MESTRE OMRAAM MIKHAEL AIVANHOV
"Como é possível as pessoas estarem tão
convencidas de que têm razão em tudo – na religião, na política, no amor?
Alguns anos depois, elas mudaram e as suas ideias também, mas continuam a achar
que têm razão. Na juventude, pensaram de uma maneira, em adultos, pensam de
outra, e na velhice pensarão de um modo ainda diferente. Então, porque se
apegam sempre tanto às suas ideias? Deviam dizer: «Como já mudei tantas vezes
de opinião, será que o que eu penso hoje corresponde à verdade?» Sim, mesmo aos
noventa e nove anos de idade, deve-se dizer: «Continuo à espera para me
pronunciar. Talvez daqui a uns milhares de anos eu veja mais claro!»
É bom ter convencicções, mas não é bom estar
convencido das suas próprias capacidades de julgamento, porque elas são
limitadas, incompletas. Vivei mais um pouco, e mudareis de novo. Sim, porque as
opiniões variam constantemente, consoante o que se viveu e o nível em que se
viveu."
"Para se encontrar Deus, é preciso pelo menos
amá-l’O. Não é que Deus necessite do nosso amor. Os grandes Mestres de todas as
religiões têm instruído os homens no amor a Deus porque conhecem uma lei mágica
que é precisamente a correspondência, no mundo espiritual, de factos que
podemos verificar todos os dias no plano físico.
Se lançardes uma bola contra uma parede, esta
reenvia-vos a bola. Se, na montanha, lançardes palavras em direção a uma parede
rochosa, elas são-vos devolvidas em eco. Do mesmo modo, quando enviais o vosso
amor a Deus, ativais esta lei e o amor divino é obrigado a voltar para vós.
Deus não tem necessidade de nós, mas nós temos necessidade d’Ele, e só pelo
nosso amor podemos atraí-l’O até nós."
"Nenhum dos vossos esforços se perde; mesmo
que, de momento, não sejais bem-sucedidos, tudo o que fizerdes ficará adquirido
para mais tarde. Um dia, todos os esforços que efetuastes pedirão ao Céu que
lhes conceda a realização, e o Céu concedê-la-á, porque assim o dita a lei.
Os que não compreendem nada destas coisas dizem:
«Aquele não fez nada e recebe tudo, enquanto eu, que trabalho, não tenho nada,
estou na miséria», e a inveja corrói-os. Na realidade, essa pessoa que lhes
parece tão privilegiada já tinha feito esforços no passado. Um génio como
Mozart, por exemplo, já estudara música nas encarnações precedentes, por isso,
ainda muito jovem já manifestava dons excecionais. Não existem grandes
resultados se anteriormente não se tiver aprendido e trabalhado. É tudo uma
questão de esforço e de tempo. Vendo que sois sinceros e perseverantes, as
próprias forças da Natureza virão ajudar-vos, pois elas são fiéis e
verídicas."
"Todas as coisas possuem o seu duplo na
Natureza. Tudo o que fazeis, fazei-lo duplamente. Se ajudardes alguém ou
fizerdes mal a alguém, o original dessa ação vai-se, mas deixa a sua marca em
vós: um cliché, uma lembrança, uma assinatura. Se foi bem que fizestes, esse
bem seguiu caminho, deixou-vos, mas deixou também um traço em vós, um registo
da mesma natureza. E se tiverdes feito mal, esse mal também vos abandonou, mas
deixou um duplo exatamente da mesma natureza, que continua a trabalhar, a
demolir e a desagregar.
Vede, por exemplo, o que se passa quando um homem
comete um crime. Porque será ele sempre perseguido por uma lembrança, um cliché
que volta, que não o deixa tranquilo? O crime foi feito, pertence ao passado,
não ficaram dele traços visíveis e o criminoso poderia estar tranquilo. Mas o
duplo da ação ficou, e é ele que produz essas lembranças, essas imagens de que
ele não consegue desembaraçar-se, as recriminações que a sua consciência lhe
faz e de que só poderá libertar-se quando tiver reparado o mal que fez."
"Todos aqueles que fizeram bem aos outros,
que os ajudaram, que os apoiaram, acham normal esperar da sua parte um pouco de
gratidão ou, pelo menos, aprovação. Isso é normal, claro, mas é melhor não
estar à espera de nada, porque aquele que espera aprovação, reconhecimento,
entra no mundo das insatisfações, das censuras, dos rancores e dos tormentos.
Perguntar-me-eis: «Mas, então, o bem que fazemos nunca será reconhecido?» Sim,
mas não se deve esperar que o seja.
Os sábios, os Iniciados, conhecem uma lei pela
qual regulam a sua existência: a lei das causas e das consequências. Eles sabem
que, mais tarde ou mais cedo, o efeito de tudo o que fazem voltará a eles: se
for um ato bom, o efeito será benéfico; e se for um mau... É esta a lei em que
os sábios baseiam a sua existência e vós deveis fazer como eles."
"Se quiserdes ser sempre dignos de estima,
deveis mostrar-vos à altura da situação em todas as circunstâncias. Se isso
acontecer, mesmo que venham censurar-vos, mesmo que venham humilhar-vos,
enlamear-vos, na realidade, ninguém poderá atingir-vos nem sujar-vos. Só vós
tendes o poder de sujar-vos, ninguém mais – é uma lei! Ninguém poderá
diminuir-vos se vós mesmos não tiverdes atitudes que vos comprometam.
Se estiverdes sempre ligados ao Céu, ocupados
unicamente em cumprir a vontade de Deus, por mais coisas que vos façam
exteriormente, estareis sempre num plano elevado, sereis sempre luminosos. Não
são os humanos que têm mais poder, é o Céu, e é ele que vos protege."
"A maioria das pessoas só pensam em si: no
que lhes convém, no que não lhes convém, no que ganham, no que perdem... É por
nunca terem querido sair do seu ponto de vista que são tão cegas em relação às
realidades da vida. Avaliam tudo, medem tudo e pronunciam-se sobre tudo segundo
os seus gostos, os seus preconceitos, isto é, a sua natureza inferior, e não
sabem até que ponto podem estar, assim, longe da verdade! Enquanto não saírem
do seu ponto de vista tão limitado, não conseguirão ver as coisas tal como elas
são. E então lá vêm as mentiras, as ilusões, os enganos, os erros..."
"Quando Jesus dizia «Seja feita a tua
Vontade, assim na terra como no Céu», queria dizer que é necessário criar uma
ligação, uma circulação de energias entre o Céu e a terra, até que a harmonia,
a ordem e a beleza que estão em cima se instalem também em baixo, na nossa
terra, isto é, em nós mesmos. Jesus não falava de uma terra exterior ao homem;
é em nós que o Reino de Deus primeiro deve instalar-se. Se ele se instalasse no
mundo enquanto os homens ainda são tão anárquicos, isso de nada serviria, eles
destruí-lo-iam imediatamente. Só quando o Reino de Deus descer ao homem é que
se instalará também no mundo.
Jesus trabalhava para o Reino de Deus, para a
fraternidade universal, mas não o compreenderam. Compete-nos agora continuar o
seu trabalho, instalar em nós a mesma ordem, a mesma harmonia que existe no
Alto. Deve ser este o nosso programa!"
"Uma orquestra ou um coro são símbolos da
sintonia, da harmonia que deveria reinar entre os seres... Uma harmonia que,
infelizmente, não se vê em parte alguma. Todos são educados a só fazer o que
lhes vem à cabeça, ninguém pensa em pôr-se de acordo, em se harmonizar com os
outros. Por isso, a desarmonia é o estado mais espalhado no mundo, tão
espalhado que, mesmo quando se está numa Escola Iniciática, se continua a
cultivar esta atitude anárquica. Cada um quer fazer só a sua vontade, e o
instrutor, coitado, fica sozinho a observar toda aquela barafunda.
É preciso compreender, de agora em diante, que um
instrutor é como um maestro: está lá para fazer reinar a harmonia e, por isso,
todos devem harmonizar-se com ele. Ele é o diapasão e, quando todos estiverem
afinados, serão como harpas através das quais o vento, ao passar, fará soar uma
música maravilhosa. Mas é preciso um diapasão, e um instrutor, um Mestre, é
isso: um diapasão."
"Uma chama é tão fraca, que basta um sopro
para a apagar. Mas, se a alimentardes, pode tornar-se um autêntico braseiro e
os sopros que antes a ameaçavam vão, pelo contrário, reforçá-la, ao ponto de já
nada poder resistir-lhe.
A chama é um símbolo do espírito: se não a
alimentardes, ela apagar-se-á à mais pequena dificuldade. Encontramos muitas
pessoas assim, cujo espírito está quase apagado: logo que encontram um
obstáculo, capitulam e é o seu fim. Outras, pelo contrário, souberam reforçar o
espírito pela prece, pela meditação, pela contemplação, e os obstáculos não só
não as detêm, como as impelem a irem ainda mais longe e com mais ardor. Por
isso, as mesmas dificuldades que derrubam os fracos reforçam os que são verdadeiramente
animados pelo espírito."
"Tudo o que existe na terra tem a sua origem
no Alto, no plano divino. No começo, há o espírito, e a matéria física não é
mais do que a condensação do pensamento do Criador.
Para o homem, é muito importante ter esta
filosofia do primado do espírito, porque graças a ela poderá solucionar todas
as situações. Enquanto ele acreditar que é o plano físico – e, portanto, as
condições do plano físico – que comanda tudo, continuará débil, vulnerável, à
mercê das circunstâncias. Consoante a filosofia que abraçais, a filosofia da
matéria ou a do espírito, assim sereis fracos ou fortes e poderosos."
"Adquiri o hábito de, quando vos preparais
para beber, segurar o copo na mão por uns segundos, dizendo: «Eu te saúdo, água
gentil, pura e viva; tu, servidora de Deus, introduz em mim a pureza.»
Sentireis, então, todo o vosso ser impregnar-se de um fluido subtil. Olhai para
a água e identificai-vos com ela. Imaginai que também vós tendes a
transparência, a limpidez do cristal. Pouco a pouco, ela já não será para vós
unicamente um líquido incolor e sem significado de que vos servis para
cozinhar, lavar roupa, tomar banho, etc., mas sentireis abrir-se em vós a fonte
das maravilhas; os seres e as coisas manifestar-se-ão aos vossos olhos para
além da sua aparência material, tal como são na sua realidade."
"O amor vem do Céu e regressa ao Céu. Não
existem dois, três ou quatro amores, é sempre o mesmo amor, mas compreendido ou
vivido a níveis diferentes. De onde viria o amor humano, se não do próprio
Deus, a sua origem? Diz-se que Deus é amor, mas não se sabe o que é esse amor e
separa-se o amor físico, o amor sensual, do amor divino. Não, não há separação,
são manifestações da mesma força, da mesma energia que vem de muito alto.
Ainda não conheceis o suficiente sobre o número
um, indivisível. O amor é justamente isso: o número um, e é esse número que
produz todos os outros; o dois, o três, o quatro, não passam de manifestações
do um. Deus é um, o amor é um, e Deus é amor. Tudo o que não é o um é, na
realidade, um aspeto do um; por isso, é preciso voltar à unidade. Nós estamos
na multiplicidade, estamos na periferia, e quando se diz que é preciso voltar à
unidade, isso significa que é preciso regressar a Deus, a esse amor que é
uno."
"A maioria dos humanos andam por aí
desocupados, a perder o seu tempo e as suas energias em atividades que não lhes
trazem nada de bom. Chegou o momento de eles se mobilizarem num trabalho
gigantesco, luminoso, para que o Reino de Deus e a sua Justiça cheguem
finalmente à terra. Quantos, mesmo entre vós, já participam verdadeiramente
neste trabalho? Interrogai-vos sinceramente sobre isso. Ainda estais indecisos,
flutuando ao serviço de forças cegas.
Consagrai-vos finalmente ao serviço de uma ideia
divina e não vos preocupeis em saber no que vos transformareis. Há entidades
que se ocuparão de vós: quando elas virem aquilo em que trabalhastes, em que
direção e por que razão trabalhastes, dar-vos-ão tudo aquilo de que
necessitais."
"O momento mais importante de um ato é o seu
começo, porque, depois de as forças terem sido desencadeadas, já não se pode
detê-las. Nunca se deve começar o que quer que seja sem se estar instruído
acerca das consequências que decorrerão da ação empreendida, assim como da
natureza das forças que se põe em jogo. É fácil desencadear energias, provocar
acontecimentos, mas é muito difícil dirigi-los, orientá-los, dominá-los. Não
brinqueis aos “aprendizes de feiticeiro”, lembrai-vos de que o poder do homem
não está no meio nem no fim de uma ação, mas somente no começo.
Se, por exemplo, quando passeais numa montanha,
empurrardes voluntariamente um bloco de pedra em vez de o deixardes ficar no
seu lugar, depois nem a vossa força nem a vossa vontade poderão retê-lo; ele
rolará, esmagando tudo à sua passagem... Sucede o mesmo com cada ato da
existência; por isso, é no começo que devemos estar certos de que estamos no
melhor caminho, ligados às melhores forças, a fim de que tudo recaia em bênçãos
para nós próprios e para os outros."
"Cumpri as vossas obrigações materiais tão
conscienciosamente quanto possível, mas sem vos esquecerdes de dar sempre a
preponderância ao mundo do pensamento, ao ideal, ao espírito, à luz. Aquele que
diz «Ah, eu poderia ter vivido muito melhor! O que é que me fez embarcar na
vida espiritual?» prova que não compreendeu nada, que não aprendeu nada e que
nunca irá a lado nenhum. Se, apesar de todas as revelações que já recebestes,
ainda não estais convencidos do esplendor e do poder da vida espiritual, então,
mesmo no plano material, sereis medíocres. Aquele que não sabe ser determinado
no mundo espiritual e que se mostra fraco, hesitante, cambaleante, também não
realizará grande coisa no plano material.
Mesmo que não acreditem em Deus, todos aqueles que
têm sucesso na sociedade são seguramente mais decididos, dinâmicos, corajosos e
ativos do que muitos espiritualistas, e é por isso que são bem sucedidos."
"A vida é uma combustão: todos os nossos
pensamentos, sentimentos e atos, todas as nossas manifestações, são o resultado
de uma combustão. Para se produzir a energia que nos faz viver, é necessário
que algures sejam consumidos materiais. Essa combustão é obrigatoriamente
acompanhada de detritos que é preciso eliminar; senão, o que acontece? Tal como
o candeeiro a petróleo cuja chaminé não foi limpa não dá boa luz, ou tal como o
fogão a carvão do qual não se retiraram as cinzas não pode dar calor
suficiente, também o homem que não soube desembaraçar-se dos seus detritos se
afunda na escuridão e no frio e acaba por perder a vida.
Infelizmente, os humanos que nunca refletiram
acerca destas correspondências imaginam que podem fazer tudo sem terem a
preocupação de eliminar as impurezas. Eles lavam-se todos os dias, pois sabem
que, de outro modo, os poros da sua pele ficam obstruídos, o que é muito
prejudicial para a saúde, mas devem pensar em também se lavar interiormente, a
fim de libertarem os poros da sua pele espiritual, e assim restabelecerão as
comunicações com o mundo divino."
"Sabeis o que diz a criança: «Gosto do papá,
gosto da mamã, mas prefiro a compota.» Toda a mentalidade da criança está
resumida nesta palavra: a compota, isto é, o que é fácil, agradável, açucarado.
A criança não sabe que o que é amargo e difícil seria, sem dúvida, preferível
para ela. Ainda não adquiriu essa sabedoria que consiste em escolher, por
vezes, o que é desagradável. E é esse o perigo, não só para as crianças, mas
também para os adultos – que, muitas vezes, se comportam como crianças –, pois
por detrás da aparência de prazer e de encanto estão as armadilhas, as
desilusões, as amarguras.
Enquanto os humanos não são dirigidos
interiormente – ou exteriormente – por um guia que veja mais longe do que eles,
que tenha tido experiências das quais soube tirar lições, deixam-se ir atrás do
que é agradável e depois dão cabeçadas nas paredes... Então, claro,
lamentam-se, mas é demasiado tarde."
"Observai-vos: quando estais descontentes com
a vida, quando sofreis, muitas vezes não são as modificações materiais que vos
permitem melhorar o vosso estado interior, mas as mudanças de pensamentos e de
sentimentos.
Bem entendido, se estiverdes a sofrer fisicamente,
tereis necessidade de remédios físicos. Se tiverdes uma ferida ou uma perna
partida, mesmo os melhores pensamentos e sentimentos não vos curarão nem vos
tirarão a dor (até eles descerem à matéria para nela operarem melhoras, é
necessário muito tempo), mas podem ajudar-vos a suportar melhor esse
sofrimento, porque ainda assim há uma ação dos pensamentos e dos sentimentos
sobre o corpo físico. Os pensamentos e os sentimentos harmoniosos agem sobre a
circulação e purificam o sangue, e quando o sangue é puro contribui mais
eficazmente para a saúde do organismo. Até as feridas cicatrizam melhor e mais
depressa!"
"Todos os cristãos têm orgulho em Jesus: «Não
há ser maior do que o nosso Jesus!», dizem. Sim, mas Jesus é Jesus, e eles, o
que são? Preguiçosos, ignorantes, que não fazem nada para serem como ele.
Há imensos discípulos que fazem a mesma coisa com
o seu Mestre! Eles dizem «Ah, o nosso Mestre é único!» e põem a sua fotografia
por toda a parte, até seriam capazes de lutar para fazer valer a sua ideia de
que têm o melhor, o maior, o mais poderoso dos Mestres. Mas lá imitá-lo na sua
atitude, na sua filosofia, isso não. Um Mestre serve para ser glorificado e não
para ser imitado! Deixai de glorificar o vosso Mestre e decidi-vos a adotar
algumas das suas ideias e a aplicá-las; será muito melhor."
"Eu nunca disse que deveis fugir do amor dos
homens ou das mulheres, mas apenas que deveis saber em que ordem proceder.
Depois de terdes colocado o Senhor no vosso coração, na vossa alma, se não
quiserdes mesmo ficar sós, podeis ligar-vos a outra criatura. É assim que agem
os discípulos da Ciência Iniciática. Eles começam por apreciar o Ser de todos
os seres, o dispensador de todos os bens, colocam na sua alma o Esplendor dos
esplendores, a Luz das luzes, e depois escolhem alguém para parceiro ou
parceira.
Sim, o verdadeiro discípulo, seja homem ou mulher,
coloca primeiro em si o Criador como fonte de amor, de sabedoria e de verdade.
Seguidamente, procura a criatura mais capaz de o manter em ligação com Ele;
fica junto dela e toma-a como colaboradora no plano físico, porque há qualquer
coisa nela que o aproxima da Fonte, é uma mensageira que lhe fala do mundo
divino. Só nestas condições é que ele nunca perderá o seu amor."
"A vida individual deve preparar as condições
para a vida coletiva, a vida cósmica, universal. Quando vos tiverdes
desenvolvido harmoniosamente, deveis tornar-vos membros da coletividade, para a
fazer beneficiar dos vossos dons. E não perdeis nada das vossas aquisições;
pelo contrário, será então que vos tornareis realmente poderosos. Diz-se que a
união faz a força. Porque é que só se compreende isso relativamente ao plano
físico? É a união dos homens e das mulheres por uma grande fraternidade branca
universal que faz a força, e é com essa força que se poderá transformar o mundo.
O mundo jamais se transformará enquanto cada um se limitar a desenvolver-se e a
enriquecer-se no seu cantinho. Todos devem unir-se no objetivo único de criar
um poder formidável para a realização do Reino de Deus na terra.
Que sentido tem ser-se individualmente inteligente
e poderoso? O que é que isso traz à coletividade? Nada. Por vezes, até, só lhe
causa prejuízos, porque aquele que fica só, com a sua superioridade,
aproveita-se dela sobretudo para esmagar os outros ou servir-se deles."
"Quando dais, recebeis; é uma lei. Não pode
haver vazio no Universo e, assim que ocorre um vazio algures, é imediatamente
preenchido. Logo que acabais de esvaziar os vossos reservatórios interiores,
dando o vosso amor e os vossos bons desejos a todas as criaturas, algo chega
imediatamente do Alto para vos preencher.
Amai e sereis amados. Dai e ser-vos-á dado. Dai mesmo
aquilo de que tendes falta e obtê-lo-eis. Desejais ser esclarecidos e não
sabeis como atrair a luz? Pois bem, é muito simples: sereis esclarecidos
esclarecendo vós mesmos aqueles que o são menos do que vós, porque um outro que
possui mais luz virá transmitir-vos a sua clareza. Se Jesus disse: «Não façais
aos outros o que não quereis que vos façam a vós», isso subentende também que
devemos fazer o que gostaríamos que nos fizessem. Assim, esforçai-vos por
apoiar outros seres, por encorajá-los, e verificareis que um poder superior
virá reforçar-vos. Se tiverdes necessidade de amor e de luz, procurai primeiro
dá-los àqueles que ainda têm mais necessidade do que vós, e será O próprio Deus
que virá amar-vos e iluminar-vos."
"A sucessão dos sete dias da semana
corresponde a um arranjo musical. Cada dia corresponde a um planeta e, um após
outro, como os planetas, eles passam diante do Criador, cantando. Os dias estão
ligados entre si como as contas de um rosário infinito e formam uma cadeia cujo
desenrolar se inscreve na eternidade.
Os rosários têm uma importância tão grande em
muitas religiões precisamente porque simbolizam o encadeamento das forças
cósmicas, a sucessão infinita dos elementos e dos seres. Todos nós fazemos parte,
também, de uma cadeia, nunca devemos esquecer isso, porque é tendo a
consciência de que pertencemos a esse desenrolar infinito que vivemos em
uníssono com a harmonia cósmica."
"Quando a alma e o espírito se unem, dão à
luz um germe que é o ponto de partida para uma nova consciência. Essa
consciência manifesta-se como uma luz interior que expulsa as trevas, como um
calor tão intenso que, mesmo que o mundo inteiro vos abandone, nunca vos
sentireis sós, como uma vida abundante que fazeis jorrar por toda a parte onde
os vossos pés vos levarem. Ela é acompanhada igualmente de um afluxo de forças
que consagrais à edificação e à construção do Reino de Deus, e também de uma
alegria, uma alegria extraordinária por vos sentirdes em ligação com todo o
Universo, com todas as almas evoluídas, por fazerdes parte dessa imensidão, e,
finalmente, pela certeza de que ninguém poderá tirar-vos essa alegria. Na
Índia, chamam a este estado a consciência búdica, e entre os cristãos
chama-se-lhe o nascimento do Cristo."
"A fusão é uma lei universal: por toda a
parte, só se vê os dois princípios, masculino e feminino, a fundirem-se para
criar a vida. Quando cantamos, essa fusão dos dois princípios – as vozes
masculinas e as femininas – faz-se muito alto, no mundo da alma e do espírito,
e produz resultados: a alegria, a paz, a plenitude.
Pelos cânticos, podemos realizar um trabalho da
mais alta magia para o mundo inteiro. Mas é preciso que cada vez mais vos
torneis conscientes desta lei, que cada vez mais trabalheis para conseguirdes
libertar-vos de todos os elementos suscetíveis de vos reterem nas regiões
inferiores, para chegardes a essa pureza absoluta que exalta todo o ser, ao
ponto de projetar cores, chamas, ao seu redor. Nesse momento, as vossas cordas
vocais vibrarão de modo diferente e transmitirão energias que, fundindo-se no
Alto, farão nascer criaturas celestes."
"É muito importante compreender o papel que a
montanha pode desempenhar na nossa evolução e qual o seu lugar nos nossos
exercícios espirituais. Quando vos encontrardes diante de um cume, mesmo que
seja a uma grande distância, concentrai-vos, estendendo a mão direita para ele,
saudai as entidades que nele habitam, pedi-lhes ajuda e enviai-lhes, em
retribuição, o vosso contributo para o seu trabalho. Aprendereis, assim, a
criar laços com os cumes das mais altas montanhas e recebereis delas força e
inspiração.
Lembrai-vos também de que as montanhas são
condensadores de energia que podeis captar para enviar ajuda à vossa família,
aos vossos amigos, ao mundo inteiro."
"Chegou a época em que devemos aprender a já
não trabalhar apenas para nós próprios, mas para a Terra inteira. Para
realizarmos esta nova filosofia, devemos elevar-nos pelo pensamento até ao Céu,
a fim de fazermos descer a luz, o amor e a paz do Alto até ao plano físico.
A vida celeste deve descer à matéria, ao corpo
físico, e irradiar através dele. Por isso, nas vossas meditações, nas vossas
preces, pedi que essa luz, esse espírito, esse poder divino, desçam sobre vós e
impregnem todas as vossas células... Depois de terdes trabalhado desta maneira
durante anos, um dia sentireis que o Céu está em vós, que a luz está em vós,
que o amor está em vós. Nesse momento, ser-vos-á muito mais fácil impelir os
seres para o bem, ajudá-los, levar-lhes a paz e a alegria."
"O ser evoluído é aquele que se sente
obrigado a ter os outros em conta e a exercer sobre eles uma influência
benéfica. De um tal ser, podeis esperar tudo o que há de melhor e de mais belo.
Mesmo que ainda não consiga manifestar-se como poeta, como músico, ele já está
no caminho da poesia e da música, porque age segundo as leis da harmonia, age
sintonizado com o mundo sublime.
Quanto àqueles que não receiam perturbar a
harmonia coletiva, pode dizer-se que estão ainda muito abaixo na escala da
evolução. Sim, um anarquista não é um ser evoluído. O homem evoluído, o homem
inteligente, respeita os outros e é humilde perante as leis da Natureza,
perante as forças e as entidades divinas, reconhece-as, inclina-se perante
elas, harmoniza-se com elas e executa a sua vontade."
"Enquanto o homem não trabalhar para se
purificar, as mensagens, os impulsos, que o seu Eu superior, o seu Eu divino,
lhe envia, chegam até ele enfraquecidos, deformados. Reparai num candeeiro a
petróleo cujo vidro está coberto de fuligem: a sua chama não é tão luminosa,
tão forte e tão bela como se o vidro estivesse absolutamente transparente; é
preciso limpá-lo. Nós somos um pouco como o vidro de um candeeiro a petróleo: a
luz que está dentro de nós e que quer manifestar-se no exterior, essa luz que é
amor, que é sabedoria, tem de passar através de todas as camadas de impurezas
que acumulámos, devido à nossa vida insensata, aos nossos pensamentos
desordenados, aos nossos sentimentos egoístas.
Por conseguinte, é simples, é claro: é preciso
limparmo-nos, purificarmo-nos, até que os nossos diferentes corpos – físico,
astral e mental – se tornem tão transparentes e puros, que essa luz divina que
existe no fundo de nós mesmos e que se esforça por atravessar a escuridão possa
finalmente brilhar em todo o seu esplendor."
"A nosa imaginação é como um balão-sonda que
pode ir muito longe no espaço e registar os esplendores do Céu para, em
seguida, vir comunicá-los à nossa consciência.
Foi assim que numerosos pintores, poetas e músicos
encontraram inspiração. Em vez de a procurarem nos subterrâneos, como a maioria
dos artistas fazem agora, eles visitavam em espírito as regiões sublimes, de
onde traziam visões, impressões, que depois tentavam traduzir pela pintura,
pela poesia, pela música. Procurai, pois, conduzir mais frequentemente a vossa
imaginação para as regiões celestes, a fim de que ela contemple esses mundos de
beleza que deixarão nela a sua marca."