domingo, 11 de março de 2018

MESTRE OMRAAM MIKHAEL AIVANHOV


"Aquilo a que chamamos vida é, na verdade, uma alternância entre vida e morte. De manhã, quando despertamos, nós nascemos no plano físico, mas morremos no plano astral; e à noite, quando adormecemos, morremos no plano físico, para nascermos no plano astral.
Quando um ser humano chega à terra, é acolhido com todo o tipo de manifestações de regozijo, mas do outro lado segue-se o seu enterro. Inversamente, quando um homem morre aqui, acompanham-no com marchas fúnebres, lágrimas e roupas de luto, mas do outro lado ele é acolhido com alegria, pois aqueles que o recebem dizem: «Finalmente, ele está de volta!» É evidente que, quem se comportou na terra como um malfeitor, não recebe um acolhimento caloroso no além. Do mesmo modo, certas crianças não são muito bem acolhidas aqui pelos seus pais. Mas estes são aspetos particulares. A lei é imutável: o que é “vida” numa região é “morte” na outra."

"Quando Jesus dizia, no Pai nosso, «Seja feita a tua vontade, assim na terra como no Céu», ele acentuava a necessidade de criar uma ligação, uma circulação de energias, entre o Céu e a terra, até que a harmonia, a ordem e a beleza que existem no Alto se instalem em baixo, na nossa terra, quer dizer, desde logo em nós mesmos. A “terra” de que Jesus falava não é somente o planeta em que vivemos; ela é também nós próprios e, portanto, é em nós que devemos começar por instalar o Reino de Deus.
Se alguém quisesse tentar impor uma ordem divina no mundo, como os humanos ainda são tão anárquicos e violentos, essa iniciativa estaria votada ao insucesso. Não se impõe a ordem divina do exterior. Só quando os humanos se decidirem a fazer descer o Reino de Deus em si próprios é que ele se instalará também no mundo. Portanto, cabe a cada um de nós trabalhar para fazer descer a si próprio a ordem e a harmonia que existem no Alto."

"Quando toda a gente à vossa volta reivindica a liberdade sexual e justifica essas reivindicações com argumentos aparentemente muito válidos, por certo não vos apetece ouvir falar de autodomínio. É normal não terdes vontade de ficar privados de prazeres; mas, ao menos, tentai ver que vantagens há em renunciar a alguns deles para os substituir por alegrias mais subtis, mais espirituais.
Quando um médico constata que um paciente está a estragar a saúde com excesso de enchidos, de doces, de bebidas alcoólicas, também não o aconselha a não comer nada! Ele sabe bem que o paciente não seguiria o seu conselho; ou pior: se o seguisse, morreria. Ele prescreve-lhe que substitua esses alimentos por outros mais sãos, mais leves. Pois bem, é isso que eu também vos aconselho, mas noutro domínio, o da sexualidade. Eu sugiro-vos que vos alimenteis de um modo diferente, para melhorardes a vossa saúde espiritual."

"Fala-se do poder do pensamento. Mas o pensamento só é verdadeiramente poderoso na sua região do Alto, no plano causal, isto é, o plano mental superior; quanto mais se afasta dessas alturas, mais fraco fica. Evidentemente, para fazer face a todos os problemas da vida quotidiana com os quais tem de se confrontar, o homem não pode manter o seu pensamento nas regiões superiores, é obrigado a deixá-lo descer e vestir-se com roupagens espessas, grosseiras; debaixo dessas roupagens, ele torna-se quase irreconhecível e perde o seu poder. Quando desce às regiões do intelecto (plano mental inferior) e do coração (plano astral), o pensamento fica pesado e já não tem a mesma força de penetração.
Se quiserdes que o vosso pensamento recupere o seu verdadeiro poder, para conseguirdes orar, meditar e ligar-vos ao Céu, esforçai-vos por vos elevardes até ao plano causal."

"Os discípulos de uma Escola Iniciática têm um dever a cumprir; esse dever é o de se aperfeiçoarem e, ao aperfeiçoarem-se, inspirarem em todos aqueles com quem se relacionam o desejo de seguirem o seu exemplo. Como é possível não se ver a beleza de uma tal atitude? Eles devem decidir-se, finalmente, a começar este trabalho sobre si mesmos, do qual um dia poderão orgulhar-se.
O orgulho que advém da tarefa cumprida é um dos sentimentos menos comuns entre os humanos. Isto surpreende-vos? Quando nos relacionamos com eles, algo na sua atitude, no seu rosto, revela que eles não têm este tipo de orgulho. Eles podem ser vaidosos, orgulhosos e até arrogantes; mas sente-se que, no seu íntimo, não estão tão contentes consigo mesmos nem tão seguros de si como querem mostrar ou convencer-se a eles próprios. O orgulho legítimo em nós próprios advém de sentirmos que cumprimos a nossa tarefa, que fizemos tudo o que poderíamos ter feito. Não existe maior felicidade do que poder deixar a terra com este sentimento de tarefa cumprida."

"Todos vós sabeis como se acende um fogo. Começa-se por colocar um pouco de papel, depois, sobre o papel, uns raminhos secos e, por cima, madeira mais grossa. Finalmente, com um fósforo, faz-se arder o papel, o papel transmite o fogo aos ramos finos e estes propagam-no aos ramos mais grossos.
Consideremos agora o ser humano, com os seus diferentes corpos: físico, astral, mental e causal. A chama do fósforo corresponde ao plano causal, o mundo do espírito, que está na origem de todos os fenómenos que ocorrem no Universo. O fósforo faz arder o papel (o plano mental, o intelecto), que incendeia os ramos secos (o plano astral, o coração) e estes incendeiam a madeira grossa (o plano físico). Tudo começa, pois, no Alto, com o espírito; depois, de corpo em corpo, o fogo acaba por atingir o plano físico. Nenhuma verdadeira realização é possível no plano físico enquanto não se tiver começado por trabalhar com o espírito, que, do Alto, dá o impulso."

"Houve muitos crentes e mesmo místicos que, em certos períodos da sua vida, se sentiram abandonados por Deus. Como se tivesse sido Ele a mudar em relação a eles! Eles julgavam-se estáveis, imutáveis, na sua fé, no seu amor, e, portanto, Deus é que é caprichoso!
Nos textos sagrados, Deus é designado como “o Fiel”, “o Verídico”, e, por muito que os crentes repitam estas palavras, estão sempre a perguntar-se por que é que Deus não olha para eles, não os escuta, por que é que Ele os abandona. Mas Deus não os abandona, eles é que O abandonam! De que modo? Em vez de se esforçarem por se manter acima da zona das nuvens – os pensamentos e os sentimentos egoístas, mesquinhos –, deixam-se arrastar, descem, e, evidentemente, abaixo das nuvens há sombra e está frio. Eles devem permanecer acima das nuvens, onde não há frio nem escuridão, pois é lá que habita o Senhor e que, um dia, nós poderemos habitar com Ele."

"Quando estais seguros de que seguis no bom caminho, nada deve fazer-vos recuar, sobretudo a opinião dos outros. Não vos esqueçais de que foram entidades superiores que vos enviaram à terra e de que elas vos vigiam e se pronunciam sobre o vosso comportamento. Aqueles que valorizam a opinião pública ao ponto de negligenciarem a opinião do Céu provam que não compreenderam o que é essencial na vida.
Pode suceder que, no vosso desejo de vos pordes ao serviço do bem, da luz, susciteis reações muito negativas. Os vossos familiares e os outros seres que vos rodeiam talvez fiquem contrariados por não terdes em conta a sua opinião e preferirdes seguir o caminho traçado pelos grandes Mestres de Luz. Mas, embora esforçando-vos por manter boas relações com aqueles que estão à vossa volta, perseverai nessa via que sabeis ser a melhor: mais cedo ou mais tarde, eles serão obrigados a reconhecer que, apesar da aparência, vós tínheis razão ao escolher o caminho da luz."

"Quando eu era um jovem discípulo do Mestre Peter Deunov, na Bulgária, notei nele um hábito que me intrigava. O que quer que ele estivesse a fazer, chegava sempre um momento em que parava, fechava os olhos e pronunciava algumas palavras. Então, como se ele se tivesse retirado para outro mundo, o seu rosto exprimia algo de extraordinariamente tranquilo e profundo.
Um dia, acabei por decifrar que palavras eram aquelas: «Slava na Tébé, Gospodi», isto é, «Glória a Ti, Senhor!» E pensei: se um grande Mestre, que está sempre tão estreitamente ligado ao Senhor, tem necessidade de pronunciar o seu nome e de O glorificar várias vezes por dia, mais razão existe para que nós também o façamos. E quis imitá-lo. Onde quer eu esteja, habituei-me a repetir, ao longo do dia: «Slava na Tébé, Gospodi.» Pensai vós também em fazer isso, em búlgaro ou na vossa língua, como preferirdes. Quer estejais em casa, na rua ou no trabalho, parai por um instante para vos ligardes ao Senhor, pronunciando estas poucas palavras sem que ninguém ouça, evidentemente, e sentir-vos-eis logo ligados à Fonte Divina da vida."

"A vista, o ouvido, o olfato, o tato e o gosto... Os cinco sentidos põem-nos em relação com o mundo que nos rodeia. Já refletistes sobre o facto de que podemos ouvir ao longe e ver ainda mais longe, mas, para sentirmos as coisas e lhes tocarmos, temos de nos aproximar delas? E, para as saborearmos, temos de as incorporar, pondo-as na boca. Podemos dizer, pois, que o ouvido e a vista deixam o homem livre, ao passo que o olfato, o tato e o gosto, tendencialmente, subjugam-no, pois obrigam-no a aproximar-se dos objetos e dos seres.
Mas acontece que os sentidos superiores – a vista e o ouvido – levam aos sentidos inferiores. Os olhos e os ouvidos fazem o possível para assinar contratos com o nariz, a boca e as mãos. Um homem fica maravilhado com a beleza de uma mulher, com o som da sua voz... Será que ele se limita a olhá-la e a escutá-la? Muitas vezes, é levado a aproximar-se dela para respirar o seu perfume, para a acariciar, para a beijar... O sábio aprendeu a romper esse contrato: por intermédio dos seus ouvidos e dos seus olhos, esforça-se por entrar mais em contacto com o lado subtil dos seres. É assim que ele se liberta."

"Não é por terdes escolhido a via do bem e da luz que, de imediato, os vossos problemas se resolverão, as vossas dificuldades desaparecerão e o caminho ficará completamente aberto e sem obstáculos diante de vós. Não crieis ilusões: enquanto tiverdes dívidas a pagar por todas as transgressões que cometestes, num passado próximo ou longínquo, encontrareis dificuldades e sofrimentos. Só depois de terdes pago honestamente as vossas dívidas é que encontrareis a via livre.
Então, quando tiverdes de enfrentar provações, não vos revolteis nem vos deixeis levar pelo desânimo. Tentai passar por elas, sabendo que são necessárias e que não devem impedir-vos de continuar no caminho do bem e da luz, a fim de construirdes o vosso futuro."

"Vós ainda não experimentastes suficientemente os poderes do amor. Por exemplo: estais inquietos, irritados, infelizes... Pois bem, em vez de ficardes a remoer a situação ou de irdes por toda a parte queixar-vos e importunar os outros, ficai sossegados. Começai por fazer umas respirações profundas, depois enviai um pensamento com amor, pronunciai uma palavra com amor, fazei um gesto com amor. Constatareis que aquilo que estava a desmembrar-se ou a fermentar em vós é afastado para muito longe. Apelando para a ajuda do amor, abris uma fonte em vós, e agora, que ela começou a correr, deixai-a atuar, ela purificará tudo por onde passa a corrente que dela sai. É fácil, basta abrir o coração e deixar fluir o amor. Mas é preciso reagir imediatamente, não esperar até ficar submerso pela irritação ou pelo desgosto.
Experimentai e perguntareis a vós próprios por que é que ainda não tínheis utilizado este método. As pessoas falam do amor, cantam o amor, divertem-se com o amor… Mas agora é preciso compreender que o verdadeiro amor é o meio mais eficaz para agir, a fim de se encontrar a salvação."

"Há imensas complicações que surgem na vida porque se é impulsivo e não se tem tento na língua. Vós tendes um patrão ou um sócio, numa conversa com ele deixais escapar algumas palavras infelizes, e pronto!, a relação é rompida, com todas as complicações que daí advêm... Depois, dizeis que tentareis reparar a situação. Mas será assim tão fácil?
Deveis compreender que é sempre mais vantajoso estar atento e ser sensato, para não complicar as coisas, pelo menos em si mesmo. Sobre o mundo exterior, temos pouco controlo, mas em tudo aquilo que nós próprios fazemos, se estivermos conscientes, vigilantes, é possível introduzir a harmonia, a paz, a luz. Aqueles que aprendem a exercitar todos os dias a sua paciência, o seu autodomínio, acabam por apaziguar os conflitos que podem surgir com os seres que os rodeiam: graças ao seu comportamento, eles inspiram a estima e a amizade à sua volta. É por intermédio da atenção, do autodomínio, que se tem mais possibilidades de resolver os problemas."

"A questão da existência de Deus só pode ser resolvida pela analogia. Vós tendes um pai que está perto de vós; mas ele pode ausentar-se, ir viajar, e, um dia, partirá mesmo, definitivamente. Isso significa que ele já não existe? Não, mesmo que ele já não exista fisicamente, na realidade está sempre presente, mas em vós. Como ele é vosso pai, deixou em vós um registo indelével: traços físicos ou psíquicos, dons, qualidades... ou defeitos!
Pois bem, acontece o mesmo com Deus: nós trazemo-lo em nós, sob uma forma espiritual. Como foi Ele que nos criou, impregnou-nos com a sua quinta-essência, deixou em nós traços fluídicos, uma rede de filamentos que nos ligam a Ele e graças aos quais podemos reencontrá-l’O. Então, àquele que deixou obscurecer o seu olhar interior e enfraquecer as suas faculdades espirituais, ao ponto de dizer: «Deus não existe, pois, se Ele existisse, etc.», não há nada a responder. A não ser que Deus deixou também no homem a possibilidade de O fazer viver nele mesmo... ou de O aniquilar."

"Na Roma antiga, as sacerdotisas de Vesta, deusa do lar, estavam encarregues de manter aceso, de dia e de noite, o fogo sagrado. Mas porquê manter um fogo aceso? Se ele se apagasse, poder-se-ia acendê-lo de novo, já não se estava nos tempos pré-históricos. Na realidade, esse fogo que as Vestais mantinham aceso era um símbolo do fogo espiritual que o ser humano nunca deve deixar apagar em si próprio. E as Vestais, que eram virgens, representavam a Mãe Divina no seu aspeto mais puro, pois a pureza é a condição para o fogo e para a luz. A presença da Mãe Divina é indispensável para manter o fogo, o fogo sagrado do amor.
Cada ser humano deve tornar-se, na sua alma, uma virgem que atrai e alimenta o fogo, a fim de dar ao princípio masculino, o espírito, possibilidades para criar, pois o fogo está na origem de todas as criações. Observai: desde a preparação, tão simples, de uma refeição, até à descolagem de um foguetão espacial, o fogo é indispensável. E é-o ainda muito mais na vida espiritual."

"Vós viveis numa sociedade à qual precisais de vos adaptar, mas nunca vos esqueçais de dar a preponderância a um ideal, ao mundo do espírito, da luz. Aqueles que dizem: «Eu poderia ter vivido muito melhor, se me tivesse preocupado mais com a minha situação material! O que é que me deu, quando decidi embarcar na vida espiritual?» provam que não compreenderam nada, não aprenderam nada, e que não serão bem-sucedidos, nem no plano espiritual, nem no plano material. Se, apesar de todas as revelações que receberam, ainda não estão convencidos do esplendor e do poder da vida espiritual, então, mesmo na sociedade, serão seres medíocres.
Isto deve ser muito claro para vós. Se não estiverdes convencidos das escolhas que fizestes ao abraçar a vida espiritual, se vos sentis sempre tentados a voltar para trás, também não realizareis grande coisa noutros domínios. Todos aqueles que são bem-sucedidos na sociedade talvez não acreditem em Deus, mas são certamente mais decididos, mais dinâmicos, mais corajosos e mais ativos do que muitos espiritualistas; por isso é que têm tanto sucesso."

"Quando entram numa mesquita, os muçulmanos tiram os sapatos e deixam-nos à porta. É exatamente o que vós deveis fazer com as vossas preocupações: deixá-las à porta e entrar no vosso santuário interior para comunicar com os Anjos, com o Senhor. Ao sairdes, retomareis as vossas preocupações, se fizerdes questão nisso; podeis ter a certeza de que ninguém vo-las roubará.
 Há pessoas que parece que não conseguem viver sem inquietações, têm de se sentir atormentadas. Mas podem estar descansadas: preocupações e desgostos tê-los-ão sempre, não lhes faltarão! Por que é que não tentam esquecê-los, de vez em quando? Apesar de se queixarem, dir-se-ia que, para elas, a vida tem de ser feita de tormentos, de inconvenientes, de mal-entendidos. Pois bem, isso é apenas um grau inferior da vida, não é a verdadeira vida. A verdadeira vida é deixar de lado tudo o que é negativo e entrar no seu santuário interior para comunicar com a beleza, a pureza, a luz."


"No plano físico, evidentemente, a mulher é mais fraca do que o homem. O seu poder reside no magnetismo que possui sob a forma de partículas subtis que emanam dela. Certos homens veem na mulher uma feiticeira, uma maga ou uma fada, por causa desse magnetismo que a Natureza lhe deu.
Graças às suas emanações, as mulheres são capazes, até, de formar corpos de natureza etérica. Se um ser superior, um salvador do mundo, der a ideia, o germe, para uma realização sublime – o Reino de Deus na terra –, todas as mulheres juntas poderão, graças às suas emanações, construir o corpo desse filho coletivo. Se, no mundo inteiro, houver cada vez mais mulheres a tornarem-se conscientes das suas possibilidades e se, apoiadas pelos homens, elas se puserem a trabalhar com esse propósito, graças às suas emanações subtis contribuirão para a formação de um novo corpo coletivo: o Reino de Deus e a sua Justiça."