domingo, 6 de março de 2016

MESTRE OMRAAM MIKHAEL AIVANHOV

"Alguém afirma com orgulho: «Eu tenho convicções e nunca as abandonarei, defendê-las-ei até ao limite.» E, com efeito, essa pessoa batalha, corajosamente, contra aqueles que não têm a mesma opinião. Não se pode censurar as pessoas por terem convicções, mas, por vezes, elas deveriam questionar-se sobre o valor dessas convicções e se não ganhariam em revê-las. Do ponto de vista da sabedoria, a atitude de certos homens e mulheres de convicções é mais a de orgulho, de teimosia ou de parvoíce, e as consequências podem ser terríveis: o fanatismo, a crueldade.
 A convicção não é, necessariamente, uma justificação, ela não impede ninguém de cometer os piores erros: o facto de se estar convencido não faz com que uma opinião errada se torne uma verdade. «Mas então – direis vós –, como podemos saber o que valem as nossas convicções?» Se elas vos tornam melhores, isto é, mais lúcidos, mais pacientes, mais generosos, mais abertos aos outros, deveis mantê-las. Mas, se não for o caso, não tendes razões para estar orgulhosos: fazei uma revisão severa a essas convicções."

"O mundo espiritual pode ser comparado a uma imensa loja onde recebeis aquilo que pedis, desde que tenhais uma certa soma em dinheiro para dar em troca. E a mais segura das moedas que se pode apresentar aos espíritos celestes é o trabalho impessoal, o sacrifício. O sacrifício é como o ouro, que mantém sempre o seu valor, porque o sol o protege, exatamente como um banco nacional protege a moeda de um país.
Cada sacrifício que fazeis pela defesa e pela manifestação daquilo que é bom e belo, para que todos os seres da terra possam beneficiar disso, enche o vosso coração e a vossa alma com o ouro que é usado como moeda nos grandes armazéns cósmicos. É como se o sol vos marcasse com o seu selo. E, a partir do momento em que recebeis a marca desse selo, sois reconhecidos pelas entidades da luz. Elas dizem: «Este ser é dos nossos, tem o selo do sol, é nosso irmão. Vamos dar-lhe aquilo que ele pede!»"

"Ao longo dos séculos, os humanos conseguiram impor-se, cada vez mais, à natureza. A natureza é paciente, é certo, mas, quando sente que os humanos teimam em perturbar a ordem que a rege, reage violentamente e eles sofrem essas reações não apenas no seu meio ambiente, mas também neles mesmos. Eles creem que podem praticar impunemente todo o tipo de abusos, mas não preveem que essas desordens que criam na natureza também as criam no seu organismo físico e no seu organismo psíquico. E por que é que eles não conseguem pôr-se de acordo entre si, por que é que estão sempre em conflito? Também neste caso, é porque não respeitam a ordem das coisas que o Criador estabeleceu na natureza e neles mesmos.
Quem aprendeu a harmonizar o seu mundo interior com a ordem pretendida pelo Criador não se impõe à natureza. E também não se impõe aos humanos, não é um peso para eles, não procura aproveitar-se deles. Pelo contrário, ele põe-se ao seu serviço, tanto quanto lhe é possível. "

"Vós meditastes, durante muito tempo e profundamente, enviastes, pelo pensamento, luz e amor para o mundo inteiro; depois, como sentis necessidade de fazer um pouco de exercício, saís para caminhar pelas ruas… Quando regressais a casa, algum tempo depois, não pensais que a vossa passagem pôde provocar qualquer efeito sobre quem quer que fosse. Contudo, se fôsseis clarividentes, veríeis todo o bem que a vossa presença fez, independentemente da vossa vontade, a desconhecidos com os quais vos cruzastes pelo caminho. Alguns, que estavam a ruminar num projeto maldoso, abandonaram-no; outros, que estavam atormentados, sem ânimo, recuperaram a paz e a esperança.
Estai sempre conscientes de que, ao avançardes no caminho da luz e do amor desinteressado, podeis agir favoravelmente sobre todas as criaturas que encontrais. Mesmo que vos pareça que os vossos pensamentos e os vossos sentimentos não têm qualquer influência no meio que vos rodeia, existe sempre algo à vossa volta que desperta, que mexe, 
que recebe um impulso. "

"Vós fizestes mal a alguém e depois apresentais-lhe desculpas. Isso está certo, mas não é suficiente: deveis, ainda, reparar os estragos. Só deste modo é que ficareis desobrigados. Dizer à pessoa que lesastes: «Lamento imenso, desculpe-me…» é insuficiente e a lei divina perseguir-vos-á até terdes reparado o mal que fizestes. Direis vós: «E se a pessoa que eu lesei me perdoar?» Não, a questão não fica regularizada assim tão facilmente, pois a lei é uma coisa e a pessoa é outra. A lei persegue-vos até terdes reparado.
Evidentemente, aquele que perdoa manifesta nobreza, generosidade, liberta-se dos tormentos e dos rancores que o mantinham nas regiões inferiores do plano astral. Se Jesus nos diz para perdoarmos aos nossos inimigos, é para conseguirmos libertar-nos dos pensamentos e dos sentimentos negativos que nos desagregam. Mas o perdão não resolve a questão: o perdão liberta as vítimas, aqueles que sofreram prejuízos, mas não liberta os culpados, aqueles que cometeram os erros. Para se libertar, o culpado tem de reparar. "

"Sentir é uma coisa e pensar é outra, mas, muitas vezes, a sensação sobrepõe-se ao pensamento. Por vezes, sentis-vos esgotados, o que nada tem de anormal; mas essa sensação desencadeia em vós pensamentos e sentimentos de desânimo, de tristeza, de desespero. Pois bem, nesses momentos, pelo contrário, é o pensamento que deve agir sobre a sensação: mesmo que ele não consiga vencê-la, deve estar lá como uma luz, como um farol ao longe. O pensamento diz-vos que podeis reerguer-vos; então, apesar da vossa lassidão e do vosso esgotamento, é nele que deveis acreditar e não nas vossas sensações.
Já não existe uma só gota de energia no vosso reservatório? Lembrai-vos de que o reservatório cósmico está cheio e de que é nele que deveis ir beber pelo pensamento, pois o pensamento serve também para isso: bastam algumas gotas captadas nesse reservatório de energias e a chama da vossa candeia, que estava a apagar-se, brilhará de novo."

"De entre todas as realidades visíveis, a luz é a que melhor exprime o mundo divino. Ela permite-nos ver, mas, em si mesma, é impossível de apreender. Por isso, Deus é, muitas vezes, assimilado à luz. Diz-se que Deus é luz, mas que luz?... Na realidade, nós não conhecemos a luz; aquilo que assim denominamos no mundo físico não passa, ainda, da materialização grosseira de uma força situada muito para além e que aceitou manifestar-se sob a forma de radiações, de vibrações.
Deus está, pois, ainda muito para além daquilo que a luz pode revelar-nos d’Ele. Nada pode defini-l’O, nada pode dar-nos uma ideia dele, exceto aquilo que conseguimos descobrir em nós, quando nos pomos ao seu serviço. Mas, mesmo nesse momento, ainda que possamos dizer aquilo que vivemos, aquilo que sentimos, não podemos dizer aquilo que Ele é. "

"À noite, quando vos preparais para adormecer, entregai-vos nas mãos do Senhor e dizei: «Meu Deus, eu sou teu servidor, quero fazer a tua vontade. Dispõe de mim!» E, no dia seguinte, verificai se, nos vossos pensamentos, nos vossos sentimentos e nos vossos atos, é realmente a vontade de Deus que estais a fazer, e não a da vossa natureza inferior, pois não basta pordes-vos ao serviço de Deus à noite, por palavras, e, no dia seguinte, deixardes-vos ir atrás de todos os vossos caprichos.
Nós viemos à terra para participar no trabalho da criação. Jesus dizia: «O meu Pai trabalha e eu trabalho com Ele.» Este trabalho com Deus, para Deus, é a última palavra da iniciação. Tudo aquilo que damos a Deus, elevamo-lo ao nível onde Ele próprio se encontra. Então, Deus repete o nosso gesto, Ele reflete-o como um espelho reflete um raio de luz: nós demos-Lhe tudo, Ele dá-nos tudo."

"Cada pessoa tem uma ou várias fraquezas, às quais não consegue resistir: gosta demasiado do álcool ou das mulheres, é impelido a caluniar os outros, a gastar o seu dinheiro em compras inúteis, a distrair-se quando deveria trabalhar, etc.; as possibilidades não faltam! Para vencer estas fraquezas, cada um deve procurar os sinais que lhe anunciam a vinda das tentações. Deve analisar-se e procurar, no seu passado, as ocasiões em que se deixou levar por elas. Descobrirá que esses sinais são sempre os mesmos e representam um aviso. Pode ser um pensamento, uma sensação no plexo solar, um mal-estar, uma imagem que se lhe apresenta, etc.
Há sempre sinais que vos avisam de que as tentações se aproximam; eles são diferentes consoante as pessoas e, por isso, cabe a cada um procurá-los. Quando os tiverdes descoberto, podereis tornar-vos senhores da situação, pois, assim que eles aparecerem, sabereis que deveis estar vigilantes."

"Qualquer que tenha sido a vida que levou, quaisquer que tenham sido os seus erros, cada um, quando chega ao momento de deixar a terra, pode, pelo menos, esforçar-se por partir num espírito de paz, de harmonia, de reconciliação com todos os seres e, particularmente, com Deus, o seu Pai Celeste. Na religião cristã, é este o sentido da extrema-unção.
A extrema-unção, o sacramento que o sacerdote administra ao moribundo, está baseada num verdadeiro saber: o estado interior no qual o ser humano vive os seus últimos momentos determina a via que ele vai seguir no outro mundo e também desempenha um papel importante para a sua próxima encarnação, para o seu futuro longínquo. A extrema-unção é uma possibilidade dada ao cristão de deixar a terra nas melhores condições; mas, tal como todos os sacramentos, não é um rito indispensável. Ela destina-se a ajudar os crentes que a recebem, mas, mesmo sem ter recebido este sacramento, cada alma pode viver os seus últimos instantes na luz."

"Em tudo o em que tocamos, nós deixamos vestígios daquilo que somos. Aliás, o facto de, a partir das impressões digitais, se poder descobrir a identidade de uma pessoa, mas também de, no mundo inteiro, não se encontrarem duas impressões digitais idênticas, mostra bem que uma mão exprime o caráter 
único de um ser.
Tudo o que passa pelas nossas mãos impregna-se com os nossos fluidos, as nossas emanações, e transmite algo da quintessência do nosso ser. Por isso, quando ofereceis um presente a alguém, com esse objeto também lhe transmitis algo de vós. Quem leva uma vida desordenada impregna de ondas negativas o objeto que oferece. Mesmo que esse objeto seja magnífico e de preço elevado, quem o recebe não retirará dele qualquer benefício. Por isso, vós sois sempre mais importantes do que o objeto que ofereceis, tende consciência disso. "

"A água é uma materialização do fluido cósmico que enche o espaço. Por intermédio do pensamento, nós podemos entrar em relação com esse fluido e purificar-nos pelo contacto com ele, pois a água lava-nos no plano físico, mas, no plano psíquico, ela possui exatamente as mesmas propriedades. A primeira condição para este trabalho de purificação é tomar consciência de que, através da água que fazemos correr sobre nós, é possível entrarmos em contacto com um elemento de natureza espiritual…
Quando vos lavais, diariamente, fazei-o com gestos bem medidos, harmoniosos, para que o vosso pensamento possa libertar-se e concentrar-se na água, na sua frescura, na sua limpidez. Nessas circunstâncias é que a água tocará em vós regiões desconhecidas, para aí introduzir transformações; e não só vos sentireis mais leves, purificados, como o vosso coração e o vosso intelecto se sentirão alimentados com elementos subtis, vivificadores."

"O homem é livre ou está submetido ao destino? Esta questão é discutida há milénios. O erro está em acreditar que todos os indivíduos estão sujeitos às mesmas leis. Aqueles que, como os animais, só obedecem aos seus impulsos puramente instintivos, estão inevitavelmente submetidos às leis da fatalidade; é a sua própria natureza que cria para eles essa fatalidade. Ao passo que aqueles que adquiriram o domínio dos seus instintos, das suas paixões, escapam à fatalidade para ficarem sujeitos à lei da Providência, da graça, onde conhecem a luz e a liberdade.
Não se deve pensar que toda a gente pode ser livre ou que toda a gente tem de se sujeitar a um destino inexorável. Não, a liberdade depende do grau de evolução. Segundo a sua maneira de pensar, de sentir e de agir, o ser humano fica sujeito à fatalidade ou atrai as bênçãos da Providência. Portanto, em certos domínios, ele fica amarrado, fica submetido ao destino, e noutros escapa-lhe, é livre… Até ao dia em que, depois de muito trabalho e muito esforço, ele disporá plenamente da sua liberdade."

"A razão pela qual os humanos cometem tantos erros de julgamento e de comportamento, e passam por tantos sofrimentos, é que eles não sabem aquilo que vieram fazer a esta terra. Eles vêm e vão embora... De onde vêm e para onde partem, eles ignoram. Para estas duas interrogações, só há uma resposta: Deus.
Nós saímos da Nascente divina e a ela voltaremos, um dia. Ao longo das nossas múltiplas encarnações, por que caminhos passaremos, antes de regressarmos? Isso depende de nós. Deus previu, para as criaturas que somos, um destino excecional. De vez em quando, apenas, temos dele uma visão fugidia, e devemos agarrar-nos a essa visão com todas as nossas forças. Tudo o que pode conduzir-nos ao caminho do regresso representa etapas. Mesmo que sejam difíceis, dolorosas, essas etapas nunca devem apagar ou fazer-nos esquecer a visão daquilo que seremos quando regressarmos ao seio do eterno, com todas as experiências que tivermos feito, com todas as qualidades e virtudes que tivermos adquirido e desenvolvido. "

"O ciúme é o sentimento vivido por certos homens e certas mulheres quando sentem que o ser que gostariam de ter exclusivamente para eles está a escapar-lhes. Causa sempre grandes sofrimentos e, mesmo com muitos esforços, é bastante difícil de vencer. O único método eficaz é aprender a transpor o seu amor para as regiões superiores. Uma mulher que ama um homem por causa da sua elevação de espírito, das suas qualidades de coração, da sua ciência, não deseja que haja o maior número de pessoas possível a reconhecê-lo, a apreciá-lo e a querer estar com ele? Se o seu amor se dirigir às qualidades intelectuais, morais, espirituais, desse homem, ela não se agarra a ele, à sua presença física, pois o que ela ama nele é algo de subtil, de impalpável: nada nem ninguém pode retirar-lho. E o mesmo acontece num homem relativamente a uma mulher.
 Quereis escapar às garras do ciúme? Educai o vosso amor, elevai-o a um plano superior. O ciúme está indissociavelmente ligado ao amor sensual. Enquanto estiverdes fisicamente apegados a um ser, desejais que ele só vos pertença a vós. Amai-o espiritualmente e desejareis apresentá-lo aos outros, para que eles apreciem também as suas qualidades e beneficiem com elas."
 
"Devemos pôr no coração da nossa vida interior, no centro dos nossos pensamentos, esse princípio universal que está na origem de todas as religiões, o sol, e penetrar-nos com o exemplo que ele nos dá todos os dias. Iluminar, aquecer e vivificar todas as criaturas, sem exceção – é a isso que nós chamamos a “religião solar”. Antes mesmo de os humanos apareceram na terra, o sol já aí estava, e desde sempre ele lhes diz: «Alargai a vossa consciência, libertai-vos das vossas conceções tão limitadas, fazei como eu: iluminai, aquecei, vivificai, abraçai o mundo inteiro, graças à vossa inteligência e ao vosso amor.»
A religião solar é a única verdadeira religião. Ela ensina-nos como nos tornarmos luminosos, calorosos, vivificadores, isto é, como trabalharmos para possuirmos interiormente a sabedoria que ilumina e resolve os problemas, o amor desinteressado que embeleza, encoraja e consola, e a vida subtil, espiritual, que torna ativo, dinâmico e audacioso, a fim de realizarmos o Reino de Deus e a sua Justiça na terra. Aquele que tenta opor-se a ela só se torna mais pequenino e obscurece a vida nele mesmo."
 
"O ser humano não se exprime apenas pela palavra. Para quem sabe interpretar os movimentos do rosto e do corpo da pessoa que tem na sua frente, eles são uma linguagem clara, eloquente. Pode-se compará-los a mensagens que ele está sempre a enviar aos habitantes dos mundos visíveis e invisíveis, a sinais secretos graças aos quais ele entra em contacto com eles.
A palavra é um meio de expressão que é possível controlar: podeis decidir falar ou não falar e, se falais, podeis esconder os vossos verdadeiros pensamentos e os vossos verdadeiros sentimentos. Mas todos os gestos que fazeis inconscientemente com as mãos ou com os pés, as diferentes posições do corpo, os movimentos impercetíveis das diferentes partes do rosto (a testa, os olhos, o nariz, a boca), são quase incontornáveis. É por seu intermédio que exprimis a verdade do vosso ser e, conforme esses movimentos são harmoniosos ou não, entrais em relação com entidades que têm influências benéficas ou maléficas sobre vós. Então, estai vigilantes, sabendo que o mínimo dos vossos movimentos interiores faz agir seres invisíveis e que é com eles que construís o vosso futuro. "
 
"Há animais que é fácil capturar depois das suas refeições, pois a digestão torna-os sonolentos. Do mesmo modo, os humanos, depois de certas refeições, podem deixar-se levar por uma sonolência que os expõe a serem capturados. Essas refeições, que eles tomam nos planos astral e mental inferiores, são-lhes oferecidas por entidades tenebrosas do mundo invisível. E que refeições! É todo um desfilar de manjares e de vinhos que eles acham particularmente suculentos: a cobiça, a ambição, a sensualidade, o ciúme, a vingança, a traição, o ódio…
Todos os dias há entidades malfazejas que procuram tentar os humanos com este tipo de banquetes, para os capturarem e os esvaziarem das suas energias divinas. Por isso, estai vigilantes, observai-vos. Procurai sentir como essas energias que Deus pôs em vós são preciosas e fazei todos os esforços para as proteger 
e as aumentar. "
 
"Esforçai-vos por viver bem hoje, pois o amanhã ainda não existe; e, se vos inquietardes com ele, é como se lançásseis as vossas energias no vazio. Trabalhai sobre o hoje, pois o hoje não morrerá, apenas se prolongará e, ao prolongar-se, tornar-se-á o amanhã.
Jesus dizia: «Não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã cuidará de sim mesmo.» Estas palavras obrigam-nos a meditar sobre a ideia de duração, de continuidade. Aquele que fabrica uma corrente deve fazer com que cada elo seja sólido, pois, se um único elo for frágil e se partir, de nada serve que todos os outros aguentem: o conjunto foi quebrado. Nós devemos, pois, viver cada dia segundo as leis divinas, a fim de fazermos desse dia uma malha sólida, para que a corrente não se quebre. Hoje é um novo elo que vai acrescentar-se aos outros e é nesse elo que nós devemos concentrar-nos. "
 
"Apropriar-se e dar… Estas duas palavras resumem duas conceções da vida. Podemos dizer que, materialmente, afetivamente, mentalmente, a maioria dos humanos pensam sobretudo em apropriar-se: as situações, os acontecimentos, os seres, só lhes interessam verdadeiramente na medida em que eles poderão obter qualquer coisa por seu intermédio. Por isso, não há que ficar surpreendido com o facto de haver ainda tantas guerras e misérias no mundo.
Mas vós, se quereis que fique realmente algo de bom da vossa passagem pela terra, habituai-vos a dar. Observai uma nascente: os animais vêm matar a sede nela, junto dela as plantas e as árvores crescem e os homens constroem as suas casas. Porquê? Porque ela está sempre a dar a todos a sua água pura. A nascente ensina-nos que só existe um método verdadeiro para criar e manter a vida, é dar, dar o que temos de melhor no nosso coração e na nossa alma. Vós direis: «Mas porquê dar sempre? Há tantas pessoas que são ingratas! Elas nem sequer reconhecem que lhes dão.» Bom, tanto pior para elas, se forem ingratas: continuarão pobres; e tanto melhor para vós, se fordes uma nascente abundante, pois sereis ricos!"
 
"Pode acontecer nós sentirmo-nos projetados no Céu, num momento em que menos o esperávamos. Evidentemente, gostaríamos de permanecer lá em cima para sempre, mas não é possível. Há tantas coisas que ainda nos mantêm agarrados ao mundo de baixo! Se o Céu nos concede essa graça, é para podermos sentir por antecipação, para podermos intuir, esse espaço de luz em que estamos destinados a viver um dia. Essas alegrias súbitas, por vezes, anunciam uma libertação que há de vir.
No outono, quando as árvores começam a perder as suas folhas, vós sabeis que o inverno se aproxima; e no inverno, quando as campainhas-brancas começam a eclodir, elas anunciam a vinda da primavera. Na nossa alma, tal como na natureza, surgem sinais anunciadores, precursores, e nós devemos aprender a reconhecê-los e a decifrá-los. "