sábado, 3 de dezembro de 2011

MESTRE OMRAAM MIKHAEL AIVANHOV

"«No começo era o Verbo.» Os humanos ultrapassariam muitas
dificuldades e evitariam muitos sofrimentos se soubessem aplicar
na sua vida estas palavras iniciais do Evangelho de São João.
Vós direis: «Mas como? Essa frase é tão abstracta, tão
difícil de compreender. Como é que podemos aplicá-la? – Pois
bem, é precisamente porque não procurais aplicá-la que ela
continua a ser abstracta e difícil de compreender. – Então, o
que devemos fazer? – Simplesmente acompanhar todos os vossos
actos com o Verbo.»
Consideremos alguns casos muito simples da vida quotidiana.
Quando lavais os vidros de uma janela, por exemplo, em vez de
executardes essa tarefa deixando o vosso pensamento vaguear sobre
não importa o quê nem quem, tende consciência dos vossos actos
e dizei: «Assim como eu lavo este vidro, que o meu coração
seja lavado e se torne transparente.» E podeis fazer o mesmo
quando varreis, quando lavais a louça, quando limpais o pó.
Claro que não é preciso dizerdes tudo isso em voz alta,
sobretudo se houver o risco de serdes ouvidos por alguém. O
importante é estardes conscientes, ou seja, aplicardes o vosso
pensamento – e o pensamento subentende necessariamente palavras
– a tudo o que fazeis, a fim de vos tornardes criadores."

"Não faltam recursos aos humanos no plano físico, mas é no
plano psíquico que lhes são dadas as maiores possibilidades.
Eles raramente têm consciência disso; como não se exercitaram,
não sabem como usar esses recursos. Por isso, ao menor
inconveniente, assustam-se ou lamentam-se; nunca se questionam
sobre se no seu pensamento, no seu espírito, não existem
elementos susceptíveis de proporcionar soluções para esses
inconvenientes. Não, eles põem-se a correr, a arrancar os
cabelos de desespero, a tomar medicamentos... ou a pegar em armas.
O espiritualista compreendeu que, em circunstâncias difíceis,
o espírito é a única verdadeira força. Por isso, ele começa
por se concentrar, se recolher e se ligar ao mundo invisível
para receber a luz, ele sabe que é ela que o inspirará sobre o
melhor comportamento a adoptar, os melhores métodos a utilizar.
Por isso, algum tempo mais tarde, ei-lo decidido, tranquilo,
senhor da situação. Ele pode procurar depois ajudas materiais,
mas, primeiro que tudo, é em si próprio que procura. Como se
pode resolver as suas questões se se perdeu por completo o
controlo de si mesmo?"

"Quando sabem que vão ser fotografadas, as pessoas sorriem
espontaneamente. Mas, muitas vezes, logo em seguida o seu rosto
fecha-se: o seu bom humor, o seu contentamento, eram só uma
fachada. Por que é que elas nada fazem para conservar em si esse
estado benéfico que mantém a agilidade do cérebro e de todo o
corpo, assim como a expressividade do rosto? Dir-se-ia que elas
decidiram unanimemente perder a sua agilidade, a sua
flexibilidade, a sua juventude: tornam-se fechadas, rígidas,
crispadas. Como é que se pode gostar de pessoas assim? Elas são
insuportáveis e tornam-se fardos umas para as outras.
Ao quererem ser “sérias”, muitas pessoas tomaram a atitude
que melhor pode levar à sua própria destruição! E depois
gostam das crianças, porque vêem que elas não têm esta
mentalidade: as crianças sentem-se livres, brincam, riem, são
simples, não têm rigidez; quando caem, levantam-se e voltam
para as suas brincadeiras. Mas, se um desses adultos com o rosto
muito sério e fechado, cai uma só vez, acabou-se!, já não
consegue levantar-se. Para conseguir levantar-se, ele deveria ter
mantido a sua agilidade aprendendo a estar alegre e sorridente."


"Para se conhecer o segredo do amor, é preciso começar por não o confundir
 com o prazer. Vós direis que, sem o prazer, o amor é muito aborrecido
 e insípido. De modo nenhum, pois o prazer não diz respeito unicamente
 ao plano físico. Para além do prazer, existem a alegria, a inspiração,
o encantamento e o êxtase vividos pela alma e pelo espírito.
Quando um homem e uma mulher são capazes de ter um pelo outro um
sentimento divino sem se deixarem arrastar pela paixão, essa ternura
, essa comunhão entre eles torna-se extraordinariamente expressiva
, rica, intensa e bela. É um prazer, bem entendido, mas um prazer
 superior, divino, que os torna imortais. Senão, é como diz a can
ção: «Amor, amor, quando tu nos agarras...» Sim, pois o amor torna
-se então uma força bruta que se apodera dos seres e os agarra de
 tal forma que eles já não conseguem escapar-lhe, tornam-se seus
escravos. Infelizmente, é assim que a maior parte das pessoas compreendem
 o amor: o amor que as atormenta, o amor que as queima, as consome
 e as deixa sem força. Porque elas confundiram amor com prazer. "

"Seja o que for que aconteça ao homem ao longo da sua vida, a Natureza
 tem unicamente em vista a sua educação, o seu aperfeiçoamento. Foi
-lhe confiado um redil e ele deve velar para que não haja buracos
 nas paredes por onde o lobo consiga passar, ou então deve construir
 uma cerca suficientemente alta para ele não conseguir saltar por
 cima dela. Vós pensais: «Pastores, ovelhas, lobos... Mas isso tem
 realmente a ver connosco?» Sim, mas vós não o sabeis, porque não
 aprofundastes a linguagem tradicional dos símbolos.
O lobo que ameaça o nosso redil representa o diabo,
e por “diabo” deve-se compreender
 os espíritos tenebrosos e malfazejos que rondam à volta do homem
, espreitando o seu menor falhanço para se atirarem a ele. Proteger-se do
lobo significa manter-se atento, com a consciência sempre
desperta. Neste sentido, todos nós somos pastores: o redil é o nosso
 organismo, as ovelhas são as nossas células, e também temos “cães
 de guarda”, as entidades luminosas que nos protegem."

"Muitas pessoas vieram dizer-me que, quando descobriram o nosso Ensinamento
, aperceberam-se de que tinham passado o essencial da sua vida em
 futilidades. E então, agora que tinham uma certa idade, sentiam
que, mesmo que tentassem seguir outra orientação, era demasiado tarde
, nunca recuperariam o tempo perdido. Evidentemente, quando a velhice
 se aproxima, é um pouco tarde. Mas não é demasiado tarde, nunca é
demasiado tarde. O pior seria passarem o tempo de vida que lhes resta
 a lamentarem-se.
Há sempre uma maneira de corrigir interiormente a situação.
Aqueles que têm a sensação de que desperdiçaram a sua
 vida devem passar em revista todos os acontecimentos da sua existência,
para daí tirarem uma lição. Uma vez tirada a lição, eles devem
 usar tudo o que lhes resta no domínio do amor, da inteligência,
da vontade, para darem à sua vida o sentido que ainda não tinham
sabido encontrar."

"Se se ficar pelas aparências, poder-se-á dizer que os homens são
sábios, ajuizados (ou quase!): eles aplicam certas regras, esforçam-se
por respeitar as leis que regem a sociedade, pois sabem que
, se as transgredirem, terão de se haver com a justiça. Mas o que
 fazem eles interiormente, com os seus pensamentos e os seus sentimentos
, que escapam aos olhos do mundo exterior? Roubam, destroem, massacram
, e depois não compreendem por que é que estão infelizes, fracos, doentes.
Se eles se dispusessem a parar um momento para se analisarem
 com boa-fé, seriam obrigados a reconhecer que, neste ou naquele
momento, toleraram neles pensamentos e sentimentos muito negativos
; eles ignoravam que os pensamentos e os sentimentos também têm
consequências, e por isso agora encontram-se num estado lastimoso. Eles
sabem que, para as palavras e os actos repreensíveis, existem tribunais
. Mas ignoram que também há tribunais para os maus pensamentos e
os maus sentimentos, e que esses tribunais se encontram neles. Nada
 daquilo que o homem vive interiormente fica sem efeito. Ele que
alimente pensamentos e sentimentos generosos, e também verá os resultados
 deles."

"Por que é que é tão perigoso tentar aceder ao mundo espiritual para
 quem não se purificou previamente? Porque neste caso não se trata
 apenas de conhecimentos destinados ao intelecto: aborda-se o dom
ínio da Ciência Iniciática, que diz respeito à totalidade do ser
humano, ao que nele há de mais íntimo, à sua alma e ao seu espírito.
Trabalhar com a alma e o espírito é trabalhar com os dois impulsos
 criadores e, portanto, contactar com as entidades, as correntes,
mais poderosas do Universo. E se, interiormente, a via não está livre
, se essas correntes encontram impurezas, queimam tudo à sua passagem
. É um incêndio terrível que pode provocar as piores perturbações
 no organismo psíquico e até no organismo físico: a sensualidade
desenfreada, o desequilíbrio mental, assim como perturbações
fisiológicas no coração e no cérebro. Aqueles que querem alcançar as
regiões da alma e do espírito, as regiões da luz e do amor divinos, devem
 estar inspirados pelo mais alto ideal, por uma só necessidade, a
 de se aperfeiçoarem e servirem a vontade de Deus."

"Enquanto nós estivermos na terra, teremos de enfrentar todas as
manifestações do mal; é inútil tentarmos suprimi-lo, não o
conseguiremos, e não nos cabe a nós fazê-lo. A nossa tarefa é
estarmos vigilantes e reforçarmo-nos. Se há pessoas más, se há
espíritos maus, é porque o Criador aceita a sua existência, e nós
também devemos aceitá-la. Eles têm o direito de tentar
prejudicar-nos e nós temos não só o direito, mas o dever, de nos
proteger. Se não nos protegermos e formos suas vítimas, não
deveremos queixar-nos senão de nós mesmos.
Vós direis: «Sim, mas, se eu me confiar a Deus, se eu O amar,
Ele proteger-me-á.» Não; se não souberdes discernir de onde pode
vir o mal a fim de vos protegerdes, mesmo o vosso amor por Deus
não vos salvará. Deus dir-vos-á: «Tu amas-me? Muito bem, mas por
que é que queres que Eu faça o trabalho todo?» Nem o vosso amor,
nem todas as vossas boas qualidades vos protegerão se, pelo
menos, não tiverdes aprendido a abrir os olhos para reconhecer de
onde vem o perigo."

"É necessário ter dinheiro para viver, evidentemente, mas não em
grande quantidade. São os impulsos da sua natureza inferior – a
sensualidade, a ambição, a vontade de poder – que tornam os
humanos tão ávidos e gananciosos. A sua natureza superior não
reclama dinheiro, ela só necessita de liberdade, de infinito, de
esplendores celestes, que o dinheiro não pode dar. Para a alma e
o espírito, o dinheiro é inútil, ele não tem qualquer poder de
dissipar as trevas interiores.
Então, estudai-vos bem, e ficai a saber que, se o dinheiro conta
muito para vós, é porque estais nas garras da vossa natureza
inferior. Para escapardes delas, procurai a luz, o alargamento da
consciência, o amor ao Senhor. Quando procurais a luz, já tendes
ouro; sim, tendes ouro nos bancos espirituais, e graças a esse
ouro podereis “comprar” tudo o que mais desejardes nas lojas
celestes."

"Segundo uma tradição, o Criador, quando colocou Adão e Eva no
paraíso terrestre, entregou a Adão o cuidado dos animais e a Eva
o da vegetação. Por isso, ao viver entre as flores, Eva acabou
por emanar ela própria um perfume de flores. Mas, com o pecado
original, ela perdeu esse poder. Antes da queda, emanavam dela
perfumes de toda a espécie, porque ela possuía as qualidades e as
virtudes que se manifestam no plano físico na forma de perfumes.
Com efeito, todos os fenómenos psíquicos têm a sua
correspondência no mundo físico: um perfume é a expressão física
de uma virtude, um odor nauseabundo é a expressão física de um
vício.
E o facto de, presentemente, as mulheres sentirem uma
necessidade tão grande de se perfumar corresponde a uma memória
desse dom de exalar perfumes naturalmente que elas possuíam
quando viviam no Paraíso. Mas perfumar-se não é o melhor método.
Perfumar-se e maquilhar-se não é repreensível, mas, se as
mulheres aprendessem a desenvolver certas qualidades e virtudes,
já não necessitariam de artifícios: teriam de novo o seu
verdadeiro perfume, recuperariam a sua beleza original."

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