdade, a vida»: o caminho é o leito do rio, a vida é
a água que corre nesse leito, e a verdade é a Nascente de onde jorra a vida.
Agora, traduzamos: o caminho por onde corre a vida e que nos permite voltar a
subir à Nascente é a sabedoria. A vida, ou seja, a água que rega as pedras e as
plantas, que dessedenta os animais e os homens, é o amor. Eis, então, o que
Jesus queria dizer: eu sou o caminho da sabedoria, sou o amor que faz nascer a
vida divina e sou a fonte da verdade de onde jorra essa vida. A água é o
símbolo da vida, do amor. Todas as energias, todas as forças que circulam na
Natureza são representadas como uma água, um fluido que rega, que mata a sede,
que mantém a vida. A imagem da nascente e do rio tem a sua correspondência na
vida espiritual, e o nosso Ensinamento é precisamente isso, tem como base o amor
(a água), a sabedoria (o leito do rio) e a verdade (a nascente). Todos os dias
podeis fazer este exercício de beber, pelo pensamento, nesse rio que vem dos
cumes, de vos saciardes na nascente límpida, pura, do amor."
"Toda a gente ouve música, mas poucas pessoas
sabem como ouvi-la para ativarem em si centros espirituais, para se projetarem
no espaço, se elevarem, se enobrecerem e se purificarem, ou até para resolverem
problemas. Quando se ouve uma obra, em primeiro lugar deve-se saber o que ela
representa, se é uma força boa ou má, e a que pode ser comparada: é semelhante
ao vento, ao trovão, é como uma torrente que se precipita da montanha, é
eletricidade, é calor?... Qualquer que seja a força emitida, é preciso saber
utilizá-la. Se for o vento, imaginai que navegais num barco com as velas todas
desfraldadas. Se for eletricidade, podeis fazer funcionar aparelhos
espirituais, etc... A música é uma força. Cada som produz vibrações que,
consoante a sua natureza, desencadeiam no homem determinados impulsos, de que
ele deve aprender a servir-se."
"Na sociedade, talvez uma pessoa consiga
apropriar-se de um lugar de topo reclamando, barafustando, eliminando os
outros, mas, no mundo espiritual, só se pode lá chegar por intermédio de um
trabalho assíduo, constante. Então, sim, a pessoa eleva-se e impõe-se, tanto às
forças inferiores como às forças da Natureza, e um dia torna-se uma divindade.
No plano físico, os humanos procuram atropelar os outros e fazê-los cair para
tomarem o seu lugar, e muitas vezes conseguem-no. Mas devem saber que não é
assim que podem evoluir e que esses sucessos que conseguiram alcançar não
durarão muito, pois existe uma lei segundo a qual os humanos só podem receber o
que merecem. É uma lei universal, uma lei promulgada pelos Vinte e Quatro
Anciãos. Sim, as forças da Natureza, que sabem o que fazeis, que sabem do que
sois dignos e capazes, arranjam as coisas de modo a que, mais cedo ou mais
tarde, tenhais exatamente o que mereceis."
"A vitória sobre a nossa natureza inferior é
sempre uma incerteza. É exatamente como um país que venceu outro: nunca está
seguro de que essa vitória perdure, porque, um dia, enquanto o vencedor dorme
sobre os louros, o país vencido procurará desforrar-se. O mesmo acontece com a
natureza inferior: ainda que, em certas circunstâncias, tenhais conseguido
vencer algumas das suas manifestações, a vitória nunca está definitivamente
assegurada; a qualquer momento, ela pode reerguer-se, dar coices... e lá ficais
por terra. Que deveis fazer, então? Suplicar à vossa natureza divina, o
princípio crístico, que venha instalar-se em vós. Assim, em vez de serdes
sempre como um vencedor que nunca está seguro da vitória, tendes um associado
poderoso com o qual podeis contar, e mesmo que, por vezes, estejais um pouco
fatigados, um pouco adormecidos, ele continua a controlar os movimentos da
vossa natureza inferior."
"Suponhamos que o discípulo obteve algumas
vitórias sobre a preguiça, a cólera, o ciúme, a sensualidade, etc... Se ele
disser: «Como eu sou forte! Venci as tentações», é nesse momento que está em
perigo, porque é nesse momento que lhe preparam armadilhas de uma tal
subtileza, que ele cairá nelas, sem dúvida. Se não é humilde e se ilude com os
pequenos resultados que obteve, ainda não conhece todas as astúcias da sua
natureza inferior. É quando ele está mais seguro de si que a natureza inferior
retoma o ascendente e lhe prepara algumas surpresas. Um verdadeiro discípulo
está sempre consciente dos perigos, e é quando obtém algumas vitórias que
começa a inquietar-se um pouco e a interrogar-se: «O que é que me espera agora?
Não devo triunfar já, é demasiado cedo!» E não só fica vigilante, como sabe que
não pode lutar por si só, não pode contar exclusivamente consigo e suplica ao
Senhor que venha instalar-Se nele para lhe dar a possibilidade de vencer."
"As verdades expressas nos Livros Sagrados
foram vividas por espíritos excecionais. Para as compreendermos, temos de
conseguir elevar-nos até eles, vibrar no mesmo comprimento de onda que eles e,
sobretudo, ter a mesma maneira de viver que eles. Tudo está na maneira de
viver. Foi ela que permitiu aos profetas, aos grandes Mestres, aproximarem-se
da Divindade, é ela que deveis adotar para, por vossa vez, a compreenderdes;
não há outro método. Não vos inquieteis por não compreenderdes logo a Bíblia ou
outros Livros Sagrados, pois há neles coisas difíceis; lede sem vos
perturbardes e elevai-vos pelo pensamento, pedindo que a vossa vida seja
modificada, que o Espírito venha iluminar-vos. Jesus dizia aos seus discípulos:
«Tenho ainda muitas coisas para vos dizer, mas agora não conseguis aguentá-las.
Quando vier o Consolador, o Espírito da Verdade, ele conduzir-vos-á a toda a
verdade.» Fora deste contacto com o Espírito, nenhuma verdadeira compreensão é
possível."
"Não basta compreenderdes as coisas
intelectualmente e expordes de forma brilhante o que compreendestes; é
necessário que esta compreensão se manifeste na nossa vida quotidiana. Não é
apenas pelas vossas palavras, mas sim pelos vossos atos, pelos vossos gestos,
pela vossa atitude em cada circunstância da vida, que deveis dar testemunho da
vossa compreensão. Por enquanto, ainda são os homens de ciência, os letrados,
os eruditos, que estão em primeiro lugar, pois falam e escrevem bem. Mas, no
futuro, isso mudará, e o mundo inteiro inclinar-se-á, sim, mas perante aqueles
que, tendo trabalhado para desenvolver as qualidades de bondade, de pureza, de
integridade, de nobreza, souberem manifestá-las na vida. Por isso, não vos
preocupeis em saber muito, mas tornai-vos senhores de vós próprios; então, até
a Natureza vos obedecerá, vos escutará e vos apreciará."
"Mesmo que peçam ao Céu que os ilumine, todos
os que não trabalham verdadeiramente para transformar a sua maneira de viver
não podem receber uma resposta correta. Porquê? Porque a resposta do Céu, ao
passar através de todas as camadas impuras que eles acumularam em si, sofre uma
deformação. É exatamente como quando se mergulha uma vara na água: parece
partida. Sim, até os conselhos do mundo divino, ao atravessarem um meio que não
está convenientemente preparado, chegam deformados. Para se receber do Céu
respostas claras, límpidas e verídicas, é preciso fazer esforços para se
purificar, para se despojar, para se enobrecer. Senão, há tantos riscos de
errar, que mais vale nem dar ouvidos ao que se recebe. Muitos seres têm alguns
dons de mediunidade, de clarividência, e é verdade que captam elementos do
mundo invisível, mas são elementos muito misturados em que é melhor não se
fiarem. Só a pureza, a nobreza ou a harmonia emanadas por um ser podem atestar
a autenticidade da sua intuição."
"Costuma-se dizer aos jovens: «Aproveitai
bem, porque a juventude não dura muito.» É verdade, claro, mas para quem?
Precisamente para aqueles que dão ouvidos a esses conselhos perniciosos e se
apressam a viver todas as diversões e a gozar todos os prazeres! Eles
rapidamente perdem o viço e, quando já não são tão agradáveis, tão vivos, são
rejeitados, o que é normal. Então, evidentemente, como os factos estão à vista,
as pessoas tiram conclusões. Sim, mas, se os factos são o que são, é porque não
se soube, previamente, observar e raciocinar como deve ser. Então, eis o que eu
tenho a dizer aos jovens: «Se trabalhardes para a luz, por um alto ideal,
quanto mais envelhecerdes, mais vivos e expressivos vos tornareis; adquirireis,
até, uma vida e uma expressividade que não tivestes durante a juventude. Claro
que sereis um pouco mais curvados, tereis mais algumas rugas, mais alguns
cabelos brancos, mas não vos foqueis nisso: deixai o corpo envelhecer
tranquilamente e pensai que a alma ainda pode manifestar-se através dele com
uma juventude extraordinária. "
"Está escrito nos Salmos: «Caminharei perante
o Eterno na Terra dos Vivos.» A Terra dos Vivos é o Sol, onde habitam os seres
mais nobres e mais luminosos, tão luminosos e irradiantes que a luz que
percorre o espaço resulta das suas vibrações, das suas emanações. A luz que
ilumina os planetas não vem propriamente do Sol, mas sim dos seus habitantes. O
Sol é uma terra fértil e cultivada, onde floresce toda uma civilização que é
obra de entidades sublimes. São essas entidades que projetam toda a luz
vivificadora que chega até nós. Um dia, os cientistas descobrirão isto."
"Sentis-vos tristes e infelizes, queixais-vos
de que vos deixam sós, de que ninguém vos ama... Pois bem, estai cientes de que
isso acontece porque não sabeis dar frutos. Observai as árvores: durante o
inverno, elas ficam negras, sombrias, e ninguém as visita. Mas, quando têm
flores e frutos, as pessoas que passeiam, as crianças, os namorados, vão muitas
vezes até junto delas. Não se deve estranhar, pois, que alguns seres se
encontrem sós, que ninguém vá visitá-los, pois isso é uma consequência da sua
mentalidade deplorável: eles acharam que era mais sábio nunca produzirem
frutos... Isso poupava-lhes trabalho!... A maioria das pessoas tem esta
mentalidade; mas, enquanto estiverem sem flor, sem fruto, sem perfume, elas
permanecerão na miséria, exteriormente e interiormente. Porque não trabalharam
para dar alguma coisa? Quando se dá, não se está só. Todos devemos florir e dar
frutos. É o melhor meio de sairmos de todas as nossas misérias."