Porque estamos pagando nossas dívidas... Parece óbvia a resposta quando pensamos na lei da ação e reação que rege o planeta, mas não é. Claro que existem pessoas que abandonamos, maltratamos em vidas passadas e que agora nos cobram. Existem acertos e pendências que precisamos resgatar nessa vida, mas havemos de ponderar que também existem as tendências de alma. Vícios de comportamento que nos levam sempre a repetir padrões.
Confesso que levei muito tempo para aceitar essa ideia de que criamos a realidade que nos cerca, porque estava ainda condicionada à posição da vítima e achava que quem falava em criar o destino, em atrair o bem ou o mal não sabia do meu sofrimento... Achava que essas pessoas olhavam de fora, de forma superficial, e que a lei do karma era mesmo implacável e única.
Ao longo da minha vida, fui aprendendo muitas coisas com os mestres da Fraternidade Branca e minha própria experiência e tantas observações me mostraram que, no mínimo, eu deveria estar aberta a novas experiências e conceitos.
Tudo começou quando tive algumas boas surpresas, quando a história linear que eu era capaz de criar, em cima de tudo o que conhecia, mudou com fatos novos que chegaram de forma inesperada. Isso foi um alento.
Aceitar o novo é tudo o que queremos, mas não é fácil. Percebi que sofremos por apego e, muitas vezes, por um desejo inconsciente de vingança.
Normalmente quem é, ou foi abusado, sente muita raiva, o que é normal. Muitas vezes, também o abusado, seja moral ou fisicamente, silencia, não fala para ninguém, sente vergonha, foge da situação, guarda no inconsciente, ou mesmo “esquece”, porque não se dá conta do sofrimento.
Aprendi com os mestres ascensos que quando você guarda alguma coisa no inconsciente, cria o condicionamento de tentar repetir as situações, as cenas, e até vida após vida trazer de volta os mesmos eventos, para em algum momento ter forças para se conectar ao Eu divino, e se libertar.
Triste tudo isso, não é?
Porque a maioria de nós está muito distanciada do Eu divino e se sente mesmo vítima de um pai carrasco, de um marido egoísta, de um filho ingrato, pois o abuso pode ser diário, e um hábito constante em nossa vida. E vamos combinar, que não é nada fácil se libertar dessa programação porque nem sempre conseguimos ou podemos nos libertar das pessoas. Nem sempre podemos morar em outra casa para se livrar de um pai carrasco, ou de um marido autoritário. Mas podemos e devemos nos cuidar, tentar crescer, nos investigar no processo de autoconhecimento. E antes ainda de perdoar o outro, que será um passo importante nesta libertação, nos perdoar por ainda viver esse tipo de experiência dolorida.
Apesar de difícil conseguir trilhar esse caminho, isso é possível.
Erro maior está em não aceitar que a vida possa ser diferente. E continuar querendo controlar todas as experiências, como fazem os que foram abusados por medo de sofrer ainda mais, caso se soltem.
Quando não aceitamos as oportunidades novas da vida, quando nos fechamos vendo apenas o que há de ruim, tudo à nossa volta também se fecha.
Por amor a nós mesmos precisamos abrir a vida e é por isso que acredito tanto em orações, em mantras, em receber passes, Reiki, em curas espirituais. Porque a energia começa a mudar e nós vamos descobrindo outras formas de reagir ao mundo, que pode ainda estar nos oferecendo experiências pesadas e ruins. Mas vamos descobrindo que podemos evitar o sofrimento, ou pelo menos, não continuar de forma automática propagando a dor. A tomada de consciência, é o começo da liberdade kármica.
Abuso maior não há do que se prender à condição de vítima, porque a nossa visão sob nós mesmos é muito poderosa. Quando nos vemos como vítimas, seremos vítimas para sempre. Quando conseguimos ver que estamos sofrendo, e que de fato nessa situação atual somos vítimas, ok. Mas podemos ver também que podemos mudar, podemos pensar diferente numa próxima situação, não seremos vítimas para sempre.
Percebo que precisamos desenvolver nossos dons espirituais para aprendermos ser menos controladores e mais flexíveis, já que a realidade externa é medida pela força do olhar que vem de dentro de cada um. Assim, desejo que você vença o medo do novo, e deixe de abusar de si mesmo restringindo suas experiências com medo do sofrimento. Cure-se permitindo ver além dos seus horizontes.
Por Maria Sílvia Orlavas em Junho de 2013
Fonte: http://somostodosum.ig.com.br/clube/artigos.asp?id=34952