MESTRE OMRAAM MIKHAEL AIVANHOV

 

"Habituai-vos a ter uma atitude interior correta relativamente às situações e aos acontecimentos da existência. Por exemplo: quando alguma coisa vos corre mal, porque haveis de reagir como se tivésseis perdido tudo, como se o mundo inteiro se desmoronasse? Procurai tomar consciência, pelo contrário, de tudo aquilo que ainda possuís: a saúde, uma família, amigos... e agradecei ao Céu essa riqueza. Imaginai o que será estar paralisado ou não ter casa, nem comida, nem familiares...
Então, em vez de sofrerdes sempre por aquilo que vos falta, aprendei a regozijar-vos com o que tendes. É normal ficardes aborrecidos durante uns momentos por causa de uma ofensa, de uma deceção ou de um insucesso. Mas não tereis desculpa se ficardes a ruminar os vossos desgostos, esquecendo todas as razões que tendes para estar felizes e reconhecidos. Sacudi-vos um pouco, meu Deus, senão virá um dia em que já não conseguireis ver-vos livres dessa tendência para o desalento e sereis esmagados."
 
"A situação de um Mestre é muito complicada. O seu trabalho é ajudar o discípulo a libertar o seu espírito, pois este é como um rei que se deixou destronar por súbditos revoltosos; agora, o rei está fechado num calabouço e o reino está entregue à anarquia.
Infelizmente, mesmo que se sinta sem recursos, despedaçado, o discípulo nem sempre compreende a ajuda que o Mestre quer dar-lhe, tem a impressão de que, com os seus conselhos, com a sua atitude, ele quer limitar a sua liberdade. Então, que deve fazer o Mestre?... Esperar pacientemente que o discípulo compreenda a natureza do seu trabalho. O que o Mestre quer limitar nele são as manifestações da sua natureza inferior, os instintos, as paixões, que acabaram por reduzir ao silêncio a sua natureza superior, o seu espírito. Se, em vez de compreender que o Mestre só quer o seu bem, o discípulo pensa que este faz tudo para lhe criar entraves, para o atormentar, isso significa, muito simplesmente, que ele ainda não sabe onde está o seu verdadeiro bem. Tal como as crianças, esse discípulo gosta de doces e de quem lhos oferece. Só que o Mestre propõe-lhe quinino..."
 
"Para resolver os seus problemas, o ser humano tem em si próprio fatores extremamente eficazes: o pensamento, a vontade, a imaginação... Mas, como ele está habituado a só recorrer a meios exteriores, essas faculdades, evidentemente, não se desenvolvem. Há tantas pessoas que dizem: «O pensamento, o pensamento... Eu tentei e não deu resultado!» Porquê? Suponde que queríeis remediar pelo pensamento uma fraqueza física ou psíquica: para a formar, talvez tenhais demorado séculos, várias encarnações; então, como podeis imaginar que, por terdes decidido agora concentrar-vos nela durante dois ou três minutos, ireis eliminá-la? Talvez sejam necessários séculos, de novo!
Existe uma justiça no Universo e, quando se parou de acumular erros, são necessários muito tempo e muitos esforços para os reparar. Na realidade, a melhor solução é juntar os meios exteriores aos meios interiores para acelerar as coisas; mas, primeiro, há que começar a trabalhar com a alma, o espírito, o pensamento, e depois acrescentar, se necessário, um elemento físico para facilitar o processo. "
 
"O Céu observa quem vós servis. Se ele vê que servis o vosso próprio deus, o vosso egoísmo, a vossa natureza inferior, afasta-se de vós. Ele não distribui a sua riqueza a pessoas que só pensam em viver a sua vida de desonestidades e de prazeres. E se o Céu vos abandonar, quem vos ajudará, quem vos salvará? O vosso dinheiro? A vossa glória? A vossa celebridade?
Para o Céu, só existem duas categorias de seres: os que trabalham unicamente para si, para satisfazer os seus próprios desejos, e os que fazem esforços para ajudar os seus irmãos, para participar no trabalho de milhões e milhões de entidades que, no mundo invisível, se empenharam na realização do Reino de Deus na terra. Esses estão inscritos no grande Livro da Vida como benfeitores da humanidade e o Céu nunca os abandona."
 
"No ser humano, o princípio masculino, o pai, é representado pelo intelecto, e o princípio feminino, a mãe, é representado pelo coração... E a união do princípio masculino com o princípio feminino faz nascer o filho: a ação. Todas as nossas ações são fruto dos nossos pensamentos e dos nossos sentimentos. Existem pessoas muito ativas cujo intelecto e cujo coração não estão muito desenvolvidos, mas também nelas a ação é necessariamente filha do intelecto e do coração, ou antes, da ausência de luz no seu intelecto e da ausência de calor no seu coração. Agir com inteligência e sensibilidade, ou irrefletidamente e sem nenhum sentimento, é sempre dar origem a uma atividade que é fruto do intelecto e do coração. A natureza do filho depende do grau de elevação e de cultura dos pais.
Quando os nossos pensamentos são bons e os nossos sentimentos também são bons, os nossos atos, que são consequência da sabedoria do nosso intelecto e do amor do nosso coração, são atos construtivos. O poder da nossa ação é consequência de uma ligação correta
entre a sabedoria e o amor. "
 
"O espírito é o princípio criador por excelência. Tudo o que existe saiu do espírito e é animado pelo espírito, mas nem tudo é espírito. O nosso corpo, por exemplo, possui algo do espírito, mas está longe de ter todos os poderes e qualidades do espírito. Para que ele seja cada vez mais impregnado pelos elementos do espírito, cabe-nos a nós fazer um trabalho.
Quando comemos, por exemplo, devemos fazê-lo de modo a que o espírito participe nesse ato, para que ele impregne os alimentos e, assim, penetre na nossa própria matéria. Os alimentos contêm a vida, mas esta não possui ainda o espírito. Cabe-nos a nós, quando comemos, concentrarmo-nos nos alimentos para que o espírito intervenha, pois a sua presença trará elementos tão novos, que tudo em nós será transformado, embelezado, ressuscitado."
 
"Para resolver os seus problemas, o ser humano tem em si próprio fatores extremamente eficazes: o pensamento, a vontade, a imaginação... Mas, como ele está habituado a só recorrer a meios exteriores, essas faculdades, evidentemente, não se desenvolvem. Há tantas pessoas que dizem: «O pensamento, o pensamento... Eu tentei e não deu resultado!» Porquê? Suponde que queríeis remediar pelo pensamento uma fraqueza física ou psíquica: para a formar, talvez tenhais demorado séculos, várias encarnações; então, como podeis imaginar que, por terdes decidido agora concentrar-vos nela durante dois ou três minutos, ireis eliminá-la? Talvez sejam necessários séculos, de novo!
Existe uma justiça no Universo e, quando se parou de acumular erros, são necessários muito tempo e muitos esforços para os reparar. Na realidade, a melhor solução é juntar os meios exteriores aos meios interiores para acelerar as coisas; mas, primeiro, há que começar a trabalhar com a alma, o espírito, o pensamento, e depois acrescentar, se necessário, um elemento físico para facilitar o processo. "
 
"Todos os pensamentos que vós formais, por mais fracos e insignificantes que sejam, são uma realidade. Até é possível vê-los e há criaturas que os veem. Um pensamento é um ser vivo. Evidentemente, no plano físico não é possível vê-lo agir nem agarrá-lo, mas na sua região, com os materiais subtis de que é formado, ele é um ser vivo e atuante. A ignorância desta verdade causa muitas dificuldades e provações.
Os humanos não veem, não sentem, que o pensamento atua, que ele constrói ou destrói; permitem-se pensar o que calha e depois ficam espantados com o que lhes acontece. O pensamento é uma realidade viva; por isso, deveis vigiar-vos para só emanardes e projetardes os melhores pensamentos, repletos de amor, de bondade, de luz, de harmonia. O verdadeiro saber começa aí: na consciência de que o pensamento é uma realidade. "
 
"É tão verdade que os humanos têm necessidade de instrutores para não se aventurarem erraticamente, como é verdade que, uma vez instruídos e esclarecidos, lhes cabe a eles trabalharem e fazerem as suas experiências.
Consideremos um exemplo muito simples. Vós tendes a receita de um prato que vos foi dada por um excelente cozinheiro e também possuís todos os ingredientes necessários para o confecionar, comprados nas melhores lojas, mas, se não vos decidirdes a ir para a cozinha preparar o prato, nada tereis para comer. Se continuardes muito tempo assim, acabareis por morrer de fome. Acontece o mesmo na vida espiritual. Uma vez que encontrastes o caminho e que tendes diante de vós os melhores exemplos, só devereis contar convosco; as aquisições dos outros ficam com eles e cabe-vos a vós, agora, fazer as vossas próprias aquisições. "
 
"Só descobrireis o sentido da vida se decidirdes participar na realização do Reino de Deus e da sua Justiça. Então, o que quer que vos aconteça, sabeis que sois um trabalhador no campo do Senhor e sentis-vos preenchidos, felizes, apoiados, pois participais num trabalho imenso. Não estais sós, não estais abandonados.
Cada um de vós pode encontrar, a partir de hoje, o sentido da vida, pois, a partir de hoje, em vez de trabalhar para si mesmo, para a satisfação das suas necessidades, pode dizer: «De agora em diante, quero trabalhar para o Reino de Deus e a sua Justiça.» Mesmo que sejais um desconhecido na terra, o vosso nome estará inscrito no Livro da Vida e sereis inundados pelas bênçãos do Céu. Nada é mais glorioso do que comprometer-se neste trabalho. Sim, há que ir sempre mais longe, ter aspirações sempre maiores, mais amplas: é isso que, verdadeiramente, dá sentido à vida."
 
"Nunca vos identifiqueis com o vosso corpo físico, senão a ideia de morte prevalecerá. O corpo é vulnerável, enfraquece, adoece e morre, e, se vos identificardes com ele, se não procurardes nada além dele, sereis fracos, doentios e sombrios durante toda a vida, até desaparecerdes. Identificai-vos com o vosso espírito, porque o espírito é poderoso, luminoso, indestrutível, imortal, e, graças a essa identificação, começareis a tornar-vos invulneráveis como ele. É esta a vantagem de se adotar uma filosofia espiritual. Tudo reside nisto, na maneira de compreender.
Infelizmente, há séculos que se alimenta nos humanos conceções que os enfraquecem, os aniquilam, e chama-se a isso educação! É preciso substituir estas ideias velhas por outras, novas, que dão vida, força, elevação, para que nos aproximemos cada vez mais da Divindade."
 
"Existe um conto búlgaro que tem o título “Tsar Troïan”. É a história de um rei que, uma manhã, ao despertar, descobriu que tinha orelhas de bode. A partir desse dia, é claro, fez tudo para as esconder e ninguém sabia, exceto o seu barbeiro, que o barbeava todos os dias e tinha prometido não dizer nada. Mas era-lhe difícil guardar um tal segredo e, um dia, não aguentando mais, foi para a floresta, deitou-se e confiou o segredo à terra: «Tsar Troïan tem orelhas de bode.» Finalmente aliviado, voltou para casa. Algum tempo mais tarde, nasceu e cresceu ali uma árvore. Era uma árvore esquisita. As crianças faziam apitos com a madeira dos seus ramos, mas, quando sopravam, ouviam-se as palavras: «Tsar Troïan tem orelhas de bode! Tsar Troïan tem orelhas de bode!» O rei acabou por ouvi-la; chamou o barbeiro e este tentou desculpar-se, dizendo-lhe que só confiara o segredo à terra. Sim, sem dúvida, mas nem à terra ele deveria ter dito nada.
É este conto iniciático que encontramos na Grécia, na lenda do Rei Midas, que tinha orelhas de burro. Ele mostra que tudo se regista e se transmite. Também se diz que as paredes têm ouvidos... Todos os pensamentos e todos os sentimentos se registam, primeiro em vós mesmos, mas também em tudo o que vos rodeia, e, portanto, um dia podem ser do conhecimento de todos."
 
"É na terra que se processa verdadeiramente a evolução do homem, e não noutro lugar. Mesmo aqueles que, por causa dos seus crimes, foram sofrer demoradamente para o Inferno, devem voltar à terra para reparar o mal que fizeram. Não basta sofrer; o sofrimento não é uma reparação para o mal que se fez.
Como os crimes foram cometidos na terra, é na terra que se tem que vir repará-los. Aliás, só nesta condição é que a reencarnação tem sentido. Senão, porque se haveria de descer de novo à terra, se já se expiou as suas faltas no plano astral? Na realidade, existe uma lei segundo a qual o homem deve reparar os seus erros em todas as regiões do Universo onde eles provocaram estragos."
 
"Os sacrifícios de animais de que falam a Bíblia e os Livros Sagrados de todas as religiões explicam-se pelo conhecimento que os Antigos tinham acerca da libertação das energias e da sua utilização como suporte nas cerimónias mágicas. Quando aparece escrito no Antigo Testamento que o odor das vítimas era agradável às narinas do Senhor, isso é uma forma de dizer que as energias libertadas pelos corpos dos animais e utilizadas pelos sacerdotes tornavam as suas invocações eficazes. Aliás, é também esse, há séculos, o papel simbólico atribuído ao incenso.
Depois, veio Jesus, que quis conduzir os humanos a uma conceção superior do sacrifício. Em vez de imolarem pobres animais que não tinham feito mal algum, ele ensinou-os a imolarem os seus animais interiores – as suas cobiças, as suas paixões, etc. –, pois o sacrifício destes animais liberta energias ainda mais preciosas, que é possível utilizar no trabalho espiritual."
 
"Por vezes, fazem-me este tipo de queixa: «O Mestre fala-nos do mundo divino, das entidades luminosas com as quais podemos entrar em contacto pelo pensamento. Mas já tentei muitas vezes fazer esse trabalho e não tenho resultados, não sinto nada.» O facto de não terdes resultados não prova que as minhas palavras não sejam verdadeiras; mas, por causa da espessura da matéria que vos envolve, ainda não conseguis sentir a presença do mundo divino e dos seus habitantes, que são reais. Não sentis nada, não vedes nada e imaginais que nada existe. Mas existe algo. Continuai!... Sim, é preciso perseverar.
À medida que faz esforços, o discípulo sente que se abre diante de si um caminho, que se restabelece uma ponte com as regiões superiores, e começa a viver a vida divina. Um dia, bastará ele concentrar-se durante alguns minutos nessas regiões para sentir de imediato as bençãos do Céu derramarem-se sobre ele. "
 
"Renunciar a certos prazeres sensuais só tem sentido se for para os substituir por aquisições e alegrias espirituais. Os religiosos e os moralistas fizeram muito mal o seu trabalho: impuseram regras sem explicarem verdadeiramente a sua utilidade, dando assim às pessoas a impressão de quererem condicioná-las e fazê-las viver com privações, num deserto. Mas agora chegou o momento de explicar. As pessoas não são assim tão estúpidas e limitadas, conseguem compreender. Em todo o caso, já de nada serve impor regras sem explicar a sua utilidade.
A Ciência Iniciática explica-vos que a renúncia não é uma privação. Na vida espiritual, a renúncia não implica uma perda. Renunciar é substituir um prazer, transpô-lo, deslocá-lo para um plano superior. Trata-se da mesma atividade, mas com elementos mais puros, mais subtis, com um propósito mais desinteressado."
 
"Fazer o bem é ser capaz de dar frutos. Todos nós viemos à terra para dar frutos, isto é, pensamentos, sentimentos e atos belos, nobres, gloriosos. Por isso, devemos estar sempre atentos ao nosso estado interior quando nos relacionamos com os outros.
Se visitardes alguém sem vos preocupardes com os efeitos que produzireis nessa pessoa, ireis provocar-lhe uma indigestão ou envenená-la com os vossos gestos, o vosso olhar, as vossas palavras. Se agis desse modo, mostrais que nunca compreendestes a ciência do bem. Depois, não fiqueis surpreendidos se a vossa vida for solitária e triste... Porque é que não aprendestes a dar frutos? Quando se dá, nunca se está só. Dai, pois, um fruto, isto é, um trabalho, um sacrifício, um pensamento, um bom olhar, um sorriso... "
 
"Quando decidem fundar uma família, estabelecer uma amizade ou associar-se no trabalho, muitas pessoas têm tendência a agir segundo a primeira impressão de prazer ou de desprazer, de simpatia ou de antipatia! Elas pensam: «Aquele diz-me qualquer coisa» e, sem raciocinarem, sem aprofundarem, lançam-se, sem verem que, na realidade, estão a lidar com um malfeitor. E afastam-se de um outro ser que acham menos simpático, quando, na realidade, se trata de alguém justo, honesto e bom.
Enquanto vos conduzirdes em função da simpatia ou da antipatia, que são impressões do momento, e não segundo a sabedoria, que vê muito mais longe, tereis desilusões e insucessos."
 
"Circula por todo o mundo uma filosofia perniciosa, que impele as pessoas a satisfazerem todos os seus desejos e todas as suas vontades, pois é muito mau, ao que parece, não seguir a voz da natureza ou opor-se a ela, chamam a isso “recalcamento”.
No entanto, se fordes lúcidos e honestos, aperceber-vos-eis de que a voz que vos fala nem sempre vos impele a procurardes unicamente o vosso prazer. Por vezes, pelo contrário, ela aconselha-vos a serdes mais sensatos, mais senhores de vós mesmos, e até vos dirige repreensões: «Porque fizeste loucuras? Porque te deixaste ir atrás?»... A voz que vos dá estes conselhos exprime-se, sem dúvida, mais raramente e mais suavemente, mas exprime-se de facto, não se pode negá-lo. Pois bem, isso acontece muito simplesmente porque também ela é a voz da natureza, mas da natureza superior, enquanto a outra é a voz da natureza inferior, pois estas duas naturezas coexistem no homem e ambas procuram, de igual modo, manifestar-se. Esta questão deve estar clara para vós. "
 
"Há cada vez mais pessoas interessadas no ocultismo: procuram conhecer os segredos que lhes permitirão tornarem-se magos poderosos. Elas pensam que descobrirão esses segredos em rituais, em talismãs, em fórmulas mágicas e, sem nada conhecerem das realidades do mundo invisível, põem-se a evocar espíritos. Coitadas! O que descobrirão é o desequilíbrio psíquico e até físico, pois não serão os espíritos superiores que responderão às suas invocações, mas sim as entidades dos níveis mais baixos, os elementais e as larvas. Sim, é esta a verdade, a implacável verdade. E porquê? Porque, para atrair os espíritos luminosos, os Anjos, os Arcanjos, só existe um método, um meio: progredir, dia após dia, na vida espiritual.
As entidades celestes só vêm ajudar e apoiar os seres que manifestam a pureza, o amor, a justiça, a verdade. Não se pode penetrar nos arcanos do Universo se se viver de um modo vulgar. O mundo divino só nos dá as suas bênçãos na proporção do que nós próprios fazemos. Outros, é certo, poderão dar-nos o que lhes pedirmos, mas teremos de pagá-lo 

por um alto preço!"
 
"O verdadeiro discípulo é aquele que tem consciência de que precisa de um Mestre unicamente para o estimular e o inspirar na via do bem. E, quando encontra esse Mestre, não duvida dele, não se lhe opõe, não lhe exige nada. Em muitos casos, o Mestre quase nem lhe falou, não se ocupou dele, mas o discípulo sabe que o seu Mestre existe e está feliz, faz progressos, porque o ama, acredita nele, está ligado a ele. Mesmo quando está desgostoso, pobre, doente, moribundo, sente-se consolado, reconfortado, só de pensar que o seu Mestre existe, pois a imagem que tem dele na sua cabeça, no seu coração, é omnipotente. É este Mestre interior que lhe abre todas as portas.
Para se evoluir não basta relacionar-se com um Mestre. As pessoas relacionam-se com o Sol, com as fontes, e permanecem na mesma. Porquê? Porque estão fechadas. Para se abrirem, precisam da fé e do amor. A fé e o amor são as chaves que abrem todas as portas. "
 
"Vivei uma vida intensa, porque ela é que vos revelará em cada dia novas verdades. Perguntar-me-eis: «Como é que se pode fazer descobertas dentro de si mesmo? Lendo e estudando, é certo. Mas sozinho, em si próprio, poder-se-á descobrir verdadeiramente alguma coisa?» Sim, graças à vida intensa, isto é, à verdadeira vida espiritual, descobrireis as verdades essenciais relativas ao homem e ao Universo! Jamais descobrireis essas verdades se elas não tiverem a sua origem em vós, se não as tiverdes vivido. É claro que elas podem ser-vos reveladas por um ser que amais e em quem confiais; no entanto, tereis de experimentar vós mesmos 

essas verdades.
Se as pessoas estão mergulhadas na incerteza, na dúvida, é porque procuraram a verdade por uma via exterior, da qual nunca poderão estar seguras. Só a via interior torna a dúvida impossível. Se a seguirdes, mesmo que queirais duvidar, não conseguireis! "
 
"Todos os pais e mães que desejam para os seus filhos a facilidade, a opulência, os sucessos, são levados a isso, evidentemente, pelo seu amor; mas é um amor cego que não tem em vista a verdadeira evolução dos filhos. Isso não significa, é claro, que os pais devem desejar que os seus filhos sofram para evoluirem; aliás, não têm de se preocupar com isso. O seu desejo deve ser somente que os filhos se tornem benfeitores da humanidade, e cabe ao Céu decidir por que experiências os fará passar para os conduzir a isso. Talvez ele lhes envie doenças, inimigos, opróbios, mas pouco importa. Se, nessas situações, os pais souberem como falar com os filhos, como aconselhá-los e apoiá-los quando eles passam pelas provações, esses filhos irão longe, muito longe, tão longe que, um dia, não restarão sinais dessas dificuldades.
Os pais gostam dos seus filhos, mas em que se tornarão esses filhos se eles os pouparem a todos os sofrimentos? "
 
"Quando decidem fundar uma família, estabelecer uma amizade ou associar-se no trabalho, muitas pessoas têm tendência a agir segundo a primeira impressão de prazer ou de desprazer, de simpatia ou de antipatia! Elas pensam: «Aquele diz-me qualquer coisa» e, sem raciocinarem, sem aprofundarem, lançam-se, sem verem que, na realidade, estão a lidar com um malfeitor. E afastam-se de um outro ser que acham menos simpático, quando, na realidade, se trata de alguém justo, honesto e bom.
Enquanto vos conduzirdes em função da simpatia ou da antipatia, que são impressões do momento, e não segundo a sabedoria, que vê muito mais longe, tereis desilusões 

e insucessos."
 
"Uma árvore é uma criatura viva que sabe atrair e acumular a energia solar. Se a queimarmos, constataremos que ela é feita de um pouco de terra, de água em maior quantidade, de ainda um pouco mais de ar, mas é constituída sobretudo de fogo, de luz. E o homem é constituído à semelhança da árvore: é feito de fogo, de luz, tem a mesma quinta-essência que o Sol.
Porque se há de extraviar as pessoas repetindo-lhes que são apenas terra, que só podem alimentar-se de matéria e que voltarão para a terra? Os Iniciados, pelo contrário, dizem-nos: «Vós sois feitos de luz, podeis alimentar-vos de luz e retornareis à luz.» Sim, o homem é idêntico à árvore e, se conhecesse as leis com que a Natureza trabalha, também ele poderia fixar e conservar essa força cósmica, essa energia do fogo celeste, isto é, todas essas formas do espírito que são a inteligência, a luz, o amor... "
 
"Ao serviço de quem, ou de quê, é que as pessoas põem os conhecimentos que adquiriram durante os seus estudos? Quantas há que tomam consciência da sua responsabilidade e dizem: «Vejamos: com todos estes conhecimentos, tenho de fazer o bem, de ajudar os outros, não sou só eu que devo tirar partido deles»? Julgais que é sempre de um modo desinteressado que os médicos escolhem a sua profissão? E os advogados? E os químicos, os engenheiros, os economistas, os jornalistas, será que põem verdadeiramente os seus conhecimentos ao serviço dos outros? O que a maior parte deles quer é o sucesso, a glória, o conforto, os prazeres...
Os estudos, só por si, não tornam as pessoas melhores. Pelo contrário, muitas vezes fazem delas verdadeiros perigos públicos! Em contrapartida, na mão daqueles que trabalharam sobre o seu caráter e que decidiram não os utilizar em proveito próprio, mas para o bem de todos, os conhecimentos são uma fonte de bênçãos. "
 
"Para modificardes as formas do vosso ser interior, deveis procurar aproximar-vos da região do fogo, isto é, da região do espírito, e, pela meditação, pela oração, modelar-vos, moldar-vos. Se recusardes fazer este trabalho, serão os sofrimentos a vir queimar-vos e fundir-vos, porque a Inteligência Cósmica não aceita que o ser humano fique estagnado.
Então, não fiqueis à espera, decidi-vos a conhecer o poder do fogo celeste, a senti-lo, a possuí-lo. Procurai compreender a sua natureza, como ele vem até nós para nos revolver profundamente e como pode transmitir-nos as suas propriedades. É preciso chegar ao ponto de absorvê-lo, para que as velhas formas, já endurecidas em nós, se fundam pela ação do seu calor e possam ser remodeladas. "
 
"Todos os seres, por mais grosseiros e materialistas que sejam, foram criados nas mesmas “oficinas” que os maiores génios ou os maiores Iniciados; só que, para eles, não chegou ainda o momento de manifestarem os mesmos dons, as mesmas virtudes. Mas esse momento chegará e eles procurarão a beleza, a pureza, a luz, a imensidão. Eles compreenderão que as atividades e os bens materiais só são necessários como um suporte, um recipiente, um envelope, para sustentar, abrigar ou conter a vida do espírito. E quando começarem a compreender que aquilo que consideravam essencial, na realidade, não passa do envelope, da casca, a sua maneira de olhar mudará. Sim, simplesmente a sua maneira de olhar: deixarão de focar-se nos recipientes e começarão a interessar-se pelo conteúdo, e isso será para eles o começo da verdadeira vida. "
 
"Quando vos sentis infelizes, sem coragem, em vez de ficardes sem fazer nada a não ser encher-vos de remédios e importunar os outros, expondo-lhes as vossas angústias e os vossos pesadelos, pensai em trabalhar com a vossa imaginação.
Imaginai-vos rodeados de luz, enviando o vosso amor pelo mundo inteiro, resistindo às dificuldades e às tentações... Pouco a pouco, as imagens que assim formais tornar-se-ão vivas, agirão sobre vós, transformar-vos-ão, ao mesmo tempo que atrairão do Universo os elementos apropriados para introduzir em vós. Serão necessários, evidentemente, muito tempo e muito trabalho. De início, os efeitos desses exercícios durarão pouco. Será necessário retomá-los muitas vezes. Mas, um dia, o resultado virá definitivamente, não podereis duvidar dele: sentireis por cima de vós uma entidade viva que vos protege, vos instrui, vos purifica, vos esclarece e, nas situações difíceis, vos presta o apoio de que necessitais. "
 
"Nos Evangelhos, Jesus diz: «Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu pensamento e com toda a tua força. Eis o primeiro mandamento.» Já vos expliquei que a força corresponde ao domínio do espírito, porque só o espírito possui a verdadeira força. O homem deve, pois, amar Deus com o seu coração, o seu intelecto, a sua alma e o seu espírito, isto é, com os quatro princípios que constituem a sua vida psíquica.
Podemos ver uma similitude entre este mandamento e o seguinte preceito do Mestre Peter Deunov: «Tende o coração puro como o cristal, o intelecto luminoso como o Sol, a alma vasta como o Universo e o espírito poderoso como Deus e unido a Deus.» É o mais alto ideal 

que nos foi dado."
 
"Nunca vos entregueis, sem reagir, a certas tendências ou hábitos mentais perniciosos, porque, com o tempo, pouco a pouco ficareis prisioneiros deles. E não digais: «Oh, mais tarde, corrigir-me-ei!» Não, estareis a iludir-vos; é precisamente quando quiserdes retomar o bom caminho que essas tendências se manifestarão mais intensamente.
Sim, é no dia em que pretendem corrigir-se que as pessoas se apercebem de quão prisioneiras estão. Enquanto não tomam consciência de que são escravas e não querem fazer nada para sair dessa situação, não se sentem subjugadas, mas no dia em que querem libertar-se, ai, ai, ai!... Então, estai atentos, nunca vos deixeis ir, convencidos de que, quando quiserdes, conseguireis endireitar-vos. É claro que, se quiserdes realmente fazê-lo, consegui-lo-eis, mas à custa de muitos esforços e muitos sofrimentos!"