sábado, 4 de agosto de 2012

MESTRE OMRAAM MIKHAEL AIVANHOV

"Como conservar o vosso amor? Como fazer para que ele dure o
máximo de tempo possível? Evitando precipitar-vos sobre o ser
que começais a amar, para o devorar. Porque, após essas grandes
ebulições, depressa virá a lassidão e vós perdereis a
inspiração e a alegria. Como alguém que comeu demasiado e a
quem a comida já não diz nada. Mas os humanos parecem ter
sempre pressa de destruir tudo o que pode trazer beleza à sua
vida e dar-lhe um sentido. Eles sacrificam, por alguns minutos de
prazer, o amor que lhes traz todas as bênçãos, que lhes traz o
Céu. Por que é que eles não retardam as manifestações
físicas do seu amor para prolongarem durante o máximo de tempo
possível a sensação de deslumbramento que estão a viver?
Não, eles sentem uma atração e têm de dar-lhe sequência
imediatamente.
E então o que é que se passa? Mesmo quando eles se casam e
têm filhos, continuam a viver juntos por hábito, para respeitar
as convenções, para fazer boa figura perante os amigos e os
familiares; mas, interiormente, já se deixaram há muito tempo.
São as sensações subtis que mantêm o amor, que prolongam e
embelezam a vida. É isso o verdadeiro elixir da vida imortal."


"Nas noites de céu claro, pensai em parar por um momento para
contemplar as estrelas. Imaginai que deixais a terra, as suas
lutas, as suas tragédias, e que vos tornais um cidadão do céu.
Meditai na beleza das constelações e na grandeza dos seres que
nelas habitam…
À medida que ascenderdes no espaço, sentir-vos-eis mais leves
interiormente, mais libertos, mas, sobretudo, descobrireis a paz,
uma paz que se introduzirá pouco a pouco no vosso ser. Ao
meditar na sabedoria que criou o universo e as criaturas que o
povoam, sentireis que se desenvolvem na vossa alma antenas muito
subtis que lhe permitem comunicar com as regiões mais afastadas.
São momentos sublimes que nunca podereis esquecer."


"A vida após a morte é apenas a continuação, sob uma outra
forma, da vida presente e, portanto, prepara-se agora.
Alguns dias depois de a alma ter deixado o corpo, fica
definitivamente separada dele. Mas tudo o que esse corpo viveu e
que ficou inscrito nele, gravado nele, é indestrutível e
continua a exercer uma influência sobre ela. Por isso é tão
importante procurardes sempre a melhor maneira de utilizar as
vossas energias: com tudo o que tiverdes feito de bom e de belo
na terra, podereis continuar a construir qualquer coisa no outro
mundo. Não basta a vossa alma estar liberta do corpo para vós
viverdes na paz, na alegria e na luz quando fordes para o além.
A paz, a alegria e a luz serão apenas a consequência daquilo
que tiverdes sido capazes de realizar durante a vossa existência
terrestre."


"Se os humanos se dispusessem a compreender que no seu organismo
psíquico ocorrem os mesmos fenómenos que no seu organismo
físico, já seria um progresso. Eles sabem que, se respirarem um
ar poluído, se comerem alimentos de má qualidade, introduzem no
seu organismo impurezas que este não consegue eliminar; em
consequência disso, as trocas com a natureza já não se fazem
corretamente. Do mesmo modo, se eles não estiverem atentos aos
seus pensamentos, aos seus sentimentos e aos seus atos,
introduzem impurezas no seu organismo psíquico; essas impurezas
formam uma cortina opaca e, evidentemente, as comunicações com
o mundo divino ficam cortadas.
Aqueles que se lamentam, dizendo: «Eu rezo, peço a ajuda do
Céu, mas não recebo qualquer resposta», devem começar por
aceitar esta resposta: o mundo divino envia-lhes continuamente
mensagens, mas eles devem preparar-se para as receber. E
preparar-se significa melhorar a sua forma de viver trabalhando
sobre os seus pensamentos, os seus sentimentos e os seus atos no
sentido de os purificar."


"Quando nós cantamos, fisiologicamente, desde a garganta até ao
diafragma, há algo poderoso que se põe em movimento e a voz
jorra. É por isso que cantar liberta tensões e pesos
interiores. O que é que se sabe acerca dos anjos? Eles são
representados como criaturas aladas cantando. Tal como as aves: o
anjo e a ave estão associados à ideia de leveza, de voo e de
canto. Por isso, nós devemos cantar para nos libertarmos de tudo
o que nos pesa.
Os humanos poderiam curar-se de muitas perturbações mentais
por intermédio do canto, pois as suas vibrações desagregam as
presenças obscuras que procurar aferrar-se a eles. O canto é a
expressão da vida, a vida em si mesma é precisamente um canto.
E o que há de mais necessário, de mais vivificador, do que
conseguirmos desembaraçar-nos da atmosfera pesada que nos rodeia
para entrarmos nas regiões onde tudo é harmonioso, luminoso, leve?"


"Sabeis que duas pernas é muito melhor do que uma?
Responder-me-eis, evidentemente, que sabeis isso há muito tempo.
Então, por que é que continuais a usar só numa perna?... Sim,
eu vejo-vos sempre a saltar só com uma perna, em vez de
caminhardes usando as duas: há os que reagem sempre só com o
coração, a sua perna esquerda (esses não refletem) e os que
reagem sempre com o intelecto, a perna direita (não manifestam
bondade nem indulgência). São todos “unipernistas”! Estais
a ver como há muitas coisas que vós julgais conhecer mas que,
como não as colocais em prática, não conheceis de facto?
Por que é que a natureza nos obriga a caminhar avançando ora o
pé esquerdo, ora o pé direito? A resposta é simples: para nos
lembrar que nós devemos reagir ora com o coração, ora com o
intelecto. Para agirmos corretamente, devemos fazer alternar os
dois princípios, masculino e feminino, sabendo em que momento
mudar de polaridade. Há muitos problemas que parecem insolúveis
porque não se sabe avançar com as suas duas pernas!"


"Vós só tendes o direito de criticar nos outros as fraquezas que
já conseguistes vencer em vós. Sempre que proferis um juízo
negativo sobre alguém, vós mesmos sois julgados. Por quem? Pela
vossa consciência, pelo vosso tribunal interior. Eleva-se em
vós uma voz que questiona: «E tu, que te pronuncias assim, tens
a certeza de que, de uma maneira ou de outra, não tens esse
defeito?... Por que é que, a essa fraqueza pela qual já és
culpado, acrescentas a falta de indulgência, a falta de amor?
Não sentes que, no teu coração, na tua alma, estás a perder
alguma coisa?»
É esta a punição infligida a quem julga os outros quando não
tem esse direito: há luzes que o deixam. Alguns dirão: «Mas
nós nunca ouvimos essa voz de que está a falar!» Claro que
não a ouvem, porque fizeram tudo para se tornar surdos."


"Cada domínio exige que se conheça quais os métodos e
utensílios a utilizar. Vós direis: «Mas toda a gente sabe
isso!» Não, muitos espiritualistas fazem como alguém que,
tendo fome, concentra o seu pensamento para atrair os alimentos
até à sua mesa, quando apenas precisa de se levantar para ir
buscá-los às prateleiras. Eles têm braços, pernas, olhos,
ouvidos e uma boca para obterem aquilo de que necessitam no plano
material, mas, em vez de trabalharem, preferem importunar o Céu
com os seus pedidos: «Senhor, dá-me o sucesso… Senhor, faz
com que eu ganhe mais dinheiro… Senhor, faz com que eu recupere
a saúde… Senhor, envia-me amigos…» Mas o Céu não fica
contente e diz-lhe: «Escuta, meu caro, foi-te dado tudo o que é
necessário para obteres aquilo que desejas. Por que é que
estás a ser tão ignorante e preguiçoso?»
Quando se trata de progredir espiritualmente, é o pensamento (a
meditação, a oração, a contemplação) que é preciso
utilizar. Mas, em relação ao resto, o que há a fazer é
arregaçar as mangas e pôr-se a trabalhar."


"O Criador deu uma consciência a todas as suas criaturas. Sim,
mesmo às pedras, aos rochedos aos minerais; simplesmente, a sua
consciência é exterior a eles, situa-se muito longe, nos
confins do universo, e é por isso que eles estão neste estado
de inércia. A consciência das plantas encontra-se no centro da
terra e, para lhes falarmos, para que elas nos compreendam e
ajam, é aí que devemos contactá-las. Os animais têm uma
consciência coletiva: cada espécie possui uma alma-grupo que a
dirige. O facto de os animais terem períodos para a
procriação, a postura, as migrações, a muda, etc., deve-se a
que eles obedecem a uma alma-grupo que está fora deles.
As pedras, as plantas e os animais têm, pois, uma consciência
exterior a eles. O ser humano é o único no qual a consciência
desceu, o único que tem uma consciência individual, e é por
isso que ele é um ser pensante dotado de uma vontade própria.
Então, é claro que tudo o que existe possui uma consciência,
mas, consoante o grau de evolução, essa consciência está mais
próxima ou mais distante."


"Certas pessoas queixam-se de que a prática da espiritualidade
não lhes traz grande coisa. Mas em que estado estariam elas se
nunca tivessem feito esforços para disciplinar a sua vida
interior? Pelo menos, as regras que elas procuram aplicar e os
exercícios que fazem põem-nas na via da saúde, da paz, da
esperança. Se elas abandonarem a vida espiritual, verão que
não será melhor…
Vou dar-vos um exemplo: vós respirais, comeis, dormis e dizeis
que isso não vos tornou mais inteligentes, nem mais ricos, nem
mais poderosos. Mas, se não respirardes, não comerdes, não
dormirdes, ireis parar ao cemitério! As pessoas comem e bebem e
não notam qualquer alteração. Mas, se não tivessem comido nem
bebido, aí sim, teria havido grandes mudanças! Então, não
digais que a espiritualidade não vos traz nada; ela dá-vos o
suporte, mantém-vos no bom caminho e, pelo menos, vós ainda
estais vivos, ainda tendes esperança, ainda tendes luz. Com toda
essa luz, não vos sentis iluminados, esclarecidos? Então, o que
seria sem ela? "


"Que ensinamento os animais podem ser para nós! Alguns têm
hábitos, comportamentos, traços de caráter, que nos dão muito que refletir.
Observai os morcegos, por exemplo. Pode haver dezenas ou
centenas a voar na escuridão de uma pequena gruta, mas eles
nunca chocam contra as paredes nem entre eles, pois possuem uma
espécie de radar que lhes permite evitar os obstáculos. O
morcego é um exemplo sobre o qual os humanos deveriam meditar,
eles que não sabem medir bem os seus gestos, nem as suas
palavras, nem os seus olhares! Estão a sempre a criar fricções
entre si, a incomodar-se uns aos outros, a entrar em choque. Vós
sabeis alguma coisa a este respeito, não é verdade? Pois bem,
mover-se com destreza entre os outros é uma arte na qual podeis
exercitar-vos desenvolvendo em vós esse radar que se chama
respeito, atenção…"


"Graças à química e a diferentes técnicas, a medicina fez
grandes progressos, não se pode negar isso. Mas a melhor
medicina consiste em pôr os seres em condições que reforçam
os sistemas de defesa do seu organismo, ou seja, muito
simplesmente, que reforçam a vida neles. Sim, só a vida é
realmente poderosa. Vede como ela faz para cicatrizar as feridas,
rebentar um abcesso, fazer crescer uma nova pele…
Contudo, esta vida tão preciosa é o que há de mais
negligenciado. Os humanos envolvem-se em toda a espécie de
atividades desordenadas nas quais desperdiçam a sua vida:
empobrecem-na e esgotam-na ao ponto de ela já não ser capaz de
remediar a menor indisposição. Então, eles recorrem a
pastilhas, a pílulas… Mas trata-se de substâncias mortas! E
se os prevenirem: «Atenção, você está a perder todas as suas
energias!», eles ficam admirados. «Como? As energias existem
para serem gastas!» De acordo, mas gastas com sensatez e não
delapidadas."


"Há um instinto milenar que impele os humanos a deixarem-se ir
atrás dos seus impulsos, mesmo dos mais inferiores. Com o tempo,
eles sentiram necessidade de estabelecer algumas regras morais,
não porque isso lhes dava prazer, mas por viam nelas certas
vantagens. Por exemplo, se o roubo e as agressões de todo o tipo
forem proibidas e punidas, a sociedade sente-se em maior
segurança. Mas este estado “moral” ainda está longe de ser
perfeito; os humanos tentam sempre desenvencilhar-se à custa dos
outros e eliminá-los, se possível. Isso raramente acontece no
plano físico, claro, pois aí eles arriscam-se a ser apanhados e
punidos; sucede sobretudo noutros planos, onde eles correm menos
riscos: roubam os pensamentos e os sentimentos dos outros ou até
mancham a imagem deles, lhes tiram o ânimo ou os massacram com
as suas palavras e os seus escritos.
São, pois, os mesmos instintos que se manifestam, os mesmos
crimes que são cometidos, mas sob formas e em domínios mais
subtis. Enquanto os humanos não estiverem instruídos na
ciência iniciática e assim aprenderem a dar uma direção
espiritual aos seus instintos, os seus impulsos inferiores
continuarão a ser forças destrutivas que alcançarão sempre o
seu propósito."


"O que pode haver de mais terrível para um ser humano do que ver
o seu fim próximo e ter a sensação de que desperdiçou a sua
vida? Ele passa em revista o seu passado e é como se tudo se
desfizesse em pó entre os seus dedos. Mesmo aqueles de quem se
diz que tiveram uma vida bastante cheia podem, no final, ter
apenas uma sensação de inutilidade e de vazio.
A balança na qual o deus Osíris, na religião egípcia, ou o
arcanjo Miguel, na religião cristã, pesam as almas para decidir
a sua sorte no além encontra-se primeiramente no homem. Sim,
esta pesagem começa por ser feita em nós. É por isso que
tantas pessoas que chegam ao fim de uma existência transbordante
de atividades são obrigadas a fazer a mesma constatação que o
rei Salomão no Eclesiastes: «Vaidade das vaidades, tudo é vaidade."


"De certa forma, a morte não existe: ela está contida na vida,
é apenas uma mudança de plano e de vestes, para que nós
possamos progredir na compreensão da vida.
Sempre que um ator de teatro tem de interpretar um novo papel,
muda de roupa e também de parceiros de palco, e este novo papel
ensina-lhe mais alguma coisa acerca de si próprio e dos outros.
Pois bem, também nós não podemos eternizar-nos num mesmo papel
e, após um certo tempo, devemos deixar o palco do mundo.
Chama-se morte a esta saída de cena, mas, na verdade, só existe
a vida ininterrupta. O ator continua a viver após o
espetáculo… Temos de habituar-nos a ver a existência como uma
continuidade. Os humanos têm o mau hábito de traçar fronteiras
em toda a parte: entre o espiritual e o material, entre a
vigília e o sono, entre a vida e a morte…. Não, a existência é una."


"Imaginai que pusestes na terra sementes de uma planta que vós
sabeis que dá flores magníficas, mas ignorais que ela só
floresce de cem em cem anos. Plantas assim são raras, mas
existem. Então, vós esperais com inquietação e começais a
ficar perturbados… A vossa impaciência só prova que não
conheceis a natureza dessa planta que dá flores tão belas. E
há outras sementes que dão flores ao fim de apenas algumas
semanas; evidentemente, isso agrada-vos mais, mas essas flores
também são mais comuns…
Qualquer atividade em que vos envolveis é como uma semente que
colocais na terra. Se obtendes rapidamente resultados, ficais
satisfeitos; mas questionai-vos, de vez em quando, sobre se essas
sementes que se desenvolvem tão rapidamente são as melhores.
Muitas vezes, é precisamente o contrário."


"De manhã, quando assistis ao nascer do Sol, pensai que aqueles
raios que vêm até vós são criaturas vivas que podem
ajudar-vos a resolver os vossos problemas daquele dia. Mas só os
problemas daquele dia, não os do dia seguinte. No dia seguinte,
é preciso irdes de novo consultá-los, e de novo só para um
dia. Essas entidades nunca vos darão respostas para daí a dois
ou três dias. Elas dirão: «É inútil fazer provisões para
mais do que um dia. Quando voltares amanhã, responder-te-emos.»
Todos os dias nós comemos e não fazemos provisões no nosso
estômago para uma semana, mas para um dia apenas, e no dia
seguinte recomeçamos. Pois bem, com a luz deve ser a mesma
coisa, pois a luz é um alimento que nós devemos absorver e
digerir diariamente para que ela se torne em nós sentimentos,
pensamentos, inspirações… Por que é que não se tem em
relação à luz a mesma lógica que em relação à alimentação?"


"O universo psíquico do ser humano está povoado por criaturas
invisíveis. As suas sensações de bem-estar e de alegria, assim
como os seus sofrimentos e os seus desgostos, são-lhe trazidos
por entidades que os seus pensamentos, os seus sentimentos, os
seus desejos ou as suas atividades atraíram. Se aqueles que
sofrem de inquietações e angústias fossem clarividentes,
veriam seres com carantonhas que vêm picá-los, mordê-los,
arranhá-los e atormentá-los de todas as formas. A tradição
esotérica chama a esses seres “indesejáveis”; eles
aproximam-se dos humanos, pensando: «Ah, esta fulana, aquele
fulano, interessam-nos! Vamos tornar a vida deles uma miséria!
Será divertido ver como eles gritam e gesticulam.»
Sim, é isto que se passa quando vós estais tristes e vos
sentis atormentados. E quando sentis uma grande alegria, também
se fôsseis clarividentes, veríeis uma multidão de criaturas
aladas acorrer junto de vós, carregadas de presentes de luz… E
elas cantam e dançam, deixando à sua passagem rastos de cores
cintilantes e os perfumes mais deliciosos."