domingo, 2 de abril de 2023

MESTRE OMRAAM MIKHAEL AIVANHOV

 
"Aqueles que estudaram profundamente as relações entre o ser humano e as forças da Natureza descobriram que existe uma correspondência absoluta entre eles. Como qualquer vibração tende a encontrar uma vibração idêntica para se fundir com ela, cada criatura, pelas suas vibrações específicas, pelo seu comprimento de onda específico, entra em relação com outras entidades, com outras correntes do Cosmos, que têm os mesmos comprimentos de onda que ela, as mesmas vibrações. Então, pelos seus pensamentos, sentimentos e atos, o homem entra em afinidade com regiões e entidades que vibram nos mesmos comprimentos de onda que ele e, pela força da atração, mais tarde ou mais cedo, terão de encontrar-se.
A luz da Ciência Iniciática dá-nos as chaves para podermos criar o destino e o futuro que desejamos. É a qualidade dos nossos pensamentos, sentimentos e desejos que faz com que sejamos impelidos até seres belos, luminosos, nobres, ou, pelo contrário, com que tombemos no Inferno."
 
 
"Os geómetras de todas as épocas tentaram resolver o problema da quadratura do círculo, ou seja, construir um quadrado que tivesse exatamente a mesma superfície de um determinado círculo, e nunca o conseguiram. Talvez consigam um dia, mas devem saber que os Iniciados encontraram a solução há muito tempo, porque souberam observar a Natureza, particularmente as árvores, cujos troncos se cobrem periodicamente de folhas, flores e frutos.
O espírito também vem periodicamente fazer um certo trabalho; ele é um círculo, símbolo do Universo ilimitado e infinito. É dentro deste círculo que o quadrado, a matéria, pode florir e frutificar a cada retorno do espírito. Quando a árvore dá frutos, depois de ter sido vivificada pelo espírito, resolveu a quadratura do círculo. Chega sempre um momento em que o quadrado e o círculo coincidem."
 
 
"Para os discípulos da Ciência Iniciática, a velhice é o melhor período da vida, porque anos de pesquisas e de experiências interiores trouxeram-lhes a lucidez, a paz, a serenidade, a bondade. A opinião dominante no mundo vai em sentido oposto, porque, para muitas pessoas, a velhice é realmente um período muito mau, por causa da maneira como viveram. Desperdiçaram energias em atividades prosaicas, inúteis, estúpidas, e então, quando já quase nada lhes resta, quando já estão fracas, doentes, vazias, que podem esperar da velhice?
Evidentemente, mesmo que se viva com sensatez, a velhice acabará por chegar e também poderá surgir a doença. Mas aqueles que tiverem feito um verdadeiro trabalho interior atravessarão esses períodos com mais coragem e serenidade, e estarão sempre a enriquecer-se espiritualmente."
 
 
"Pensai nas montanhas, nas suas florestas, nos seus lagos, nos seus cumes, mas pensai também nas suas cavernas profundas e nos seus habitantes, para manterdes sempre com eles relações de amizade. As montanhas não são unicamente amontoados de terra e de rochas, são recetáculos de imensos tesouros – o ouro, a prata, os cristais, as pedras preciosas – sobre os quais velam e trabalham entidades poderosas. Não vos digo isto para que o tomeis à letra e comeceis a escavar as montanhas, à procura de tesouros. É ao lado simbólico, vivo, das montanhas que deveis ligar-vos, para as escalardes ou escavardes em vós mesmos, e aí encontrardes os tesouros espirituais."
 
 
"Daquele que comete excessos e leva uma vida desordenada, costuma-se dizer que “queima a vela pelas duas extremidades”*. Mas a maioria das pessoas, embora conheçam e usem esta expressão, não prestam muita atenção ao modo como usam as suas energias e, pela sua vida desordenada, fazem precisamente isso: queimam a vela pelas duas extremidades. Essas pessoas imaginam que as suas energias são inesgotáveis e se substituem automaticamente. Alguns elementos podem ser substituídos, porque a Inteligência Cósmica construiu o organismo humano de modo a ele poder ir reparando algumas perdas, mas, se o homem não viver com razoabilidade, as perdas serão irreparáveis. Aquele que leva uma existência desordenada, passional, perde as suas energias mais preciosas, e não só priva de alimento os seus corpos psíquicos e espirituais, como enfraquece o seu corpo físico.
* No original, “brûle la chandelle par les deux bouts”, expressão idiomática que significa “gastar recursos descontroladamente”. "
 
 
"Alguém diz: «Ah! Se eu tivesse um pedaço de pão, seria feliz, não pediria mais nada.» Vós dais-lhe um pedaço de pão. «Ah! Se houvesse um pouco de vinho, ficaria tão contente! Isso bastar-me-ia.» Dais-lhe uma garrafa de vinho: «Ah! Se houvesse um cigarrinho, seria formidável.» E vós dais-lhe um cigarro. «Ah! Se houvesse uma rapariga bonita!...»
Estais a ver? É um nunca mais acabar. Vós necessitais de comer, de beber, de dormir, de vos abrigar, de vos vestir, de trabalhar, de passear, de ler, de ouvir música, de encontrar pessoas, de refletir, de admirar... Foi a Inteligência Cósmica que assim dispôs as coisas, para que o ser humano se desenvolva em todos os domínios e em todos os planos. Logo que se manifesta uma nova necessidade, aparece um novo problema, depois outro, e mais outro... E a nossa vida não passa de uma sucessão de exercícios que temos de fazer, a fim de encontrarmos soluções para esses problemas."
 
 
"O meio mais poderoso para atrair uma entidade é pronunciar o seu nome. É por isso que a Cabala revela os nomes dos setenta e dois Génios, que têm, cada um deles, uma determinada função, e que podem ser invocados para se obter ajuda nas diversas circunstâncias da vida.
Pronunciar o nome de uma entidade não é uma coisa sem importância, porque, pelas vibrações desse nome, chegais até ela, entrais em contacto com ela. Podeis, assim, entrar em contacto com todos os espíritos do Universo e, através desse contacto, atrair para vós as qualidades desses espíritos. Portanto, atenção ao nome que pronunciais: se for o de uma entidade infernal, esperar-vos-ão perturbações e desgraças. Sim, um nome é extremamente importante, e há casos em que pronunciar um nome poderá salvar-vos, se for o nome de um ser cujo único desejo seja ajudar os humanos."
 
 
"O sofrimento dá ao homem a possibilidade de mergulhar em si próprio para refletir, meditar e atrair a si seres superiores que poderão guiá-lo e ajudá-lo. Se sofrerdes sabendo compreender o sofrimento pelo qual o Céu quer transformar-vos, sairá de vós um ser excecional. Não existe ciência mais grandiosa do que saber sofrer. Para as flores, o sofrimento é o seu perfume; em virtude das dificuldades que têm de ultrapassar para resistirem às intempéries e subsistirem, apesar de todos os perigos que as ameaçam, as flores libertam um perfume extraordinário, e nós gostamos delas.
Nem todos os sofrimentos libertam tais perfumes, porque a maior parte dos humanos, que não sabe sofrer, começa a gritar à mais pequena dor. Só aquele que sabe  aceitar o sofrimento liberta esse perfume. Quando um Iniciado sofre por tomar sobre si os fardos e os pecados dos homens, como Jesus fez, esse sofrimento, aceite por amor, exala um perfume delicioso, e os Anjos vêm deliciar-se com ele, tal como nós nos deliciamos num jardim, junto a uma árvore em flor."
 
 
"Para os discípulos da Ciência Iniciática, a velhice é o melhor período da vida, porque anos de pesquisas e de experiências interiores trouxeram-lhes a lucidez, a paz, a serenidade, a bondade. A opinião dominante no mundo vai em sentido oposto, porque, para muitas pessoas, a velhice é realmente um período muito mau, por causa da maneira como viveram. Desperdiçaram energias em atividades prosaicas, inúteis, estúpidas, e então, quando já quase nada lhes resta, quando já estão fracas, doentes, vazias, que podem esperar da velhice?
Evidentemente, mesmo que se viva com sensatez, a velhice acabará por chegar e também poderá surgir a doença. Mas aqueles que tiverem feito um verdadeiro trabalho interior atravessarão esses períodos com mais coragem e serenidade, e estarão sempre a enriquecer-se espiritualmente."
 
 
"Se as coisas acontecessem como nós as desejamos, seria, muitas vezes, uma catástrofe! Nós não somos suficientemente clarividentes para vermos as consequências longínquas daquilo que desejamos. Se o que pensamos ser bom para nós se realizasse, levar-nos-ia a passar a vida na preguiça e nos prazeres.
Felizmente, a Inteligência Cósmica não concede aos humanos a felicidade tal como eles a entendem; eles perderiam tudo, até o gosto de viver. A verdadeira felicidade encontra-se no esforço. Não busqueis mais as doçuras nem as guloseimas, porque ficareis doentes. Quando começardes a gostar do amargo, do quinino, é que sereis salvos. Muitas vezes, aquilo de que gostais é que vos faz adoecer. Portanto, não vos lamenteis se, por vezes, fordes privados disso. É o Céu que vos priva, para que tenhais mais algum tempo de vida."
 
 
"Não é sendo egoístas e negligentes que defendereis os vossos interesses. Pelo contrário, o vosso interesse está em pensar nos outros, porque assim melhorareis as condições da vossa própria existência. Usemos uma imagem: vós passais por um caminho onde há vidros partidos, olhais para eles, mas não os retirais, dizeis para convosco: «Não fui eu que os deixei cair; outros que os apanhem.» Mas eis que o destino vos faz passar de novo pelo mesmo caminho: é de noite, não prestais atenção e feris-vos; então, evidentemente, exclamais: «Quem foi o idiota, o criminoso, que deixou aqui estes pedaços de vidro?» Ora bem, já não é o momento para fazer essa pergunta. Competia-vos tê-los retirado na primeira vez que por lá passastes."
 
 
"Devemos aprender a ligar-nos permanentemente à Fonte, a beber o amor que flutua por todo o Universo e no qual estamos banhados... Porque, muitas vezes, somos como aquele homem que está mergulhado na água até ao pescoço e grita: «Tenho sede! Tenho sede!» Ele só tem de abrir a boca e beber, mas mantém a boca fechada e morre de sede. Esse amor envolve-nos, inunda-nos, no entanto todos suspiram, soltam gritos e continuam a procurá-lo.
Como diz São Paulo: «Nele vivemos, nos movemos e temos a nossa existência.» Estamos mergulhados no amor como peixes no oceano; sem nos darmos conta, já vivemos nele; bastaria fazermos algumas pequenas aberturas, para sermos logo inundados por essa força formidável que é o amor."
 
 
"Querer possuir sempre mais, competir, é absolutamente normal. Quando é que começa a ser anormal? O organismo diz-nos isso tão claramente, que ninguém poderá contradizê-lo. O que faz o estômago quando lhe dais alimento? Ele só utiliza aquilo de que necessita. E nem sequer o utiliza apenas para si próprio; trabalha-o e depois distribui-o por todo o corpo. O estômago só fica, pois, com o que lhe é necessário para algumas horas; se, após essas horas, ele reclama mais algum alimento, é apenas em função das suas necessidades.
É graças a esta sabedoria do estômago que o homem tem boa saúde. Suponhamos agora que o estômago diz: «De hoje em diante, guardarei tudo para mim! Que representam esses idiotas, para que eu continue a dar-lhes qualquer coisa?... E depois, ninguém sabe o que o futuro reserva e eu tenho uma imensa prole cuja subsistência preciso de assegurar.» Então, ele começa a acumular os alimentos, e surge a doença. Se os humanos refletissem, perceberiam que se comportam como estômagos egoístas, que comprometem a saúde desse imenso organismo que é a humanidade."
 
 
"Enquanto não vos decidirdes a fazer um certo trabalho interior, mesmo que consigais melhorar a vossa situação material, após um breve momento de satisfação voltareis a cair nos mesmos estados de descontentamento, de azedume, de revolta. As carências psíquicas não encontram remédio no plano físico. No plano físico, pode acumular-se tudo o que se quiser: remédios, riquezas, poderes... até ao infinito; se não se estiver num estado de espírito conveniente, nunca se ficará verdadeiramente satisfeito. É na alma, nos pensamentos, na visão do mundo, na maneira de ver, de raciocinar, que deveis mudar alguma coisa. Senão, tudo o que possais acumular só vos causará saturação e desgosto."
 
"O vosso Mestre está a meditar. O melhor que tendes a fazer é meditar também. «Sim, mas hoje a meditação é demasiado longa!» Pois bem, isso é precisamente porque o Mestre sente melhor do que vós que há condições favoráveis e procura utilizá-las. Tentai, pois, utilizá-las também. Se o vosso Mestre está a fazer algo que não compreendeis, não discutais, não critiqueis, não vos revolteis, fazei como ele. Um dia, compreendereis. Entretanto, imitai-o, e assim a vossa inteligência desenvolver-se-á.
Sabeis porque foi escrito o livro A Imitação de Cristo? Precisamente porque é pela imitação de seres que nos ultrapassam que melhor podemos desenvolver-nos. E se nós perseverarmos, também nos tornaremos capazes de fazer, um dia, exatamente o que esses grandes seres fizeram."
 
 
"No nosso Ensinamento, as mais pequenas coisas, mesmo as que aparentemente são mais insignificantes, têm a sua razão de ser. Por exemplo: as pequenas pausas que fazemos entre os cânticos, o silêncio durante as refeições... Ainda não apreciais suficientemente todas as ocasiões que vos são dadas para vos apaziguardes, para vos ligardes ao mundo da harmonia. No entanto, sentis bem que a agitação da vida quotidiana acaba por transtornar o vosso sistema nervoso. O ser humano não foi feito para viver permanentemente nessa tensão, em que desperdiça as suas energias. Sempre a galopar, a galopar… não é normal, e um dia o sistema nervoso acaba por ir-se abaixo.
Quando trabalhamos todos juntos para criar uma atmosfera de harmonia e de amor, conseguimos tocar o nosso Eu superior, que projeta raios benéficos sobre as nossas células, e assim a nossa saúde restabelece-se. Inúmeras perturbações podem ser curadas desta maneira. Por isso, aproveitai todos estes minutos de silêncio para vos apaziguardes e recuperardes o equilíbrio."
 
 
"Nas nossas atividades quotidianas, encontramos os quatro estados da matéria: sólido, líquido, gasoso e ígneo. O estado sólido é representado pelos atos; o estado líquido, pelos sentimentos; o estado gasoso, pelos pensamentos; o estado ígneo, etérico, pelas atividades da alma e do espírito.
A cada um destes estados, ligados aos quatro elementos, corresponde simbolicamente uma prova particular na vida do homem: para o estado sólido, os tremores de terra; para o estado líquido, as chuvas e as inundações; para o estado gasoso, os furacões e as tempestades; para o estado ígneo, os incêndios e os raios. Refleti e descobrireis que a vossa vida psíquica é realmente atravessada por tais acidentes. Para serdes capazes de enfrentá-los, deveis trabalhar no sentido de conseguirdes fortalecer a vossa vontade, purificar o vosso coração, tornar esclarecido o vosso intelecto e santificar a vossa alma e o vosso espírito."
 
 
"O estado da aura, a sua pureza, a sua limpidez, dependem da maneira como o homem vive. Se ele se deixa levar pela preguiça interior, pelo materialismo, a sua aura torna-se semelhante a uma nuvem da qual se escapam miasmas malsãos de toda a espécie, que as outras pessoas sentem. Mesmo que não os vejam (porque, a menos que se seja clarividente, é difícil ver a aura dos humanos), elas sentem uma atmosfera pesada, obscura, como se estivessem perto de um pântano.
Ao invés, um Iniciado, um Mestre, que durante séculos e milénios trabalhou sobre todas as virtudes – o amor, a sabedoria, a pureza, o desapego... –, possui uma aura imensa, na qual as criaturas vêm banhar-se e se sentem alimentadas, apaziguadas, reforçadas, conduzidas numa direção divina."
 
 
"No dia em que conseguirdes fazer aparecer em vós a imagem da Divindade, os espíritos da Natureza, os quatro elementos, colocar-se-ão ao vosso serviço. Quando tiverdes um pedido a fazer-lhes, eles ficarão felizes por o satisfazerem, porque verão essa imagem, a única que respeitam. Se eles não virem em vós essa imagem, não só se oporão a vós, como até poderão desagregar-vos.
Houve magos negros que quiseram comandar assim os espíritos da Natureza, mas tornaram-se suas vítimas: os espíritos vingaram-se e dilaceraram-nos, porque não gostam de obedecer a pessoas que não têm amor, nem pureza, nem luz, e que tentam impor-se-lhes exclusivamente pela força das conjurações mágicas. O único poder que eles respeitam é a luz projetada pelo Iniciado que conseguiu fazer aparecer em si a verdadeira imagem de Deus."
 
 
"Ouve-se dizer muitas vezes esta frase: «Perdi a cabeça!» Sim, as pessoas já não se dominam, já não sabem o que dizem nem o que fazem: perdem a cabeça. É claro que a cabeça, aqui, é apenas um símbolo; podia ser o coração, pois o coração também é um centro essencial no homem.
Mas não tem qualquer importância que seja a cabeça ou o coração: na realidade, o que se perde, nesses casos, é a ligação com o mundo divino, graças ao qual todos os elementos e todas as atividades são coordenados. E assim se propaga a desordem. É uma debandada em todos os sentidos. Todas as células do vosso organismo ficam a saber que a cabeça, o chefe, não está lá, e que é chegado o momento de se revoltarem contra a ordem estabelecida: tornam-se inimigas e ameaçam-vos. Antes, eram submissas e obedientes, mas agora estão prontas a matar-vos. Vós estais de cama e elas dizem-vos: «Ah, ah! É muito bem feito, isso vai ensinar-te a abandonar a ligação com o Céu!» E rejubilam! Mas fazei com que o centro, o espírito, volte, e elas regressarão rápida e harmoniosamente ao trabalho."
 
 
"Uma árvore tem raízes, tronco e ramos, mas não é verdadeiramente uma árvore enquanto o espírito não começar a trabalhar sobre ela, para que produza folhas, flores e frutos. Passa-se o mesmo com o ser humano. Ele tem estômago, pulmões, cérebro, mas isso não lhe basta para se manifestar verdadeiramente como um ser humano. Como as raízes, o tronco e os ramos, os seus órgãos não passam de uma forma material, de um suporte através do qual o espírito deve trabalhar para fazer nascer as folhas, as flores e os frutos; as folhas equivalem ao estômago, as flores aos pulmões e os frutos à cabeça. A descida do espírito no homem é comparável à chegada da primavera, que dá à árvore a possibilidade de exprimir todas as suas riquezas ocultas."
 
 
"Simbolicamente, a eletricidade é o meio de aquecimento que corresponde aos Iniciados, aos seres que sabem ligar-se diretamente às correntes vindas do Céu, para fazerem funcionar os seus aparelhos interiores. Eles carregam no interruptor e sentem imediatamente um calor benfazejo.
Os outros, a maioria dos humanos, recorrem à lenha, ao carvão, ao petróleo, isto é, aos sentimentos, às emoções, e têm de retirar constantemente as cinzas, os resíduos, e abastecer-se novamente de combustível. Sim, a maioria é obrigada a ocupar-se continuamente do seu fogo, mas sem grande resultado. E mesmo que provoquem incêndios com as suas paixões descontroladas, têm sempre frio. No entanto, desde o começo, existe em cada ser uma lareira bem equipada com todo o combustível necessário, mas há muitos a quem ainda falta o fósforo, a centelha do espírito que fará brotar a chama: o contacto com o mundo divino."
 
 
"Depende exclusivamente de vós tornar a vossa vida feliz, rica e plena, mas para isso é preciso que aprendais a abrir-vos, a tornar-vos interiormente mais generosos. Porque sois tão avarentos? Esperais sempre que sejam os outros a dar o primeiro passo, a saudar-vos, a sorrir-vos. Não! Não deveis continuar à espera, vós é que deveis projetar sempre mais luz e mais amor, e perfumar a atmosfera que vos rodeia com as vossas emanações. Então, até as pedras dos caminhos começarão a vibrar e todos os que se aproximarem de vós sentirão que chega até eles uma vibração desconhecida.
O homem é capaz de animar e de espiritualizar a matéria, e não apenas a matéria das suas próprias células, mas toda a Natureza à sua volta, incluindo as pedras. Para tal, não deve esperar tudo dos outros, mas aprender a arrancar do seu coração, da sua alma, partículas de luz e de amor."
 
 
"Todos devemos dirigir-nos a esse princípio universal que está na origem de todas as religiões – o Sol – e deixar-nos penetrar pelo exemplo que ele nos dá, dia após dia. É esta a religião do Sol: iluminar, aquecer e vivificar todas as criaturas, sem exceção. Mesmo antes de os humanos aparecerem na Terra, lá estava ele, e desde sempre lhes diz: «Ultrapassai as vossas conceções limitadas; fazei como eu: iluminai, aquecei, vivificai; abraçai o mundo inteiro com a vossa inteligência e o vosso amor!»
A única religião verdadeira é a religião solar, que nos ensina a tornarmo-nos luminosos, calorosos, vivificantes, isto é, a trabalharmos para adquirir a sabedoria interior que esclarece e resolve os problemas, o amor desinteressado que embeleza, encoraja e consola, e a vida subtil, espiritual, que nos torna ativos, dinâmicos e audaciosos, a fim de realizarmos na terra o Reino de Deus e a sua Justiça. Ninguém poderá combater esta religião; aquele que tenta opor-se-lhe, destrói-se a si próprio, porque se limita."
 
 
"O que é uma civilização? A consequência da água. Sim! Vede onde os humanos instalaram as suas habitações desde as origens: à beira da água. Onde houver água a correr, aparece uma flora, uma fauna, e os humanos instalam as suas casas. Mas a água pode ser compreendida em diversos planos. A água também pode ser o amor. Enquanto não houver amor, é o deserto.
A maioria das pessoas, infelizmente, quando quer construir alguma coisa, não pensa que o amor é necessário, conta apenas com a organização. Pois bem: estão enganadas! Enquanto não houver a vida, o amor, que é o verdadeiro motor das coisas, nada funciona. Mas logo que aparece o amor, mesmo que nada seja organizado, tudo ocupa o seu lugar."
 
 
"Perante certas questões de ordem espiritual, os cientistas deveriam dizer: «O atual estado dos nossos conhecimentos não nos permite pronunciarmo-nos; ainda temos de estudar e descobrir outros meios de investigação.» Mas não. Em vez de adotarem esta atitude, a única que seria razoável, eles pronunciam-se. Tomam-se a si próprios por medida universal, e assim, com as suas próprias limitações, induzem a humanidade em erro!
Como é possível que, quando um explorador vai ao outro extremo do mundo e conta que viu um tal país, uma dada montanha, um determinado animal, se acredite nele, mas se recuse acreditar naqueles que foram visitar outras regiões, as regiões espirituais, e que vêm relatar a sua viagem? Os exploradores, os etnólogos, poderiam estar a mentir, porém acredita-se neles; mas, quando se trata de exploradores do mundo invisível, já ninguém confia. Porquê?... Pois bem, um dia haverá surpresas, porque a ciência oficial será obrigada a reconhecer todas as verdades da Ciência Iniciática."
 
 
"Quando amais ternamente um ser, que força é essa que vos ensina a olhá-lo, a acariciá-lo, a ser gentil com ele e a oferecer-lhe presentes? E, quando estais zangados com ele, qual é a força que vos ensina a fulminá-lo com o olhar ou até a bater-lhe? Quer se trate de amor ou de cólera, é sempre a mesma força, mas ela ora se manifesta sob uma forma venusiana e age com delicadeza, expressividade, poesia, doçura, ora se torna marciana e então pode ser terrível. Mas é sempre a mesma força.
Aliás, apercebemo-nos disso quando o amor manifestado de maneira muito inferior se transforma em violência: a pessoa quer impor-se, torna-se cruel, dura, não pensa na outra, só procura satisfazer-se, saciar os seus próprios desejos, e então, obviamente, esse amor não é lá muito estético, nem salutar, nem generoso, nem divino. Mas quem manifesta um grau superior de amor age necessariamente com ternura, com delicadeza, e preocupa-se muito mais com a felicidade e com o futuro da pessoa que ama. É esta a diferença."
 
 
"Para que seja realmente eficaz, a prece deve ser feita nos três mundos: físico, astral e mental. Se uma prece ficar só no mundo do pensamento, não produzirá resultados no plano físico. Para se obter efeitos no plano físico, é necessária a palavra, porque as vibrações sonoras agem sobre a matéria. Sem a palavra (a carne), apenas tereis dado a alma, e esta, então, tem de procurar obter materiais do mundo astral e físico para se realizar.
Ao invés, se acompanhardes o pensamento com um sentimento intenso que lhe sirva de alimento e o lançardes no plano físico por meio da palavra, tereis as melhores condições para a realização, porque fornecereis aos espíritos os elementos físicos que eles não possuem. Mostrar-lhes-eis que conheceis as leis e também facilitareis o seu trabalho."
 
 
"Todos os humanos desejam a felicidade, mas não sabem como hão de obtê-la nem sequer imaginam que, para isso, há um trabalho a fazer e uma disciplina a seguir. Uma vez que vieram à terra, que comem, bebem, dormem, passeiam, fazem uns trabalhitos, têm filhos... pensam que devem ser automaticamente felizes. Mas os animais têm mais ou menos as mesmas atividades… Então, não basta estar no mundo para se ser feliz. Para se ser feliz, há um certo número de coisas a fazer... e outras a não fazer!
Se quiserdes a felicidade, parti à procura dos elementos que vos permitam alimentá-la. Esses elementos pertencem ao mundo divino e, quando os tiverdes encontrado, amareis o mundo inteiro e sereis amados; tereis uma melhor compreensão das coisas e, finalmente, o poder de agir e de realizar."
 
 
"Não vos preocupeis com coisa alguma que não seja viver uma vida pura, intensa, luminosa, pois essa vida encarregar-se-á de atrair para vós os seres que vos serão favoráveis, que vos ajudarão, que vos amarão. Vivei simplesmente essa vida e deixai-a agir; ainda não sabeis até onde ela pode ir para convidar as criaturas que têm afinidades convosco e conduzi-las até vós. Vivei essa vida, e um dia direis: «Não procurei a minha alma gémea, não procurei a minha amada, no entanto ela veio... Das profundezas do Universo, ela veio...».
Mas é tão difícil fazer os humanos compreenderem isto! Eles não emanam nada de bom nem de luminoso, suscetível de atrair o ser maravilhoso por quem esperam, e, para encontrarem essa alma gémea, põem um anúncio nos jornais, vão a todas as receções e até aos clubes noturnos. Evidentemente, aí encontram facilmente, mas o quê?"
 
 
"O subconsciente é uma região obscura, comparável às profundezas do oceano. É perigoso mergulhar nele sem se estar equipado com o material necessário, porque nessas profundezas há monstros que vos devoram.
Perguntar-me-eis: «Mas onde é que devemos equipar-nos?» Ora bem, isso é que não é lá muito fácil. Só podeis encontrar esse equipamento numa região situada acima da consciência e da autoconsciência: a supraconsciência. É até lá que deveis elevar-vos antes de mergulhardes no subconsciente, porque só na supraconsciência adquirireis conhecimentos sobre a estrutura dessas regiões obscuras e a natureza das entidades que nelas habitam; e é também lá que podereis desenvolver uma vontade poderosa e uma aura luminosa, que vos permitirão descer sem perigo aos abismos. Os espíritos inferiores só dispersarão se virem que estais instruídos e bem armados."
 
 
"Numerosos contos se referem a uma bela princesa que um dragão mantém cativa num castelo no qual se amontoam tesouros. Vários cavaleiros vão aparecendo para libertar a princesa, mas todos são vencidos pelo dragão... Até ao dia em que, finalmente, chega um cavaleiro mais jovem, mais belo e mais puro que os outros, ao qual uma fada, que conhece as fraquezas do dragão, confiou um segredo para o vencer. Uma vez vencedor, o cavaleiro liberta a princesa, e que doces beijos eles trocam! Dali em diante, todos aqueles tesouros acumulados durante séculos no castelo pertencem a esse belo cavaleiro que alcançou a vitória graças à sua coragem, à sua ciência e ao seu amor. Depois, os dois, montados no dragão que vomita fogo, vão correr mundo.
Na realidade, esta história tem um significado muito profundo, porque fala do homem e da sua vida psíquica. O dragão representa a força sexual; o castelo é o corpo do homem, com todos os seus tesouros; a princesa é a alma que o cavaleiro, o ego do homem, deve libertar. Finalmente, as armas de que ele se serve são os meios – a vontade, a ciência – que tem à sua disposição para dominar essa força e utilizá-la."