segunda-feira, 24 de setembro de 2012

O HOMEM QUE PLANTAVA ÁRVORES



Conta a história que, em meados do ano 1905, Elezéard Bouffierd, um homem com
pouco mais de cinquenta anos, passou a morar sozinho em uma região montanhosa da 
França, no vale da Provença.
Nessa época, as terras estavam devastadas e nada crescia além das lavandas silvestres.
Uma desolação total.
Havia secura por toda parte e, para que ele pudesse sobreviver ali, extraía água de uma
fenda natural e profunda.
Diariamente esse camponês dedicava-se ao trabalho de examinar, com muita atenção e
cuidado, várias sementes de carvalho. Escolhia as melhores e as separava em grupos de
dez.
Depois saía a caminhar pelas montanhas, levando consigo um comprido bastão de ferro
e os grãos anteriormente selecionados.
No alto das colinas, fazia buracos com o bastão, depositava as sementes e as cobria com
terra.
Plantava carvalhos numa terra que não era sua.
A cada dia, com extremo cuidado e em completa solidão, aquele homem plantava cem
grãos.
Calculava que já havia semeado cem mil árvores desde que iniciara essa tarefa.
Supunha que vinte mil brotariam. Dessas, perderia metade devido aos imprevistos da
natureza.
Em seu cálculo, restariam então dez mil carvalhos que iriam crescer em um lugar onde
antes não havia nada.
Rogava sempre a Deus que lhe permitisse viver ainda por muitos anos, para que
pudesse continuar a plantar.
Mantinha também um canteiro cheio de mudas de faias, árvore tipicamente europeia.
Passados cinco anos do plantio das primeiras sementes e mudas, surgiu nas colinas uma
espécie de bruma cinzenta que as cobria como um tapete.
Na sequência do tempo, passados mais dez anos, num espetáculo impressionante, os
carvalhos haviam crescido e se transformado numa floresta.
As faias tinham vencido as intempéries e as bétulas formavam um admirável bosque.
Tudo saído das mãos e da alma de um único homem que, sem utilizar nenhum meio
técnico, perseverou até a velhice, na sua inabalável tarefa de plantar árvores, confiando
apenas em seus simples recursos.
Como símbolo máximo do renascimento, a água corria em riachos que antes estavam
secos, num impressionante efeito natural de reação.
Ao se observar aquela beleza indescritível era possível a conclusão de que podemos ser
tão eficazes quanto Deus em algumas instâncias.
Toda a semeadura parecia ter acontecido de uma forma natural, ninguém suspeitaria
que fosse obra de uma única pessoa.
O trabalho calmo e regular, a frugalidade e, sobretudo, a serenidade da alma,
transformaram aquele homem em um colaborador de Deus.

* * *
Com um exemplo de simplicidade e amor à natureza, esse homem demonstrou a nossa
capacidade de sermos co-criadores da obra Divina.
As sementes por ele plantadas representam a esperança de que somos capazes de
modificar, para melhor, o local onde vivemos, legando para as futuras gerações um
mundo mais belo e promissor.


Redação do Momento Espírita, com base no conto O homem
que plantava árvores, ganhador do Oscar de 1988, de melhor curta metragem de
animação.
Em 20.09.2012.