As ruas da imensa cidade estavam movimentadas naquele entardecer.
Carros, ônibus, motocicletas e pedestres lotavam as vias e a sinfonia de buzinas era quase ensurdecedora.
Nesse torvelinho, um senhor bastante idoso esperava, longa e demoradamente, uma chance para fazer, com segurança, a travessia de um perigoso cruzamento.
De dentro de um estabelecimento comercial próximo, um jovem percebeu que há muito o idoso aguardava sua vez, sem obter sucesso.
Tomado de compaixão, o rapaz decidiu ajudá-lo a chegar do outro lado da rua.
Aproximando-se do ancião, percebeu o motivo da dificuldade para a realização da travessia: além de ser idoso, ele trazia em mãos uma bengala típica de portadores de deficiência visual.
De forma cuidadosa, a fim de não assustar ou constranger, o jovem aproximou-se dele e ofereceu ajuda.
O senhor, sorrindo aliviado, assentiu com a cabeça e ambos atravessaram a rua, conversando alegremente sobre coisas mais diversas do dia a dia.
Tomado pela curiosidade, o rapaz indagou se ele não tinha um pouco de receio ao confiar em estranhos a fim de auxiliá-lo em travessias arriscadas como aquela.
Meu filho, respondeu o senhor, no início eu tinha muito medo. Mas com os anos e, por conta da necessidade, fui aprendendo a confiar. Aprendendo, digo, pois confiar é um ato, antes de tudo, de caridade.
Surpreso com a lição que acabara de receber, o jovem despediu-se do gentil senhor, que prosseguiu, sereno, sua jornada.
* * *
Confiar não é tarefa fácil.
Tantas são as notícias de tragédias, violência gratuita, desamor, que nossa capacidade de estabelecer vínculos de confiança com o nosso próximo torna-se cada vez mais restrita.
E a confiança em Deus? A busca pela fé?
Por conta das dores do mundo, muitos chegam a afirmar que Deus não existe ou, se existe, nos abandonou.
A fé em Deus, no outro e em nós mesmos é virtude a ser conquistada pelo espírito caminheiro do progresso. E, por assim ser, necessita de muito trabalho e esforço íntimo.
Não nos permitamos esquecer de que Deus, o zeloso Criador, jamais nos abandona. Antes, permite que passemos pelo sofrimento, a fim de que a dor, esse remédio amargo, mas eficaz, possa nos curar as almas enfermas pelo orgulho e egoísmo.
Não percamos a confiança no outro, mesmo sabendo que, muitas vezes, ele fará escolhas equivocadas que poderão nos ferir o coração. Que nossa fé nos faça recordar que ele é ainda imperfeito, assim como também somos.
E não percamos a confiança em nós mesmos, mesmo que possamos cair, várias vezes, ao longo da jornada. Que nossa fé nos lembre de que é somente caindo que aprendemos a caminhar.
* * *
Nos momentos em que as escuras nuvens da falta de fé nublarem nosso caminho, nos lembremos da poesia de Davi, o salmista:
O Senhor é meu pastor e nada me faltará.
Certamente que a bondade e misericórdia de Deus me seguirão por todos os dias de minha vida. E habitarei na casa do Senhor por longos dias.
Redação do Momento Espírita, com transcrição
de versos do Salmo 23, do livro bíblicoSalmos.
Em 5.12.2013
de versos do Salmo 23, do livro bíblicoSalmos.
Em 5.12.2013
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