"Fazei
esta experiência: durante pelo menos uma semana, procurai,
em
todas as ocasiões, comportar-vos com autodomínio, sabedoria,
bondade,
generosidade. Após esses poucos dias, sentireis que
adquiristes
a capacidade para enfrentar a existência em melhores condições.
Quando
conseguis melhorar o vosso comportamento, sois habitados
por
uma força nova que protege e sustenta o vosso sistema
nervoso;
sois mais capazes de assumir as vossas responsabilidades
e
de enfrentar as diferentes situações que se vos apresentam.
Sentis
que, interiormente, se está a construir e a consolidar
uma
estrutura, que ela vos mantém com mais firmeza, vos dá a
possibilidade
de resistir às provações e aos obstáculos.
Então,
mesmo que vos aconteça ficar perturbados, fatigados,
desanimados,
isso não durará: após uma oração, um momento de
recolhimento,
muito rapidamente essa força se põe novamente a
trabalhar
em vós para restabelecer tudo."
"Provavelmente,
vós tendes familiares e amigos que não estão de
acordo
com a via espiritual que decidistes seguir. Não deixeis
de
falar com eles, procurai fazê-los compreender por que razão
escolhestes
esta via. Não é necessário dar-lhes lições de
moral
ou fazer-lhes grandes discursos, mas, de vez em quando,
durante
a conversa ou a propósito de um acontecimento, deixai
cair
algumas palavras. Mesmo que eles protestem ou finjam que
não
ouviram, o pensamento que formulastes
deixará
neles um registo benéfico.
Senão,
sabeis o que pode acontecer? Quando esses seres tiverem
deixado
a terra, continuarão a querer desviar-vos do vosso ideal
e
virão até junto de vós apresentando os seus argumentos. E
aí,
quando eles tiverem conseguido criar-vos dúvidas, vós
pensareis
que essas dúvidas vêm de vós e acabareis por
capitular."
"Há
imensas pessoas que procuram um Mestre sem saberem o que
devem
esperar dele. Em algumas palavras, pode-se dizer que um
Mestre
verdadeiro é um ser que trabalhou durante milénios para
vencer
todas as paixões humanas. Por isso, emana dele algo de
luminoso,
de puro, e, ao virem junto dele, ao escutarem as suas
palavras,
os seus discípulos, que recebem uma pequena parcela da
sua
vida, evoluem muito mais rapidamente.
De
outro modo, para que pensais que pode servir um Mestre? Ele
não
se ocupa de vos dar riquezas, nem uma situação, nem
mulheres
ou maridos; a sua preocupação é a de vos transmitir
partículas
de uma natureza superior que vibram em harmonia com o
Céu.
E se vós conseguirdes receber essas partículas, se
conseguirdes
conservá-las e até amplificá-las, com o tempo
sentireis
que os vossos pensamentos, os vossos sentimentos e
mesmo
a vossa vontade melhoram, tudo em vós melhora. Junto de um
Mestre,
só deveis procurar condições para viver a vida divina."
"Conta-se
que, num dia em que o profeta Maomé caminhava na cidade
em
companhia de um dos seus discípulos, um homem surgiu de
súbito
diante deles e atacou verbalmente o discípulo em termos
muito
grosseiros. O discípulo começou por escutar com calma,
esforçando-se
por conter a cólera, mas foi incapaz de se
controlar
e depressa começou a ripostar. Depois de se terem
ameaçado
mutuamente e de terem chamado todos os nomes um ao
outro,
acabaram por se separar, mas o discípulo apercebeu-se de
que
o Mestre já não estava ali e foi procurá-lo...
Quando
o encontrou, mais adiante, sentado no canto de uma rua, o
discípulo
disse a Maomé: «Ó Mestre, por que é que me
deixaste?»
E Maomé respondeu-lhe: «É perigoso ficar entre
dois
animais furiosos. Enquanto aquele homem te injuriava e tu te
mantiveste
calado, estavas rodeado por entidades invisíveis que
respondiam
por ti e te protegiam. Mas, quando começaste também
a
gritar querendo defender-te por ti próprio, essas entidades
abandonaram-te
e eu também, pois, pelo teu comportamento, tu
revelavas
que não precisavas de nós"
"Enquanto
os humanos não tiverem compreendido que devem ter um
alto
ideal, uma ideia divina que ilumina e purifica a sua
atmosfera
interior, o que quer que eles façam estarão sempre
insatisfeitos.
Isso vê-se: mesmo em férias, mesmo nas melhores
condições,
no campo, à beira do mar, na montanha, falta-lhes
qualquer
coisa. Sim, mesmo fora dos escritórios, das oficinas,
das
fábricas, eles sentem-se infelizes. Enquanto não tiverem
uma
ligação ao mundo espiritual, nenhum meio material poderá
reconfortá-los;
façam o que fizerem, sofrerão.
Evidentemente,
ninguém pode afirmar com razão que a existência
dos
operários, por exemplo, é magnífica, e que não existem na
sociedade
enormes injustiças que é preciso remediar. Mas isso
é
outra questão. A verdade é que, da forma como se encara
estes
problemas, mesmo que haja grandes melhorias no plano
material,
continuará a haver os mesmos descontentamentos ou
ainda
piores. Eis a prova: nos últimos anos foram resolvidas
imensas
questões materiais, mas as pessoas não se dizem mais
felizes
nem mais satisfeitas. Isso mostra bem que o que lhes
falta
é de outra natureza."
"As
nossas fraquezas, tal como as nossas virtudes, são entidades
vivas
que estabeleceram domicílio em nós. À medida que fazemos
esforços
para nos melhorarmos, as entidades tenebrosas são
obrigadas
a deixar-nos, pois a nossa atmosfera interior torna-se
irrespirável
para elas. Elas não suportam a pureza e a luz que
nos
esforçamos por introduzir em nós e põem-se em fuga. Mas,
quando
já estão fora de nós, procuram novos domicílios
introduzindo-se
noutras pessoas e é através delas que então
procuram
fazer-nos mal.
Vós
direis: «Mas, então, de que serve expulsar essas entidades
se
elas irão continuar a perseguir-nos?» Na realidade, os
prejuízos
causados são menores do que se elas habitassem em
nós;
e, como vencemos esses inimigos no interior, estamos mais
fortes
para os vencer no exterior. E ver-nos-emos livres deles
definitivamente?
Não; enquanto estivermos na terra,
encontraremos
dificuldades e adversários."
"Em
certas regiões do mundo, há árvores de fruto plantadas nos
cemitérios
e é permitido a quem os visita colher os frutos para
os
comer. Podereis pensar: «Comer frutos das árvores que
crescem
no meio de cadáveres? Que horror!» Mas de onde pensais
vós
que vêm os frutos que comeis? Ao longo de milhares e
milhares
de anos, quantas gerações de seres humanos se
sucederam
na terra...? E onde pensais que estão os seus
corpos...?
A terra inteira é um cemitério. Por toda a parte
onde
andemos, caminhamos sobre cadáveres, e a maioria dos
alimentos
que comemos cresce sobre cadáveres. Só que as plantas
são
grandes alquimistas, elas transformam tudo. Quer lhes deem
adubos
químicos, detritos ou cadáveres, elas fazem disso flores e frutos.
Então,
quando vedes árvores cobertas de frutos maduros, pensai
nesse
trabalho que elas são capazes de fazer. Aproximai-vos
delas
e pedi-lhes que vos ajudem a realizar também esse trabalho
em
vós mesmos, a fim de dardes frutos perfumados e saborosos:
pensamentos
luminosos e sentimentos calorosos."
"Contrariamente
ao que muitos imaginam, a espiritualidade não se
limita
aos chamados exercícios espirituais: a meditação, a
oração...
Na realidade, qualquer atividade da vida quotidiana
pode
ser espiritualizada se se souber introduzir nela um elemento
divino.
E, infelizmente, a oração, a meditação ou qualquer
outra
atividade dita “espiritual” pode tornar-se extremamente
prosaica
se não for animada, se não estiver apoiada, por uma
ideia
sublime, por um ideal superior.
A
espiritualidade não consiste em negligenciar ou menosprezar o
mundo
material, mas sim em esforçar-se sempre por agir com a luz
e
para a luz. A espiritualidade é sabermos utilizar qualquer
atividade,
mesmo a mais vulgar, a mais prosaica, para nos
elevarmos,
nos harmonizarmos e nos ligarmos a Deus. "
"Enquanto
criaturas, todos nós necessitamos, para subsistir, de
receber
elementos da criação: os alimentos, a água, o ar, o
Sol,
etc., assim como de nos servir de todas as riquezas que a
matéria
pode fornecer-nos. Só o Criador escapa a esta lei: Ele
não
precisa de nada exterior a Ele. Sim, mas, como Ele deixou
algo
da sua quinta-essência em cada criatura, uma centelha, um
espírito,
que é da mesma natureza que Ele, por intermédio do
seu
espírito cada ser humano pode, ele próprio, tornar-se criador.
Então,
pensai nisso daqui em diante. Em vez de esperardes sempre
tudo
do exterior, esforçai-vos por agir interiormente, por
intermédio
do vosso pensamento e da vossa vontade, para
captardes
o maior número possível de elementos de que
necessitais
para vos alimentardes fisicamente e psiquicamente. O
ensinamento
dos Iniciados sempre foi o ensinamento do espírito
criador,
e aqueles que aceitam este ensinamento serão sempre
fortes
e livres, estarão acima das circunstâncias."
"Os
cânticos místicos que nós cantamos com a consciência do
seu
poder e o desejo de nos harmonizarmos com a ordem cósmica
atraem
os anjos. Eles aproximam-se e dizem: «Eis um lugar para
nós.»
Começam a instalar-se nas regiões superiores do nosso
cérebro,
para onde trazem também os seus instrumentos, os seus
violinos,
as suas harpas... e misturam-se com as nossas vozes.
Então,
quando sentem a presença desses visitantes reais, as
entidades
obscuras que andavam por aí compreendem que já não
há
lugar para elas e afastam-se.
Eu
recordo-me da época em que, nas cidades e vilas da Bulgária,
ainda
havia músicos e cantores de rua. Quem passavam dava-lhes
algum
dinheiro; e, por vezes, também se abria uma janela na qual
se
via aparecer o rosto de uma jovem bela, que atirava umas
moedas
e sorria. É uma imagem daquilo que se passa no mundo
espiritual.
Nós cantamos debaixo das janelas dos palácios
celestes
e os anjos atiram-nos “moedas”, que são alegrias, luzes."
"Quando
assistis ao nascer do Sol, concentrai-vos nele e dizei:
«Assim
como o Sol se ergue sobre o mundo, que o Sol espiritual
do
amor, da sabedoria e da verdade se erga no meu coração, na
minha
alma e no meu espírito.» Estas palavras pronunciadas
favorecem
a realização: assim como o Sol nasce na natureza, o
Sol
espiritual nascerá em vós. Durante o período da Lua
crescente,
à noite, antes de adormecerdes, dizei: «Tal como a
Lua
se enche, que o meu coração se encha de amor, que o meu
intelecto
se encha de luz, que a minha vontade se encha de força
e
que o meu corpo físico se encha de saúde e de vigor.» E na
primavera,
quando surgem as primeiras folhas e as primarias
flores,
dizei: «Tal como a natureza desabrocha, que todo o meu
ser
desabroche e floresça, que toda a humanidade
viva
na eterna primavera!»
A
verdadeira magia branca é isto: estar atento à vida da
natureza,
associar-se a ela e pronunciar este tipo de fórmulas.
E
assim tornar-vos-eis filhos e filhas de Deus, pois, pela
palavra
criadora, pela palavra que criou o mundo, criareis
incessantemente,
por toda a parte, um mundo novo."
"Vós
dizeis que é impossível ajudar o mundo inteiro, levar a
harmonia
e a paz a todos os humanos, porque eles são muito
numerosos!
Evidentemente, se apresentardes o problema deste modo,
é
impossível fazer o que quer que seja. Mas, se conhecerdes
certos
métodos, tornar-se-á possível.
Tentai,
por exemplo, imaginar a humanidade como um único ser.
Sim,
imaginai o mundo inteiro como um ser que está ali perto de
vós
e que lhe estendeis a mão enviando-lhe muito amor... Nesse
momento,
há pequenas partículas da vossa alma que partem em
todas
as direções do espaço e aquilo que vós fazeis por esse
ser
reflete-se em todos os homens e mulheres do mundo que, pouco
a
pouco, começarão a ter outros pensamentos e outros desejos,
melhores,
mais generosos. Se fôssemos centenas ou milhares a
fazer
este exercício, um novo sopro, um sopro divino, passaria
através
de todas as criaturas e, um dia, elas despertariam
verdadeiramente
transformadas."
"Por
estarem habituados a esperar tudo do mundo exterior, seja dos
seres
ou das coisas, os humanos têm sempre necessidade de
receber...
E mesmo de se apropriar, pois, quando não recebem
aquilo
que esperam, procuram obtê-lo por todos os meios, mesmo
os
mais ilícitos. E é esse o lado negativo deste hábito de
esperar
tudo do exterior. Quem consegue sentir que possui tudo
nele
mesmo acha-se tão rico que sente necessidade de dar aos
outros
alguns desses tesouros que já não pode conter.
Aprendei,
pois, a procurar a riqueza em vós mesmos. No começo,
talvez
não encontreis grande coisa, mas, pouco a pouco, ficareis
deslumbrados
pela abundância e pela beleza do que conseguireis
descobrir.
Então, não pensareis em mais nada senão em
partilhá-lo
com os outros e, graças a essa necessidade de dar
sempre,
aproximar-vos-eis da Divindade."
"Uma
das funções da mão é a de nos permitir entrar em contacto
com
os seres. Quando encontramos pessoas que conhecemos ou mesmo
desconhecidos,
nós dirigimos-lhes uma saudação ou damos-lhes
um
aperto de mão. Mas a mão não é apenas um meio para
estabelecermos
relacionamento com os seres humanos, graças a ela
nós
também podemos entrar em relação com a natureza.
Habituai-vos
a fazer uma saudação ao céu, ao Sol, às
árvores...
quando, de manhã, abris a vossa janela ou a vossa
porta.
Dizei «Bom dia!» a toda a criação. Perguntar-me-eis:
«Mas
isso é útil? Serve para alguma coisa?» Sim, serve para
começar
o dia com um ato essencial: ligardes-vos às fontes da
vida.
Em resposta à vossa saudação, toda a natureza se abrirá
também
a vós, ela enviar-vos-á energias para todo esse dia que
começa
e vós sentir-vos-eis mais vivos."
"Há
imensos problemas que podem ser resolvidos graças a métodos
muito
simples! E esses métodos muito simples são, geralmente,
os
que os sábios ensinam. Mas quem é que os toma a sério? Eles
são
mesmo muito simples e os humanos só acreditam em soluções
complicadas.
Se, para os libertar dos seus tormentos, um sábio,
um
Iniciado, lhes disser: «Fechai os olhos... acalmai-vos...
respirai...
enviai o vosso amor a toda a humanidade, a toda a
natureza,
harmonizai-vos com o universo...», eles não lhe
darão
ouvidos. Em vez de porem estes métodos em prática para
verificarem
a sua veracidade, eles irão procurar supostos magos
para
que estes lhes ensinem fórmulas cabalísticas, lhes
preparem
talismãs ou lhes revelem alguns segredos herdados dos
Tibetanos
ou dos Aztecas. Mas pode suceder que esses talismãs e
esses
segredos não tenham qualquer eficácia ou até sejam nocivos.
Para
se obter grandes resultados e adquirir grandes riquezas
espirituais
é preciso ter consideração por métodos e regras
aparentemente
insignificantes. Sim, aparentemente insignificantes,
mas,
na realidade, os mais eficazes, porque
estão
baseados num conhecimento exato do ser humano."
"Quando
vós despertais, todas as manhãs, tendes imediatamente
consciência
de que sois privilegiados? Vós tendes braços,
pernas,
mãos, boca, ouvidos, olhos... Imaginai que uma manhã,
ao
despertar, vos apercebíeis de que já não conseguíeis ver,
nem
ouvir, nem mexer um membro... Isso pode suceder (e também
pode
suceder não acordardes sequer!)... Mas todas as manhãs
vós
despertais com todas as vossas faculdades e nem sequer
tendes
consciência disso, não ficais reconhecidos por isso.
Vós
tendes tesouros, tendes possibilidades extraordinárias e,
por
vos faltar um dinheirito ou por não terdes obtido o sucesso
que
esperáveis, estais sempre a queixar-vos, a revoltar-vos e a
tornar-vos
infelizes. Refleti um pouco e percebereis até que
ponto
estais a ser ingratos e pouco inteligentes.
Aprendei
a agradecer diariamente. Logo desde o começo do dia,
quando
despertais e vos apercebeis de que estais ali, intactos,
com
todas as vossas faculdades, prontos a começar uma nova
jornada,
agradecei, e sentir-vos-eis bem-aventurados..."
"Para
apreciar o valor de alguém, a maioria das pessoas têm em
conta
a sua situação social, a sua fortuna, os seus diplomas,
as
suas maneiras mais ou menos sofisticadas, e é em função
dessas
vantagens exteriores que lhes atribuem responsabilidades
ou
lhes concedem privilégios. É por isso que elas se enganam
muitas
vezes, porque não tiveram em conta o essencial, o caráter.
Um
Iniciado, pelo contrário, para se pronunciar só tem em conta
o
caráter. Tudo o que uma pessoa adquiriu ou recebeu de exterior
não
o impressiona, pois é fácil adquirir o talento, as
habilidades,
a erudição ou até a fortuna: bastam alguns anos
ou
até alguns meses, conforme os casos. Mas são necessárias
vidas
e vidas de trabalho, de esforços, para desenvolver o
altruísmo,
a lealdade, a bondade, a generosidade, a coragem... E
os Iniciados só têm
consideração por estas qualidades."