domingo, 6 de abril de 2014

MESTRE OMRAAM MIKHAEL AIVANHOV

"Quando nada os obriga a fazer esforços, os humanos têm
tendência para se deixar andar. É preciso que lhes surjam
dificuldades, provações, para eles se emendarem e mobilizarem
as suas energias a fim de recomporem a situação. Quando o
conseguem, relaxam e voltam a cair na negligência, na preguiça.
Não é bom ajustar o seu comportamento às variações do mundo
exterior. Quaisquer que sejam os acontecimentos, deveis continuar
a fazer esforços, pois eles é que vos mantêm vivos e com
saúde. As condições melhoram, as dificuldades amainam?...
Tanto melhor, mas isso não é razão para parar de fazer
esforços físicos, afetivos, intelectuais. É esta a regra para
os verdadeiros espiritualistas.
A prática espiritual está baseada em métodos muito simples,
mas cuja aplicação exige uma grande perseverança. Para
adquirirdes a luz, a paz, o amor, a força, todos os dias
precisais de fazer novos esforços: alimentar certos pensamentos,
pronunciar certas palavras, executar certos gestos. Então, é a
própria Mãe Natureza que vos diz: «Eu reconheço esses
pensamentos, essas palavras, esses gestos: eles vibram em
harmonia com aquilo que existe de mais belo e luminoso em mim. Eu
te concedo as minhas bênçãos.»"

"Qualquer que seja a forma na qual o mal se apresenta,
esforçai-vos por nunca ceder perante ele. Nunca aceiteis que uma
dor, uma inferioridade física, vos tire o gosto de viver.
Evidentemente, é difícil, mas, mesmo que estejais a perder a
vista ou a audição, mesmo que tenhais um membro paralisado,
tomai consciência de todas as faculdades, todas as
possibilidades, que ainda possuís e graças às quais podeis
continuar a agir, a aprender, a aperfeiçoar-vos. E, sobretudo,
tereis ainda o pensamento e o sentimento, que são os verdadeiros
poderes. Apelai a eles, pois é cultivando pensamentos acertados
e sentimentos generosos que criareis em vós disposições
benéficas que contribuirão para melhorar até o vosso estado físico.
Muitas vezes, o mal assume as proporções que nós lhe
atribuímos, e quem resigna, quem se deixa levar pelo desânimo,
reforça-o. Mas já vistes uma galinha defender os seus
pintainhos quando um cão se aproxima? Ela eriça-se, levanta as
penas e cacareja ruidosamente para o amedrontar. Agi vós também
assim com o mal: eriçai-vos, fazei-lhe frente, mostrai-lhe que
sois capazes de vos defender, e ele será obrigado a recuar."

"Alimentar-se corretamente supõe, em primeiro lugar, o respeito
por certas regras, como comer conscientemente, lentamente, e
mastigar bem os alimentos. Comer lentamente e mastigar bem
facilita a digestão. Se se engole os alimentos antes de os ter
mastigado suficientemente, o estômago, que os recebe, tem de
aplicar um acréscimo de energia para os digerir, o que fatiga o
organismo. Também é preciso saber que a boca, que recebe em
primeiro lugar os alimentos, é um laboratório que desempenha
desde logo, num plano mais subtil, o papel de um verdadeiro
estômago: graças a glândulas situadas sobre e sob a língua,
ela absorve as partículas etéricas dos alimentos.
Vós começais a comer... Por que é que, desde as primeiras
garfadas, mesmo antes de os alimentos poderem ter sido digeridos,
já sentis que recuperastes forças? Porque, ao passarem pela
boca, esses alimentos libertaram energias, partículas etéricas,
que foram alimentar o vosso sistema nervoso. Antes de o estômago
ter podido transformar os alimentos, o sistema nervoso já está
alimentado. Certas pessoas sentem-se fatigadas depois de uma
refeição porque engoliram os alimentos sem terem mastigado bem;
e o organismo tem de despender mais energia para os digerir. A
sua fadiga vem daí. Se elas aprenderem a mastigar bem,
levantar-se-ão da mesa leves e cheias de vitalidade."

"Quereis estar felizes? Aprendei a cultivar esta qualidade tão
preciosa: a atenção. A atenção alimenta o amor, alimenta a
vida. Prestai atenção não só aos seres humanos, mas também
às árvores e às flores que encontrais no caminho, às gotas de
orvalho, às borboletas, aos insetos, às aves...
E também podeis aplicar este conselho à vossa vida interior,
pois em vós também há borboletas que volteiam de flor em flor
e aves que cantam nas árvores. Por vezes, quando abris a vossa
janela de manhã, sentis-vos habitados por presenças
invisíveis, semelhantes às que os contos de fadas mencionam, e
é como se gotas de orvalho brilhassem nas flores e nas folhas da
vossa alma. Prestai atenção a essa sensação, não a deixeis
dissipar-se sem tentar retê-la pelo menos por um momento, pois
ela é que trará poesia ao vosso dia."

"Cada um, na sua vida, tem lições a aprender, erros a reparar,
não pode escapar a isso e, de uma maneira ou de outra, tem de
“pagar”: pagar para aprender e pagar para reparar os erros
cometidos. Esse pagamento faz parte das leis do carma, é preciso
aceitá-lo. Aliás, mesmo que ele não seja aceite, isso nada
muda, não se pode escapar à justiça divina e também não se
pode contorná-la.
Esforçai-vos, pois, por compreender como funciona a justiça
divina e confiai nela. É como se todos os erros que cometestes
fossem pesar no prato de uma balança e todas as vossas boas
ações no outro prato. Então, quando chegar o momento de pagar
pelas transgressões, tudo o que tiverdes feito de bom intervirá
para que o pagamento seja menos pesado. Esta lei é válida em
todos os domínios: os esforços que fazeis para vos
reforçardes, para vos purificardes, permitir-vos-ão sempre
enfrentar as provações em melhores condições.
Que isto fique bem claro: vós deveis, por um lado, saber que
não se escapa à justiça divina, e, por outro, estar sempre
conscientes de que tudo o que fazeis de bom se transforma em
energias que vos ajudam a triunfar nas provações."

"Está escrito que o ser humano foi criado à imagem de Deus. Na
sua essência, ele é, pois, um puro espírito. Então, por que
é que ele vem incarnar-se na terra? Para explorar a matéria, e
será assim que ele conseguirá desenvolver todas as capacidades
do seu cérebro, que são quase infinitas. No decurso desta
descida, os seus cinco sentidos, que são intermediários entre o
espírito e a matéria, ganharam cada vez mais importância, ao
ponto de ele acabar por perder a consciência do mundo do
espírito, o mundo divino, de onde é originário; ele cortou a
ligação e já nem sequer sente a presença desse mundo, o que
é um grande empobrecimento, mesmo sem que ele tenha consciência
disso. Contudo, este contacto com a matéria será uma
aquisição extraordinária para ele.
Está nos projetos da Inteligência Cósmica levar a criatura
humana à perfeição. Ela deve, pois, passar pela opacidade da
matéria, passar pela doença e pela morte. Até ao dia em que,
fortalecida por todas essas experiências, voltará para a
verdadeira vida, para a luz, para a liberdade, e então é que
ela conhecerá plenamente o seu Criador."

"O ser humano, tal como a terra, está rodeado por uma atmosfera a
que a tradição iniciática chama “aura”, e é através da
aura que ele comunica com as correntes de forças que circulam no
espaço. Essas correntes são luminosas ou tenebrosas, benéficas
ou maléficas, e é a aura que, consoante a sua recetividade, a
sua pureza, a sua intensidade, as atrai ou as repele. Mesmo que
esteja rodeado de más correntes, quem tem uma aura poderosa e
pura está protegido, pois, antes de o atingirem, elas encontram
a sua aura, que, agindo como a alfândega de uma fronteira, não
as deixa entrar.
Exercícios de concentração sobre as cores do prisma podem
ajudar-vos a formar a vossa aura, mas só obtereis
verdadeiramente resultados se acompanhardes esses exercícios com
um trabalho para desenvolver as virtudes. Pelo amor, vós
vivificai-la, pela sabedoria, iluminai-la, pelo autodomínio,
reforçai-la, pela pureza, tornai-la límpida e clara. As
entidades celestes são sensíveis à aura de um santo, de um
Mestre espiritual, e mesmo de muito longe apercebem-se da sua
presença e acorrem até ele. Mesmo os humanos procuram
aproximar-se de um ser assim, pois sentem que ele lhes traz luz,
os alimenta, os tranquiliza, os reconforta."

"Para viver, para enfrentar todas as condições da existência,
é importante reforçar o seu caráter. Senão, o que se pode
fazer com pessoas que são incapazes de suportar a mínima
dificuldade, o menor obstáculo? Essa sensibilidade neurótica,
que é alimentada pela sua natureza inferior, torna a existência
muito difícil; por isso, muitos concluíram que, para se ser
feliz, é preferível ficar insensível.
Na realidade, é preciso estabelecer a diferença entre a
verdadeira sensibilidade e essa sensibilidade doentia a que seria
mais exato chamar suscetibilidade ou pieguice. A verdadeira
sensibilidade é uma faculdade que nos torna capazes de nos
elevarmos muito alto para termos acesso à beleza de regiões
cada vez mais luminosas e subtis. A pieguice é uma
manifestação da natureza inferior dos seres que,
considerando-se o centro do mundo, acham que nunca lhes
manifestam consideração suficiente; à mínima ocasião
sentem-se frustrados, feridos, e tornam-se agressivos. Quem se
apercebeu bem desta distinção compreende que há todo um
trabalho a fazer sobre a sua natureza inferior para a dominar; é
a única maneira de permitir que a sua verdadeira sensibilidade
se desenvolva."

"De todos aqueles que se fazem notar por capacidades intelectuais,
artísticas, psíquicas, etc., diz-se que possuem um dom. O que
é um dom? É uma entidade espiritual que penetrou num ser para
trabalhar através dele. É claro que não haverá muitos
especialistas do cérebro a admitir que os talentos, as
capacidades, são entidades que habitam nos humanos. Mas a prova
de que não são eles que fazem essas maravilhas, mas outros
através deles, é que eles podem perder o seu dom. Já aconteceu
a muitos: as desordens a que eles se entregaram fizeram-nos
perdê-lo, as entidades que habitavam neles deixaram-nos.
Quereis que entidades superiores venham manifestar-se através de
vós na forma de qualidades, de talentos? Apelai para a luz, para
a harmonia, para a paz: são as condições indispensáveis para
atrair essas entidades. Elas estão à espera e, quando veem um
ser que soube preparar-lhes uma morada digna delas, com que
alegria elas penetram nele para o enriquecer, o embelezar, e
enriquecer e embelezar também os outros através dele!"

"As quatro estações estão sob a influência de quatro arcanjos:
Rafael preside à primavera, Uriel ao verão, Miguel ao outono e
Gabriel ao inverno. Quando se aproxima o equinócio da primavera,
todos os espíritos e forças da natureza trabalham sob a
condução de Rafael para reanimar a vida por toda a parte. Esta
renovação na natureza é para os humanos sinónimo de
regeneração e, portanto, também de cura. Na Árvore da Vida,
Rafael é o arcanjo da séfira Hod, região a que os cabalistas
associaram o planeta Mercúrio. Ora, o deus Mercúrio (Hermes na
mitologia grega) tem como atributo o caduceu, que ainda hoje é o
símbolo dos médicos. E o nome Rafael significa “Deus curou”.
Para os cristãos, a Páscoa é a grande festa da primavera: toda
a natureza celebra a ressurreição do Cristo, que é também a
ressurreição de todas as criaturas. Por isso, quando chega a
primavera, cada um tem um trabalho a fazer, é o momento de se
desembaraçar de tudo o que, no seu interior, está velho e
caduco. Então, dirigi-vos ao arcanjo Rafael, pedi-lhe que vos
torne recetivos às virtudes ocultas nas árvores, nas flores,
nas ervas, para entrardes em comunhão com essa grande corrente
que vem do coração do universo e traz a nova vida."

"Muitas pessoas, como pressentem os perigos que ameaçam o futuro
da humanidade, mostram-se preocupadas com as gerações futuras.
Pois bem, elas devem preocupar-se, em primeiro lugar, com a
maneira como fazem vir os filhos ao mundo: é muito mais
importante do que refletir nas condições materiais em que eles viverão.
Felizmente, há cada vez mais médicos, enfermeiros e psicólogos
que compreendem a importância do período durante o qual a mãe
traz o filho no ventre. Com efeito, logo no seio da mãe, a
criança é um ser dotado de uma certa forma de consciência; a
mãe pode, pois, estabelecer relação com ele e exercer uma
influência sobre ele. Quando as mulheres tomarem consciência do
poder de que dispõem, compreenderão que são mais fortes do que
todos os meios materiais a que se pode recorrer para fazer face
às ameaças que pesam sobre o futuro da humanidade. Esse futuro
está nas suas mãos. Se, durante os nove meses em que uma mãe
traz o filho no ventre, ela se esforçar por concentrar sobre ele
os seus melhores pensamentos, os seus melhores sentimentos e os
seus melhores desejos, formará um ser que, mais tarde, saberá
trazer a paz, a harmonia e a luz ao mundo. E o pai dessa criança
deve apoiá-la nos seus esforços."

"Existem algumas diferenças entre o contentamento e a alegria. O
contentamento lê-se imediatamente num rosto. O contentamento é
sorridente, emana dele algo de ligeiro. A alegria vem de regiões
mais profundas. Pode-se sofrer e, ao mesmo tempo, sentir alegria,
porque através desse sofrimento sente-se que se está a
compreender algo de essencial. Evidentemente, essa alegria
profunda também pode exprimir-se por contentamento. Por isso se
observa que muitos sábios são seres contentes. O que eles
compreenderam alivia-os dos pesos da existência. Contrariamente
ao que muitas pessoas imaginam, os sábios não são tristes nem
pessimistas, são contentes, e mesmo quando passam por
sofrimentos e provações são capazes de rir.
Ainda não se estudou todos os benefícios do riso. Ele mantém a
“souplesse” em nós. Torna-nos mais leves e impele-nos a
avançar. Também nos torna mais amorosos. Quem sabe rir ama mais
do que os outros. E aprende melhor e mais depressa do que os outros."

"Nunca vos queixeis das condições materiais que vos são dadas
nesta existência, mesmo que, aparentemente, elas sejam más.
Pensai que elas não são determinantes. Ou, mais precisamente,
que elas são determinantes no sentido em que vos obrigam a fazer
um trabalho sobre vós mesmos. Cada um tem uma ideia daquilo que
é bom ou mau para si, mas, muitas vezes, a Providência tem
outros pontos de vista.
O mais sábio é, pois, considerar que as condições que vos
são dadas são as melhores para a vossa evolução. E, em todo o
caso, elas serão boas ou más conforme o que fordes capazes de
fazer com elas. Se não se souber utilizá-las, as condições
mais favoráveis só provocarão catástrofes, ao passo que, se
se souber utilizá-las, as más condições tornam-se as mais
benéficas. Não é no momento que podeis fazer um juízo sobre
as condições que vos foram dadas, mas muito tempo depois,
quando descobris até que ponto soubestes tirar partido delas."

"Mesmo que estejais sujeitos às trepidações da vida quotidiana,
deveis compreender a necessidade de preservar o silêncio em
vós. Preservá-lo-eis habituando-vos a estudar os pensamentos e
os sentimentos que vos atravessam. Por isso, várias vezes por
dia, pensai em parar por um momento para analisar o que se passa
em vós e, assim que notardes a menor perturbação, a menor
dissonância, esforçai-vos por remediar a situação. Senão,
quando quiserdes meditar e fazer um verdadeiro trabalho
espiritual, não conseguireis, haverá sempre alguns rangidos,
alguns reboliços interiores que vos impedirão disso e, pouco a
pouco, perante as dificuldades que ireis encontrar, acabareis por
abandonar essa prática tão salutar da meditação.
O silêncio interior é um estado tão difícil de alcançar! É
preciso preparar as condições para ele durante todo o dia. A
primeira condição é só alimentar pensamentos e sentimentos
harmoniosos. Assim que sentis que estais a ficar impacientes,
irascíveis, é inútil procurardes desculpas ou explicações de
outra natureza: deixastes a desarmonia infiltrar-se em vós.
Então, reagi!"

"Certas pessoas não querem fazer o esforço de se harmonizar com
os outros porque receiam ser absorvidas pela coletividade. Não,
cada indivíduo é bem distinto dos outros, mas, embora mantendo
o seu próprio caráter, a sua maneira de ser própria, deve
trabalhar para a unidade. Observai as células do organismo: elas
não são idênticas e não desempenham as mesmas funções; uma
célula do coração não é uma célula do estômago, cada uma
mantém a sua individualidade; mas as suas afinidades, as suas
ligações, criam entre elas o estado de harmonia a que se chama
saúde. É assim tão difícil de compreender?
Não há que pedir a um negro que se torne branco, a um
muçulmano ou a um budista que se torne cristão. No passado, os
cristãos enviavam missionários para converter todos os povos da
terra e isso trouxe muita violência, imensas tragédias! Todos
os crentes, como todos os humanos, devem manter as suas
particularidades, as suas diferenças, mas, as mesmo tempo,
estabelecer entre eles ligações fraternas graças às quais
formam uma unidade."

"Em vez de procurarem alguma coisa para ajudar aqueles que sofrem,
certos “espiritualistas” limitam-se a dizer: «Oh, é o
destino deles, é o seu carma.» Se é para darem a si próprios
boas razões para serem egoístas, era preferível que nunca
tivessem ouvido falar do carma!
Evidentemente, é preferível que todos conheçam as leis do
destino, que compreendam por que é que lhes acontecem certas
desgraças, a eles e aos outros. Mas, quando veem pessoas a
passarem por provações, eles devem fazer o que podem para as
ajudar. Alguém dirá: «Mas por que havemos de tentar ajudá-los
se aquilo por que estão a passar estava inscrito no seu
destino?» Em primeiro lugar, porque os esforços que se faz para
ajudar os seres nunca são inúteis: em certas circunstâncias,
ao ver a vossa compaixão, a vossa boa vontade, as entidades
celestes podem deixar-se condoer e aliviar os seus sofrimentos. E
também é bom para vós, pois, ao ajudar os outros, desenvolveis
novas qualidades. Não é fácil ser realmente útil aos outros,
é verdade; mas não importa, quaisquer que sejam as
circunstâncias, deve-se tentar ajudá-los. Se não o
conseguirdes, pelo menos vós tornar-vos-eis mais inteligentes,
mais fortes, mais livres. "