domingo, 3 de setembro de 2017

MESTRE OMRAAM MIKHAEL AIVANHOV

"A vida espiritual é uma aventura na qual as pessoas não devem lançar-se de ânimo leve, pois podem perder-se nela, exatamente como alguém que não tem bússola pode perder-se no mar. Mas na vida espiritual também se pode ter uma bússola, e existem meios para as pessoas se orientarem mesmo sem verem o caminho. O que veem os ocupantes de um submarino para se orientarem nas profundezas do mar? Nada! Mas o submarino está equipado com aparelhos cujas indicações o comandante sabe interpretar e a viagem decorre sem incidentes.
Acontece o mesmo com o ser humano: tal como o submarino, ele possui, interiormente, aparelhos que lhe permitem orientar-se no mundo invisível. Esses aparelhos são os seus corpos e centros subtis: a aura, o plexo solar, o centro Hara, os chacras. Por enquanto, eles estão, de certo modo, enferrujados, porque o homem não os utilizou ao longo de muitas encarnações, ou então estão avariados, por causa da vida desordenada que ele levou. Por isso, agora ele tem de se exercitar de modo a pô-los de novo em condições de funcionar, e, então, aconteça o que acontecer, ele saberá claramente que caminho deve seguir."

"É provável que já vos tenha acontecido, pelo menos uma vez na vida, terdes subitamente a sensação de que vos identificais com um homem ou uma mulher que estais a ver ou a escutar, ou então com um fenómeno da Natureza que estais a contemplar: um rio, uma cascata, uma nascente, uma estrela, o céu azul, o Sol...
Nós podemos identificar-nos assim com os seres e as coisas porque, na realidade, somos muito mais do que aquilo que parecemos. Enquanto indivíduos, somos fulano ou beltrano, com uma certa aparência física, uma identidade, um nome, etc. Mas, na nossa alma e no nosso espírito, somos o Universo inteiro, somos todos os seres. Na literatura, existem relatos de experiências destas, mas muitos consideram que se trata de delírios ou, quando muito, de imaginação poética. Para os humanos que se consideram normais, alguém que diz que se sentiu identificado com as árvores, os lagos, as montanhas, as estrelas, o Sol, ou com a Divindade, é um poeta ou um louco. Pois bem, esse poeta ou esse louco exprime o que são, na realidade, todos os seres humanos."

"O amor é, frequentemente, um pretexto que permite aos humanos justificarem o seu comportamento para com os seres que eles afirmam que amam. Limitam-se a dizer: «Eu amo-o, eu amo-o...» e não lhes ocorre questionarem-se sobre a natureza desse amor e a sua maneira de o manifestar. A partir do momento em que o sentimento aparece, há que ceder-lhe. E o raciocínio até é proibido: o intelecto deve calar-se; perante o coração, que está ocupado a amar, o intelecto não tem direito à palavra. Se ele se arrisca a dizer alguma coisa, o coração riposta: «Cala-te! Eu estou a falar. Quando o amor fala, o que tens tu a dizer?»
Um ser evoluído não cede perante a insistência do sentimento, analisa se ele é desinteressado, puro, útil, não só para os outros, mas também para si mesmo. Mas esses casos são raros. Por isso há tantos romances, peças de teatro e filmes que relatam as aventuras, por vezes cómicas, mas mais frequentemente trágicas, daqueles que amam. Se os humanos conseguissem fazer o sentimento e o pensamento trabalharem em colaboração, o seu amor manifestar-se-ia sob formas e cores muito mais belas!"

"Para muitos crentes, orar consiste em dirigir reclamações ao Senhor. Em vez de reclamarem, eles devem tomar consciência de que o Senhor já lhes deu todos os meios materiais e espirituais para proverem às suas necessidades e às dos outros, e a oração deve servir unicamente para eles se elevarem e descobrirem esses meios. Deus já “fez o seu trabalho”, se assim podemos dizer, e desde o começo; não lhe cabe a Ele proporcionar aos humanos aquilo que lhes falta, cabe a cada um procurá-lo. E, ademais, de que serve aos humanos pedirem a Deus que lhes dê a saúde ou o afeto dos outros, se continuarem a viver de uma maneira que os torna doentes ou antipáticos? E de que serve pedirem que haja paz, se continuarem a ser, interiormente, verdadeiros campos de batalha?...
Evidentemente, qualquer oração é uma manifestação de fé, mas a fé deve ser compreendida como a força que impele o homem a superar-se, a ir mais além. Podemos dizer, pois, que há duas espécies de fé: uma inspirada pelo esforço, pela atividade, e outra inspirada pela preguiça, à qual se deveria antes chamar credulidade e que é inútil e até nociva."


"Uma pessoa muito modesta, muito simples, não muito instruída, pode, graças à sua busca interior, aprender mais sobre a vida do que os maiores sábios. Por isso, os cientistas deveriam ser um pouco mais contidos e modestos. O Criador não lhes deu o privilégio do conhecimento. Eles podem dominar a matéria, mas não dominam a vida, pois não se descobre a vida na ponta de alguns dispositivos, microscópios ou telescópios, mas sim no mais profundo de si mesmo.
Mesmo alguém que investiga as estrelas e os planetas pode ter uma vida interior tão pobre como se nunca tivesse saído do seu buraco. É uma questão de estado de consciência. Então, de que serve ir descobrir o Universo se se fica interiormente tão limitado como alguém que nunca pôs o nariz fora da sua pequena aldeia? O astronauta percorre o espaço na sua nave, mas o pastor que, no verão, guarda o seu rebanho nas montanhas e contempla o céu estrelado no silêncio da noite talvez saiba mais acerca da imensidão do que o astronauta. "

"A mulher tem muito a censurar ao homem, pois, durante séculos, ele usou e abusou da sua superioridade física e da sua autoridade para a pôr ao seu serviço: foi negligente, egocêntrico, injusto, violento, cruel. E agora a situação mudou, a mulher está a conquistar a sua independência, desperta, ergue-se. Mas, se ela se erguer para tirar a desforra, os resultados não serão melhores, mesmo para ela. Por isso, é preciso que ela seja generosa e perdoe ao homem. Como é a mãe, como a sua natureza a impele a ser boa, indulgente, benevolente, pronta a dar o seu amor, a sacrificar-se, ela não deve procurar vingar-se fazendo o homem pagar tudo aquilo por que a fez passar.
A mulher deve, pois, elevar-se acima dos seus interesses pessoais, a fim de despertar, na luz, para virtudes mais elevadas. Cabe agora a todas as mulheres da Terra unirem-se para um trabalho de construção, um trabalho sobre as crianças que trazem ao mundo e sobre os homens, pais dos seus filhos. Será deste modo que elas participarão na regeneração da humanidade."

"Imaginai que tendes dois frascos cheios de perfume: enquanto recipientes, eles estão separados, mas os perfumes que se escapam deles não ficam muito tempo separados. Ao elevarem-se no ar, misturam-se.
Por que é que eu vos apresento esta imagem? Porque os humanos são comparáveis a frascos de perfume: os seus corpos estão separados, mas, pelos seus pensamentos, pelos seus sentimentos, eles podem contactar com outros seres humanos e também com entidades do mundo invisível, no Universo inteiro. Mas não encontrarão quem eles querem: cada um só pode contactar, nos mundos visíveis e invisíveis, as almas e os espíritos que correspondem àquilo que ele próprio é, pois trata-se, muito simplesmente, de um fenómeno de ressonância. A razão de ser da oração, da meditação e de todos os exercícios espirituais é que eles servem-nos para nos elevarmos interiormente. À medida que nos elevamos, as nossas emanações vão ao encontro de criaturas cada vez mais luminosas e mais puras."

"Todas a criaturas que existem na Terra – as pedras, as plantas, os animais, os homens – recebem a vida do Sol, do seu calor, da sua luz. Os Iniciados, que aprenderam como olhar para o Sol e como trabalhar com ele, compreenderam a natureza dessa energia e como podem captá-la e transformá-la, desenvolvendo neles certos centros subtis.
O que é um Iniciado? Um ser que aprendeu a trabalhar com a quintessência mais pura da energia solar. Ela representa para ele um alimento que ele absorve e assimila, para depois o projetar à sua volta. Por isso, depois ele pode iluminar, aquecer e vivificar as criaturas. O verdadeiro poder de um Iniciado advém-lhe da sua capacidade de transformar a luz."

"Alguém se queixa: «Eu procuro a luz, rezo todos os dias, mas Deus não me ouve, só encontro dificuldades, estou infeliz, doente, já não encontro um sentido para a minha vida.» De quem é a culpa? Se a pessoa se debate com tantas dificuldades, é porque as atraiu. Ela dirá: «Atraí?... Como?... Não foi isso que eu pedi, eu não sabia. – Foi, sim, pois, ao fazer o seu pedido, descurou certas leis. – Ah, eu não sabia.» Talvez, mas, quer soubesse, quer não, a pessoa transgrediu leis e agora sofre as consequências disso. A ignorância nunca é uma desculpa. Se não respeitais o código da estrada, vem a polícia e aplica-vos uma multa. E é inútil dizer: «Mas, senhor agente, eu não sabia que...», ele continua calmamente a preencher o papel da contravenção e é-lhe indiferente que vós soubésseis ou não; para ele, devíeis saber.
Cabe-vos a vós, pois, esforçardes-vos por fazer com que a vossa conduta esteja mais de acordo com as vossas aspirações espirituais; se fordes negligentes, sereis duplamente culpados e sofrereis."

"Algumas pessoas põem-se a assumir o papel de guia espiritual sem se aperceberem de que não têm as faculdades e as qualidades necessárias: a sabedoria, o amor, a pureza, o desapego, a paciência... Não sabem que, se não receberam a aprovação do Céu, é muito perigoso para elas terem sobre os seus ombros essa tarefa esmagadora.
Para se assumir a tarefa de guia espiritual, é preciso ter recebido um diploma. Sim, no mundo espiritual também se recebem diplomas: os espíritos luminosos que nos enviaram à terra observam-nos, medem-nos, e, se veem um ser que conseguiu passar os exames que a vida lhe impôs, atribuem-lhe um diploma que lhe dá o direito de, por sua vez, ensinar. E onde está esse diploma? Não é um papel que pode ser destruído: é como um selo impresso no rosto e em todo o corpo; ele faz parte do próprio homem e revela os sucessos que ele obteve num trabalho sobre si mesmo, um trabalho que é contínuo. Talvez os humanos não o vejam, mas todos os espíritos da Natureza, todos os espíritos luminosos, o veem de longe e acorrem para o ajudar na sua tarefa. "
 
"O sentimento de solidão é um dos sofrimentos mais terríveis por que os humanos podem passar. Cada um necessita de encontrar aquele ou aquela com quem poderá partilhar os seus pensamentos, as suas emoções, as suas aspirações, um ser com o qual possa fazer todos os dias trocas harmoniosas. Esse ser ideal é, evidentemente, muito difícil de encontrar, e muitos livros explicaram a dor, a angústia, o sentimento de abandono, sentidos por homens e mulheres que não conseguiram encontrar aquilo a que alguns chamaram a alma gémea!
Mas a verdade é que a alma humana só pode ser preenchida definitiva e completamente por Deus. Aquele que quer sentir, todos os dias, que não está só, que está rodeado de seres que o amam e o compreendem, e que ele próprio está cheio de uma presença imensa feita de alegria e de luz, deve unir-se a Deus, nas suas manifestações que são a sabedoria, o amor e a verdade, pois Deus é amor, sabedoria e verdade. Para aquele que põe o amor no seu coração, a sabedoria no seu intelecto e a verdade na sua vontade, a solidão não existe."

"Não só o prazer não é a felicidade, mas também, frequentemente, é a busca obstinada do prazer que impede de encontrar a felicidade. O prazer é uma sensação momentaneamente agradável que impele os humanos a acreditarem que, prolongando-a o máximo de tempo possível, serão felizes. Mas não. Porquê? Porque essas atividades que lhes proporcionam, rápida e facilmente, uma sensação agradável não se situam, na maior parte dos casos, num plano muito elevado: elas dizem respeito unicamente ao corpo físico, talvez um pouco ao coração e ao intelecto. Ora, não se pode ser feliz quando se procura satisfazer unicamente o corpo físico, o coração ou mesmo o intelecto, pois estas satisfações são limitadas e efémeras.
Contrariamente ao prazer, a verdadeira felicidade não é uma sensação do momento, diz respeito à totalidade do ser, ou seja, engloba também a alma e o espírito. Há alguém ou algo que vos agrada, que vos parece atraente, simpático? Não vos precipiteis. Utilizai esses critérios e perguntai a vós próprios se será realmente aí que encontrareis a felicidade."
 
"Passai em revista tudo o que aceitastes até ao presente no que se refere a conhecimentos, ideias, opiniões; estudai-os bem e procurai verificar se eles correspondem aos critérios da Ciência Iniciática. Se corresponderem, acentuai-os, reforçai-os, aprofundai-os. Mas, se são noções que vão contra esta filosofia, ficai sabendo que elas irão desencaminhar-vos e criar-vos dificuldades. Então, rejeitai-as. De início, isso parecer-vos-á difícil e até impossível, mas depois sentir-vos-eis muito mais leves e livres, e vereis tudo muito mais claro!
Se, de momento, ainda tateais na escuridão, se vos sentis sempre hesitantes, divididos, constrangidos, é porque vos sobrecarregastes com demasiadas coisas que vos tornam pesados e vos obscurecem o olhar. Chegou o momento de fazer uma triagem. Entrai em vós mesmos e procurai descobrir o que deveis rejeitar e o que deveis preservar: sentir-vos-eis aliviados e vereis tudo mais claro."

"Os humanos, como nunca estudaram as consequências longínquas de um pensamento, de uma palavra ou de um ato, não sabem para onde a sua recusa das regras morais vai arrastá-los. Se eles tivessem mais discernimento, sentiriam que, no próprio momento em que rejeitam estas regras, se enfraquecem, pois abrem a porta a forças tenebrosas que se apoderam deles e lhes tolhem os movimentos. É uma lei: quanto menos se controla os seus pensamentos, os seus desejos, os seus caprichos, mais escravo se fica.
Vós direis que precisais de satisfazer os vossos desejos. Bom, mas ficai a saber que esse é o caminho direto para a escravatura. Sereis escravos de vós mesmos, ou antes, de forças interiores muito primitivas que vos deitarão por terra e vos dominarão completamente. A verdadeira liberdade começa pelo autodomínio. Quando os sábios aconselham os humanos a dominarem os seus impulsos, não é pelo prazer de os atormentarem, mas porque sabem que a ausência de autodomínio abre o caminho ao desequilíbrio, à doença e à morte."

"Muitas pessoas ficam destroçadas porque se sentem traídas! Elas repetem: «Como é possível?... Ele tinha-me prometido... Ela tinha-me jurado...». É verdade, tinham-lhes prometido que nunca as abandonariam, que as amariam, as ajudariam e as apoiariam para sempre, e elas acreditaram nisso, mas não deveriam ter sido tão crédulas! Tal como as crianças, a maioria dos homens e das mulheres fazem promessas que julgam, verdadeiramente, poder cumprir. Sejam quais forem essas promessas, no momento em que as fazem eles são sinceros, estão convencidos de que agirão de acordo com aquilo que dizem. Mas eles não se conhecem, não sabem que são fracos, limitados, e então, quando chega o momento, recuam, esquecem-se. É normal; há que saber antecipadamente que as coisas podem passar-se assim.
Se quereis nunca ficar desiludidos, esforçai-vos por ser lúcidos… Nunca deveis pedir aos humanos que assumam compromissos que correm o risco de não cumprir. Mesmo com a melhor vontade do mundo, eles serão incapazes de corresponder à vossa expectativa."

"Quando o Sol está encoberto por nuvens, não desapareceu, continua a espalhar a sua luz e o seu calor. Se as nuvens se dissiparem, ou se nós pudermos elevar-nos na atmosfera a uma altura suficiente, constataremos que ele continua lá. Na nossa vida interior, ocorre um fenómeno análogo.
Tal como o Sol, Deus está sempre presente, Ele é imutável, e envia a sua luz (a sua sabedoria) e o seu calor (o seu amor) a todas as criaturas. Mas se, por causa de pensamentos, sentimentos e desejos desarmoniosos, egoístas, maldosos, essas criaturas deixarem que se formem nuvens nelas, serão privadas dessa luz e desse calor. Então, em vez de se queixarem de que Deus não existe ou de que Ele as abandonou, devem compreender que, se se sentem na escuridão e ao frio, são as únicas responsáveis por isso e devem fazer tudo para se elevar acima das nuvens."

"Há pessoas que dizem que não conseguem ouvir uma música que não «compreendem». Mas o que significa isso? Na música, não é a compreensão que conta, mas sim as emoções que se sente sob o efeito das vibrações, da harmonia dos sons. Será que se compreende o canto das aves, o murmúrio das nascentes e dos riachos ou o sussurro do vento nas ramagens? Não! Mas fica-se cativado, maravilhado, e isso é o essencial.
Por estas mesmas razões, é sempre melhor cantar os cânticos nas línguas em que foram escritos, mesmo que não se compreenda imediatamente o seu sentido. Com efeito, existe uma relação entre a sonoridade das palavras e a música, e uma tradução destrói essa relação. A música não foi feita para ser compreendida, mas para ser sentida. Mesmo quando ela é acompanhada por palavras, o sentido das palavras é menos importante do que as suas sonoridades. Por isso, estudai bem a natureza dos estados em que a música que escutais vos mergulha, para poderdes servir-vos desses estados no vosso trabalho espiritual."

"Há tantas camadas opacas que se interpõem entre a nossa consciência vulgar e a nossa consciência divina! Por isso, o mais importante que temos a fazer é aplicar os métodos que nos permitirão desagregar os depósitos, as escórias que em nós se opõem à manifestação da sabedoria, da força e do amor divinos.
Os alquimistas do passado, para prepararem a pedra filosofal, procuravam o solvente universal. Mas o verdadeiro alquimista é aquele que procura dissolver nele essa matéria opaca, que traz más inspirações e é uma condutora perigosa que cria obstáculos à união com Deus. E quereis saber qual é o melhor solvente? A humildade. Mas este solvente só age com eficácia se soubermos por que razão e como devemos ser humildes, pois não se trata de a pessoa se depreciar e se diminuir sem discernimento. Uma humildade mal compreendida pode causar tantos estragos como o orgulho. A verdadeira humildade é aquela que nos permite dissolver a nossa natureza inferior para nos fundirmos com a Divindade."

"Há pessoas que nunca conheceram os pais, nem sequer sabem quem eles são, mas nunca duvidam de que tiveram pais e algumas delas passam a vida inteira na esperança de os encontrar e à procura dos menores indícios da sua existência. Mas esses pais cuja ausência os faz sofrer tanto, na realidade, existem neles, nas particularidades físicas ou psíquicas que deixaram neles. Portanto, quer eles estejam juntos dos pais, quer não, o essencial está no seu interior: os filhos trazem sempre os seus pais com eles, neles.
Os biólogos e os psicólogos estudam nas crianças a aplicação das leis da hereditariedade. Isso está muito bem, mas é insuficiente: quem estudará, agora, a nossa herança divina, todos esses germes divinos que nós recebemos do nosso Pai e da nossa Mãe Celestes e que devemos fazer crescer em nós, para sermos cada vez mais semelhantes a Eles?"
 
"Quando um estudante passa nos seus exames, recebe um diploma que lhe abre certas portas: ele pode prosseguir os seus estudos, arranjar trabalho, etc. Do mesmo modo, quando nós conseguimos passar as provas da vida com sucesso, recebemos um diploma que nos dá mais possibilidades e mais segurança para continuarmos a avançar.
Vós perguntareis: «Mas o que é esse diploma?» Não é um papel como os diplomas das universidades, que podem ser perdidos ou destruídos. Neste caso, é uma espécie de selo que a Natureza, que as entidades luminosas do mundo invisível imprimem no nosso rosto, em todo o nosso corpo, e essa marca é tão profunda que nada nem ninguém no-la pode tirar. Então, mesmo os espíritos dos quatro elementos, que sabem ler este tipo de diploma, nos reconhecem. Através do espaço, por toda a parte onde vamos, eles veem esse diploma, que é para eles o sinal de que devem acolher-nos, proteger-nos, ajudar-nos."

"A meditação é uma respiração, a oração é uma respiração, o êxtase é uma respiração; toda a comunicação com o Céu é uma respiração. Aquele que aprofunda o sentido deste processo, a respiração, sente, pouco a pouco, a sua própria respiração fundir-se com a respiração de Deus. Porque Deus também respira: Ele expira e um mundo aparece; Ele inspira e um mundo desaparece... Em alguns dias de verão, o súbito aparecimento de nuvens ligeiras e brancas num céu azul, seguida pelo seu desaparecimento também súbito, pode dar-nos uma imagem aproximada destes processos.
As inspirações e as expirações de Deus ocorrem, evidentemente, ao longo de biliões e biliões de anos. Os Livros Sagrados da Índia dizem que, um dia, Deus inspirará e o nosso Universo retornará ao seu seio. Depois, Ele expirará de novo e uma nova Criação aparecerá... No homem, Deus respira mais rapidamente, mas, no Cosmos, as suas respirações são muito longas. Portanto, quanto mais longa for a nossa respiração, mais nos aproximaremos da respiração divina. "

"Aquele que, na sua vida interior, se esforça por pôr em primeiro lugar a atividade do espírito, do seu Eu superior, já está a participar no trabalho cósmico do Cristo, do próprio Deus. Esta atividade, que se desenrola numa outra esfera e, na maior parte das vezes, sem haver consciência disso, é algo misterioso, mas é uma realidade.
Quando estais absorvidos nas vossas tarefas quotidianas, estais a léguas de imaginar o que pode ser a atividade do vosso Eu superior. Talvez um dia, quando o vosso cérebro estiver suficientemente desenvolvido, vos torneis conscientes desse trabalho que ele realiza em todas as regiões do Universo. Por enquanto, o essencial é que procureis tomar consciência da sua presença em vós. Como? Começai, durante as meditações, por apaziguar as entidades que habitam em vós, colocai-as ao serviço do amor e da luz. Pouco a pouco, isso ocorrerá naturalmente, sem sequer terdes de pensar em fazê-lo, e será assim que vos reunireis ao vosso Eu superior, que é uma quintessência do próprio Deus."