segunda-feira, 2 de novembro de 2015

MESTRE OMRAAM MIKHAEL AIVANHOV


"Quando estamos junto a uma montanha, a nossa visão é limitada. Mas subamos até ao cume: a nossa vista alcança muito longe, vemos toda a extensão à nossa frente e à nossa volta,
O símbolo da montanha, com a sua base e o seu cume, também se encontra na nossa vida psíquica. A base é formada pelo intelecto e pelo coração, que, ocupados a fazer cálculos, limitam ou toldam a nossa visão e induzem-nos em erro. Mesmo que, durante um certo período e em certos domínios, esses cálculos possam revelar-se eficazes, com o tempo é provável que os resultados já não correspondam ao que esperamos. O cume é o espírito que vê tudo com exatidão e de muito longe, o espírito que nos guia e consolida as nossas certezas. Ele diz-nos: «De momento, o que vês parece-te ser a verdade, mas continua a subir...» Talvez nunca consigamos atingir o cume, mas o essencial é não nos determos na subida. À medida que entramos na luz do espírito, deixamos para trás de nós as incertezas e as ilusões."

"É fácil estudar o mundo físico: pode-se pesar e medir cada um dos seus elementos, pode-se desenhar os seus contornos e é fácil pôr-se de acordo acerca dos números e das formas. Ao passo que o mundo físico, o mundo interior... Como medir e pesar os estados de consciência ou desenhar os contornos dos pensamentos e dos sentimentos?... Como desenhar os mapas das regiões da alma e do espírito?...
Mas o mundo psíquico apresenta imensas vantagens: como nada nele é material, está protegido dos ataques exteriores. Por isso, se aprenderdes a dar a primazia ao vosso mundo interior, isto é, a tudo o que viveis no vosso coração, no vosso intelecto, na vossa alma e no vosso espírito, ninguém terá poder sobre os vossos pensamentos, os vossos sentimentos, as vossas crenças. Mesmo que vos privem do vosso trabalho e de tudo o que vos pertence para vos fecharem numa prisão, ninguém poderá impedir-vos de vos sentirdes livres e de continuardes a refletir, a orar, a fazer experiências nos laboratórios da vossa alma. "

"Há seres que não têm qualquer crença religiosa e que agem bem, ao passo que outros, que dizem ter fé, agem mal. Pois bem, é pena para uns e para outros! Porquê?
Aqueles que agem espontaneamente segundo as regras da justiça, da honestidade e da bondade, sem basear conscientemente os seus atos num princípio espiritual, estão privados de algo essencial que os reforçaria nas suas convicções e seria para eles um apoio nas dificuldades e nas provações. Como é que os humanos podem imaginar que a fonte das suas qualidades mais preciosas está neles? Como é que não sentem que, acima deles, existe uma Entidade que não só possui essas qualidades na plenitude, mas que é a sua origem e as alimenta? Quanto àqueles que afirmam que creem em Deus e que nada fazem para manifestar as virtudes divinas, a sua situação é ainda pior."

"De onde vem o hábito de orar antes das refeições? Vós direis que é um ato de reconhecimento para com o Criador: é a Ele que devemos o facto de podermos alimentar-nos. Sim, claro. Mas a origem deste hábito também está em certos conhecimentos que os Iniciados têm sobre a realidade do mundo invisível. Eles sabem que existem no plano astral inúmeras criaturas que também têm fome e sede e que, por isso, tentam infiltrar-se nos humanos para se alimentarem através deles.
A nutrição é uma função que, no homem, continua muito próxima do instinto animal e, se ele não estiver vigilante, ao mesmo tempo que se alimenta introduz em si entidades do mundo astral que estão em afinidade com as suas tendências instintivas. Dirigindo uma oração ao Senhor antes da refeição, nós convidamo-l’O a vir comer connosco, e, como Lhe abrimos a porta, ela fica fechada para todos os indesejáveis do plano astral."
 
"Como os humanos estão longe de ser perfeitos, não é de estranhar que as suas imperfeições compliquem as suas relações. Um homem e uma mulher encontram-se, agradam um ao outro, decidem viver juntos e casam. Passado algum tempo, começam os desacordos, o que não tem nada de surpreendente. Mas, em vez de pensarem imediatamente em separar-se, primeiro devem tentar ultrapassar as dificuldades, dizendo para consigo: «Se o destino me fez calhar com o meu marido (ou a minha mulher), deve haver uma razão. Por isso, vou esforçar-me por não romper esta união a fim de aprender, de me melhorar.»
Evidentemente, existem casos em que mais vale deixar uma pessoa com quem já não se consegue chegar a um entendimento. Mas não antes de ter feito os esforços necessários para salvar a situação agindo com paciência, bondade, generosidade. Senão, ir-se-á encontrar de novo os mesmos problemas. Nesta incarnação ou na próxima, não se escapará a eles: mudar-se-á de mulher ou de marido, mas encontrar-se-á as mesmas dificuldades até se ter aprendido a trabalhar sobre o seu caráter."
 
"O silêncio revela o grau de evolução dos seres. Por isso, nos vossos gestos, nas vossas atividades, em todas as vossas manifestações quotidianas, aprendei a amar e a cultivar o silêncio. Por que é que as pessoas se deixam arrastar para situações em que falam alto, gritam, empurram os objetos, batem com as portas? São comportamentos desagradáveis para aqueles que as rodeiam e igualmente nocivos para elas. Mas será que elas se apercebem disso? A maior parte, não. Tal como são, assim se manifestam ; acham-se muito bem assim e os outros só têm é que suportá-las. Pois bem, eis um egoísmo muito prejudicial para a sua evolução.
Tende, pois, o cuidado de não perturbar os outros fazendo barulho. Assim desenvolvereis qualidades de atenção, de sensibilidade, de delicadeza, e criareis em vós as melhores condições para entrar em contacto com as correntes e as entidades do mundo da luz."
 
"Ao longo das eras, na maior parte dos casos as religiões assemelharam-se a famílias que se atacam mutuamente. Não só elas se afirmaram detentoras da verdade com exclusão das outras, isto é, as únicas herdeiras legítimas do Pai Celeste, mas também, no interior de cada uma delas, houve muitos conflitos, muitas injustiças! Vós direis que, atualmente, as pessoas se tornaram mais tolerantes em matéria de religião. Sim, e porquê? Porque, frequentemente, ela só lhes inspira indiferença. Quanto às que se dizem crentes, essas não estão lá muito disponíveis para mostrar abertura e compreensão.
O verdadeiro filho de Deus é aquele que descobre e venera Deus na religião dos outros. Ele compreendeu que Deus está na alma de todos os seres e que é aí, nas almas, que ele deve procurá-l’O. Em toda a parte existem seres que são realmente habitados pelo divino. É isso que é preciso sentir neles, em vez de se estar preocupado com a religião a que eles pertencem, pois onde esses seres se encontram Deus também está presente."
 
"Cada provação por que passais deve servir para a vossa evolução. Por isso, não vos revolteis pensando que sois vítimas de uma injustiça da parte do destino. Alguém diz: «Eu não merecia isto!» Como é que ele pode saber aquilo que merece? Ele não se conhece: não conhece o seu passado distante, também não conhece o seu presente, tem apenas uma vaga ideia do seu futuro. Então, como pode afirmar que o destino ou o Senhor são injustos para com ele?
Mesmo quando, num processo, os juízes condenam um inocente – a História está cheia de erros judiciais! – por detrás dessa injustiça existe, na realidade, uma justiça. Isso aconteceu até com santos, com Iniciados, com grandes Mestres: alguns foram presos, queimados, crucificados... Aparentemente, era injusto; mas, na realidade, essas provações tinham um sentido e eles deviam aceitá-las, fosse para pagarem uma dívida do passado, fosse para compreenderem certas verdades que não teriam compreendido de outro modo, fosse para se tornarem mais fortes. O pensamento de que há uma injustiça divina impede os humanos de evoluir. Aconteça o que acontecer, eles não devem sentir-se vítimas de uma injustiça: deste modo, darão um grande passo em frente."

"Quem tem demasiada confiança em si mesmo provoca os outros: faz inimigos e uma parte do seu tempo é passado em confrontos e ajustes de contas. Tais pessoas devem pôr-se um pouco em questão e dizer para consigo: «Eu não sou assim tão sábio, nem tão bom, nem tão forte. Por isso, não é em mim que devo ter confiança, mas n’Aquele que é omnisciente, todo amor e omnipotente.» Assim, graças a esta dúvida relativamente a si mesmo e graças à sua fé em Deus, ele permitirá que o Senhor penetre nele, se manifeste através dele, e, por toda a parte onde for, será um fator de paz e de harmonia.
Quando tiverdes aprendido a ser humildes perante o Senhor, Ele manifestar-se-á através de vós e será então que obtereis o verdadeiro poder, o poder espiritual. A vossa salvação está na tomada de consciência de que, por vós mesmos, sois pouca coisa, de que a vossa grandeza vem de Deus. Podeis acreditar em vós, mas numa condição: se, através desse ser a que chamais “eu”, for em Deus que acreditais."
 
"Existe uma analogia entre as habitações dos homens e a estrutura do seu psiquismo. Consideremos como exemplo uma divisão de uma casa: ela é feita de um teto (onde se penduram as lâmpadas), de paredes (com as portas e as janelas) e de um chão. Pois bem, o teto, as paredes e o chão correspondem aos domínios do pensamento, do sentimento e da ação.
A luz do pensamento, isto é, a sabedoria, a inteligência, o conhecimento, vem de cima, do teto. O sentimento corresponde às paredes, onde estão as portas e as janelas que permitem comunicar com o exterior. Para dar a estas paredes um aspeto mais agradável, penduram-se nelas quadros, espelhos, e nas janelas põem-se cortinas. As janelas, que têm vidros, representam os olhos; por isso, deve-se limpar frequentemente as janelas, os olhos do nosso coração, para deixar entrar a luz. Por fim, a ação é o solo, o soalho no qual as pessoas se deslocam para realizar as suas diferentes atividades. Eis uma página do Livro da natureza viva, esse livro que nunca se acabará de estudar."
 
"Acontece vós serdes visitados por uma ideia magnífica que vos maravilha: sentis-vos transportados a um espaço de liberdade, de pureza e de luz... Na realidade, esta ideia é um ser espiritual que vos visitou, pois uma ideia não é unicamente um processo mental, não é somente uma abstração: é uma entidade viva que procura manifestar-se através de vós. E se, em vez de conservardes preciosamente esta ideia e de vos pordes ao seu serviço, vos questionardes sobre o que ela vos trará no plano material ou sobre o modo como a vossa mulher, os vossos filhos ou os vossos vizinhos vos julgarão, afastareis esse ser divino que viera ao vosso encontro e privar-vos-eis de algo muito precioso.
Fixai bem isto e, de agora em diante, quando uma ideia divina vier visitar-vos, limpai e purificai todo o vosso ser interior para que ela permaneça em vós e vos traga a abundância e a beleza."
 
"Esforçai-vos por preparar em vós uma espécie de padrão interior graças ao qual podereis avaliar com certeza tudo aquilo que se vos oferece: as condições, os objetos, os seres... Podereis então sentir se, ao comprometer-vos com uma determinada pessoa, ao aceitar uma determinada proposta, ao lançar-vos num determinado projeto, vos aproximareis ou vos afastareis do vosso ideal espiritual. Pode-se chamar a isso, muito simplesmente, discernimento.
Esta faculdade, o discernimento, pertence mais ao domínio da sensação do que ao da compreensão. É algo muito difícil de explicar e a que também se pode chamar intuição. Desenvolvereis esta qualidade pela observação, pela reflexão, pela meditação, pela oração, mas sobretudo pela vigilância: após cada experiência, é importante que vos analiseis para saberdes em que situação vos encontrais. Se vos aplicardes a desenvolver esta faculdade, a fazer funcionar este padrão... ou este radar, tornar-vos-eis cada vez mais capazes de tomar boas decisões, de fazer boas escolhas."
 
"A maior parte dos humanos têm tanto prazer em constatar as más facetas dos outros, em comentá-las, em procurar maneiras de os punir, que muitos imaginam que o Senhor faz o mesmo. Mas por que é que eles atribuem ao Senhor as suas próprias facetas malsãs? Deus não se preocupa com os erros dos humanos e também não os castiga. São eles mesmos que, com os seus erros, provocam desordens no seu intelecto, no seu coração, na sua alma, e depois essas desordens têm repercussões negativas em toda a sua existência. A “punição” não é senão a consequência de uma causa má, perniciosa, que eles próprios criaram.
Para ajudar os humanos a aperfeiçoarem-se, é preciso explicar-lhes as consequências dos seus pensamentos, dos seus sentimentos e dos seus atos nos seus organismos psíquico e físico, é preciso mostrar-lhes que tudo o que eles fazem de bom ou de mau tem necessariamente repercussões neles próprios. Se eles terão ou não em conta estas explicações, é outra questão, mas um dia serão mesmo obrigados a admitir que elas são exatas."
 
"De alguém que não se deixa abater, sejam quais forem as dificuldades que tenha de ultrapassar, pode-se dizer que irá muito longe. Vós perguntais: «Nunca se deixar abater? Como é isso possível?» Com a boa vontade. Sim, a boa vontade, pois a vontade só por si não basta. Não basta cerrar os dentes ou os punhos perante as dificuldades e dizer: «Eu vou aguentar!», pois não é garantido que se consiga ser mais forte do que os acontecimentos, e fica-se esgotado.
Aquilo a que eu chamo boa vontade é uma vontade sustentada por um intelecto que procura compreender os acontecimentos e tirar deles uma lição, e por um coração sempre aberto aos outros. Esta boa vontade é também uma forma de paciência. Nada a desencoraja. Por isso, a paciência é uma qualidade que deve acompanhar todas as outras: é preciso ser sábio e paciente, ser generoso e paciente, ser forte e paciente, senão todas essas qualidades que são a sabedoria, a generosidade, a força, etc., perdem rapidamente o seu poder."
 
"As pedras são seres vivos. Como em todo o universo há a vida de Deus, as pedras também são vivas, o que significa que elas podem regozijar-se e até pensar. Vós objetareis que, como não receberam corpo etérico como as plantas e ainda menos corpo astral como os animais e corpo mental como os humanos, não se pode dizer que elas são seres vivos. É verdade que as pedras não têm corpo etérico, nem astral, nem mental, e aquilo a que chamamos sensibilidade, sentimento e pensamento é desconhecido para elas. Mas elas são vivas. Se as colocamos no nível inferior da escala da evolução, é muito simplesmente porque o seu ser espiritual se encontra tão afastado delas que não tem qualquer comunicação com o seu ser físico. As pedras são realmente o recetáculo de uma entidade espiritual, mas essa entidade não desceu ainda suficientemente nelas para as animar, por isso parecem não ter vida.
Então, o que é que se regozija e pensa nas pedras? O espírito que está muito longe lá no alto, não as pedras em si mesmas. E quando elas são deslocadas ou partidas aceitam isso e ficam felizes: sentem que vão participar na construção de algo novo."
 
"Certas pessoas dizem-se crentes, mas, ao mesmo tempo, assumem que Deus é, para elas, uma noção abstrata; elas não sabem como entrar em relação com Ele e, evidentemente, sentem que lhes falta qualquer coisa. Na realidade, o método mais eficaz para se ligar a Deus é concentrar-se na luz. Deus não é a luz, é muito mais do que a luz e não se pode conhecê-l’O nem sequer imaginá-l’O. Mas por que é que está escrito no Génesis que, no primeiro dia, Deus criou a luz? Porque Ele queria fazer dela a substância do universo. Se a luz é a primeira manifestação divina, contém todas as qualidades e virtudes de Deus; é por isso que nós só conseguiremos aproximar-nos de Deus através da luz.
Vou ensinar-vos um exercício. Todos os dias, pensai em concentrar-vos na luz, imaginai que o universo inteiro está banhado nessa luz, que vos fundis nela, que vos impregnais de todas as suas virtudes. Fazei este exercício várias vezes por dia: pouco a pouco, sentireis que essa luz vos traz a paz, a harmonia, a força. Entrar em relação com Deus é isso. "
 
"Certos seres estão tão prisioneiros da sua natureza inferior que nenhuma influência tem poder sobre eles, nem mesmo a de um Mestre espiritual. Eles dir-lhe-ão: «Compreendo muito bem o que está a explicar-me, estou de acordo consigo, gostava muito de mudar, mas não sou capaz.» Eles apercebem-se perfeitamente de que o seu comportamento, os seus gostos, não são grande coisa, mas, se não satisfazem as suas necessidades, sentem-se infelizes. Ficam ainda mais infelizes depois, evidentemente, mas isso é outro assunto.
Portanto, não está em questão querer transformar todos os seres, mas é importante mostrar-lhes que a disciplina e a prática espirituais têm um sentido. Mesmo que isso continue a ser para eles um ideal muito longínquo, é bom que tenham este conhecimento. Se o próprio Cristo se apresentasse, certamente milhares de pessoas se ajoelhariam para o glorificar, mas continuariam a ser como são, incapazes, por enquanto, de alterar o seu comportamento. Mesmo que o vosso gato venha miar com um ar simpático junto de vós, é inútil pregar-lhe o vegetarianismo: ele continuará a correr atrás dos ratos. Mas a alguns “gatos” que se encontra na vida não é inútil mostrar que eles têm coisas melhores para fazer. Um dia, não se sabe quando, eles compreenderão."
 
" “Liberdade, igualdade, fraternidade” é a divisa da República francesa. Digamos algumas palavras a propósito da igualdade. Por natureza, os seres humanos não são iguais: uns vêm ao mundo com uma constituição robusta, faculdades intelectuais ou dons artísticos, ao passo que outros são deficientes ou limitados de todos os pontos de vista. A palavra “igualdade” inscrita em tantos edifícios públicos representa, evidentemente, a igualdade perante a lei, e isso está muito bem. Mas consideremos somente este exemplo: uma multa de valor elevado aplicada por excesso de velocidade não afeta do mesmo modo um milionário e alguém que tem apenas o necessário para viver. Mesmo a igualdade perante a lei não faz com que os homens sejam iguais.
A igualdade deve ser sempre completada, pois, pela fraternidade, que também faz parte da divisa da República. A igualdade só é possível graças à fraternidade, pois os humanos não são iguais em lugar nenhum, exceto em dignidade. Esta dignidade advém-lhes de serem todos filhos e filhas de Deus, o que faz com que todos sejam irmãos e irmãs. Então, não só os mais privilegiados sentem que pertencem à mesma família que os mais desfavorecidos, como os mais desfavorecidos sentem que o seu valor é igual ao dos mais privilegiados e até ao dos maiores sábios e dos maiores génios."
 
"Existem no mundo religiões suficientes, a questão está somente em saber como trabalhar para que elas não sejam apenas letra morta. O Ensinamento da Fraternidade Branca Universal não pretende trazer uma nova religião, mas somente métodos, isto é, um comportamento a adotar, um programa a realizar. Não temos de discutir agora sobre verdades essenciais conhecidas há milhares de anos; devemos unicamente encontrar a melhor maneira de as aplicar para elas estarem sempre vivas no mundo e, sobretudo, vivas em nós.
Na verdadeira religião, todas as atividades humanas devem ser tidas em consideração: as que dizem respeito à nossa vida física – respirar, comer, caminhar, dormir, etc. – e as que dizem respeito à nossa alma e ao nosso espírito. E nós pomos a tónica sobretudo nos métodos de trabalho precisamente para que nenhum domínio seja considerado estranho à religião, pois o ser humano é uma unidade."
 
"Estai atentos à maneira como começais o vosso dia. Há tantas pessoas que, quando saem da cama, começam logo com gemidos e queixas! Depois não devem ficar surpreendidas se o seu dia continuar a desenrolar-se no mesmo tom. E à noite, quando se deitam, não conseguem adormecer: dão voltas de um lado para o outro, acendem e apagam a luz e acabam por tomar medicamentos para dormir. Elas não pensam que, antes de se meterem na cama, deveriam ter-se preparado para o sono. O fim de um dia, tal como o seu começo, é um momento sagrado, porque precede uma outra atividade muito importante para a vida psíquica: o sono.
Aprendei, pois, o modo como deveis começar o dia se quereis que ele seja frutuoso, cheio da graça de Deus, uma graça que podereis distribuir pelas criaturas que vos rodeiam. E preparai-vos também para o sono pedindo para irdes instruir-vos e trabalhar no mundo invisível. Em qualquer ação, em qualquer atividade em que vos envolveis, o começo é da maior importância."
 
"Quando Jesus disse aos seus discípulos: «Se tivésseis fé como um grão de mostarda, diríeis àquela montanha “Move-te daqui para além” e ela mover-se-ia», esta montanha é simbólica, representa as grandes dificuldades da vida que só a fé permite aos humanos “transportá-las”, isto é, superá-las ou resolvê-las. Com fé, num ano, dois anos, dez anos, pedra após pedra, eles conseguirão transportar montanhas. Eles gostariam que fosse mais rápido ou até instantâneo, mas é impossível, será demorado. Existe, apesar de tudo, um meio para acelerar as coisas: seguir o exemplo das formigas. As formigas conseguem transportar em pouco tempo verdadeiras montanhas de sementes – proporcionalmente ao seu tamanho, são montanhas! – porque não trabalham separadamente, são multidões delas que unem os seus esforços. Conclusão a tirar desta imagem: isolado, numa atitude egoísta, nunca se transporta montanhas. Só se realizaram grandes coisas ao longo da História po
rque houve homens e mulheres que se uniram para trabalhar em conjunto.
E o que significa “transportar montanhas” para os discípulos do Cristo? Fazer cair os obstáculos que se opõem à vinda do Reino de Deus."
 
"De que serve pregar o amor ao próximo se não se explica aos humanos o que eles devem amar nos outros? Quando se vê o modo como tantas pessoas se comportam na vida de todos os dias, pode-se não chegar ao ponto de as detestar, mas não se consegue amá-las, até é inútil tentar.
Alguém age de maneira egoísta, é mau, odioso, e vêm dizer-vos que deveis amá-lo… É impossível! E é tão impossível que não só não o conseguireis, como, ao fazer esforços para amar esse monstro, ireis achá-lo ainda mais insuportável. Para conseguirdes amá-lo, é preciso que vos projeteis para além das aparências, concentrando-vos na centelha divina que habita em todas as criaturas. Por enquanto, essa centelha está oculta debaixo de camadas de sujidades, mas está lá. E, como ela está lá, pode manifestar-se um dia também através dessa pessoa. Mas nós só podemos ver a Divindade nos outros se antes tivermos aprendido a fazê-la viver em nós mesmos."