Certa vez, uma
mãe viu seu filhinho sentado em um canto da sala, recitando alto as letras do
alfabeto: a, b, c, d, e, f, g...
Intrigada, ela se
aproximou e lhe perguntou:
Filho, o que você
está fazendo?
Mamãe, você me
disse para eu orar sempre a Deus. Acontece que eu não sei como fazer. Então
resolvi ir dizendo o alfabeto inteiro para Deus, pedindo que faça uma boa
oração com essas letras.
O fato poderia
ser tomado como uma dessas coisas de criança se não houvesse tanta fé na
simplicidade do gesto. Simplicidade que esquecemos muitas vezes.
Quantas vezes
dizemos que não sabemos orar ou como nos dirigir ao Criador. Chegamos a pedir a
outros que orem por nós, pelas nossas necessidades, pelos nossos afetos, porque
não sabemos como orar.
E é tão simples.
Orar é dialogar com Quem é o maior responsável pela nossa vida, por tudo que
somos, desde que nos originamos da Sua vontade: Deus.
Não há
necessidade de palavras difíceis, rebuscadas ou decoradas. A oração deve ser
espontânea, gerada pela necessidade do momento. Ou por um momento de intensa
alegria, uma conquista concretizada, um objetivo alcançado.
Já nos ensinou o
Mestre Galileu a Seu tempo: Não creiais que por muito falardes, sereis ouvidos.
Não é pela multiplicidade das palavras que sereis atendidos.
E sabiamente ainda
ensinou Jesus que se devia orar ao Pai em secreto. Portanto, existem muitas
preces que nem chegam a ser proferidas. Explodem da alma para os céus sem que
os lábios tomem parte, sem que as cordas vocais sejam acionadas.
Deus vê o que se
passa no fundo dos corações. Lê o pensamento dos Seus filhos.
A oração pode se
tornar incessante em nossas vidas sem que haja necessidade de tomarmos qualquer
postura especial. A prece pode ser de todos os instantes, sem nenhuma
interrupção dos nossos trabalhos.
Pode consistir no
ato de reconhecimento a Deus quando escapamos de um acidente que poderia ser
fatal. Pode ser um momento de êxtase pela beleza do oceano que joga suas ondas
contra as rochas, desejando arrebatá-las para o seu seio.
Ou, ainda, ante o
espetáculo de cores do arco-íris após a tormenta que despetalou as rosas.
Sem fórmulas
prontas, sem palavras encomendadas ou de difícil pronúncia.
Rogar, agradecer.
Exatamente como a criança que ganha um brinquedo, pula no colo do pai, e diz
sorrindo: Obrigado, papai. Adorei.
Ou, quando,
súplice, pede: Papai, compra um sorvete? Ah, por favor. Compra, papai.
Singeleza,
simplicidade. É assim que devemos dialogar com Deus, nosso Pai.
* * *
Deus, em Sua
infinita misericórdia, criou um canal especial de comunicação para que a
qualquer hora, em qualquer lugar, todo ser pensante pudesse falar com Ele.
Este canal
chama-se prece. Acessível ao pobre, ao abastado, ao letrado e ao desprovido de
recursos intelectuais. À criança e ao adulto; a quem crê e até mesmo a quem não
crê mas que um dia se dá conta que é muito confortador ter um Pai que escuta
sempre, atende e socorre.
Não se esqueça de
usar o seu canal especial de comunicação.
Redação do Momento Espírita, com relato do
cap. A oração de uma criança,
do livro
Histórias para o coração da mulher, de Alice Gray e com base no
cap. XXVII, item
22 de O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec,
ed. FEB.
Em 10.10.2019
Fonte: http://www.momento.com