Antonio sentiu-se
mal atendido na loja. Reclamou com a vendedora e com o gerente.
Saiu contrariado,
sem adquirir o produto desejado. Na rua, encontrou um casal de amigos e
compartilhou com eles sua indignação.
Chegando em casa,
acessou o site de reclamações e descreveu em detalhes o ocorrido, registrando,
dessa forma, o mau atendimento recebido no estabelecimento, ampliando a
reclamação para toda a rede de lojas.
Nisso, Antonio
perdeu a manhã toda, intoxicando-se com a própria raiva, sem conseguir resolver
o que precisava.
Ele não se
lembrou das vezes em que fora bem atendido naquela mesma loja; das vezes em que
os vendedores se desdobraram para conseguir o produto que ele desejava.
Tampouco se
lembrou das vezes em que estava mal humorado e foi ríspido com quem o atendia.
Ele havia ficado
frustrado porque não conseguira o desconto que queria no produto. A vendedora
tinha um limite e não pudera atender às suas expectativas.
Orgulhoso e
desacostumado a ser contrariado, Antonio considerou como ofensa a negativa
recebida.
* * *
Muitas vezes,
nosso orgulho nos faz ter uma ideia distorcida dos fatos.
Quando nos
julgamos mais importantes que os demais, criamos expectativas irreais e nos
frustramos por não recebermos o tratamento e a consideração que imaginamos
merecer.
Esquecemos que
todos somos iguais perante as Leis Divinas. E também conforme as leis humanas.
Se as leis
humanas por vezes são deturpadas para atender aos caprichos de quem se sente no
poder, as Leis Divinas não contemplam privilégios. São perfeitas e imutáveis.
Quando nos
sentimos ofendidos, prejudicados, buscamos os nossos direitos conforme as leis
humanas. Reclamamos, despendemos tempo e energia exigindo retratação,
compensação, justiça.
É de nos
perguntarmos se temos esse mesmo empenho para cumprir com os nossos deveres,
tanto os deveres cívicos quanto os morais.
Basta pensarmos
no Decálogo. Basta recordarmos dos ensinamentos de Jesus. Amamos e respeitamos
ao Pai Celeste e ao nosso próximo como a nós mesmos?
Evitamos cometer
atos ilegais, maliciosos, delitos de qualquer espécie, como por exemplo, furar
uma fila, sonegar um imposto, corromper um fiscal, entre outros atos?
Evitamos falar
mal dos outros, deixando a maledicência e a fofoca bem longe de nossas mentes?
Somos pacientes e
tolerantes com parentes e familiares problemáticos? Atendemos às necessidades
de nossos pais, especialmente se idosos e enfermos?
Quando não
cumprimos com nossos deveres, isso fica registrado, embora não em um site de
reclamações.
Nossos
pensamentos e atos geram energias que ficam gravadas em nós. Se forem
negativos, nos acompanham até que mudemos e passemos a agir de acordo com as
Leis Divinas.
E isso pode
tardar anos ou muitas vidas, a depender de nós mesmos.
Todos somos
credores do respeito aos nossos direitos. Entretanto, não nos esqueçamos de
que, acima de tudo, temos o dever de respeitar os direitos de todos ao nosso
redor.
Se todos assim
agirmos, o mundo será um lugar realmente justo para a grande família que
compomos, os que habitamos este planeta em transição para um mundo melhor.
Redação do
Momento Espírita.
Em 28.9.2018