domingo, 9 de julho de 2023

MESTRE OMRAAM MIKHAEL AIVANHOV

 

"Precisamos de aprender a servir-nos de todas as ocasiões que nos são proporcionadas para ultrapassarmos a mediocridade da existência. O silêncio da noite, o céu estrelado, oferecem-nos precisamente as condições ideais para esquecermos um pouco as questões humanas e pensarmos noutros mundos, onde seres mais evoluídos do que nós vivem em harmonia e esplendor. Tudo o que nos causa preocupações nada representa para eles; são acontecimentos insignificantes. Perguntareis: «O quê? Fomes, massacres, cataclismos, são acontecimentos insignificantes? Que horror!» Sim, é horrível. Mas, aos olhos da Inteligência Cósmica, nada disso é digno de atenção, só os acontecimentos da alma e do espírito são importantes."
 
"Os humanos estão sempre a transgredir as leis divinas e, como não podem aperceber-se logo das deteriorações que em si ocorrem, imaginam que poderão continuar impunemente… Mas, quando os vermes ou as térmitas se alojam nas vigas de uma casa, não se veem as consequências das suas idas e vindas, até ao dia em que a casa desaba… Fiar-se nos resultados imediatos é, pois, um péssimo raciocínio.
Muitas pessoas têm vindo falar comigo para se queixar, dizendo: «Mestre, há anos que faço um trabalho espiritual e não vejo qualquer resultado!» Também este é um mau raciocínio. O trabalho dos espíritos luminosos no homem também não pode ser imediatamente visível e tangível. A química dá-nos uma imagem deste processo de transformação. Se deitardes um líquido ácido, gota a gota, numa solução básica, não vereis qualquer reação… até que juntais mais uma gota e, de repente, a solução muda de cor. Não devemos pensar, pois, que nada está a acontecer só porque, durante algum tempo, não notamos qualquer alteração."
 
"Deveis pensar constantemente em restabelecer, em vós, a ligação entre o mundo inferior e o mundo superior. O que é uma varinha mágica? Precisamente uma haste que liga os dois mundos. Um mago que não possua interiormente esta haste não poderá acionar as forças da Natureza nem realizar um ato mágico. Mesmo que tenha uma varinha física, esta será exterior a ele, porque ele não compreendeu que a verdadeira varinha mágica é uma ligação viva que lhe permite fazer circular a corrente entre a terra e o Céu, como quando se liga uma ficha a uma tomada de eletricidade. A função da varinha mágica é permitir uma ligação para que as energias circulem entre um mundo e o outro.
Existe uma central elétrica – Deus – que fornece a corrente; mas, para a lâmpada se acender, é preciso ligá-la, introduzir a ficha na tomada. A varinha mágica é precisamente a ficha. Portanto, quando o mago possui esta ficha na cabeça e no coração, e tem na mão uma varinha mágica, que representa essa ficha no plano físico, pode fazer passar forças do mundo divino para o mundo físico. É este o simbolismo da varinha mágica."
 
"Os discípulos de uma Escola Iniciática são como pomares onde crescem todas as espécies de árvores de fruto que os agricultores divinos, os espíritos inteligentes e luminosos da Natureza, vêm visitar. Dizem eles: «Oh, esta melancia, este melão, este pêssego… têm um aspeto magnífico! Vamos lá saboreá-los!» Sim, quando eles veem um ser que, finalmente, desperta para a vida espiritual, ocupam-se dele e deliciam-se com tudo o que de luminoso ele irradia e emana. Todas as mulheres e todos os homens são assim visitados por agricultores do Céu.
Alguém dirá: «Mas eu nada tenho para dar, não sou um pomar. Como é que poderão vir colher alguma coisa em mim?» Na realidade, há sempre um elemento útil para colher, até nas plantas venenosas, quanto mais não seja para fazer medicamentos. Por isso, mesmo que nem sequer suspeitem disso, os humanos são visitados por criaturas do outro mundo que vêm recolher elementos que eles emanam, para os utilizarem. "
 
"Por toda a parte se vê pessoas que fazem tudo o que podem para subir de posição. Elas sabem que, sempre que subirem um degrau, serão mais consideradas, ganharão mais dinheiro, terão mais responsabilidades e mais pessoas sob as suas ordens. Sim, há uma mudança de situação! Em tudo isto há um grande ensinamento. Toda a gente sabe que é assim e procura pôr isso em prática. Infelizmente, apenas uma pequeníssima minoria de seres compreendeu que esse mesmo esforço para subir de posição deve ser feito interiormente, para se ser escutado e obedecido, e para se ter maior prestígio perante esse povo interior – as suas células – que só quer fazer o que bem entende.
Observai um agente da polícia que regula o trânsito na rua: toda a gente lhe obedece. «Circular, circular!», diz ele, e até os mais famosos professores circulam. Talvez ele nem tenha qualquer instrução, mas um uniforme e um bastãozinho são suficientes. Acontece o mesmo convosco: se usais um certo “vestuário”, certas “insígnias”, as vossas células, que são os vossos súbditos, os vossos subalternos, ficam impressionadas e obedecem-vos."
 
"Reparai como, no plano físico, os humanos souberam aperfeiçoar os utensílios e os aparelhos com que têm de trabalhar e defender-se: os martelos pneumáticos que substituíram as picaretas e as enxadas, os aspiradores que substituíram as vassouras… e também os tanques, os canhões, os mísseis… Mas no plano espiritual continuam pobres, sem recursos. No entanto, existem meios e armas de toda a espécie: um talismã, um pantáculo, a imagem de um santo, uma cruz… Tudo o que foi descoberto no plano físico tem o seu equivalente no plano espiritual. As roupas, por exemplo, que são uma proteção contra o frio e contra os choques, representam uma espécie de talismã.
No plano espiritual, é a aura que desempenha esse papel. A aura é uma das melhores proteções, mas tudo pode servir de proteção, até um olhar, um sorriso ou um gesto com a mão. Quantas vezes as pessoas se servem da mão para se protegerem fisicamente! É preciso aprender a também usá-la para se proteger no plano espiritual."
 
"Quando vedes um homem sofrer, ignorais se os seus sofrimentos lhe foram infligidos pela justiça divina ou se são sofrimentos que ele livremente consentiu. Como podemos saber se alguém foi punido ou se escolheu sacrificar-se? Muitas pessoas dizem: «Este homem é bom e honesto, mas sofre; é porque, numa encarnação anterior, cometeu erros que agora tem de reparar», e nada fazem para o ajudar. Mas talvez se enganem.
É extraordinário! Quando as pessoas sofrem, pensam, evidentemente, que esse sofrimento é injusto, que não o merecem, mas para o sofrimento dos outros encontram sempre uma justificação. Pois bem, doravante deveis fazer o contrário: quando sofrerdes, dizei para convosco que esse sofrimento é certamente justificado; mas, quando forem os outros a sofrer, pensai que eles talvez não sejam culpados, e que merecem a vossa compreensão e o vosso apoio. Este modo de pensar ajudar-vos-á imenso a evoluir."
 
"Os humanos estão sempre a transgredir as leis divinas e, como não podem aperceber-se logo das deteriorações que em si ocorrem, imaginam que poderão continuar impunemente… Mas, quando os vermes ou as térmitas se alojam nas vigas de uma casa, não se veem as consequências das suas idas e vindas, até ao dia em que a casa desaba… Fiar-se nos resultados imediatos é, pois, um péssimo raciocínio.
Muitas pessoas têm vindo falar comigo para se queixar, dizendo: «Mestre, há anos que faço um trabalho espiritual e não vejo qualquer resultado!» Também este é um mau raciocínio. O trabalho dos espíritos luminosos no homem também não pode ser imediatamente visível e tangível. A química dá-nos uma imagem deste processo de transformação. Se deitardes um líquido ácido, gota a gota, numa solução básica, não vereis qualquer reação… até que juntais mais uma gota e, de repente, a solução muda de cor. Não devemos pensar, pois, que nada está a acontecer só porque, durante algum tempo, não notamos qualquer alteração."
 
"O Mestre Peter Deunov dava-nos a seguinte regra: «Põe a bondade como base da tua vida, a justiça como medida, a sabedoria como barreira, o amor como deleite e a verdade como luz.»
Se refletirmos no sentido deste preceito, achá-lo-emos notavelmente acertado. A bondade é a única base sólida sobre a qual um edifício pode assentar. Mesmo que esse edifício seja belo e inteligente, desmoronar-se-á se a bondade não o sustentar. A justiça traz a moderação; para se ser justo – como o indica a balança, que é o seu símbolo –, é necessário preservar sempre o equilíbrio: acrescentar um pouco de um lado, restringir um pouco do outro… A sabedoria é uma barreira que nos permite protegermo-nos dos inimigos exteriores e interiores que nos ameaçam. Sem amor, a vida parece-nos insípida; ainda que tenhamos tudo – riqueza, saber, glória –, sem amor não teremos nenhum gosto pela vida. A verdade é a luz que ilumina a nossa estrada; sem ela, ficamos na escuridão e perdemo-nos."
 
"Habituai-vos a concentrar-vos na luz celeste durante as meditações, para a atrairdes e a introduzirdes em vós. Pouco a pouco, ela substituirá todos os materiais usados, envelhecidos, sujos, por partículas novas da maior pureza. Quando tiverdes introduzido a luz em vós, devereis exercitar-vos a enviá-la também ao mundo inteiro, para ajudardes os humanos.
Com o pretexto de que não têm dons nem qualidades extraordinárias, muitas pessoas julgam que isso é justificação para viverem de uma forma egoísta e medíocre. Não! Ninguém pode justificar-se assim. Ainda que se seja o ser mais desprovido sob todos os pontos de vista, pode-se fazer o trabalho com a luz, e ao fazê-lo realiza-se algo muito mais importante e mais útil do que tudo o que pode ser realizado pelas pessoas mais capacitadas em todos os outros domínios. Até o ser mais deserdado tem a possibilidade de adquirir esse estado de consciência superior, a fim de poder trabalhar para atrair a luz e enviá-la a toda a humanidade."
 
"Os anais da Ciência Iniciática relatam que já desapareceram muitas humanidades e que, entre elas, algumas tinham uma cultura muito mais avançada do que a nossa. Desapareceram devido às tendências da natureza inferior, que levam os seres a quererem dominar e subjugar tudo pela violência. Ora, nas sociedades atuais, estas tendências manifestam-se cada vez mais, o que é um péssimo presságio para o futuro da nossa humanidade.
 Por isso, é urgente que os humanos aprendam a pôr os impulsos da sua natureza inferior ao serviço da sua natureza superior. Senão, a Inteligência Cósmica, que vive na eternidade, não se preocupará com mais uma humanidade ou menos uma humanidade. Já desapareceram tantas outras que, se esta também desaparecer e por culpa própria, isso não a perturbará muito: com alguns indivíduos que ficarem, ela preparará uma nova. Compete-nos a nós não nos destruirmos. Se fizermos tudo o que concorre para sermos destruídos, a Inteligência Cósmica ficará impassível e deixar-nos-á fazê-lo."
 
"As pessoas queixam-se cada vez mais da poluição: está tudo poluído – a terra, a água e o ar – e as plantas, os peixes, as aves e os humanos estão cada vez mais ameaçados. As soluções para isso são difíceis de encontrar e, mesmo que sejam encontradas, só afetarão o lado exterior, o plano físico, o que é insuficiente, porque no mundo psíquico também se propagam produtos tóxicos, gases de escape, fumos, que estão a matar a humanidade.
O facto de, presentemente, haver tantos doentes não se deve apenas à poluição do ar, da água e dos alimentos. Se a atmosfera psíquica não estivesse tão poluída, os seres humanos conseguiriam neutralizar todos os venenos exteriores. O mal está, em primeiro lugar, no interior. Quando o ser humano vive em harmonia, as forças que ele possui interiormente reagem e eliminam as impurezas, incluindo as do plano físico, e assim o organismo consegue defender-se. É no plano psíquico, em primeiro lugar, que as pessoas estão vulneráveis, e pouco a pouco essa vulnerabilidade estende-se ao plano físico."
 
"Nós temos necessidade de estar em contacto com essa força luminosa, calorosa e vivificadora que é o Sol, para podermos compreendê-la e recebê-la. Mas, para entrarmos em contacto com o Sol, não devemos ter a cabeça ocupada com preocupações suscetíveis de nos conduzirem a outros domínios; o nosso coração não deve estar ocupado com isto e com aquilo, mas concentrado no Sol; por fim, devemos estar suficientemente bem dispostos fisicamente para permanecermos vigilantes diante do Sol.
Portanto, são três as condições: libertar o pensamento, libertar o coração e estar em bom estado físico. Nestas circunstâncias, podemos concentrar-nos para receber os raios solares, que são vivos, poderosos, ricos, e imaginar que os armazenamos nas células do cérebro e, sobretudo, no plexo solar, porque o plexo solar é como um reservatório capaz de conter essas energias, que depois poderemos ir usando à medida que necessitarmos."
 
"Existem seres que vêm ao mundo totalmente isentos de defeitos e de paixões; esses seres estão predestinados a um grande trabalho. É evidente que são muito raros, por causa da hereditariedade, pois na Terra quase não há famílias perfeitamente puras e capazes de dar um corpo perfeito aos espíritos luminosos que querem vir encarnar-se. Mesmo os maiores Iniciados são obrigados a trabalhar durante vários anos os seus corpos para corrigirem alguns defeitos, alguns desequilíbrios. Por mais que o seu espírito queira ajudar a mãe durante a gestação e trabalhar com ela na recolha dos melhores materiais, eles não conseguem impedir que alguns defeitos hereditários se infiltrem.
Por isso, aqueles que querem constituir família nunca devem esquecer que têm grandes possibilidades de ajudar os espíritos luminosos a encarnar nas melhores condições. E que reconhecimento receberão, então, desses espíritos que se tornarão seus filhos! Atualmente, eles não são muito ajudados e, ainda que venham das regiões celestes, são obrigados a carregar pesados fardos."
 
"Dedicai pelo menos alguns minutos por dia a introduzir a harmonia em vós. Fechai os olhos, esforçai-vos por libertar o pensamento das preocupações diárias e dirigi-o para as alturas, para as fontes da vida que dão de beber a todo o Universo.
Quando sentirdes que conseguistes deter a torrente de pensamentos e de imagens que vos atravessa, pronunciai interiormente a palavra “obrigado”. É uma palavra das mais simples, mas que desfaz o nó de todas as tensões, porque ao agradecerdes conciliais-vos com o Céu, saís do círculo restrito do vosso eu para entrar na paz da consciência cósmica... Permanecei o máximo de tempo possível nesse estado e, quando regressardes dele, sentireis que novos elementos, muito preciosos, se introduziram em vós: a serenidade, a lucidez e a força."
 
"Quem trabalha com o frio (a sabedoria) também deve trabalhar com o calor (o amor) e inversamente, porque nesta passagem de um polo ao outro recupera o equilíbrio e descobre a vida que se encontra neste movimento de vaivém. Aqueles que ficam eternamente no frio ou no calor não evoluem, para eles está tudo acabado.
Como procedeis quando quereis cozer legumes? Colocais a panela ao lume, mas, passado algum tempo, retirai-la. Porque não deixais queimar tudo? Porque sois sensatos. Se sentis amor por alguém, isso está muito certo; mas a sabedoria diz-vos que não deveis ir demasiado longe, porque isso não é desejável. Se sentirdes o calor a subir por causa de alguém, não deixeis a panela ao lume! O calor (o amor) é bem-vindo, mas deve ser seguido de um arrefecimentozinho: a sabedoria."
 
"Quando vos concentrais no mais alto ideal, o próprio Deus, que é beleza, luz, pureza, poder absoluto, realiza-se um fenómeno mágico: entre as forças do vosso ser e esse ideal tece-se toda uma rede de energias.
O ideal põe em ação as forças ocultas no interior do ser, desperta-as e atrai-as para si. Há uma polarização entre o ser e o ideal, que não só serve de termo de comparação, de medida, de modelo, de padrão, mas também age como fator mágico, pondo em ação as forças da consciência, da consciência de si mesmo. O ideal age sobre o mental, para que ele aprenda a distinguir, a discernir, a classificar e a reconhecer o que é perfeito; no coração, o ideal desperta o calor, o amor; e a vontade é estimulada, dinamizada, por ele. É, pois, o vosso ideal que vos traz a harmonia, que põe todas as células em consonância com o próprio Deus."
 
"Porque esperais que sejam sempre os outros a começar a trabalhar para melhorar o mundo? Porque não começais vós? Esperais que sejam outros a fazer esse esforço, mas eles agem do mesmo modo, esperam que sejais vós a começar, e isso pode prolongar-se indefinidamente.
Para se fazer o bem num mundo onde tudo se deteriora, é preciso ter muita vontade e muita fé! Mas isso é que é meritório. Em condições favoráveis, é muito fácil acreditar no bem e realizá-lo: tudo é simples, agradável. Não, não! É agora, que a situação piora, que é meritório continuar, sem se deixar influenciar pelas condições. É preciso aprender a contar com os poderes do espírito, é aí que se vê o verdadeiro espiritualista. Há muitas pessoas que se dizem espiritualistas, mas diante do mais pequeno obstáculo ficam imediatamente por terra... Sejam quais forem as condições, mesmo quando há tempestades, o verdadeiro espiritualista esforça-se sempre por despertar os poderes da vontade, do bem e da luz."
 
"A verdadeira moral está assente em leis estabelecidas pela Inteligência Cósmica, não é uma invenção humana que varia consoante as épocas e os lugares. Se tiverdes transgredido as leis humanas, certos códigos, certas prescrições, e fordes apanhados, tereis de pagar; mas, se conseguirdes escapar, a Natureza não virá punir-vos, porque apenas transgredistes a moral humana. Mas, se transgredirdes as leis da Natureza, não lhes escapareis. Ainda que os humanos venham inclinar-se perante vós e vos tragam coroas, a Natureza punir-vos-á: adoecereis, física ou psiquicamente. Evidentemente, isto não é razão para se transgredir as leis humanas. Está escrito: «Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus», quer dizer, respeitai também as leis do país, as leis humanas, mas respeitai acima de tudo as leis de Deus."
 
"Consoante a maneira como considerais os seres ou as coisas, assim lhes acrescentais ou suprimis alguns elementos. Suponhamos que precisais de tomar um medicamento: depende muito de vós diminuir ou intensificar a sua eficácia. Se não tiverdes muita confiança nele, ainda assim ele atuará, mas menos eficazmente do que se depositásseis nele toda a vossa fé.
Pela maneira como considerais as coisas, introduzis nelas um elemento que vos pertence e que pode transformá-las. Mas os humanos, geralmente, limitam-se a considerar cada coisa tal como é; são passivos, não são criadores. E é pena! Se agissem com consciência, poderiam acrescentar muitos elementos benéficos a tudo o que fazem."
 
"Quereis saber o que acontecerá se vos deixardes arrastar pela sensualidade? Ficareis exatamente como os bêbados: completamente idiotas e atordoados. Retorquireis: «Ah, não! Eu conheço homens que mudam constantemente de amantes e que, no entanto, leem, estudam, fazem trabalhos formidáveis!» Sim, é certo, essa sensualidade é compatível com algumas faculdades intelectuais ou artísticas, mas quando se tratar de atingir as religiões celestes, de fazer um trabalho espiritual, eles aperceber-se-ão de que já não possuem os elementos necessários e, aliás, não terão sequer o desejo de se elevar.
Reparai nas abelhas que estão cheias de mel: ficam pesadas demais e já não conseguem voar. Acontece o mesmo com os homens e as mulheres que não aprenderam a controlar os seus instintos sexuais: podem continuar a fazer toda a espécie de trabalhos, mas já não conseguem voar, as regiões celestes ficam-lhes interditas..."
 
"Tem-se instruído os humanos em toda a espécie de atividades, mas nunca se lhes ensinou o que é o verdadeiro trabalho. O verdadeiro trabalho consiste em dirigir-se para a perfeição do Senhor, e nós recebemos todos os meios para o conseguir: a vontade, o coração, o intelecto, a alma, o espírito...
Infelizmente, quando se trata de fazer loucuras e de se autodestruir, todos revelam capacidades, usando para isso tudo o que a Natureza lhes deu – os olhos, a boca, as mãos, os pés, o sexo. Mas quando se trata de realizar um trabalho sublime, eles ficam quietos, sem fazer nada. Doravante, devemos mobilizar todos os órgãos e faculdades que a Natureza nos deu para chegarmos à perfeição e nos tornarmos, finalmente, verdadeiros filhos e filhas de Deus."
 
"Porque esperais que sejam sempre os outros a começar a trabalhar para melhorar o mundo? Porque não começais vós? Esperais que sejam outros a fazer esse esforço, mas eles agem do mesmo modo, esperam que sejais vós a começar, e isso pode prolongar-se indefinidamente.
Para se fazer o bem num mundo onde tudo se deteriora, é preciso ter muita vontade e muita fé! Mas isso é que é meritório. Em condições favoráveis, é muito fácil acreditar no bem e realizá-lo: tudo é simples, agradável. Não, não! É agora, que a situação piora, que é meritório continuar, sem se deixar influenciar pelas condições. É preciso aprender a contar com os poderes do espírito, é aí que se vê o verdadeiro espiritualista. Há muitas pessoas que se dizem espiritualistas, mas diante do mais pequeno obstáculo ficam imediatamente por terra... Sejam quais forem as condições, mesmo quando há tempestades, o verdadeiro espiritualista esforça-se sempre por despertar os poderes da vontade, do bem e da luz."
 
"Muitas vezes se tem representado Jesus como o “bom pastor” que protege as suas ovelhas. Mas o homem também é um pastor para as suas células e deve protegê-las dos lobos que tentam constantemente introduzir-se no redil, ou seja, dos micróbios, dos vírus, e também dos espíritos malfazejos – os indesejáveis – que o atacam constantemente.
Quando o homem não adota as grandes verdades do mundo divino nem vive em harmonia com as regras da Natureza viva, o seu organismo enfraquece. Por isso, ele deve ligar-se à luz e aprender a projetá-la nas suas células, para expulsar os “lobos” do interior. É este o ensinamento de Cristo. De nada serve amar Jesus e pregar, como se faz há dois mil anos; isso é o lado exterior da religião, o lado fácil. A verdadeira religião do Cristo consiste em depositar toda a confiança no poder da luz, no poder do espírito que vivifica, reforça e liberta. Então, sim, o homem torna-se um bom pastor para as suas ovelhas."
 
"A solidão é um estado de consciência que todos, mesmo os maiores Iniciados, têm de atravessar num momento ou noutro da sua existência. É um espaço vazio e tenebroso, em que já não se sabe onde se está nem para onde se vai... O próprio Cristo atravessou esse espaço escuro e desértico, quando disse: «Pai, pai, porque me abandonaste?» Todos conhecerão um dia esta solidão indescritível. Porquê? Porque a fé, a esperança e o amor verdadeiros não se desenvolvem quando se está feliz, satisfeito, rodeado de amigos, mas quando se sente que se está só e abandonado.
Na realidade, nenhum ser está abandonado, no verdadeiro sentido do termo; todos estão rodeados de espíritos e de entidades de toda a espécie. Quando se passa por certas provações, poder-se-á sentir que se está só e abandonado, mas na realidade não é assim, a solidão não existe. Por isso, não há outro meio para atravessar esse estado interior que não seja apoiar-se no Ser que sustenta todos os mundos, todas as estrelas; é preciso crer nesse Ser imortal, amá-1’O e ter esperança n’Ele."
 
"Por vezes, é útil fazer um retiro de alguns dias para esquecer as preocupações, os problemas. Dir-me-eis: «Mas então, se procurarmos escapar aos problemas, nunca os resolveremos!» Ah! É precisamente aí que vos enganais. Não é quando estais obcecados com os vossos problemas que estais nas melhores condições de os resolver; pelo contrário, muitas vezes até os alimentais. Experimentai pôr os vossos problemas algures num canto e, algum tempo depois, mercê do vosso trabalho interior, recebereis uma luz que vos permitirá achar a solução.
Diz-se que a noite é boa conselheira. É verdade, porque durante o sono esquece-se tudo e faz-se um trabalho no subconsciente que vai permitir ver com mais clareza e encontrar soluções. Não poderíeis, então, fazer conscientemente a mesma coisa de vez em quando?"
 
"Há pessoas que, julgando ver o prestígio do Senhor atacado por toda a parte, se mobilizam para O defender. Como se o Senhor fosse tão fraco, que precisasse de ser defendido! Mas é isso que elas pensam. E então condenam, perseguem, massacram... Se fossem honestas, pediriam a opinião do Senhor, que é Amor, e ouvi-l’O-iam responder-lhes: «Não vos preocupeis com isso, que não é da vossa conta. Se eles são realmente assim tão maus, destruir-se-ão a si próprios.» Mas acreditais que é realmente o Senhor que elas defendem? Não; o que elas defendem é a sua “lojeca”, o seu prestígio, a sua influência, o seu poder, apenas isso. Que hipocrisia! Quando se quer verdadeiramente defender o Senhor, deve-se manifestar, como Ele, paciência e amor."
 
"Todas as Iniciações, tanto as do passado como as atuais, ensinam uma única coisa: como realizar a união do espírito com a matéria. Sim, apenas uma coisa: a união, a fusão do espírito com a matéria, do homem com o seu Criador, mas as explicações para esta fusão, as maneiras de a apresentar, os seus aspetos, são infinitos. É preciso adquirir milhares de conhecimentos para se realizar essa fusão. Todas as ciências se encontram ao serviço de um único objetivo: a união com a Divindade, a fusão com a Causa primeira.
Os humanos estão sempre à procura não se sabe de quê... Mas não é preciso procurar, é tudo claro: há que procurar apenas a união com Deus, nada mais, e todas as descobertas nos diversos campos da ciência só devem contribuir para realizar esta união."
 
"Quando estais enamorados, duvidais do que sentis? Não. No entanto, não vedes o vosso amor nem lhe tocais. É algo impalpável. Quando tendes uma opinião, podeis vê-la? Não. Todavia, estais prontos, por vezes, a bater-vos e a morrer por ela. Quando dizeis: «Na minha alma e na minha consciência, condeno este homem», também o condenais em nome de algo que não podeis ver. Como é possível que deis tanta importância a uma alma e a uma consciência que são invisíveis? Toda a gente, sem se aperceber, só acredita em coisas invisíveis, impalpáveis: todos sentem, amam, sofrem, choram e se regozijam por razões invisíveis... E depois afirmam que só acreditam no que veem, no que tocam! Que contradição!..."
 
"Nunca sereis um verdadeiro economista enquanto não tiverdes compreendido que a economia consiste, antes de mais, em não desperdiçardes as forças e as qualidades que o Céu vos deu. Sim, a economia começa pela sabedoria, pela noção da medida certa, pela atenção. Atualmente, vê-se economistas por toda a parte, há-os aos montes! Mas a humanidade nunca poderá encontrar a felicidade com esses economistas, porque eles só veem o lado material da vida e dos problemas.
É em cima, no plano psíquico, que deve começar a economia: nos pensamentos, nos sentimentos, nos olhares, nas palavras, na maneira de agir, para não provocar desordens no mundo invisível. Porque o mundo invisível é povoado, organizado e regido por leis. E se, inconscientemente, alguém desencadeia mecanismos, perturba entidades ou transgride leis, sofre as consequências disso... Até ter compreendido o que é a verdadeira economia."
 
"Quando quiserdes meditar, não tenteis concentrar-vos bruscamente, caso contrário ireis bloquear o cérebro. O pensamento gosta de flutuar e de vaguear, por isso deveis começar por deixá-lo em liberdade por uns momentos. É muito suavemente que se deve pôr em ação este aparelho que é o cérebro, exatamente como se se deixasse aquecer o motor de um automóvel antes de se arrancar com ele.
Começai por entrar num estado de paz e de harmonia, e depois, suavemente, conduzi o pensamento na direção que desejais que ele tome; algum tempo depois, ele estará à vossa disposição e obedecer-vos-á. Se, pelo contrário, quiserdes dominá-lo e dar-lhe ordens bruscamente, ele ripostará, resistirá e até vos deitará por terra. É preciso ser muito hábil com o pensamento, muito diplomata, o que é difícil; mas, quando sabeis dominá-lo, conseguis concentrar-vos e fazer um trabalho tão intenso que ele continua assim o dia inteiro; sem que tenhais de intervir de novo, ele continua na mesma direção."