domingo, 5 de junho de 2022

MESTRE OMRAAM MIKHAEL AIVANHOV

 
"A época atual põe a tónica sobretudo no saber; mas que saber? A maior parte dos conhecimentos que os humanos procuram adquirir servem-lhes para ganharem a vida ou brilharem perante os outros, não lhes são de nenhuma utilidade para enfrentarem as provações da vida, os desgostos, os desânimos.
O saber iniciático, pelo contrário, não vos permite encontrar um emprego, nem ser aplaudidos por plateias, mas ajuda-vos em todas as circunstâncias da vida interior. À primeira vista, não se compreende muito bem o interesse deste saber. Ele age lentamente, em profundidade, não dá logo grandes resultados e até é possível que, quando já obtivestes algumas vitórias, ninguém em vosso redor se tenha apercebido de que viveis interiormente num mundo de paz, de luz, de beleza. Mas, pouco a pouco, os humanos compreenderão que esse volume cada vez maior de conhecimentos de que podem dispor não lhes traz o essencial e voltar-se-ão para o saber iniciático. Este saber diz respeito ao próprio homem: dá-lhe a possibilidade de trabalhar sobre a sua própria matéria, para se tornar senhor de todas as situações."
 
"O Sol dirige-se às sementinhas e diz-lhes: «Então, que esperais? Agora, deveis dar alguma coisa. Vamos, ao trabalho! – Mas nós somos pequeninas, somos fracas...  – Não, não, tentai e vereis! Eu vou ajudar-vos.» Então, todas elas se animam. Dia após dia, o Sol aquece-as, fala-lhes, e, passado algum tempo, vemos aparecer magníficas flores, junto das quais os poetas, os pintores, os músicos, vêm maravilhar-se e inspirar-se...
Então, porque é que não se há de compreender que pode acontecer o mesmo connosco, seres humanos? Nós somos sementes plantadas no solo divino e, sob  a ação dos raios do Sol, podemos produzir cores e perfumes tão extraordinários, que até as divindades ficarão extasiadas. Sim! O que é uma flor? Ela não sabe cantar, nem dançar, nem tocar violino, no entanto até os dançarinos, os cantores e os músicos se extasiam com ela... Então, se soubermos ser como as flores, porque não hão de vir as divindades, que estão tão acima de nós, extasiar-se connosco? Elas dirão: «Oh! Que flor tão simpática!» E ocupar-se-ão de nós para nos tornarem ainda mais puros, mais luminosos."
 
"Quais os seres que suscitam respeito e admiração? Os que lutaram, que se superaram, que venceram os obstáculos e as provações. Porque é que as pessoas, sobretudo os jovens, admiram tanto os desportistas? Porque eles tentam sempre superar-se. Mesmo que se trate apenas de correr, de saltar, de nadar ou de escalar, o gosto pelo esforço, a resistência, a coragem, são sempre considerados como grandes qualidades. Não valerá a pena, então, tentar manifestar estas mesmas qualidades na vida de todos os dias?
É bom concentrar todos os seus esforços para correr e nadar mais depressa ou durante mais tempo, saltar mais alto, apanhar melhor uma bola e chutá-la, mas é ainda mais útil dizer: «Serei mais paciente nas dificuldades, vencerei a tristeza e o desgosto, controlar-me-ei mais.» Sim, neste domínio também se pode cometer proezas, obter vitórias. Porque não experimentais?"
 
"Muitas religiões apresentaram o Senhor como um ser implacável, vingativo, invejoso, que vê tudo, castiga por tudo e não perdoa. Na realidade, não é assim, o Senhor não nos castiga, nem sequer quer ver as nossas faltas. Mas Ele fez o mundo assente em leis e, se não as respeitarmos, são elas que nos castigam, não Ele; o Senhor não tem tempo para se ocupar disso. Ele é todo-amor, vive completamente no esplendor.
Suponhamos que fizestes uma asneira: sentis-vos perturbados e orais; por intermédio dessa prece, sentis que escapais aos vossos tormentos, que vos elevais e chegais ao Trono de Deus. Mesmo que estejais cheios de pó e esfarrapados, Ele diz-vos: «Entrai, sede bem-vindos!» e ordena que vos lavem e vos vistam, convida-vos para o seu banquete e vós ficais felizes e em paz. Mas essa felicidade e essa paz não duram. Quando descerdes (porque, evidentemente, sois obrigados a descer, não podeis manter-vos muito tempo lá em cima), os tormentos recomeçam... E continuarão até compreenderdes que deveis corrigir os vossos erros, reparar o mal que fizestes. Não é o Senhor que vem punir-vos, Ele tem muito mais que fazer!"
 
"A questão do comunismo e do capitalismo preocupa os economistas e os homens políticos há mais de um século. Mas, para um verdadeiro psicólogo, o comunismo e o capitalismo, em vez de serem ideologias inimigas, são duas tendências que existem no ser humano e ambas são indispensáveis, por serem complementares: é preciso ser capitalista para melhor se tornar comunista. Como? O ser humano é detentor de um grande capital – a sua vida – e também possui esses “meios de produção” que são os olhos, os ouvidos, o cérebro, os pulmões, o coração, os braços, as pernas, etc... Ele exercita-os, cultiva-os, cuida deles, aperfeiçoa-os, guarda-os para si: é um “capitalista”. Mas, quando o seu capital começa a produzir e ele organiza e orienta bem a sua produção, pode distribuir os seus produtos pelos outros; então, dá, anima, esclarece, aquece: torna-se “comunista”!
Ninguém consegue ser comunista se não souber primeiro ser capitalista, para fazer frutificar o seu capital, senão será incapaz de disponibilizar o que quer que seja aos outros. E se não se distribui a sua riqueza, também não se é bom capitalista, porque então tudo o que se possui estagna e apodrece. Comunismo e capitalismo andam a par e são ambos absolutamente necessários para o bom andamento do mundo."
 
"Está escrito no Génesis que Deus criou o homem à sua imagem. Mas, quando se fala do futuro sublime que espera a humanidade, pouquíssimas pessoas levam esta ideia a sério.
Todavia, se se admitir verdadeiramente que o homem foi criado à imagem de Deus, deve-se ser lógico e aceitar as consequências disso. E uma dessas consequências é precisamente a de que ele está destinado a um futuro divino, sublime. Não se tem o direito de limitar o alcance desta verdade; senão, que futuro se vislumbra para a imagem de Deus?"
 
"O jejum purifica o organismo e a pureza é a base da saúde. Quando o homem come sempre até ficar saciado, as células do seu estômago e de todos os órgãos, demasiado habituadas a contar com o seu amo, sabem que ele as satisfará sempre e tornam-se preguiçosas. Como há grande abundância de alimentos, uma parte não pode ser absorvida e estagna no interior dos tecidos, começando a fermentar. Durante o jejum, pelo contrário, as células, como recebem muito pouco alimento, decidem tornar-se mais económicas, mais sábias e mais ativas, para poderem manter-se. Então, deixa de haver fermentação no organismo. Quem não jejua expõe-se a grandes perigos no futuro, porque as suas células tornam-se passivas, preguiçosas e fracas.
É evidente que o jejum prolongado enfraquece o organismo, mas, quando se sabe quanto tempo, em que condições e em que estado de consciência jejuar, os benefícios do jejum para a saúde são imensos."
 
"Por toda a parte existem criaturas miseráveis que se agitam e balbuciam isto e aquilo, criaturas que substituíram a luz por ideologias fantasistas, “do arco-da-velha”, nas quais ficam perdidas. Sim, trinta pessoas, cinquenta filosofias! O mundo é cada vez mais um hospital, onde cada um tem sempre alguma coisa de que se queixar, nem que seja apenas do ar, da luz, do calor, da alimentação; o que faz bem a um faz mal a outro, e vice-versa.
Numa família, por exemplo: cada um é diferente do outro e quer afirmar as suas diferenças. É normal ser-se diferente, mas porquê obstinar-se a defender as diferenças, quando se trata de fraquezas ou de vícios? Até nas doenças as pessoas sentem necessidade de se diferenciar: uma tem tifo, outra tem cólera, outra tem gripe... (simbolicamente falando). E o que há para aí de febres! Toda a família está febril, mas de maneiras diferentes: cada um tem a sua febre, que não é a dos outros... Está bem cada um mostrar que é diferente, mas, ao menos, que seja na linha ascensional!"
 
"Por vezes, ouve-se dizer que alguém perdeu a sua dignidade de homem, ou que um outro, pelo contrário, soube manter a sua dignidade. Para muitas pessoas, a dignidade não é uma noção clara. Há tendência para a confundir com a soberba ou o orgulho. Não, a nossa verdadeira dignidade de ser humano é o respeito por tudo o que Deus nos deu, a começar pelo nosso corpo físico, mas também relativamente ao coração, ao intelecto, à alma e ao espírito.
Como discípulos de um Ensinamento espiritual, deveis compenetrar-vos da ideia de que sois templos, tabernáculos do Eterno, onde só devem entrar e sair alimentos puros, pensamentos, palavras e sentimentos puros. Todos aqueles que não vigiam o que entra em si e o que sai, que se permitem fazer o que calha, ocupar-se seja do que for, dizer ou pensar não importa o quê, não podem ter consciência da sua verdadeira dignidade como seres humanos."
 
"Podemos comparar os humanos a flores, a frutos... e até a legumes! Quando entrais em contacto com eles, quando os olhais, lhes falais ou os escutais, é como se os respirásseis ou, até, se os saboreásseis. Ora, o que é que fazeis, na maioria das situações? Olhais para o seu vestuário, para as suas joias, para o seu rosto, para as suas mãos, para as suas pernas, mas não procurais alimentar a vossa alma com toda a vida que está por detrás e que emana do seu coração, da sua alma, do seu espírito. E é pena.
Então, de agora em diante, estai mais atentos e procurai aprender a apreciar os humanos, que são portadores dessa vida subtil; focai-vos neles e pensai: «São aspetos do Pai Celeste e da Mãe Divina!... Obrigado, Senhor! Obrigado, Mãe Divina! Por intermédio destas “flores” e destes “frutos”, tenho hoje a possibilidade de me aproximar de Vós, de Vos contemplar. Por intermédio deste esplendor, posso aspirar os vossos perfumes, provar os vossos sabores.» E seguireis felizes, porque esses frutos e essas flores ter-vos-ão permitido 
aproximardes-vos do Céu."
 
"Todas as manhãs, ao nascer do Sol, recebemos palhetas de ouro. Nós somos pesquisadores de ouro, pois também queremos tornar-nos ricos. Mas, em vez de irmos peneirar a areia dos rios, viramo-nos para o Sol, tentando captar a sua luz e condensá-la em vida, em forças, 
em inspiração.
Os alquimistas, que tinham estudado esta questão em profundidade, diziam que o ouro é precisamente a luz do Sol condensada nas entranhas da Terra. Alguns deles souberam mesmo reverter este processo de condensação e encontrar no ouro físico toda a luz, todo o calor e toda a vida do Sol. Graças a certos métodos, conseguiam extrair e absorver de uma lâmina de ouro todas as energias que o Sol nela condensou ao longo de milénios. Ainda não se conhece todo o poder que está contido em alguns gramas de ouro!"
 
"Está escrito nos Evangelhos: «Vigiai e orai, pois o Diabo, como um leão que ruge, está pronto a devorar-vos.» Vós pertenceis a um Ensinamento espiritual onde vos são reveladas as maiores verdades, mas, quando voltais para a vida corrente, esqueceis tudo e, como não estais vigilantes, na primeira ocasião sois mordidos.
Os diabos não são muito grandes e medonhos; se fossem, todos poderiam vê-los, defender-se e até atacá-los; são quase sempre pequenos e escondem-se. É o que se passa também com os micróbios: as pessoas não se acautelam em relação a eles, porque não os veem, e eles devastam toda a humanidade. É preciso, pois, dispor de “microscópios”, senão lá estão os diabos todos os dias: pousa-se o pé em qualquer parte, um segundo de desatenção… e lá se fica com umas costelas partidas – simbolicamente falando. Os humanos representam o Diabo com cornos, grandes unhas afiadas, cascos... Mas não, a realidade é bem pior, os diabos de que precisamos de nos proteger são a imprudência, a negligência, a desatenção. "
 
"De acordo com os decretos da Inteligência Cósmica, todos os órgãos – o estômago, o coração, os pulmões – devem trabalhar desinteressadamente para o bem de todo o ser. Como é possível não ver que é graças a essa atitude desinteressada que o ser humano está vivo e de boa saúde? Os Iniciados insistem tanto nesta qualidade porque compreenderam que se recebe milhares de vezes mais quando se é altruísta do que quando se é egoísta. As pessoas imaginam que, se forem egoístas, ganham com isso, quando afinal só estão a introduzir a doença em si.
Os humanos estão sempre a tentar ganhar vantagem sobre o seu vizinho, a querer dominá-lo, tirar-lhe as suas posses, e chegam a ficar orgulhosos dessa atitude. Isso prova que não compreenderam a lição do organismo, que todos os dias lhes mostra que, agindo assim, vão ficar em perigo, porque introduzem em si mesmos os germes da desagregação. Direis: «Sim, mas com a abnegação, com o sacrifício, é impossível viver, morre-se.» Não, pelo contrário, é desse modo que introduzis em vós a saúde, a harmonia, a ressurreição, a vida eterna."
 
"Podemos comparar os humanos a flores, a frutos... e até a legumes! Quando entrais em contacto com eles, quando os olhais, lhes falais ou os escutais, é como se os respirásseis ou, até, se os saboreásseis. Ora, o que é que fazeis, na maioria das situações? Olhais para o seu vestuário, para as suas joias, para o seu rosto, para as suas mãos, para as suas pernas, mas não procurais alimentar a vossa alma com toda a vida que está por detrás e que emana do seu coração, da sua alma, do seu espírito. E é pena.
Então, de agora em diante, estai mais atentos e procurai aprender a apreciar os humanos, que são portadores dessa vida subtil; focai-vos neles e pensai: «São aspetos do Pai Celeste e da Mãe Divina!... Obrigado, Senhor! Obrigado, Mãe Divina! Por intermédio destas “flores” e destes “frutos”, tenho hoje a possibilidade de me aproximar de Vós, de Vos contemplar. Por intermédio deste esplendor, posso aspirar os vossos perfumes, provar os vossos sabores.» E seguireis felizes, porque esses frutos e essas flores ter-vos-ão permitido aproximardes-vos do Céu."
 
"Considerai um círculo: qualquer que seja a extensão da sua circunferência, o seu centro continua a ser sempre um ponto minúsculo. Como símbolo, a circunferência representa a alma, que pode estender-se até ao infinito. O ponto central representa o espírito, que não tem dimensão, mas possui a particularidade de vibrar tão intensamente, que está presente em toda a parte ao mesmo tempo. O espírito não tem dimensão porque é imaterial, ao contrário da alma, que é material. Bem entendido, ela não é feita da matéria espessa do plano físico que conhecemos, mas da matéria primordial, que é pura luz. O espírito não pode criar seja o que for sem a matéria da alma em que está encerrado.
Quando os físicos procedem à fissão do átomo, simbolicamente eles mais não fazem do que libertar o espírito, as forças aprisionadas na matéria."
 
"Mesmo que tenhais tido dons e faculdades numa encarnação anterior, eles não se manifestarão na presente encarnação se não os exercitardes. Por vezes, há pessoas que, já tarde, ao realizarem uma determinada atividade, descobrem em si aptidões de que nem suspeitavam; ficam muito surpreendidas e lamentam não as ter descoberto mais cedo.
Deveis, pois, exercitar-vos nos mais diversos domínios. Se não fordes bem sucedidos, podereis desistir, mas pelo menos não vireis a lamentar não ter tentado. É sempre bom começar a trabalhar num domínio para o qual não se tem particular inclinação, mas não deveis teimar se realmente não resultar. É melhor para vós exercitardes os talentos que já tendes do que insistirdes obstinadamente, em vão, naqueles que ainda não possuís. Precisais de saber onde empregar as vossas energias. Portanto, trabalhai nos domínios em que já sois fortes, aperfeiçoai as qualidades e os talentos que já existem em vós e, no tempo que vos resta, tentai então despertar outros de que ainda estais totalmente privados."
 
"Queixais-vos muitas vezes de que não podeis contar com os outros. Imaginais que, para onde quer que ides e o que quer que façais, as pessoas permanecerão onde as deixastes e, a qualquer momento, as encontrareis disponíveis e no mesmo estado de espírito. Mas acontece que tudo se altera, tudo muda, tudo se transforma. Assim, podeis encontrar-vos com as pessoas, visitá-las, ter atividades em conjunto com elas, mas não conteis com a sua estabilidade, porque, se o fizerdes, vivereis na ilusão e sereis eternamente infelizes ao verificar que as coisas não se passam exatamente como acreditastes e esperastes, que nada anda ao 
sabor dos vossos desejos.
«Então, o que hei de fazer?», perguntareis. Trabalhai sobre vós próprios para vos desenvolverdes, para vos reforçardes e vos esclarecerdes. É a única coisa segura para fazer face a todas as situações. Se Deus vos der alguns amigos fiéis, será maravilhoso, agradecei-Lhe por isso. Mas contardes só com os outros, abandonardes a chama viva que há em vós para correrdes atrás de sombras e ilusões, é preparardes para vós próprios sofrimentos terríveis; se não for para já, será para mais tarde, porque tudo muda."
 
"A transpiração é essencial para a saúde. Mas a transpiração física não chega. A alma e o espírito também devem transpirar. É o amor que faz transpirar a alma e é a sabedoria que faz transpirar o espírito. Evidentemente, é preciso compreender a palavra “transpiração” de uma maneira muito ampla! A transpiração simboliza uma troca perfeita que se estabelece entre o microcosmo (o homem) e o macrocosmo (o Universo). Fisicamente, estas trocas fazem-se pela pele; pela pele, rejeitamos impurezas e absorvemos energias. Mas, no plano subtil, essas trocas fazem-se pela aura, que é a nossa pele espiritual. Portanto, quando digo que a alma e o espírito devem transpirar como o corpo físico, quero referir-me às trocas que devemos fazer nos planos subtis com todo o Universo."
 
"Depois de terdes lavado bem as mãos, pegai num copo de água pura, de preferência água de nascente, segurai o copo com a mão esquerda e mergulhai nele um ou mais dedos da mão direita, concentrando-vos numa qualidade que gostaríeis de adquirir, num progresso que gostaríeis de realizar.
Alguns magos brancos puderam restituir a saúde a doentes dando-lhes a beber água que tinham magnetizado deste modo. Mas vós, ainda que vos exerciteis a magnetizar a água, não imagineis que, por esse meio, ireis imediatamente curar doentes. Seria muita presunção da vossa parte. Dou-vos este método somente como exercício. Em seguida, bebei vós próprios essa água ou usai-a para regar as vossas flores."
 
"São raros os adultos que se interrogam sobre se o que preparam para os jovens lhes fará verdadeiramente bem, isto é, se os ajudará a ver com mais clareza, a equilibrarem-se, a reforçarem-se. A maioria procura descobrir o que pode atrair os jovens, cujos instintos e desejos estão a despertar, e apressa-se a pôr isso à disposição da sua cobiça! Começa pelos brinquedos e continua mais tarde com toda a espécie de objetos ou atividades completamente inúteis, ou até prejudiciais, de que os adolescentes nem teriam qualquer ideia se não os vissem expostos por toda a parte nas montras das lojas e enaltecidos pela publicidade.
Pois bem, essas pessoas são culpadas de induzirem os jovens em erro, em primeiro lugar porque suscitam neles necessidades materiais que não têm a possibilidade de satisfazer – o que gera frustrações e até o desejo de obterem desonestamente o que não podem obter honestamente –, depois porque, tentanto fazer-lhes crer que têm necessidade absoluta de tudo isso para se sentirem bem e felizes, os desviam da verdadeira busca da felicidade e do sentido da vida."
 
"Quando uma serpente quer esgueirar-se por um buraco, começa por introduzir nele a cabeça e, seja qual for o comprimento do resto do corpo, a cauda é obrigada a segui-la, porque a cauda segue sempre a cabeça. Não vedes nisto nada de extraordinário, mas esta imagem é o símbolo de toda a pedagogia divina. A cabeça é a faculdade de refletir, de raciocinar, que dá esta ou aquela orientação, e, obrigatoriamente, o resto do corpo, ou seja, os atos, seguem-na.
Direis: «Não é nada disso que se passa comigo. Já decidi muitas vezes vencer a minha preguiça, a minha sensualidade, ser bom, justo, generoso, mas todas essas resoluções não serviram de nada.» É claro que as transformações não ocorrem de repente, mas, se mantiverdes continuamente essas resoluções na vossa mente, assim como a cauda segue sempre a cabeça, acabareis por executar o que decidistes. Todos os seres que souberam persistir, que mantiveram uma atitude correta, pelo menos no espírito, acabaram por derrubar todas as resistências em si próprios e por agir de acordo com o que o espírito lhes ditava."
 
"Nunca um ser humano veio à terra sem ter erros a corrigir, dívidas a pagar. Quantos Iniciados, quantos santos e profetas, não sofreram também para reparar faltas que tinham cometido em encarnações anteriores! Isso não impedia a sua alma e o seu espírito de viverem no esplendor divino, porque, apesar do seu carma, eles trabalhavam, trabalhavam sem descanso, e assim se tornaram divindades.
Aconteça o que acontecer, deveis estar sempre conscientes de que existe em vós uma região intocável, inacessível – o vosso espírito –, onde deveis refugiar-vos para trabalhar. Uma vez lá, ainda que o carma vos assalte, sentis-vos acima de tudo, sempre acima de tudo. O carma quer limitar-vos, vós libertais-vos; ele quer obscurecer-vos, vós iluminais-vos... Apesar de todos os contras, continuais o vosso trabalho."
 
"Aquele que quer encontrar a verdade deve, antes de tudo, reconhecer a existência do Criador e, se quiser beneficiar da sua vida, da sua luz, do seu amor, da sua força, deve ligar-se a Ele, entrar em contacto com cada uma dessas qualidades de que Ele é a única e verdadeira fonte. O facto de pensar na existência do Criador, só por si, já age beneficamente sobre ele.
Ninguém pode descrever Deus, nem explicá-l’O, nem sequer concebê-l’O, mas aquele que O procura sinceramente, que trabalha para se aproximar d’Ele pela prática das virtudes, vai sentindo, pouco a pouco, a sua presença manifestar-se em si, como paz, luz, amor, força, e já nada de mau pode atingi-lo. Sim, e é isto que deveis começar por compreender: jamais encontrareis Deus no exterior de vós; só podereis encontrá-l’O em vós, como uma presença que vivifica e ilumina todo o vosso ser interior."
 
"A maneira como a serpente muda de pele é muito instrutiva para o discípulo. Ela sente que uma nova pele nasceu por baixo da antiga; então, procura uma fissura nos rochedos ou um buraco estreito e esgueira-se por ele. É difícil, ela tem de forçar para passar pela... “porta estreita”. Mas, ao sair da passagem estreita, a serpente tem uma pele nova, a antiga foi arrancada.
Um dia, também o discípulo deverá passar pela “porta estreita”, que lhe retirará a sua velha pele, isto é, as suas velhas conceções, os seus velhos hábitos, os seus velhos raciocínios. Cada um de vós passará pela porta estreita. Será, evidentemente, uma passagem difícil, mas não vos perturbeis, não tenhais receio, regozijai-vos por perderdes a vossa velha pele para vos transformardes num novo ser, com ideias e sentimentos novos, com um 
comportamento novo."
 
"Quando o místico contempla a Divindade, a sua alma é como uma mulher que quer receber uma chispa, um germe do Criador. Ele consagra-se à luz de Deus, expõe-se a ela, recebe esse germe na sua alma e transporta-o em si durante muito tempo, para gerar um Filho divino.
No plano espiritual, o homem, tal como a mulher, pode conceber um filho. Ligando-se ao Criador, o homem muda de polaridade, torna-se mulher e dá à luz o filho “amor” e o filho “sabedoria”... Assim também, a virgem que se consagra ao serviço de Deus prepara-se para desposar o Cristo, para dar à luz espiritualmente. Na vida interior, não há casamentos estéreis, mas na condição de o homem ou a mulher estarem preparados, instruídos nas leis da polarização espiritual."
 
"Quem souber como olhar o Sol e trabalhar com ele adquire o verdadeiro poder. Tudo o que existe na Terra – pedras, plantas, animais e homens – recebe a vida do Sol, o seu calor, a sua luz. Mas só os grandes Mestres, os Iniciados, compreenderam a natureza dessa energia; eles desenvolveram os centros que lhes permitem captá-la e transformá-la.
Para um Iniciado, a luz do Sol é um alimento; ele absorve-a, assimila-a, para depois a projetar em seu redor. É por isso que ele pode iluminar, aquecer e vivificar as criaturas."
 
"Muitas pessoas que tentaram transformar-se, mudar de vida, lamentam-se por verem que caem sempre nas mesmas fraquezas. Na realidade, o único meio para alguém se corrigir dos seus defeitos é modificar os seus maus hábitos, ou seja, introduzir, no momento oportuno, outras matrizes, outros clichés. Mas, para isso, é preciso ter uma vigilância extraordinária; se não tem essa vigilância, esquece-se, e o velho hábito, o antigo cliché, manifesta-se 
sempre fielmente.
Está escrito nos Evangelhos: «Sede vigilantes, porque o diabo é como um leão que ruge e que procura devorar-vos.» O segredo para a mudança é precisamente esta vigilância. Por isso, de agora em diante, deveis aprender a fazer conscientemente outros gestos, a pronunciar conscientemente outras palavras, a alimentar conscientemente outros pensamentos e outros sentimentos, para imprimirdes profundamente em vós os clichés da nova vida que vem das regiões celestes. É exercitando-vos todos os dias neste sentido que vos transformais."
 
"As mães devem conhecer o poder da palavra, a fim de desenvolverem nos seus filhos as virtudes e as qualidades que desejam para eles. Mesmo quando uma criança ainda não está em idade de compreender o que lhe dizem, a mãe pode falar com ela, porque para se começar a falar a uma criança não é necessário que ela compreenda, ela até pode estar a dormir. Então, que a mãe tome o filho nos braços e lhe fale baixinho, com muito amor, muita convicção, e lhe descreva aquilo em que deseja vê-lo tornar-se mais tarde... O bebé não se mexe, não ouviu nada, não compreendeu nada, é verdade, mas a palavra é uma força atuante.
No subconsciente dessa criancinha, há entidades que escutaram tudo, que registaram tudo, e que se põem logo a trabalhar. No seu cérebro, no seu coração, em todas as células e órgãos do seu corpo, elas desencadeiam os processos e acumulam os elementos que, mais tarde, permitirão à criança manifestar os dons e as qualidades que a mãe desejou para ela."
 
"O ser humano, como qualquer criatura viva, tem necessidades a satisfazer, e é precisamente pelas suas necessidades que ele se define, porque as necessidades estão ligadas à vida. Sim, viver é satisfazer necessidades: necessidade de respirar, de se alimentar, de se proteger, de amar, de ser amado, de enriquecer, de criar... Necessidades não faltam! A diferença entre os seres está apenas no domínio das suas necessidades, no plano em que cada um 
procura satisfazê-las.
Aquele que crê poder encontrar a plenitude no plano material, mais dia menos dia acaba por ficar dececionado, porque, ao negligenciar as necessidades da alma e do espírito, cava em si um vazio que coisa alguma poderá preencher. E não só ficará dececionado, como entrará continuamente em choque com todos aqueles – e são numerosos – que dão prioridade às mesmas necessidades inferiores que ele. Só as necessidades espirituais não geram qualquer conflito, qualquer choque, porque o mundo da alma e do espírito é vasto, infinito..."
 
"Quem souber como olhar o Sol e trabalhar com ele adquire o verdadeiro poder. Tudo o que existe na Terra – pedras, plantas, animais e homens – recebe a vida do Sol, o seu calor, a sua luz. Mas só os grandes Mestres, os Iniciados, compreenderam a natureza dessa energia; eles desenvolveram os centros que lhes permitem captá-la e transformá-la.
Para um Iniciado, a luz do Sol é um alimento; ele absorve-a, assimila-a, para depois a projetar em seu redor. É por isso que ele pode iluminar, aquecer e vivificar as criaturas."
 
"O poder da mulher é imenso, porque ela tem um magnetismo especial, sob a forma de pequenas partículas subtis que de si emanam. Não é no plano físico que a mulher tem o seu maior poder, mas no domínio das emanações etéricas, e se muitas pessoas dizem que ela é uma feiticeira, uma maga ou uma fada, é por causa desse magnetismo que a Natureza lhe deu. Graças a essas emanações, as mulheres são mesmo capazes de formar 
corpos de natureza etérica.
Por isso, se um grande Mestre, se um Salvador do mundo, der o germe de uma realização sublime, do Reino de Deus na terra, as mulheres todas juntas poderão, graças às suas emanações subtis, construir o corpo desse filho coletivo. Se todas as mulheres do mundo se tornassem conscientes das suas possibilidades, poderiam contribuir, graças às suas emanações subtis, para a formação de um novo corpo coletivo, o Reino de Deus e a sua Justiça."
 
"A chama de uma vela é um aspeto do fogo solar que nos ilumina, nos aquece e nos vivifica no plano físico, mas também no plano espiritual. No plano físico, a chama não tem, evidentemente, os poderes do fogo solar, mas no plano espiritual ela tem esses poderes, por isso deveis aprender a relacionar-vos com ela.
Pegai numa vela e consagrai-a, dizendo: «Acendo esta chama para a glória da Luz, para o Anjo do Fogo.» Acendei-a e dirigi-vos a ela, dizendo: «Chama amada, símbolo do Espírito Santo, símbolo do Amor Divino, símbolo do Fogo Cósmico, símbolo do Sol espiritual...», pedindo-lhe que penetre em vós e que forre as vossas células com uma camada de fogo, para que, um dia, o Espírito Santo venha fazer de vós uma sua morada, porque o fogo que acendestes em vós é que atrai o Espírito Santo."
 
"Vemos a maioria dos humanos fazerem tudo o que podem para satisfazerem os seus desejos e realizarem as suas ambições. Será que eles se interrogaram sobre a natureza de todos esses cálculos, desses projetos, desses preparativos? Será que pensaram em perguntar ao Céu: «Ó espíritos luminosos, estamos a agir em conformidade com os vossos projetos? Qual é a vossa opinião? Que plano tendes para nós? Onde e como devemos trabalhar para cumprirmos a vossa vontade?» Muito poucos se questionam nestes termos.
No entanto, nada é mais importante para o ser humano do que suplicar às entidades do mundo invisível que lhe deem a possibilidade de realizar finalmente os projetos do Céu, porque então toda a sua vida se transforma: ele deixa de ir atrás das suas loucuras, das suas fraquezas, das suas cegueiras, das suas cobiças. Esforçando-se por conhecer a vontade do Céu, coloca-se noutros trilhos, segue uma nova orientação, que corresponde aos projetos de Deus. E é isso a verdadeira vida!"