sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

RUMO A UMA CIVILIZAÇÃO SOLAR

Extrato do Livro "RUMO A UMA CIVILIZAÇÃO SOLAR" de Mestre Omraam Mikhaël Aïvanhov 


Actualmente, fala-se muito de yoga. Também eu vos disse algumas palavras a esse respeito ao apresentar-vos os diferentes tipos de yogas que existem e que vêm sobretudo da Índia e do Tibete, mas também da China, do Japão ... Porque todas as religiões têm o seu yoga, mesmo o Cristianismo.

Sim, os cristãos sempre praticaram a adoração, a prece, a veneração, o amor para com o Criador; é esse o aspecto predominante da religião cristã. Na Índia chamam-lhe Bhakti-yoga, o yoga da devoção, da adoração, do amor espiritual. Só que este yoga convém a certos temperamentos, mas não a outros, que têm qualidades e dons diferentes e aos quais é necessário dar, portanto, outras possibilidades de manifestação. São numerosos os caminhos que levam ao Criador. Os cristãos limitaram-se a uma via única, que, aliás, é maravilhosa, não se deve criticá-la, mas os hindus, esses, são mais ricos, deram muitos outros métodos.
 

Para aqueles que são mais feitos para o estudo, para a reflexão, para o trabalho do pensamento, deram o Jnana-yoga, o yoga do conhecimento, a fim de eles poderem encontrar o Senhor pelo apro- fundamento do pensamento.
 

Alguns não se sentem impelidos nem para a filosofia nem para o misticismo, mas têm uma vontade poderosa, têm energias para despender e uma grande devoção; eles querem trabalhar e servir os outros. O Karma-yoga é feito para eles; é o yoga das obras, dos deveres a cumprir sem esperar pagamento nem recompensa. O Karma-yoga é o yoga da acção gratuita e desinteressada.
 

Para aqueles que querem dominar-se, controlar os seus instintos, os seus impulsos, existe o Radja-yoga: pela concentração e pelo autodomínio, também eles conseguem alcançar o Eterno, fundir-se n Ele, tomando-se "reis" (é o sentido da palavra "radja") do seu próprio reino.
 

O Kriya-yoga é o yoga da luz: pensar na luz, conhecê-la, compreendê-la, rodear-se de cores, introduzi-las em si e projectá-las em seu redor: é um trabalho magnífico.
 

O Hatha-yoga é para aqueles que gostam de fazer exercícios físicos, de pôr-se em toda a espécie de posições, de "âsanas", como lhes chamam: eles dobram-se, torcem-se, enrolam-se em forma de bola, passam as pernas por detrás da cabeça, etc ...
 

Estes exercícios, que se baseiam, evidentemente, no conhecimento exacto dos centros que são postos em funcionamento quando se assume esta ou aquela posição, exigem muita vontade e perseverança.
 

O Hatha-yoga é o yoga mais propagado no Ocidente, mas os pobres ocidentais não têm o temperamento e a constituição dos orientais, nem as condições de calma e de silêncio para o praticar, e muitos acabam por se perturbar física e psiquicamente. Eu encontrei muitas pessoas que me confessaram ter abandonado o Hatha-yoga porque sentiam que estavam a ficar desequilibradas. Há que ter muita prudência, e eu nunca aconselhei aos ocidentais a prática deste yoga.
 

O Agni-yoga é o yoga do fogo: pensar no fogo, trabalhar com o fogo, despertar o fogo. Uma vez que o fogo está na origem da criação, o Agni-yoga é também um caminho que leva ao Criador.
 

O Chabda-yoga, o yoga do Verbo, consiste em pronunciar certas fórmulas - ou "mantras" - num dado momento, um certo número de vezes, com uma determinada intensidade ... O verbo é um poder, e aquele que sabe agir com este poder obtém grandes resultados.
 

Gostaria de falar-vos agora de um yoga que ultrapassa todos os outros: o yoga do Sol. Ele era praticado no passado por numerosos povos, mas presentemente foi abandonado, sobretudo no Ocidente.
 

Visto que, em sânscrito, "Sol" diz-se "Surya", dei-lhe o nome de "Surya-yoga". É o meu yoga preferido, porque reúne e resume todos os outros. 1 Sim, por que não reunir todos os yogas num só? ...
 

O discípulo da Fraternidade Branca Universal não pode ter horizontes estreitos, não pode ficar limitado, deve desenvolver-se em todos os domínios. Deve agir com um desinteresse absoluto: eis o Karma-yoga. 

Deve procurar Deus, amá-Lo e adorá-Lo: eis o Bhakti-yoga. Deve meditar e concentrar-se para conseguir dominar-se e governar o imenso povo constituído pelas suas células - é o Radja-yoga. Quando está sentado em meditação ou executa os movimentos da nossa ginástica ou os da paneurritmia, isso é, se quisermos, Hatha-yoga! Ele projecta luz e cores, rodeia-se de uma aura luminosa: eis o Krya-yoga. Ele concentra-se no fogo e dá-lhe a possibilidade de queimar todas as impurezas que em si existem - é o Agni-yoga.
 

Ele procura incessantemente ser senhor do seu verbo, quer dizer, não pronunciar palavras negativas, que possam introduzir a dúvida ou desalento nos outros e, pelo contrário, esforça-se por se tornar um criador da nova vida: eis o Chabda-yoga. Finalmente, ele concentra-se no Sol, ama-o, procura-o, considera-o como uma porta aberta para o Céu, como a manifestação do Cristo, o representante de Deus, e é isso o Surya-yoga. O discípulo que o pratica não rejeita nenhum dos outros yogas, pelo contrário, e torna-se um ser completo, vive na plenitude.
 

Eu mostro-vos o modelo novo de humanidade que é criada na Fraternidade Branca Universal: seres cujo ideal é desenvolver todas as qualidades e virtudes. Porque no Surya-yoga estão compreendidos a adoração, a sabedoria, o poder, a pureza, a actividade, a dedicação, a luz, assim como o fogo sagrado do amor divino. Eis por que é importante tomardes conhecimento de todas as bênçãos que recebereis ao ir ver o nascer do Sol.
 

Ao praticar o Surya-yoga, ligais-vos à força que dirige e anima todos os planetas do sistema solar, o Sol, e assim tereis obrigatoriamente resultados. Por isso, posso dizer-vos que todos estes yogas que, no passado, eram considerados magníficos, e que ainda são magníficos, cederão o lugar ao Surya-yoga, que os ultrapassa a todos, pois através do Sol trabalha-se com o próprio Deus. Dir-vos-ei até o seguinte: aquilo que ninguém me revelou, revelou-mo o Sol, já que nenhum livro pode dar-vos o que o Sol vos dará se aprenderdes a ter com ele relações correctas.
 

Vós ainda não conseguistes entrar em contacto com o Sol; ele está lá, mas vós não tendes qualquer relação com ele. Contentais-vos em olhá-lo, em constatar que ele está um pouco mais brilhante ou um pouco mais velado do que na véspera, mas não é desse modo que se entra em relação com o Sol.
 

Para estabelecerdes essa relação, deveis aprender a olhá-lo conscientemente. Então, entre ele e vós começarão a circular ondas que criarão formas, cores, um mundo novo; atraireis forças, criaturas inteligentes, que virão dançar, banhar-se nessa beleza, nesse diálogo, nessa conversa que decorre entre o Sol e vós ...
 

É claro que isso não acontece assim tão facilmente. Para receberdes do Sol todas essas bênçãos, precisais de preparar-vos. E que significa "preparar-se"? Pois bem, suponde que vos decidis a assistir ao nascer do Sol, mas na véspera, ou na antevéspera, vivestes situações passionais, querelas, etc. Nesse caso, é evidente que não estais preparados: ao nascer do Sol estareis presos à recordação de todos esses estados caóticos que vivestes e o Sol bem pode estar lá, presente, e vós diante dele, que não o sentireis.
 

Portanto, deveis preparar-vos de véspera: não comer demais, não ir para a cama tarde, não fazer nada que seja susceptível de vos preocupar ou de vos atormentar no dia seguinte, arranjar tudo de modo a estardes libertos, com o pensamento límpido e o coração em paz, sem terdes coisa alguma a regular, a lamentar ou a reparar. É muito importante.
 

Assim, nesta paz, começai lentamente, docemente, a meditar, sem vos concentrardes logo fortemente no Sol. Começai por deitar uma olhadela ao vosso foro íntimo para ver em que estado estão os vossos "habitantes" e, se houver barulho, se houver reboliço, esforçai-vos por acalmá-lo e equilibrar tudo, visto que só depois de o terdes feito, depois de terdes instalado a harmonia e a paz em vós mesmos, podeis projectar-vos em direcção ao Sol, imaginá-lo como um mundo maravilhoso, povoado pelas mais perfeitas criaturas, seres luminosos que vivem na inteligência sublime, no amor absoluto, na pureza absoluta, e pensar que lá em cima reinam uma ordem, uma cultura e uma civilização que ultrapassam tudo o que se possa imaginar ...
 

E se eu vos disser que, sem vos dardes conta disso, vós já estais no Sol? Não o sentis, mas há uma pequena parte de vós, um elemento muito, muito subtil, que habita no Sol. A ciência não conseguiu ainda estudar realmente o homem, não sabe tudo o que ele representa de imenso, de rico, de vasto e de profundo. O que se vê dele, o seu corpo físico, ainda não é ele. O homem possui outros corpos (astral, mental, causal, búdico e átmico), que são feitos de uma matéria cada vez mais subtil.
 

Isso é verdade também para a Terra: a Terra não é unicamente o que se vê dela; à sua volta existe uma atmosfera que se eleva até várias dezenas de quilómetros e que a ciência dividiu em diferentes camadas, tendo cada uma um nome. Mas o que a ciência não sabe é que nessas camadas se encontra uma infinidade de elementos, de entidades, e que, para além da atmosfera, a Terra possui um corpo etérico que vai até ao Sol, que toca o Sol... Logo, o corpo etérico da Terra funde-se com o corpo etérico do Sol, visto que também o Sol possui um corpo etérico que se estende para além da sua própria esfera, até à Terra e mais longe, até aos outros planetas. É por isso que o Sol e a Terra se tocam, estão já fundidos.
 

E uma vez que o homem é construí do à imagem do Universo, também ele possui um corpo subtil que se une ao Sol... É deste modo que, considerado no seu aspecto superior, divino, o homem habita já no Sol; mas ele não se dá conta disso, pois a sua consciência está limitada ao mundo físico.
 

O que eu estou a dizer-vos parece-vos inacreditável, contudo são verdades a conhecer e a aprofundar. 

Quando o homem começa a estudar na Escola Divina da Fraternidade Branca Universal, desloca-se progressivamente desta região limitada da consciência unicamente sensorial do mundo físico para uma região superior que é a da superconsciência. Esta região da superconsciência é imensa, tem milhares de níveis que é preciso percorrer até se sentir que já se é um habitante do Sol, que já se existe no Sol.
 

Essa parte de nós mesmos, essa entidade que habita no Sol, é o nosso Eu superior. O nosso Eu superior não habita no nosso corpo físico, senão ele realizaria aí prodígios. Somente de tempos a tempos ele vem tomar contacto com o nosso cérebro, mas, como este não está ainda preparado para se pôr em uníssono com ele, nem tão-pouco para suportar as suas vibrações, o Eu superior não pode manifestar-se. O Eu superior trabalha sobre o cérebro e, no dia em que este estiver capaz de o abrigar, instalar-se-á no homem.
 

O nosso Eu superior não é outra coisa senão o próprio Deus, uma parte de Deus; por isso, nas religiões superiores, nós somos o próprio Deus, porque nada existe fora de Deus. Deus manifesta-se através da criação e das criaturas, e nós somos, portanto, uma parcela d Ele, não existimos separados d Ele.
 

A verdadeira ilusão é a de nos julgarmos separados. Quando os Sábios falam de "maya", a ilusão, não é do mundo material que eles estão a falar. O mundo não é uma "rnaya", o nosso eu inferior é que é uma "maya", porque nos dá a ilusão de existirmos como seres separados da Divindade. O mundo é uma realidade, a matéria também; a ilusão, repito-vos, vem do nosso eu inferior que nos impele sempre a considerarmo-nos como seres separados.
 

Enquanto a nossa existência se processar a um nível muito baixo, o do nosso eu inferior, nós enganamo-nos, vivemos na ilusão, não podemos sentir essa vida única, essa vida universal, esse Ser cósmico que existe por toda a parte; o nosso eu inferior impede-nos de o sentir e de o compreender.
 

Por isso, o trabalho que nós fazemos pela manhã com o Sol, através das meditações e das orações, tem por objectivo restabelecer a ligação, construir uma ponte entre o eu inferior e o Eu superior que existe no Sol.
 

Enquanto fordes influenciados pela filosofia mecanicista, enquanto pensardes que o Sol não pode falar-vos nem ajudar-vos, fechareis a vós próprios o caminho da evolução. É preciso compreender que tudo está vivo, que há uma inteligência que se manifesta através de tudo o que vemos, que o Sol é uma inteligência, uma vida, uma luz viva ... Então, de repente, ele começa a falar-vos. Ele já me revelou muitas coisas, e isso só aconteceu porque eu o considero tal como ele é, quer dizer, como um espírito extraordinariamente elevado, belo, grande, poderoso, inteligente ... ao ponto de, a seu lado, tudo perder importância. 

Experimentai fazer-lhe perguntas e vereis o que ele vos responderá. Pode acontecer que não sejais capazes de decifrar imediatamente a sua resposta; porém, mais cedo ou mais tarde ela apresentar-se-á no vosso ecrã, no vosso cérebro. O Sol envia as respostas instantaneamente, como as máquinas electrónicas.
 

Cabe ao homem desenvolver-se o suficiente para as captar de imediato.
 


Fonte:http://www.publicacoesmaitreya.pt/