domingo, 6 de março de 2022

MESTRE OMRAAM MIKHAEL AIVANHOV

 
"Todas as doenças têm origem numa fraqueza ou num vício do ser humano que as contrai. Por isso, podemos dizer que, de certo modo, são os homens que criam as doenças. Quando o nervosismo aumenta, aparece uma doença... Quando a sensualidade aumenta, surge uma outra doença... Quando aumenta a desarmonia, vem uma terceira doença...
Todas as doenças são consequência de uma determinada desordem, e o cancro é provocado pela anarquia. Para vos precaverdes contra ele, o único método é trabalhardes para a harmonia. Pensai todos os dias na harmonia, mantende-vos sempre conscientes, vigilantes, para nunca aceitardes em vós, por muito tempo, um estado de desordem, senão esse estado, que se propagará até às células, cortará todas as comunicações, todas as correntes, até ao ponto em que o organismo já nada poderá remediar."
 
"Há muitos discípulos que se queixam: «Não se compreende: junto de um Mestre, tudo se torna fácil, mas, quando se está longe, voltam as complicações todas.» Ora bem, porque é que é assim? É fácil de compreender. Se as dificuldades começam quando eles estão longe, então não deviam afastar-se, não deviam abandonar o Mestre.
Deixá-lo fisicamente é necessário, bem entendido, cada um deve regressar a sua casa. É a nível mental que os discípulos não devem abandonar o Mestre. Mas, nas suas mentes, o primeiro que aparece depressa toma o lugar do Mestre, que é dispensado e, claro, já nada pode fazer. Não é de estranhar que, subitamente, as coisas se tornem tão difíceis: é simplesmente porque o Mestre já lá não está. Sem se aperceber, o discípulo substituíu-o por outro ser ou outra coisa."
 
"Toda a gente se interessa pela questão da educação, até as crianças: elas querem educar a sua boneca ou o seu cão... Na realidade, ninguém pode educar ninguém. Os discursos, as explicações, as ordens, de nada servem. Sempre que um Iniciado vem à terra para ajudar os humanos, não procura mudá-los, porque respeita a sua predestinação, mas, pelo seu saber, pelas suas virtudes, pelo seu comportamento, ele anima, vivifica e rega as boas sementes, isto é, os dons e as virtudes que neles estão ocultos. Então, todas essas sementes começam a germinar, a desenvolver-se, a florir...
A educação é a mais difícil das ciências, porque é preciso começar por ter em si mesmo as qualidades que se deseja desenvolver nos outros. Só os Iniciados, que já fizeram um imenso trabalho sobre si próprios, conseguem despertar nos humanos as qualidades mais sublimes que o Criador neles depositou."
 
"Fazei tudo o que puderdes fazer de bom, seja por atos, por palavras, por sentimentos ou por pensamentos, e deixai que depois o tempo realize a sua obra. Um belo dia, todo esse bem vos perseguirá para vos recompensar, mesmo que o tenhais esquecido e não queirais ser recompensados.
Acrescentarei ainda o seguinte: aprendei a fazer o bem sem falar dele, sem querer que se saiba que fostes vós que o fizestes. Assim, não só experimentareis uma alegria secreta, como despertareis nos outros algo de bom: eles serão obrigados a interrogar-se acerca de quem será esse ser magnífico que não quer mostrar-se, o que os levará a agir da mesma forma para com outras criaturas."
 
"O que impede os humanos de evoluir é pensarem que as dificuldades ou as desgraças que lhes acontecem resultam de uma injustiça: o destino é injusto e até o Senhor é injusto, eles mereciam melhor. Mas como é que eles podem saber que mereciam melhor? Não se conhecem, não conhecem nem o seu passado, nem o seu presente... E muito menos o seu futuro! Então, como podem pronunciar-se?
Mesmo quando, num processo, os juízes condenam um inocente – e tem havido imensos erros judiciais ao longo da História! –, na realidade, por detrás dessa injustiça existe uma justiça. Isto tem acontecido até com santos, Iniciados, grandes Mestres. Alguns foram presos, queimados, crucificados... Aparentemente, era uma injustiça, mas, na realidade, não era. Estas provações justificavam-se e eles deviam aceitá-las, ou para pagarem uma dívida, ou para compreenderem certas verdades que sem isso não teriam compreendido, ou então para se tornarem fortes, poderosos, invencíveis. Pensarem que há uma injustiça divina impede os humanos de evoluírem. Eles deverão assumir que as provações são justas, e darão um grande passo em frente."
 
"Todas as doenças têm origem numa fraqueza ou num vício do ser humano que as contrai. Por isso, podemos dizer que, de certo modo, são os homens que criam as doenças. Quando o nervosismo aumenta, aparece uma doença... Quando a sensualidade aumenta, surge uma outra doença... Quando aumenta a desarmonia, vem uma terceira doença...
Todas as doenças são consequência de uma determinada desordem, e o cancro é provocado pela anarquia. Para vos precaverdes contra ele, o único método é trabalhardes para a harmonia. Pensai todos os dias na harmonia, mantende-vos sempre conscientes, vigilantes, para nunca aceitardes em vós, por muito tempo, um estado de desordem, senão esse estado, que se propagará até às células, cortará todas as comunicações, todas as correntes, até ao ponto em que o organismo já nada poderá remediar."
 
"«Santificado seja o teu Nome», dizia Jesus na prece dominical. A santificação está ligada ao mundo do pensamento. É nos nossos pensamentos que, em primeiro lugar, devemos santificar o Nome de Deus. O nome representa, resume, contém, a entidade que o usa, portanto, quando pronunciamos o Nome de Deus, apelamos para Ele, permitimos-Lhe que se introduza em nós, tornamo-l’O presente.
Segundo a Cabala, o Nome de Deus é múltiplo, é composto por 72 nomes cujo conhecimento requer um estudo muito demorado e muito difícil. Aquele que conhece esses 72 nomes está tão impregnado da santidade e da luz de Deus que, apenas pronunciando-os, é capaz de O atrair, de O fazer descer a todas as coisas, de santificar todos os objetos, todas as criaturas, tudo o que existe. Os Iniciados não se limitam a orar: «Santificado seja o teu Nome!», santificam-n’O realmente em si próprios."
 
"Quando quereis fazer uma fogueira, usais madeira “morta”, como se costuma dizer. São ramos murchos, retorcidos, sem beleza alguma, mas, uma vez inflamados, que esplendor, que luz! Graças ao fogo, esses ramos, que poderiam ter ficado abandonados algures, sem qualquer utilidade, transformam-se em luz, em calor, em energia.
Direis: «Sim, é verdade, já vimos isso. Mas o que têm esses ramos mortos a ver connosco?» Eles têm a ver convosco porque, simbolicamente, também existem em vós. Vós também acumulastes montes de ramos secos e negros que esperam o momento de ser queimados... Todas as tendências egoístas e passionais, todas as manifestações da natureza inferior, são como madeira morta. Colocai-as no fogo e também elas produzirão calor e luz."
 
"Nos cumes das montanhas reinam condições físicas e espirituais que as tornam propícias para certos trabalhos, e por isso é aí, aos cumes, que deveis subir para formular os desejos e os projetos que vos são mais queridos.
Se não tiverdes a possibilidade de ir à montanha, treinai-vos a visitá-la e a escalá-la pelo pensamento. Podeis concentrar-vos ora num cume, ora noutro. Preparais, assim, as condições para entrar em contacto com os mais elevados espíritos que desceram à terra, porque existe uma ligação entre os cumes das montanhas e todos os seres de elite que, ao longo das eras, vieram trazer a luz aos humanos. É por intermédio dos altos cumes que entramos em comunicação com eles."
 
"Era uma vez um sábio da China antiga, cuja mulher não parava de o atormentar com as suas recriminações. «O que é que ganhas com os teus pensamentos? Mal temos com que viver e eu gasto a minha juventude a fazer a lida da casa! Eu quero belos vestidos e joias, quero distrair-me como as mulheres da minha idade.» Cansado destas cenas, o sábio acabou por dizer-lhe: «Pois bem, se encontrares um homem com quem penses ser mais feliz, deixa-me, eu não te impedirei.» E foi o que ela acabou por fazer...
Ora, um dia, o velho imperador morreu sem deixar herdeiro. Depois de terem procurado por todo o país um homem digno de lhe suceder, acabaram por descobrir aquele sábio, e fizeram dele imperador. Quando a mulher soube disso, foi ter com ele e disse-lhe: «Compreendo agora como fui tola e leviana por não ter sabido apreciar as tuas qualidades. Mas eu era jovem... Perdoa-me! Quero voltar a viver contigo.» Ele, calmo, sem lhe fazer a mínima censura, voltou-se para um servo e disse-lhe: «Traz-me uma taça do mais precioso licor.» Quando lhe deram a taça, ele despejou-a no chão e disse à mulher: «Recolhe esse licor. Se ele estiver tão puro como antes, aceito voltar a ter-te como esposa.» E a mulher chorou, pois sabia que isso era impossível."
 
"Gostaríeis de ter um Mestre omnisciente e todo-poderoso, isto é, alguém que vos facilitasse a vida, que resolvesse todos os vossos problemas. Pois bem, desenganai-vos, um Mestre não é para isso. Um Mestre é para vos instruir e vos levar a aperfeiçoardes-vos. E quanto mais elevado é o grau de um Mestre, mais exigente é o seu ensinamento. Isto é verdadeiro em todos os domínios.
Estais convencidos de que o ensinamento de um músico ou de um cientista genial vos seria muito acessível? A verdade é que eles, certamente, se recusariam a instruir-vos. Direis que um Mestre espiritual não é um músico nem um cientista, e que o seu amor, a sua bondade e a sua generosidade abrangem todas as criaturas. Sim, isso é verdade, mas esse amor, essa bondade e essa generosidade levá-lo-ão a estimular-vos incessantemente no caminho do aperfeiçoamento e não a fazer por vós todos os milagres que esperais."
 
"Há imensas pessoas que querem, a qualquer preço, mostrar aos outros que são alguém! E movimentam-se, fazem intrigas, gastam a sua vida apenas a tentar obter aplausos, sem pensarem que, passados alguns anos, tudo será esquecido. O verdadeiro sentido da vida está em trabalhardes com a luz, para a luz, sem vos preocupardes com o desagrado dos outros ou com os seus aplausos. Um dia, serão eles que vos procurarão para vos manifestarem o seu respeito e a sua admiração.
Quando o vosso pensamento está ligado à luz e ao amor divinos, todos aqueles com quem vos relacionais encontram necessariamente o conforto e a paz junto de vós. Ao invés, se abandonardes o Senhor, já não conseguireis renovar as vossas riquezas interiores. E, quando vos tiverdes tornado pobres e vazios, quem terá vontade de visitar-vos?"
 
"Estais à beira do oceano e, com um pauzinho, começais a agitar a água, fazendo círculos. Pouco a pouco, há pequenas palhas, pedacinhos de papel, rolhas, que começam a girar... E, se perseverásseis, em breve seriam pequenos barcos... barcos grandes... o mundo inteiro a girar também. O oceano etérico em que estamos mergulhados é semelhante ao oceano líquido e, pelo pensamento – na condição de nunca pararmos –, poderíamos revolver o mundo inteiro. Mas, como as pessoas não se exercitam, e sobretudo porque não são perseverantes, é evidente que nada acontece.
Enquanto não tiverdes compreendido o pequeno número de regras em que a vida espiritual se baseia, não podereis tornar-vos condutores do mundo divino, trabalhadores no campo do Senhor. Continuai, pois, o movimento até que todas as partículas sejam arrastadas sempre na mesma direção, para realizardes o trabalho luminoso que encetastes, não só sobre vós mesmos, mas também sobre todas as criaturas da Terra e, mais longinquamente ainda, do Cosmos."
 
"Só aquele que se identifica com o espírito sabe que é imortal. Ele toma consciência de que é uma entidade livre e luminosa diferente do seu corpo; viaja no espaço, vai, vem, o seu corpo não é senão uma veste, e por vezes até uma veste já bastante usada. Como pode compreender os mistérios do Universo alguém que se identifica com a sua carapaça?... Qual é o automobilista que se identifica com a viatura que conduz? Ele nunca diz: «Eu sou a viatura», porque sabe que a viatura apenas o transporta. E qual é o cavaleiro que se identifica com o cavalo que monta?...
Jesus dizia: «O meu Pai e eu somos um.» Jesus identificava-se com o seu Pai, mas não com qualquer pai. «O meu Pai» é esse Ser que é eterno e todo-poderoso. Porque não havemos de imitar Jesus e identificar-nos com o Pai Celeste, com o Espírito Cósmico?"
 
"Toda a cultura contemporânea nos ensina a envelhecer o mais rapidamente possível. Oh, não fisicamente, claro! Todos os dias é inventada uma quantidade de produtos e de métodos para manter a forma física, manter a linha, eliminar as rugas. Mas interiormente, psiquicamente, os rapazes e as raparigas envelhecem cada vez mais cedo. Como se o sentido da vida fosse o de serem desconfiados, calculistas, macilentos, perversos. E quando um adulto se manifesta com simplicidade, espontaneidade, confiança, considera-se que ele não é sábio nem profundo.
Ora bem, ficai sabendo que, com esta filosofia que mata cada vez mais os bons impulsos da sua natureza, o ser humano está a destruir-se. Para se salvar, ele deve manter o seu coração de criança sempre vivo, amoroso, interessado por tudo, perdoando rapidamente, regozijando-se com as mais pequenas coisas, esquecendo rapidamente as ofensas, as tristezas e os insucessos, um coração constantemente disposto a amar, a abraçar o mundo inteiro, um coração que não se retrai, que não arrefece. Enquanto o seu coração conserva o calor, o homem não envelhece."
 
"Imaginai que sois um hipnotizador e que dais um pedaço de papel a alguém, dizendo-lhe: «É uma rosa, cheira-a. Que perfume tem?» A pessoa começa a extasiar-se com o perfume delicioso da rosa. Isto acontece porque ela está num estado hipnótico, em que o pensamento se realiza instantaneamente, não no plano da matéria, mas no plano mental. Ela captou o vosso pensamento, porque esse pensamento, com as palavras que o acompanhavam, formou a rosa no plano subtil, onde conseguistes projetar a consciência da pessoa, e ela respira o odor da rosa com o olfato psíquico. Ao sentir o cheiro desta rosa, a pessoa não está equivocada.
Pelo pensamento, tudo é possível. Por isso, em vez de vos lamentardes pelo que vos falta, experimentai criar isso mesmo pelo pensamento. Tendes necessidade da beleza das flores, da pureza dos lagos, do silêncio da floresta? Podeis criar tudo isso instantaneamente pelo pensamento. Dir-me-eis: «Qual quê?! Eu não vejo nada, não há nada que eu possa tocar!» Para poderdes materializar essas coisas, talvez sejam precisos séculos, mas elas já existem no plano mental, e é a essa realidade que deveis ligar-vos."
 
"As pessoas interrogam-se frequentemente acerca de como será a vida na Terra daqui a dez anos, cinquenta anos, um século... Pois bem, trata-se de preocupações demasiado imediatas e sem muita importância. O essencial é saberem que um dia brilharão como o Sol, que a sua presença aromatizará a atmosfera, que se sentirá o perfume da sua alma, e que, por onde elas passarem, ouvir-se-ão sinfonias, pois todas as suas células cantarão.
Representai para vós este futuro longínquo, pelo menos por uns minutos em cada dia, e, subitamente, sentireis de novo esperança e coragem. A fé neste futuro magnífico é que fará de vós um novo ser. Por toda a parte se ouve pronunciar a palavra “novo”: uma nova filosofia, uma nova ciência, uma nova era, um novo tipo de homem... Mas como se pode imaginar que se é um homem novo quando se continua a ser rabugento, mortiço, crispado?"
 
"Jesus disse: «Construí a vossa casa sobre rocha!» Esta rocha é, evidentemente, um símbolo, o de um estado de consciência feito de sabedoria e de estabilidade. No plano astral, ou seja, no domínio das sensações, das emoções e dos sentimentos, estais constantemente expostos à alteração das condições. Num dado momento, o Sol brilha para vós e sentis-vos felizes; depois, aparecem as nuvens e lá vem a tristeza. O mundo do sentimento é caprichoso e instável. Ora amais, ora deixais de amar...
É impossível viver sem o sentimento, bem entendido, mas, ao menos, que o vosso abrigo, a vossa residência, não seja nele. Podeis descer ao plano astral para lá passear, para o explorar, para estudar as agitações e as desordens que nele ocorrem, mas não habiteis aí. Construí a vossa morada bastante mais acima, no plano causal, onde reinam a luz, a paz e a estabilidade."
 
"A água é o símbolo da matéria universal a partir da qual o Universo foi criado. Está escrito no Génesis que Deus separou as águas de baixo das águas de cima: «Deus disse: “Que haja uma extensão entre as águas e que ela separe as águas das águas.” E Deus fez a extensão e separou as águas que estão sob a extensão das águas que estão acima da extensão. E assim aconteceu. À extensão, Deus chamou céu.»
As águas de cima, que a Ciência Iniciática também designa por “luz astral”, “agente mágico”, representam o oceano primordial, no qual todas as criaturas estão mergulhadas e encontram o seu alimento. Aliás, dir-se-ia que é por referência a estas águas primordiais que a criança, ainda no ventre da mãe, está mergulhada num meio líquido. Nós vivemos na imensidão cósmica exatamente como os peixes vivem no mar; se não o sentimos, é porque as impurezas obstroem os nossos poros psíquicos. Assim, todo o nosso trabalho consiste em libertar os nossos canais interiores, para sermos dessedentados e vivificados por essa água espiritual que nos envolve, vinda de toda a parte."
 
"Para os humanos não se oporem uns aos outros, é necessário que tenham o mesmo ideal e que caminhem juntos rumo a esse ponto único situado no infinito. A harmonia só poderá reinar entre os humanos se todos se unirem no ideal de servir o Senhor, de aplanar os seus caminhos e de trabalhar para a grande família que é a Fraternidade Branca Universal. Assim, todos se compreenderão e se amarão, porque terão em comum esse ideal, porque serão como os raios de um mesmo círculo convergindo para o centro. O círculo é a imagem de um organismo perfeito, cuja cabeça é o centro e cujos membros e órgãos são os raios que convergem para esse centro."
 
"A maioria dos humanos não estão lá muito dispostos a conhecerem-se para se aperfeiçoarem. A lucidez não os tenta. Eles preferem enganar-se para poderem manterem as suas ilusões. Já formaram uma opinião tão extraordinária acerca de si próprios, que até um Mestre, por vezes, prefere renunciar a dizer-lhes a verdade, pois sabe antecipadamente o que o espera se abrir a boca. Nunca lhe responderão: «Tem razão.», mas sim: «Não, nem pensar! Está enganado, eu não tenho nenhuma das fraquezas que refere.» Para eles, evidentemente, o Mestre é que está enganado, eles são impecáveis e nunca se enganam!... Perante tais seres, que quereis que um Mestre faça? Ele não insiste, sabe que a vida é que lhes dará lições e os ensinará a conhecerem-se."
 
"Alguém vem ter comigo e pergunta-me:
– «Porque é que eu sou infeliz? Porque é que as coisas não me correm bem?»
Eu respondo:
– «Muito simplesmente porque não tens amor.»
– «Como? Não tenho amor?»
– «Escuta: se tivesses amor, nada te resistiria, porque, quando se tem amor, não se fica assim, inativo, sem fazer nada.»
– «Mas eu estou doente.»
– «Isso é precisamente porque não tens amor.»
– «Mas o que é que uma coisa tem a ver com a outra?»
– «Se tivesses amor pela saúde, a saúde já teria vindo a ti há muito tempo. Se estás doente, é porque não amas verdadeiramente a saúde. É esta a resposta.»
Quando tiverdes amor pelo que é bom, pelo que é belo, quando viverdes dia e noite com esse amor, nenhuma força do Universo poderá resistir-vos. Não existe coisa alguma acima do amor. Foi o amor que criou o mundo e todas as forças lhe obedecem."
 
"A imitação é uma tendência inata no ser humano. Mas... quem é que as pessoas querem imitar? Aqueles e aquelas que obtiveram glória, sucesso, fortuna... Ninguém sabe quem deve tomar por modelo e, principalmente, o quanto esta questão do modelo é importante para a vida psíquica.
Vós tendes um amigo que vedes com frequência. Pois bem: esse convívio não fica sem consequências. Mesmo sem vos aperceberdes, recebeis alguma coisa das suas qualidades e dos seus defeitos. É sempre assim, é uma lei. Nesse caso, porque não vos decidis a conviver com aquele que poderá ser para vós o mais extraordinário amigo, o Sol? Maravilhando-vos todos os dias com a sua beleza, a sua limpidez, o seu poder, com toda a vida que dele jorra, pouco a pouco aperceber-vos-eis de que em vós se operam transformações: algo começa a vibrar de maneira diferente e tornais-vos mais luminosos, mais calorosos, mais vivos. Por isso, se quiserdes ter uma influência benéfica sobre os humanos, entrai em contacto com o Sol todos os dias, para receberdes dele alguns raios, algumas partículas, que depois espalhareis em vosso redor."
 
"Deus deu a inércia à matéria e a impulsão ao espírito, e o homem está situado no limite entre os dois: exteriormente, está envolvido por matéria, e interiormente é animado pelo espírito. Ele recebe, pois, uma dupla influência: ora é o espírito que o estimula, ora é a matéria que quer paralisá-lo, engoli-lo.
Por isso, o homem deve lutar sempre, e se não for inteligente, se não for esclarecido, deixar-se-á levar pela inércia e ficará estagnado como um pântano repleto de miasmas onde fervilham bicharocos de toda a espécie. É o que acontece a todos aqueles em quem a matéria predomina: não fazem qualquer trabalho espiritual, divino, e a estagnação instala-se neles. O discípulo, pelo contrário, abre as portas ao espírito, dando-lhe todas as possibilidades de se manifestar. E o espírito, que então é rei, começa a harmonizar, a vivificar e a iluminar tudo."
 
"Sempre que conseguis viver uns minutos de paz plena, todas as forças e todas as entidades existentes em vós, que até aí não tinham tido ocasião de se manifestar, são mobilizadas, e então podeis dispor delas. Enquanto viverdes em desordem e agitação, essas forças estarão paralisadas.
Um instrumentista virtuoso que tem de executar um trecho musical, um estudante que está a fazer um exame, um equilibrista que caminha sobre um arame… Se todas as suas energias não estiverem concentradas e harmonizadas, o virtuoso desafinará ao tocar, o estudante gaguejará e fracassará no exame, e o equilibrista cairá e dará cabo das costas. Quando é introduzida uma perturbação, uma dissonância, todas as forças interiores perdem intensidade e se dispersam, e o homem fica sem apoio. Já fizestes milhares de vezes este tipo de experiência, mas alguma vez a analisastes para dela tirar uma conclusão mais ampla, que abarque a vida no seu todo?"
 
"A chave, a grande chave, é permanecer sempre desperto... Mesmo enquanto se dorme! Sim, desperto. Porque é que está escrito: «Vigiai e orai»? Nem os espiritualistas compreenderam isto. Estar vigilante, porquê? É tão agradável vogar ao sabor da preguiça mental e física! É por isso que os humanos não avançam, apesar de terem o Universo diante de si, apesar das estrelas e do Sol, apesar de todos os livros e de todos os grandes Mestres de que dispõem para os instruirem. Eles estão a dormir, não fazem outra coisa a não ser dormir.
De agora em diante, estai vigilantes e pensai: «Tenho de ter o cuidado de não me sobrecarregar. Tanto na alimentação, como nos pensamentos e nos sentimentos, escolherei os elementos mais leves, os mais luminosos, para construir o meu cérebro, o meu coração, os meus pulmões. Assim, estarei sempre ativo... Mesmo durante o sono.» Sim, porque há sono e sono. Quem aprendeu a estar vigilante, permanece desperto até durante o sono. Mesmo quando dorme, do outro lado ele ouve, compreende e age."
 
"Deus introduziu na alma das criaturas um sentimento de insatisfação e de carência que só poderá ser satisfeito no dia em que elas conseguirem unir-se a Ele. Enquanto não tiverem realizado esta fusão, andarão à procura e farão experiências, acreditando, de cada vez, que conseguirão obter o que desejam. Mas ficarão sempre dececionadas, sempre desapontadas. Na realidade, esta deceção não é assim tão má, pois é ela que impele as almas humanas a irem sempre em frente, a procurarem, e a tentarem reaproximar-se continuamente do Bem-Amado."
 
"Os acontecimentos que se realizam na terra são consequência de acontecimentos que já se desenrolaram no Alto, nos planos subtis. É isto que explica que um clarividente possa predizer o futuro: ele já viu esses acontecimentos anunciados no mundo invisível. É necessário um certo tempo para eles chegarem ao plano físico, mas chegam obrigatoriamente, porque já estão inscritos no Alto. Observai uma serpente: seja qual for o seu comprimento, a cauda passa sempre por onde a cabeça já passou. A cabeça representa o pensamento e a cauda representa os atos. A cauda vem depois da cabeça. Como a cauda, o mundo físico é sempre a continuação, ou seja, a concretização do que já teve lugar no mundo subtil.
A consequência prática desta verdade é que aqueles que tiverem a paciência de alimentar o seu ideal por muito, muito tempo, com bons pensamentos e bons sentimentos, sem nunca desanimarem, conseguirão levar atrás de si a cauda, isto é, modificar os seus atos, o seu comportamento, os seus instintos, o seu corpo físico."