domingo, 3 de abril de 2022

MESTRE OMRAAM MIKHAEL AIVANHOV

 
"É um erro acreditar, como alguns pensadores, que só a matéria existe, que tudo é matéria... Graças ao conhecimento do papel de cada um dos dois princípios, masculino e feminino, é fácil compreender que, na realidade, a matéria (princípio feminino) não passa do recetáculo do espírito (princípio masculino). Se o espírito não tivesse acumulado as suas riquezas na matéria, como se ela fosse um reservatório, esta não teria poder algum; por mais que os físicos trabalhassem na desintegração do átomo, não produziriam qualquer explosão nuclear.
Por si mesma, a matéria é inerte, não pode exprimir-se se não houver um outro princípio, ativo, dinâmico, o espírito, que se manifeste através dela. A matéria é comparável a um frasco que contém uma quinta-essência, o espírito, e que a retém. O espírito é muito volátil; por isso é necessário guardá-lo, aprisioná-lo, e a matéria, na realidade, mais não é do que uma prisão que mantém e retém o espírito. Enquanto não se conhecer a existência dos dois princípios, masculino e feminino, e a maneira como eles agem na Natureza, forjar-se-ão teorias erradas."
 
"No momento de começar uma cerimónia, o mago, o Iniciado, acende velas ou lamparinas. É uma tradição que vem de uma ciência muito antiga, segundo a qual a presença do fogo é indispensável à realização. Nas igrejas também se manteve esta tradição de acender velas, pois, onde quer que o fogo participe, há resultados.
Quando tiverdes dificuldades interiores, desgostos, tristezas, momentos de desalento, tentações, escrevei num papel o vosso desejo de recuperar a calma, a força, a clareza, acendei uma chama e pedi ao Anjo do Fogo que se digne queimar todos esses estados inferiores; ele atender-vos-á. Enquanto não conhecerem nada desta ciência sagrada, as pessoas passarão a vida a vegetar, a chorar, a sofrer, sem poderem libertar-se. O fogo está pronto a ajudar-nos, mas é preciso que pensemos em servir-nos dele para as nossas realizações espirituais."
 
"Quando se pergunta a um sábio o que é Deus, ele responde com o silêncio, porque só o silêncio pode exprimir a essência da Divindade. Sim, dizer o que é Deus não basta, e dizer o que Ele não é também não. Dizer que Deus é amor, sabedoria, poder, justiça... É verdade, mas estas palavras passam ao lado da realidade divina, não captam nada do infinito, da eternidade, da perfeição de Deus.
Não podemos conhecer Deus falando ou ouvindo falar d’Ele; só podemos conhecê-l’O tentando penetrar profundamente em nós próprios, para atingirmos essa região que é, precisamente, o silêncio."
 
"Os humanos são maus, desonestos, ingratos, é verdade; mas nunca deveis perder a fé e o amor com o pretexto de que vos dececionaram, porque nesse momento é que perdeis realmente a felicidade. Continuai, pois, a crer e a amar, a despeito de tudo. Se meditardes sobre esta questão, pesando os prós e os contras na vossa balança espiritual, constatareis que, ao deixardes de amar os humanos, secais a fonte que corre em vós; portanto, não os castigais a eles, mas a vós próprios.
Porque haveis de interromper em vós o curso do que deve ser eterno, inesgotável, com o pretexto de que, um dia, tivestes um pequeno infortúnio? Quantos santos, profetas e Iniciados não foram perseguidos e maltratados! Mas continuaram a amar e a crer. Então, que discípulo poderá julgar-se digno de receber a Iniciação se gritar por toda a parte que nunca mais amará ninguém, que já não confiará em ninguém, por ter sido enganado ou roubado umas quantas vezes?..."
 
"A nossa vida interior está sujeita às mesmas alternâncias que a Natureza, o dia e a noite, o fluxo e o refluxo: a nossa consciência ilumina-se e ofusca-se, enche-se e esvazia-se. Sendo assim, é preciso tentar ir tomando consciência da época em que cada um destes fenómenos vai ocorrer.
Suponde que o período difícil se aproxima: se não o souberdes, podereis comprometer-vos imprudentemente com esta ou aquela iniciativa, mas, quando chegar o tempo de a pôr em prática, já não tereis energia nem inspiração e sentir-vos-eis desamparados. Poderíeis ter evitado estes inconvenientes se tivésseis sabido prever em que dias estaríeis fracos, deprimidos. Todos os erros são cometidos nas trevas, quando a consciência está obscurecida. Aprendei a conhecer esses momentos e então ficai sossegados, não vos lanceis em novas iniciativas."
 
"Quando os pais dão uma ordem a um filho, devem exigir que ele obedeça, senão o filho aperceber-se-á de que os pais não têm vontade nem firmeza, e esta imagem que lhe fica deles será prejudicial ao seu bom desenvolvimento. Evidentemente, há casos em que uma tal intransigência poderá ser nociva. Suponhamos que o que o filho pede é de natureza espiritual e que os pais o impedem de realizar esse ideal, porque isso ultrapassa muito o seu nível de compreensão: se eles forem inflexíveis, poderão fazer-lhe muito mal.
Por isso, antes de se pronunciar, um pai ou uma mãe deve medir bem as consequências das suas exigências e perguntar a si próprio: «Será que o que estou a pedir-lhe é bom, justo, divino? Será que a sua alma o anseia, o deseja profundamente, ou será mau para a sua evolução?» Só depois de estarem bem informados e de terem visto e compreendido claramente o que será bom para a criança é que os pais poderão dar uma ordem, uma permissão, ou recusar de maneira categórica, irrevogável, e então ela deverá submeter-se."
 
"Desde que perderam o hábito de se ligar interiormente ao mundo divino, os artistas nunca mais nos deram obras sublimes. Se estudardes a pintura, a escultura, a dança, a música e a poesia atuais, constatareis que elas já não contêm esse elemento de eternidade que dá tanto valor às obras do passado. Por isso, quando o novo ensinamento chegar, varrerá todas essas criações, livros, quadros, estátuas, de que ninguém se lembrará mais.
Para serem verdadeiros criadores, os artistas deverão recolher-se, meditar e pedir as bênçãos do Céu antes de iniciarem o seu trabalho, porque só o Céu pode trazer-lhes a luz que ilumina a imaginação. Se agirem assim, receberão a revelação da verdadeira beleza e a possibilidade de a exprimir e de a transmitir. Se, quando é inspirado, o homem consegue realizar obras-primas, é porque nele tudo trabalha impulsionado pela luz espiritual que recebeu. Fora do espírito, ele nada poderá produzir que seja imortal."
 
"Conservai e protegei a vossa vida, porque nada tem um valor comparável ao da vida. Evidentemente, há casos em que seres humanos dão a vida para salvar outros ou para defender certas ideias. Sim, somente nestes casos há o direito de sacrificar a vida: os profetas e os Iniciados que perderam a vida por um ideal, para a glória de Deus, na realidade nada perderam, porque depois receberam uma nova vida, ainda mais rica, ainda mais bela, por se terem sacrificado pelo bem.
Mas, excetuando estes casos, o discípulo deve guardar, preservar, purificar e intensificar a sua vida, porque ela é a fonte, o reservatório, o ponto de partida para todos os outros desenvolvimentos: intelectual, afetivo, estético, etc. No começo, há a vida, e depois é que vêm a sabedoria, o amor, a beleza, etc., como outros tantos ramos da árvore primordial da vida."
 
"O mundo visível é construído segundo o modelo do mundo invisível, e se, no mercado, temos de pagar para trazer couves e cenouras, é porque no mundo invisível também está tudo baseado na lei das trocas. No mundo invisível, nenhuma alma pode receber algo de outra alma sem lhe dar, em troca, uma alegria, um olhar, um raio...
Mas há tantos seres humanos que ainda não aprenderam a fazer estas trocas invisíveis! Recebem a luz do Sol, o seu calor, e nada lhe dão, em troca, de si próprios. Utilizam igualmente muitas coisas da Terra, mas também nada lhe dão. Não é justo. Perguntar-me-eis: «Mas como poderemos nós dar alguma coisa ao Sol e à Terra?» Em primeiro lugar, devereis deixar de considerar que o Sol, as estrelas e os planetas são apenas corpos materiais privados de inteligência e de sensibilidade, e, sendo eles inteligentes e sensíveis, devereis pensar neles com respeito, amor e reconhecimento; é tudo o que eles pedem de vós."
 
"Quando o homem consegue encontrar o lugar que realmente lhe pertence, fica feliz. Todos sabem isso, mas nem todos sabem qual é o seu lugar. “Lugar” é uma palavra com muitos significados: elemento, país, casa, profissão, funções, ideal...
Vemos muitas vezes as pessoas andarem de um lado para o outro, sem se fixarem em nada: ainda não conseguiram encontrar o seu lugar; não têm raízes e são infelizes. É preciso que alguém venha colocá-las em solo fértil, onde começarão a germinar. Até então, são semelhantes à semente que espera, num celeiro, o momento de ser semeada. Quando a semente é posta numa terra boa, cresce e dá frutos. É como se dissesse: «Pronto, encontrei o meu lugar!» Esse lugar não é o celeiro, onde se arriscaria a criar bolor ou a ser roída pelos ratos. Portanto, o que todos precisam é de ser semeados, plantados."
 
"Enquanto os homens colocarem o seu interesse pessoal à frente do da coletividade, não haverá solução para os seus problemas. E quando digo «interesse da coletividade», não me refiro apenas à coletividade dos seres humanos, mas à que é formada por todo o Universo, de que eles querem sempre servir-se para sua satisfação exclusiva. Notai como eles exploram os animais, as árvores, as montanhas, o mar... E, se alguma vez tiverem meios técnicos suficientes, vereis o que eles farão com o Sol, com a Lua ou com os outros planetas! Tudo o que existe é utilizado como meio, com um único objetivo: a satisfação material do homem.
Isto tem de mudar! É preciso inverter o fim e os meios: ter por objetivo a fraternidade universal, a harmonia universal, e utilizar, para isso, todos os meios que possuímos, todas as nossas qualidades, faculdades, forças e energias. Só assim os problemas da humanidade serão resolvidos."
 
"O discípulo deve encontrar um justo equilíbrio entre o orgulho e uma humildade exagerada. Não é bom que, pretendendo ser humilde, ele se apague completamente, porque acabará por tornar-se imbecil e estúpido. Mas estar muito convencido da sua superioridade pelo facto de seguir um ensinamento espiritual também não é preconizado, pois tornar-se-á ridículo.
O que é mais difícil é a medida certa. Muito poucos discípulos, mesmo nas Escolas Iniciáticas do passado, souberam não se deixar levar pelo orgulho ou por uma humildade exagerada... que, muitas vezes, não passa de orgulho camuflado! Acautelai-vos, pois, para não cairdes nos mesmos erros. Há que saber andar vestido como um rei, permanecendo humilde como um servo."
 
"Criando em si uma imagem que abarque todas as perfeições, alimentando-a, reforçando-a, o discípulo torna-se, pouco a pouco, uma outra criatura, porque esta imagem penetra nele e transforma-o. E depois de ter conseguido criar em si esta imagem divina, para onde quer que ele vá ela influenciará beneficamente as criaturas, mesmo os animais, as plantas, as pedras, toda a Natureza, porque dele partem raios, forças, vibrações, que agem favoravelmente, gerando ordem, equilíbrio, harmonia.
Há tantas pessoas que desejam ser amadas e fazem tudo o que podem para o conseguir! Mas, infelizmente, só fazem esses esforços exteriormente. Para se ser amado, é preciso mudar as suas próprias vibrações, torná-las mais doces, mais tranquilas, mais harmoniosas, e isso só é possível quando se criou em si mesmo uma imagem divina, um alto ideal."
 
"Tal como participais na vida da vossa família, da vossa cidade, do vosso país, deveis aprender a participar na vida cósmica. Porque se há de imaginar que, para se viajar e trabalhar no Cosmos, é preciso ser um astronauta e ter foguetões? A Terra viaja pelo espaço etérico, impelida pelo Sol; portanto, nós estamos na Terra como numa aeronave que prossegue o seu curso por entre as estrelas. É isso que faz de nós cidadãos cósmicos, capazes de participar, consciente e luminosamente, na vida universal.
É tempo de abandonarmos as noções limitadas que nos foram transmitidas pela educação, pela sociedade, para adotarmos conceções mais vastas, mais amplas, mais grandiosas: participar no trabalho cósmico de luz sob a égide do Cristo."
 
"Por vezes, encontramos pessoas muito sensíveis, muito mediúnicas, que estão num estado deplorável, porque não têm qualquer meio de se defender das entidades astrais. É bom as pessoas serem sensíveis ao mundo invisível, desde que tenham desenvolvido previamente o discernimento e a vontade, pois, para se entrar em contacto com o mundo invisível, é preciso entregar-se à influência dos espíritos. Mas há espíritos de todas as espécies, inclusive aqueles que, quando veem humanos sem defesa, se aproveitam deles para os enganar e para se servirem das suas forças. Então, passados alguns anos, coitados, estes ficam completamente desequilibrados.
Antes de se lançarem em certas experiências, as pessoas deverão conhecer os riscos inerentes e ser capazes de os enfrentar. Não basta serem atraídas, sem mais nem menos, por alguns aspetos das ciências ocultas; todos os verdadeiros Mestres o dirão. Mas, no dia em que virem que estais preparados, eles mesmos farão cair o véu e, então, tereis acesso a tudo o que queríeis ver e conhecer."
 
"Todos os humanos carregam em si o seu longínquo passado de animais: a manha de uns, a brutalidade, a crueldade, a voracidade ou a sensualidade de outros... Evidentemente, esta natureza animal é muito forte: teve milhares de anos para se fortalecer e se exercitar, porque viveu em condições muito difíceis. Pensai em todas as dificuldades que os animais têm de enfrentar para poderem sobreviver, encontrar alimento, arranjar abrigo e conservá-lo, e para se protegerem uns dos outros... Como quereis que, depois de ter vivido em tais condições, a nossa natureza instintiva seja agora doce, boa, clemente?
Mas também é necessário saber que ela não representa a última etapa do desenvolvimento. O que está em causa, agora, é desenvolvermos as nossas qualidades psíquicas e espirituais, para fazermos face a todas as tendências instintivas. É esse o problema que todos temos de resolver."
 
"Criando em si uma imagem que abarque todas as perfeições, alimentando-a, reforçando-a, o discípulo torna-se, pouco a pouco, uma outra criatura, porque esta imagem penetra nele e transforma-o. E depois de ter conseguido criar em si esta imagem divina, para onde quer que ele vá ela influenciará beneficamente as criaturas, mesmo os animais, as plantas, as pedras, toda a Natureza, porque dele partem raios, forças, vibrações, que agem favoravelmente, gerando ordem, equilíbrio, harmonia.
Há tantas pessoas que desejam ser amadas e fazem tudo o que podem para o conseguir! Mas, infelizmente, só fazem esses esforços exteriormente. Para se ser amado, é preciso mudar as suas próprias vibrações, torná-las mais doces, mais tranquilas, mais harmoniosas, e isso só é possível quando se criou em si mesmo uma imagem divina, um alto ideal."
 
"Os humanos têm uma tendência deplorável para confundir os fins com os meios. Eles sabem que há sempre um objetivo a atingir e meios para o conseguir, mas não viram que estão a usar as suas faculdades mais elevadas como meios para atingirem o objetivo mais terra a terra. Para satisfazerem os seus apetites mais baixos, sacrificarão o que em si existe de melhor: a inteligência, a integridade, a pureza. Querem até que o Senhor venha ajudá-los nas suas manigâncias e nas suas loucuras. E pensais que eles se aperceberam desta situação? De modo algum!
Eles nunca tiveram tempo para se questionar: «Que procuramos nós?... E que meios usamos para o obter?» Não, é preciso que um Mestre lhes diga: «Escuta! Qual é o teu objetivo?»"
 
"Esforçai-vos por ir sempre mais longe na consciência e na exploração das vossas possibilidades. O Céu nunca deixará de vos estender a mão, de vos mostrar o caminho, de vos indicar novas minas a explorar, novas riquezas a utilizar.
É tempo de vos lançardes ao trabalho, porque tudo o que tiverdes adquirido na alma e no espírito, todos os vossos conhecimentos e virtudes, um dia levá-los-eis convosco para o outro mundo, e também os trareis quando voltardes a encarnar. Sim, é o vosso interior que agora deveis procurar explorar, porque nele encontrareis os elementos mais preciosos para o vosso desenvolvimento e para a vossa elevação."
 
"Quando amais alguém, será que vos preocupais em saber como o amais? Não. Dizeis: «Eu amo-o, eu amo-o...» Decerto que o amais, disso ninguém duvida; mas questionai-vos acerca da natureza desse amor. Os humanos chamam amor a cada cobiça, desejo, necessidade ou apetite. Desde que o sentimento se manifeste, há que ceder-lhe. E até é proibido raciocinar: o intelecto cala-se. Perante o coração, que está ocupado a amar, o intelecto não tem voto na matéria. O coração diz-lhe: «Cala-te! Eu estou a falar. O amor está a falar. Que tens tu a dizer?» Na realidade, se o coração e o intelecto trabalhassem em colaboração um com o outro, o amor manifestar-se-ia com formas e cores mais belas.
Quanto menos evoluído é um ser, mais cede perante a insistência do seu amor, sem analisar se é um amor desinteressado, puro ou útil. Desde que ame, não tem nada que refletir; por isso há tantos romances, peças de teatro e filmes para contar as aventuras, muitas vezes desastrosas, daqueles que amam!"
 
"É preciso ver como a Natureza trabalha. É ela que, em dado momento, impele os animais e os humanos a terem este ou aquele comportamento, e é também ela que, algum tempo depois, os impele a substituírem esse comportamento por outro, porque a época é diferente.
Consideremos o medo. O medo é um reflexo que a Natureza inspira a todos os animais, para assegurarem a sua preservação. Felizmente, os animais têm medo, porque assim escapam ao perigo. Passa-se o mesmo com o homem... Mas, para atingir um grau superior de evolução, o homem deve desembaraçar-se deste instinto de medo, que tem várias expressões: o medo dos outros, o medo da miséria, o medo da doença, o medo da morte... Sim, numa etapa anterior da evolução, o medo era necessário ao homem, para ele se proteger; agora, é prejudicial ao seu progresso espiritual, e o homem só pode vencer o medo por intermédio do amor."
 
"O silêncio, a paz e a harmonia expressam a mesma realidade. Não penseis que o silêncio é vazio e mudo; não, o silêncio é vivo, vibrante; ele fala, canta. Mas só o ouvimos quando os tambores param de rufar em nós.
Um dia, graças à contemplação, à prece, à meditação, conseguiremos ouvir a voz do silêncio. Quando, finalmente, todas as forças caóticas se tiverem apaziguado, o silêncio aproximar-se-á, expandir-se-á, envolver-nos-á com o seu manto maravilhoso. Instalar-se-á em nós uma clareza e, de súbito, sentiremos que algo muito poderoso reina acima de nós e nos governa: esse silêncio de onde o Universo saiu e para o qual voltará um dia."
 
"Porque é que nós vamos contemplar o nascer do Sol? Porque é um exercício que nos permite encontrar o nosso próprio centro. O Sol é o centro de um sistema que ele mantém, organiza e vivifica. O movimento dos planetas em torno do Sol é considerado como a imagem da própria harmonia universal precisamente porque os planetas giram em volta de um centro que mantém o equilíbrio.
Se o Sol desaparecesse do lugar que ocupa, seria o caos. Connosco passa-se o mesmo: enquanto não tivermos um centro que mantenha, equilibre e coordene os movimentos da periferia, não poderemos ter uma vida e uma atividade harmoniosas, construtivas."
 
"O pensamento permite-nos compreender, mas também nos permite agir, porque é algo mais do que uma simples faculdade que tem por fim o conhecimento. Ele é a chave de tudo, é a varinha mágica, o instrumento da omnipotência.
Portanto, quando tiverdes conseguido libertar o pensamento de tudo o que é suscetível de o entravar e o tiverdes sob controlo, podereis orientá-lo na direção que desejardes, para que ele realize um trabalho: regularizar, harmonizar as partículas e as correntes em vós e no mundo inteiro. Vós dais ordens, concentrais-vos numa ideia ou numa imagem, mantendo-a, e ela é que irá agir, encontrar novos materiais e organizá-los."
 
"Muitas pessoas decidem abraçar um ensinamento espiritual porque sentem que há algo a mudar nas suas vidas, mas levam os velhos hábitos tão incrustados em si, que não aceitam as verdades desse ensinamento. Essas verdades não correspondem ao que elas pensam, ao que lhes agrada, e rejeitam-nas. Então, para o que é que ele serve?
Deveis entrar numa Escola Iniciática como se fôsseis um recipiente vazio, rejeitando todas as teorias e opiniões erradas que formastes ou que vos foram transmitidas por humanos que não eram esclarecidos. Se fordes para uma Escola Iniciática e vos comportardes como se fôsseis uma garrafa cheia, por mais que o vosso instrutor faça, e por maior que seja o seu desejo de verter o Céu em vós, não o conseguirá, nada entrará."
 
"Jesus dizia: «O meu Pai Celeste trabalha e eu trabalho com Ele.» Mas deverá Jesus ser o único a trabalhar com o seu Pai Celeste? Não. Também vós podeis participar nesse trabalho para que o Reino de Deus se realize na terra. Que essa realização esteja próxima ou longínqua, isso não deve contar muito para vós. O que deve contar é que, a partir do momento em que participais nesse trabalho gigantesco, nobre, divino, e aplicais nele todas as vossas forças e energias, estais a aproximar-vos da Divindade.
É muito importante saber qual o objetivo para que se trabalha, onde se investe as suas energias. Aqueles que participam em empreendimentos desonestos impregnam-se, sem o saber, das impurezas em que remexem, e acabam por destruir-se. Os que, pelo contrário, participam num empreendimento generoso, celeste, todos os dias acrescentam partículas de luz aos seus corpos subtis. Ao trabalharem para o Reino de Deus, é em si próprios que começam a instalá-lo."
 
"Vê-se cada vez mais pessoas que, por terem lido alguns livrinhos esotéricos, se julgam capazes de desempenhar o papel de Mestre espiritual. E os outros, que são ingénuos, em vez de as estudarem um pouco, para verem como elas são realmente, como se comportam, seguem-nas de olhos fechados. Nem procuram saber de onde elas vêm, como viveram até ali, quem foi o seu Mestre, quem as enviou... Ah, não, acham inútil colocar estas questões!
Basta que alguém faça um pouco de teatro e lhes diga que em três dias serão iniciadas – mediante uma quantia elevada, claro – e elas acreditam. Têm pressa, compreendeis? Para elas, a Iniciação não deve demorar mais do que três dias, por isso o primeiro charlatão ou vigarista que queira aproveitar-se da sua credulidade é bem-vindo: ele dar-lhes-á a Iniciação! Pois bem, depois não se queixem de terem sido enganadas."
 
"Podereis modificar o vosso carácter, mas não o vosso temperamento. Se nascestes com este ou aquele temperamento, isso advém das vossas vidas anteriores: no passado, pelos vossos pensamentos, sentimentos e atos, ficastes ligados a certas forças, que agora determinam o vosso subconsciente, isto é, o vosso temperamento; e aí não podereis mudar grande coisa. Como acontece com o sistema ósseo ou com o sistema muscular, nos quais também nada se pode mudar: não podereis alargar o crânio nem alongar o nariz, nem corrigir o queixo, se ele for afilado. Estes elementos também constituem o temperamento e, se bem que na Natureza tudo possa ser transformado ou modificado pela omnipotência do pensamento e da vontade, estas mudanças são tão lentas e impercetíveis que podemos considerá-las inexistentes.
Mas o vosso carácter depende de vós: pelos vossos esforços, pela vossa orientação espiritual, podereis modificá-lo, melhorá-lo, moldá-lo; é precisamente esse o trabalho de todos num ensinamento iniciático."
 
"Como a maioria das pessoas, vós tendes o mau hábito de recordar sobretudo o que vos fez sofrer; guardais tudo convosco, recordando, ruminando. Isso é muito perigoso, não se deve repisar o que foi mau. Há que tirar daí uma conclusão, de uma vez por todas, e não pensar mais no assunto.
Fazeis mal a vós próprios revivendo continuamente estados ou acontecimentos negativos. Tentai, antes, recordar os momentos mais luminosos da vossa existência, procurai compreender por intermédio de quem e como eles aconteceram, rememorai-os muitas vezes, exatamente como voltais a ouvir muitas vezes uma música de que gostais, e assim revivereis as mesmas sensações de pureza, de liberdade, de luz."
 
"O cristianismo pôs a tónica no lado doloroso e trágico da cruz, no seu lado “morte”, associando-a essencialmente à morte de Jesus. Na realidade, é preciso ver na cruz um significado muito mais vasto: o da matéria à qual o espírito desce para a vivificar. Evidentemente, pode acontecer que o espírito mergulhe na matéria e adormeça; se ele não tiver forças suficientes para a animar, esta união torna-se o túmulo do espírito e, infelizmente, é o que acontece com imensas pessoas, que deixam o espírito enterrar-se nelas. A matéria é a cruz na qual o espírito se sacrifica constantemente, mas este sacrifício só tem razão de ser se a matéria se transformar e se tornar mais viva, mais pura."
 
"As ciências ocultas apresentam às pessoas toda a espécie de métodos para obterem a realização dos seus desejos, mas sem explicarem o que lhes acontecerá se esses desejos forem demasiado pessoais e egoístas, se transgredirem as leis da Natureza, se forem contra a ordem divina. Dizem apenas: «Fazei isto... fazei aquilo...» e, muitas vezes, aqueles que o fazem dão-se mal. Por isso, esses métodos só serão bons e válidos se os vossos desejos forem divinos, se não forem bons unicamente para vós, mas também para o mundo inteiro.
Deveis saber que tudo se realiza, e é aí que está o perigo. Dir-me-eis que não vedes esse perigo. Mas quem vos diz que, se os vossos desejos se realizarem, não ireis sofrer, porque não soubestes prever as complicações daí resultantes? Aquele que não estudou as relações entre os seus desejos e as leis da Natureza e da vida, que não se questionou sobre os resultados que esses desejos desencadearão se se realizarem, expõe-se a grandes desilusões."
 
"Pelos seus pensamentos e pelos seus sentimentos, o homem liga-se às entidades, às correntes e aos elementos do espaço que correspondem a esses pensamentos e sentimentos, e acaba por atraí-los. É assim que se explicam a saúde e a doença, a força e a fraqueza, a inteligência e a cegueira, a beleza e a fealdade, etc. São elementos que o próprio homem atraiu. Portanto, se encontrardes grandes dificuldades nesta existência, é porque no passado, por ignorância, atraístes elementos negativos.
Mas agora, graças a esta filosofia iniciática que vos ensina a trabalhar sobre os vossos pensamentos e os vossos sentimentos, podereis ligar-vos às entidades e às regiões mais puras e mais luminosas, para vos reconstruirdes com todas as qualidades que desejardes: a beleza, a força, a inteligência... É esse o segredo da ressurreição."