domingo, 1 de setembro de 2019

MESTRE OMRAAM MIKHAEL AIVANHOV




"Porque é que se engana os humanos pregando que, para se ser salvo, basta ter fé? A fé é apenas a condição, o ponto de partida. Depois, eles devem pôr-se a trabalhar para darem às forças do Universo uma razão para agirem. Aqueles que se limitam a dizer: «Eu creio, eu creio», sem darem uma expressão mais concreta àquilo em que creem, irão sempre sofrer com fome, seja de que maneira for. Devem semear pelo menos alguns grãos: pensamentos, sentimentos e palavras inspirados pelo desapego, pela bondade, pelo amor. Então, todas as forças do Céu e da terra, a chuva, o Sol, estarão lá para as fazer germinar e crescer. Um dia, eles terão uma seara para se alimentarem a si próprios e a uma imensidão de criaturas.
É nisto, na atividade, que é preciso acreditar para se ser salvo, pois mesmo a atividade mais insignificante produz necessariamente resultados. Velai, pois, para que cada um dos vossos pensamentos, dos vossos sentimentos e dos vossos atos se torne como uma semente plantada no solo espiritual: as forças que, então, eles porão a funcionar serão benéficas para vós mesmos e para o mundo inteiro. "

"Os humanos raramente têm consciência de que, com o fogo, contactam com forças primordiais e põem-nas em ação; e aquilo que o fogo representa no plano psíquico também lhes escapa. Podemos dizer que, no plano psíquico, há duas espécies de fogo: o fogo astral dos desejos inferiores, que consome os seres, fazendo-os passar por grandes sofrimentos, e o fogo das aspirações espirituais, que faz brilhar tudo o que neles é puro e nobre. Há tantos seres que conhecem o fogo astral das cobiças e das paixões sensuais, que os mergulham num verdadeiro inferno! Com que prazer esse fogo se lança sobre eles para os devorar, pois eles têm tudo o que é necessário para o alimentar, e em breve só restam cinzas e fumo.
O fogo espiritual, esse, procura aqueles que percorrem o caminho do amor desinteressado, da abnegação, do sacrifício. No momento em que ele penetra neles, abrasa-os e transforma-os em criaturas de luz. Este fogo tem a propriedade de nunca destruir o que é da mesma natureza que ele. Quando penetra no homem, só queima as poucas impurezas que ainda existem nele; a matéria pura do seu ser não é consumida, torna-se ela própria luz, porque vibra em uníssono com o fogo divino."

"O olho no centro de um triângulo é um símbolo muito presente no cristianismo e em certos movimentos espirituais. Segundo a tradição, ele representa o olho de Deus, que vê tudo. Mas isso não significa, como alguns acreditam ingenuamente, que Deus passa o tempo a observar os humanos e a anotar todas as suas boas e más ações para depois os recompensar ou os castigar. Esse olho de Deus, na realidade, está em nós, e aquele que é capaz de sentir o olhar deste olho avança sem risco de se perder.
Depende de nós que o nosso olho interior esteja aberto ou fechado. Os yogis da Índia, que o designam por “terceiro olho”, situam-no na raiz do nariz. No sistema dos chacras, ele corresponde ao Ajna chacra. Os nossos dois olhos físicos formam com o terceiro olho um triângulo ou, melhor dizendo, um prisma. Quando um feixe de luz atravessa as paredes de um prisma, decompõe-se em sete cores. Do mesmo modo, quando um feixe de luz espiritual vem incidir no nosso terceiro olho, decompõe-se noutras tantas cores, que reforçam a nossa aura e a tornam sensível às realidades da alma e do espírito."

" O discípulo de um ensinamento espiritual tem consciência de que é habitado por algo belo e grandioso, cuja única aspiração é manifestar-se, e procura a ajuda das entidades luminosas do mundo invisível. O seu desejo emana dele como um fluido subtil e as entidades que o captam estão sempre prontas a responder ao seu pedido. Mas uma coisa é ter um ideal espiritual e outra é mantê-lo firmemente na sua alma. Quando alguém consegue elevar-se interiormente, é difícil manter-se no cume. No entanto, é preciso agarrar-se lá, pois é no Alto que há o ar puro, a luz, a liberdade.
 No nosso Universo, é o Sol que representa o cume, o espírito. Para alcançar o cume em si próprio e aí permanecer, o discípulo da ciência espiritual deve fazer todos os dias um esforço para se elevar até ao Sol. Quando depois descer para fazer face aos acontecimentos, sejam eles quais forem, uma parte dele permanecerá lá em cima, no Sol, e inspirá-lo-á em todas as suas decisões."

"Os humanos estão sempre a combater o mal. Têm certamente boas intenções, mas, quer na sociedade quer nos seres, nunca conseguirão vencê-lo. E também nunca conseguirão vencê-lo em si mesmos. Direis vós: «Então, o que é que devemos fazer?» Ocupar-nos unicamente do bem. Se nos ocuparmos apenas do bem, captaremos no mal energias que depois poderemos transformar. Exatamente como acontece quando se faz um enxerto.
O que faz o agricultor? No tronco de uma árvore improdutiva mas vigorosa, ele insere um rebento de uma árvore de boa qualidade, que aproveitará o seu vigor. Nós devemos fazer também esta operação na nossa vida psíquica, pois somos semelhantes às árvores. Graças à luz do Sol espiritual, podemos transformar em nós a seiva bruta das nossas tendências instintivas em seiva elaborada, que irá alimentar as flores e os frutos da nossa alma e do nosso espírito."

"Perguntai aos humanos o que é a paz: a maior parte responder-vos-á que é a possibilidade de viver tranquilamente, protegido das desordens e das agressões. Não, a paz é o resultado de uma sintonia entre os diferentes princípios que constituem o nosso organismo psíquico: o espírito, a alma, o intelecto, o coração e a vontade.
É difícil obter esta sintonia, porque cada um tem necessidades particulares que quer satisfazer. Um determinado homem tem pensamentos lúcidos, sábios, mas no seu coração infiltraram-se sentimentos passionais que o fazem perder completamente o controlo. Ou, se ele estiver animado pelos melhores desejos, é a sua vontade que está paralisada. Ou então, a sua alma e o seu espírito aspiram ao recolhimento, mas o mundo que o rodeia apresenta tantas seduções que o coração e o intelecto se deixam levar por elas. Como pode alguém sentir-se em paz no meio de todas estas divisões interiores? Só saberá finalmente o que é a paz e conseguirá realizá-la aquele que compreendeu que ela é um resultado, uma consequência: um estado de consciência no qual todas as funções, todas as atividades psíquicas, estão perfeitamente equilibradas e harmonizadas."

"Todos os dias temos de resolver os problemas que nos são colocados pela existência das nossas duas naturezas, a superior e a inferior, a individualidade e a personalidade. Por isso, é necessário começar por adquirir um saber que permite discernir as manifestações de uma e de outra. Acima de tudo, se não quisermos estar continuamente divididos entre as duas, devemos pôr a natureza inferior ao serviço da natureza superior e nunca parar de a vigiar, pois ela é rebelde e manhosa. Mesmo que, aparentemente, aceite a autoridade da natureza superior, na realidade está sempre à procura de uma maneira de dar a volta ao seu poder.
Pensais que o mais simples seria aniquilar a natureza inferior? Não, ela faz parte do ser humano; sem ela, ele não poderia subsistir, pois existem nela recursos ocultos: os seus instintos, os seus apetites, tudo o que lhe permite agarrar-se à terra na qual ele está destinado a viver por um certo tempo. O que é preciso é, simplesmente, aprender a ser mais inteligente e mais forte do que ela, pois, quando bem dominada, ela é a melhor serva da natureza superior."

"A maior parte das religiões deu a Deus uma aparência humana, pois, para apresentar as realidades do mundo espiritual, era preciso torná-las acessíveis, e elas ultrapassam tanto as capacidades vulgares de compreensão dos crentes! O que é pequeno não pode compreender a imensidão, o que é limitado não pode compreender o ilimitado, o que é finito não pode compreender o infinito. Quando é que o compreenderá? Quando entrar na imensidão, quando se fundir com ela, quando participar na sua vida.
 Enquanto uma gota de água estiver separada do oceano, embora tenha uma composição idêntica, não pode conhecê-lo. Mas, se ela volta ao oceano, já não se pode separá-la dele, ela torna-se o oceano e, ao tornar-se o oceano, conhece-o. Acontece o mesmo com o ser humano. Ele é finito, limitado, mas, quando tiver trabalhado durante muito tempo para se purificar, despertará em si faculdades, possibilidades, quase sem limites: fundir-se-á na imensidão e poderá conhecer Deus na sua eternidade e na sua infinitude."

"Muitas pessoas julgam-se capazes de seguir um Mestre espiritual, mas ainda têm demasiados pensamentos, sentimentos e desejos que as impedem de aceitar o que ele diz e de o pôr em prática. Nelas não há lugar para um ensinamento dessa natureza. E, muitas vezes, é preferível que se mantenham um pouco afastadas, pois, ao quererem seguir um caminho que não foi feito para elas, um dia ficarão presas em grandes contradições. Não compreenderão porque é que nada se passa em conformidade com o que esperavam e não só sofrerão, como farão sofrer os outros e até prejudicarão o trabalho daquele junto de quem dizem que querem instruir-se.
 Contrariamente ao que se pode crer, um Mestre espiritual não faz questão de estar rodeado por uma multidão. Ele sabe que o seu ensinamento não é para toda a gente e só deseja que todos os que se aproximam dele, no nível em que se encontram, recebam pelo menos algumas verdades que os ajudarão a progredir."

"Em função da vida que os humanos viveram nas suas existências anteriores, os Senhores do Carma decretaram o que seria a sua existência atual e esses decretos são justos. Por isso, em vez de se queixarem das dificuldades que encontram, eles devem dizer para si próprios: «Se agora tenho de enfrentar esta ou aquela dificuldade, é porque, numa encarnação passada, não soube ou não quis resolver os problemas que me foram postos e agora eles são-me apresentados novamente.»
 Aquele que se revolta, em vez de compreender que o seu destino é regido pelas leis da justiça divina, agrava a sua situação e os problemas que irá encontrar serão cada vez mais difíceis de resolver, ele sentir-se-á cada vez mais apertado. Os Juízes celestes dir-lhe-ão: «Não quiseste aprender a tua lição quando tinhas boas condições? Pois bem, aí tens de novo os mesmos problemas. Põe-te a trabalhar, senão a tua situação piorará.» Em vez de escapar às dificuldades, é preciso compreender bem o seu sentido e fazer o que é necessário para as ultrapassar. É assim que os seres se libertam."

"Em todas as religiões, sempre houve e ainda há um certo clero que apresenta o Senhor como um monarca ou um juiz unicamente ocupado a condenar culpados. Não, a verdade é que Deus está sempre à nossa espera no seu palácio para participarmos nos seus banquetes. Mas, para podermos participar, devemos preencher certas condições.
 Imaginai que um rei vos convida para uma grande refeição: se lá vos apresentardes sujos, desgrenhados, em farrapos, os guardas ou os sentinelas que estarão à porta dir-vos-ão: «Assim, não pode entrar. – Mas eu fui convidado! – Está bem, mas tem consciência de que isto é o palácio real? Não pode entrar nesse estado.» Não basta ser convidado, é preciso apresentar-se com uma aparência conveniente, e aqueles que se apresentam interiormente sujos e descuidados não serão aceites no banquete divino. Não lhes é exigido que estejam sempre vestidos como príncipes, mas, pelo menos durante algum tempo, devem usar as vestes convenientes, quer dizer, esforçar-se por entrar em harmonia com as entidades luminosas que participam nesse banquete."

"Os imensos progressos das ciências e das técnicas encorajam os nossos contemporâneos a procurarem uma vida fácil. Mas, na Natureza, o programa de uma vida fácil não está inscrito em parte nenhuma. O homem está na terra para trabalhar, mas trabalhar acima de tudo nele mesmo, para estar sempre a progredir interiormente. É claro que as pessoas vão para o trabalho dia após dia, mas todas as atividades cujo objetivo principal é garantirem a sua segurança material e a da sua família raramente alimentam a sua alma e o seu espírito, por isso eles deterioram-se.
O trabalho que fortalece, que vivifica, que rejuvenesce, é o trabalho espiritual. E quando eu falo em trabalho espiritual, não penso necessariamente na meditação, na oração. Por mais modesta que seja, cada atividade que realizamos esforçando-nos por marcá-la com um sentimento de amor, com um pensamento luminoso, renova as nossas energias."

"Um mago verdadeiro sabe como fazer jorrar de si a luz. Essa luz, a sua aura, não só o rodeia e o protege, mas também lhe fornece a matéria para o seu trabalho. É graças a esta matéria subtil que ele pode criar e manifestar o seu poder. Nem sequer é necessário ele pronunciar palavras, basta que projete o seu pensamento, isso já é como se falasse. É a esta palavra interior – real, poderosa, mágica – que também se chama “verbo”.
O verbo é um pensamento que ainda não se traduziu em palavras, mas já se exprime no invisível por formas, cores, sons. As pedras, as plantas, os animais e os humanos compreendem esta linguagem; e os planetas, as estrelas, os Anjos e os Arcanjos também a compreendem. No mundo invisível, as criaturas não falam umas com as outras usando palavras de uma língua, mas sim cores, formas, melodias, que emanam delas, e cada uma sabe interpretar imediatamente essa linguagem."

"Todos os dias, quando comeis, contribuis para a construção, a manutenção e a restauração do vosso corpo. E se, durante as refeições, vos concentrardes nos alimentos para deles retirardes a vida divina que contêm, estareis a trabalhar para renovar a matéria do vosso corpo. E não é só comer, mas também respirar, lavar-se, dormir..., que podem contribuir para fazer do vosso corpo um recetáculo para Deus, um templo de Deus. Vigiai igualmente os vossos pensamentos, os vossos sentimentos e os vossos desejos, pois também são alimentos.
Este templo de Deus cuja construção empreendestes em vós permanecerá invisível por muito tempo, porque é o resultado de um trabalho de longo prazo. Mas, um dia, a luz que emana do vosso rosto e de todo o vosso ser revelará que o Senhor fez de vós uma sua morada. Ele virá aí habitar com os seus Anjos e o templo que é o vosso corpo vibrará em uníssono com o templo imenso que é a Natureza."

"O tempo dos humanos é regido pela alternância entre dia e noite. Podemos encontrar o dia e a noite em toda a parte, em todos os domínios, sob diferentes formas. As estações do ano, por exemplo. O que são a primavera e o verão? O dia; durante esses períodos, o Sol aumenta gradualmente a sua influência. E o que são o outono e o inverno? A noite; é a Lua, simbolicamente, que retoma o poder: a Natureza entra em repouso para recuperar, a fim de que a primavera e o verão produzam de novo flores e frutos.
Um mês também é comparável a um dia: durante os 14 dias em que a Lua cresce, podemos dizer que é dia; e, durante os 14 dias em que ela decresce, é noite. Por vezes, mesmo só numa hora, pode haver dia sob a influência do Sol e noite sob a influência da Lua; isso depende da disposição da pessoa. Mas, quer seja dia, quer seja noite, o pensamento tem sempre um trabalho a fazer. Quaisquer que sejam as condições, nunca se tem justificação para ficar inativo."

"Se puserdes no centro da vossa existência o pensamento no Criador, se tiverdes fé n'Ele, se O amardes, se baseardes n’Ele a vossa esperança, estareis a preparar o caminho interior pelo qual continuareis a avançar ao longo da vossa vida. Cada convicção que alimentais em vós influencia o vosso destino. Tanto no plano psíquico como no plano físico, não se obtém os mesmos resultados se certos elementos estiverem presentes ou estiverem ausentes.
Perguntai a um cozinheiro ou a um químico se a presença ou a ausência de certos produtos nas suas preparações culinárias ou nas suas experiências de laboratório dão os mesmos resultados. Toda a existência nos mostra a importância de que se reveste a presença ou a ausência de um elemento, e muito mais ainda quando se trata da presença ou da ausência, na vida dos seres, do pensamento em Deus, na sua sabedoria e no seu amor."

"A maior parte das pessoas não tem uma ideia clara do que é realmente a pureza e, sobretudo, tem tendência para a limitar ao domínio da sexualidade. Para elas, a pureza é a abstinência sexual.
 Na realidade, é puro o que não foi sujo, corrompido, por pensamentos interesseiros e sentimentos passionais – a inveja, o ciúme, a possessividade. Abster-se completamente de relações sexuais não basta para ser puro. Se fosse assim tão simples! É sempre nos pensamentos, nos sentimentos e nos desejos que se infiltram as impurezas. Estas impurezas provocam depois consequências no comportamento geral dos seres e, portanto, também na sua maneira de viverem a sexualidade. Mas o ato sexual pode ser vivido na maior pureza."

"Porque é que o pentagrama é considerado como uma das figuras mágicas mais poderosas? Porque ele apresenta analogias com a mão e os seus cinco dedos e, portanto, põe-nos em relação com as cinco virtudes que estão ligadas a eles: o amor, a sabedoria, a verdade, a justiça e a bondade.
 Um mago é tradicionalmente representado com uma varinha na mão, mas, na realidade, esta varinha é apenas o prolongamento da sua mão; embora lhe chamem mágica, ela não tem, por si própria, nada de excecional, e quem quer que se apoderasse da varinha do maior dos magos não conseguiria realizar com ela grandes prodígios. A mão daquele que segura na varinha é que é poderosa. Graças ao trabalho que realizou sobre si mesmo – um trabalho de purificação, de concentração, de autodomínio –, ele adquiriu o poder de, com a sua mão, captar do espaço correntes de energias e de as projetar. Ainda há muito por conhecer sobre tudo aquilo de que uma mão é capaz."

"A felicidade é um dom do coração. Para se ser feliz, é preciso ampliar o seu coração, e ampliá-lo até ao infinito, para se abarcar o Universo inteiro. É o amor que abre o caminho para a felicidade. Sim, o amor, não a ciência nem a filosofia. Aqueles que sabem muito não encontram necessariamente a felicidade, isso vê-se, ao passo que aqueles que não sabem grande coisa, mas têm um grande coração, sentem-se felizes.
 O Criador pôs a felicidade no coração, não no intelecto. A ciência e a sabedoria só podem preparar o caminho, orientar, elucidar. Para se ser feliz, é preciso amar, mas tendo a sabedoria como guia, a fim de se saber para que seres e que propósitos canalizar o seu amor, senão passar-se-á pelas piores deceções e ser-se-á muito infeliz. Portanto, o amor e a sabedoria estão ligados. A sabedoria mostra ao amor como ser lúcido e o amor mostra à sabedoria como se aquecer..."

"O Sol e a Lua não existem apenas no céu, também estão presentes, simbolicamente, na nossa vida psíquica. O Sol, princípio masculino, é representado em nós pelo espírito e pelo intelecto; a Lua, princípio feminino, é representada pela alma e pelo coração.
Quando nós temos de enfrentar dificuldades, é exatamente como se tivéssemos de travar uma luta contra inimigos, exteriores ou interiores, e é preferível não o fazer na escuridão, isto é, quando a natureza inferior se manifesta para criar perturbação e confusão. Esse é o momento, pois, para pedir ao Sol e à Lua em nós que continuem a brilhar no nosso céu. O Sol, o nosso intelecto iluminado pelo espírito, inspirar-nos-á os melhores pensamentos; a Lua, o nosso coração iluminado pela alma, inspirar-nos-á os melhores sentimentos; e a luz de ambos acompanhar-nos-á até alcançarmos a vitória."

"A fraqueza, a vulnerabilidade, são perigos que espreitam os adeptos de um ensinamento espiritual. Pelo facto de terem escolhido o caminho da luz, muitas vezes eles têm tendência para imaginar que irão avançar sob a proteção de entidades poderosas que afastarão deles os acidentes, as doenças, os ataques de pessoas maldosas. Isso torna-os vulneráveis e, quando têm de enfrentar provações que não esperavam, não sabem o que fazer e vão-se abaixo.
Doravante, todos devem estar conscientes de que um ensinamento espiritual não lhes prepara um refúgio onde estarão protegidos dos acidentes da vida; mas, ao dar-lhe uma luz e métodos, ele faz muitíssimo mais! Seja o que for que vos aconteça, iluminai-vos com essa luz, praticai esses métodos, e permanecereis firmes, inabaláveis, no meio das provações. A graça de Deus não atua ao acaso sobre os seres, mas somente sobre aqueles que empreenderam o verdadeiro trabalho e nunca deixam o caminho da luz."

"Se puserdes no centro da vossa existência o pensamento no Criador, se tiverdes fé n'Ele, se O amardes, se baseardes n’Ele a vossa esperança, estareis a preparar o caminho interior pelo qual continuareis a avançar ao longo da vossa vida. Cada convicção que alimentais em vós influencia o vosso destino. Tanto no plano psíquico como no plano físico, não se obtém os mesmos resultados se certos elementos estiverem presentes ou estiverem ausentes.
Perguntai a um cozinheiro ou a um químico se a presença ou a ausência de certos produtos nas suas preparações culinárias ou nas suas experiências de laboratório dão os mesmos resultados. Toda a existência nos mostra a importância de que se reveste a presença ou a ausência de um elemento, e muito mais ainda quando se trata da presença ou da ausência, na vida dos seres, do pensamento em Deus, na sua sabedoria e no seu amor."

"Pela sua maneira de viver, pelos seus pensamentos, sentimentos e desejos, os humanos passam uma grande parte do seu tempo a destruir-se. Por isso, não se amam, ou melhor, amam-se mal. Vós questionareis: «Então, o que é que se deve fazer para se amar bem?» Primeiro que tudo, aprender a amar o Senhor, pois, ao amar o Senhor, já se está a amar a si próprio, mas ao seu Eu superior, ao seu Eu verdadeiro, esse Eu que é uma parcela da Divindade.
 Amar Deus não é amar um ser exterior a nós, mas sim um ser que habita em nós, que é o nosso Eu sublime. Se não O amamos, se não amamos Deus em nós, é o nosso eu inferior que amamos, é ele que servimos, é a ele que consagramos o nosso tempo e as nossas energias; e com isso só nos empobrecemos, só nos enfraquecemos, pois o eu inferior é um sorvedouro que engole todas as nossas energias. O verdadeiro amor a si passa necessariamente pelo amor a Deus. Amando Deus, é a nós, a nossa parte divina, que amamos. Graças a este amor, elevamo-nos até ao mundo da beleza, da luz, da liberdade."

"Os astrólogos procuram determinar as influências que os planetas exercem sobre os humanos. Na realidade, para cada um de nós a natureza dessas influências depende da qualidade da sua aura, pois uma das funções da aura é assegurar as trocas entre os astros que estão no céu e os astros que estão em nós.
Estais surpreendidos por ouvir dizer que os planetas também existem em nós? Como o ser humano é um reflexo do Cosmos, os planetas existem também nele e, tal como no Universo, giram em torno do seu Sol interior. O facto de o mesmo planeta agir favoravelmente sobre certas pessoas e desfavoravelmente sobre outras deve-se, muito simplesmente, a que aquelas que recebem as suas más influências não estão preparadas para captar as boas. Se na sua aura existem elementos que impedem as virtudes de um planeta de penetrarem, as correntes que esse planeta envia alteram-se, desmembram-se e provocam efeitos nocivos. Mas, se a sua aura for pura, poderosa, todas as influências, mesmo as que poderiam ser nefastas, se tornam boas."

"O fogo visível é a expressão do fogo invisível. Por isso, sempre que acendeis um fogo, mesmo que seja uma simples vela, podeis ligar-vos ao fogo celeste por intermédio da vossa alma e do vosso espírito. Contemplai esse fogo até ele vir abrasar o vosso coração, a vossa alma, todo o vosso ser. Todas as explicações que possais ler ou ouvir sobre a descida do Espírito ao homem não vos servirão de nada enquanto não procurardes acender na vossa alma esse fogo que fará de vós um ser vivo, vivo como o Sol, pois o Sol é a forma visível, sensível, do fogo espiritual.
E, como o Sol nasce todas as manhãs, em cada manhã podeis restabelecer, por seu intermédio, o contacto com o fogo celeste, deixar-vos abrasar por ele, até ao dia em que sentireis chamas jorrarem das profundezas do vosso ser. É o Sol que nos revela o mistério do fogo. Ligando-nos a ele com todo o nosso amor, com toda a nossa inteligência, continuaremos a caminhar infatigavelmente na sua direção. A Iniciação é o caminho a percorrer para chegar até esse fogo."

"Do mesmo modo que um filho quer, pelo menos, igualar o seu pai ou a sua mãe, um discípulo toma o seu Mestre como modelo. Mas o ideal a atingir não é o seu pai, nem a sua mãe, nem o seu Mestre, mas o próprio Deus, que o criou à sua imagem. O Mestre é uma porta, uma etapa, um educador por um certo tempo. Não está escrito em parte nenhuma que o discípulo é obrigado a parar nele. Por intermédio do seu Mestre, ele deve ir para Deus. Se o Mestre tiver chegado a Deus, o discípulo estará com ele junto de Deus.
«Aquele que crê em mim fará as mesmas obras que eu faço e fará até obras maiores», disse Jesus. Jesus desejava que aqueles que o seguem façam grandes coisas, até maiores do que as que ele fizera. Isso é possível? Sim, e Jesus pronunciou estas palavras tão imbuídas de impessoalidade, de desapego, porque não trabalhava para a sua glória, mas sim para a obra de Deus, para a realização do seu Reino na terra."

"A vossa vida quotidiana é feita de trocas com o mundo exterior, mas preocupai-vos sobretudo com o vosso mundo interior, pois é com ele que tendes de lidar continuamente. Não estais sempre a olhar, a escutar, a tocar ou a saborear alguma coisa no exterior de vós, mas estais sempre convosco, com os vossos pensamentos, os vossos sentimentos, os vossos desejos: eles nunca param. A questão está apenas em saber o que deveis fazer com eles.
Enquanto a vossa atenção e as vossas expectativas se dirigirem sobretudo para o mundo exterior, tereis deceções. Durante um certo tempo, talvez consigais imaginar que tendes alguma coisa, mas, pouco depois, sereis obrigados a constatar que não tendes nada, tudo vos escapou. Procurais a felicidade, o amor, um sentido para a vossa vida? É em vós que primeiro deveis procurá-los."