domingo, 5 de abril de 2020

MESTRE OMRAAM MIKHAEL AIVANHOV


"O amor é uma qualidade da vida divina. Por isso, não encontrareis o amor se não conseguirdes fazer correr essa vida em vós: uma vida purificada, iluminada pela prática das virtudes.
Vós procurais o amor e acreditais que ele vai chegar do exterior, sob a forma de um ser que será exatamente como o esperais: agradável, belo, generoso, paciente... Vós, sois resmungões, egoístas, coléricos, e o amor tem de se vos apresentar sob a forma de um Anjo! Ora bem, ficai sabendo que o vosso amor será precisamente o reflexo de vós próprios. Mesmo se tiverdes um Anjo ou um Arcanjo nos vossos braços, nada sentireis do seu esplendor enquanto não estiverdes abertos ao mundo divino."

"Não vos preocupeis tanto com o que possa surgir-vos do exterior: dificuldades ou facilidades, perdas ou benefícios. Trabalhai apenas com a certeza de que todas as possibilidades estão em vós próprios. Assim, reforçar-vos-eis e tornar-vos-eis cada vez mais capazes de enfrentar todas as situações.
Seja em que domínio for, não deveis contar com nenhuma aquisição exterior, com nenhum sucesso exterior, porque nada do que é exterior é definitivo e pode pertencer-vos verdadeiramente; mais dia, menos dia, acabará por escapar-vos. Apenas deveis trabalhar para serdes fortes interiormente, ricos interiormente, no vosso coração, no vosso intelecto, na vossa alma, no vosso espírito, a fim de que tudo o que adquiristes vos pertença para sempre. É esta a verdadeira liberdade, a verdadeira independência."

"Trabalhai sobre vós mesmos, para desenvolverdes qualidades psíquicas, morais, que vos permitirão compreender e aceitar melhor os outros. Isso é que é o essencial: aprender a viver com os outros; e não apenas com a família, os amigos e os vizinhos. Também deveis relacionar-vos com toda a espécie de pessoas diferentes de vós pela idade, pela formação, pelo meio social, pela nacionalidade, pela raça, para vos habituardes muito cedo a todas as situações humanas. Se não estiverdes preparados, no dia em que fordes obrigados a enfrentar essas situações, manifestar-vos-eis como seres fechados, complexos e, por vezes, até maus, mesmo sem o quererdes."

"Jesus disse: «Vós sois templos do Deus vivo.» Sim, um ser humano que soube reforçar a sua vontade, purificar o seu coração, tornar luminoso o seu intelecto, ampliar a sua alma e santificar o seu espírito, tornou-se um verdadeiro templo e poderá convidar o Senhor a vir habitá-lo.
Infelizmente, a maioria dos humanos não tem cuidado com o seu templo, danifica-o constantemente ao servir-se dele para satisfazer os seus instintos e obter todos os prazeres: então, o corpo não é um templo, é um estábulo, uma pocilga. É como o Templo de Jerusalém, para onde os mercadores tinham levado toda a espécie de gado e de aves de criação, que vendiam, e ninguém ficava indignado, todos achavam normal. Mas Jesus pegou em cordas, fez com elas um chicote e expulsou-os todos, dizendo: «Tirai isso daqui, não façais da casa do meu Pai uma casa de negociatas.»
Não imiteis, pois, os mercadores do Templo, não façais do vosso corpo um covil de animais; senão, não será o Senhor que virá habitá-lo, mas entidades inferiores, os indesejáveis, que gostam muito da sujidade e se alimentam de matérias impuras."

"Nunca deis razão à vossa natureza inferior. Concedei-lhe, se quiserdes, o benefício da... “razão sem razão”, dizendo: «Bem, ela é o que é por motivos que, sem dúvida, foram válidos no passado, num determinado estádio da evolução, quando o homem, tal como o animal, tinha de obedecer aos seus instintos. Mas agora, num estádio de evolução mais avançado, a Inteligência Cósmica tem outros projetos para mim.»
Nunca sigais, pois, a natureza inferior, nem os que lhe são submissos. É claro que podeis desculpá-los, compreendendo a causa da sua atitude e da sua conduta, mas nunca aceiteis fazer como eles, porque nesse momento assinaríeis a vossa sentença de morte. Compreendê-los, desculpá-los, perdoar-lhes, é diferente, é permitido, até é desejável. Mas vós, segui a vossa natureza superior, pois desse modo estareis sempre no bom caminho e também podereis arrastar os outros para ele."

"Tem-se sempre medo do que não se conhece e não se sabe utilizar; como os animais, que têm medo do fogo, ou como os primitivos, que não sabiam o que eram as forças da Natureza e tremiam diante delas. Agora, que conseguiram dominar essas forças, os humanos trabalham nas centrais de produção de eletricidade, que até podem ser nucleares: carregam tranquilamente num botão, abrem uma torneira, e não têm medo, porque sabem manuseá-los. Mas alguém que não saiba, evidentemente, tem medo.
O homem civilizado já não teme os elementos e as forças da Natureza, mas julgais que ele está livre do medo? Não, ele tem medo da mulher, do patrão, das doenças, da falta de dinheiro e, sobretudo, da opinião pública. Talvez não tema Deus nem o diabo, mas a opinião pública fá-lo tremer e está pronto a sacrificar tudo por ela. Sim, há muitos medos que o homem civilizado não venceu; e, enquanto não tiver conseguido vencê-los, não terá o verdadeiro saber. Só o verdadeiro saber permite alcançar a vitória sobre o medo."

"Será apenas pelo vosso exemplo que podereis convencer as pessoas que vos rodeiam do valor do Ensinamento que seguis. Que isto fique bem claro para vós. Não estais na Fraternidade Branca Universal para aprender a dar bons conselhos aos outros, mas para vos tornardes um exemplo vivo benéfico para todos. A missão da nossa Fraternidade é levar a paz e a luz ao mundo, e, se quiserdes mostrar-vos realmente dignos deste Ensinamento, deveis ser capazes de ultrapassar as questões de interesse pessoal, para pensardes exclusivamente nos interesses da coletividade. Se fordes capazes de viver neste espírito, formaremos um tal poder que, mesmo sem nada dizermos, traremos as maiores bênçãos a tudo o que nos cerca. Esquecei, pois, os vossos interessezinhos, não vos ocupeis das fraquezas dos outros, não lhes deis lições, e esforçai-vos por viver em união, dando um exemplo de impessoalidade, de paciência e de amor. "

"Quando vejo alguém vangloriar-se de que consegue vencer as tentações, mas não tem amor pelo mundo da luz, da pureza, posso dizer-lhe: «Não tens um associado, não tens amigos; por isso, sucumbirás. Se quiseres triunfar, deves meter na cabeça, no coração, na alma, tudo o que há de mais nobre, de mais grandioso, e então as forças obscuras serão obrigadas a submeter-se e a obedecer-te, devido à presença desses habitantes do mundo divino em ti.» Há que compreender isto. Como é possível imaginar que se irá fazer frente aos poderes milenares do instinto? Ninguém conseguirá resistir se não tiver ajuda."

"Não é tanto no plano físico que se deve tentar arranjar as coisas, resolvê-las, porque o plano físico é o mundo das consequências, e sobre as consequências temos poucas possibilidades de agir. Para produzirmos mudanças duradouras, temos de elevar-nos ao mundo das causas. O homem cujo pensamento pode chegar até aí tem todos os meios para contactar e pôr em ação as forças puras que, mais tarde ou mais cedo, produzirão bons resultados. Enquanto vos limitardes a intervir no plano físico para modificar o estado das coisas, na realidade não resolvereis nada, porque, de novo, acontecimentos ou pessoas, que não vos pedem opinião, as organizarão de uma maneira que não vos convém, e nunca sereis senhores da situação.
Trabalhar para modificar as consequências é como escrever uma palavra na areia, junto ao mar: as ondas vêm e apagam-na. É sobre as causas que se deve trabalhar."

"Quem crê que encontra a felicidade no prazer pode ser comparado ao bêbedo: verte no seu copo o vinho, o álcool, e bebe-o. Ah!... Ele sente-se bem, esquece as preocupações e conclui que é magnífico beber. Sim, se alguém tiver de pronunciar-se sobre uns minutos, umas horas, pode achar magnífico. Mas o que acontecerá uns anos mais tarde? A perda das faculdades, a impossibilidade de levar uma vida familiar e social equilibrada, a degradação, talvez o crime... Pois bem, em numerosas circunstâncias, as pessoas comportam-se como o bêbedo: como as coisas lhes parecem agradáveis no momento, concluem que será eternamente assim. Mas não é! Atenção, pois! Por causa de alguns minutos agradáveis aqui e ali, ter-se-á de viver anos de sofrimento. Por isso, deve-se sempre estar vigilante e desconfiar um pouco do que é agradável."

"Vós sabeis o que é uma troica... um conjunto de três cavalos atrelados ao mesmo carro. Pois bem, cada ser humano é o condutor de uma troica. Os três cavalos são, simbolicamente, os seus três corpos – físico, astral e mental –, que ele deve dirigir ao mesmo tempo. Cada um tem a sua cor: vermelho para o cavalo físico, verde para o cavalo astral e amarelo para o cavalo mental. Para os três cavalos serem obedientes e estarem em harmonia, o discípulo deve ter as rédeas bem nas mãos, ou seja, deve estabelecer o contacto por intermédio de uma ligação subtil, etérica: a vontade. Também deve conhecer a maneira de comandar cada um deles. Ao cavalo físico, é necessária a sobriedade na alimentação e nas bebidas, bem como exercícios que desenvolvam a flexibilidade. O cavalo astral é dominado por intermédio da pureza, da doçura, do amor. Finalmente, o cavalo mental precisa que estejam atentos a ele, que o vigiem. A tarefa do homem é, pois, restabelecer o seu domín
 io sobre estes cavalos, para que eles caminhem de forma coordenada, não o deitem por terra e também não o conduzam para onde ele não quer ir."

"Da matéria à energia e da energia à matéria não há interrupção nem rutura. Assim como uma força pode cristalizar-se em formas, também a matéria pode desintegrar-se e transformar-se em energia. Um fruto que comemos transforma-se em energias que vão sustentar não só a nossa vida física, mas também a nossa vida mental e afetiva. Graças a essas energias, podemos falar, amar, pensar, etc., o que prova que se pode transformar uma matéria grosseira numa matéria cada vez mais subtil, até ela se tornar luz. E o inverso também é possível: pode-se transformar a luz em pensamentos, em sentimentos... e até em alimentos. Mas, evidentemente, só os grandes Mestres, os Iniciados, são capazes de operar conscientemente esta transformação."

"Se tiverdes uma boa compreensão das questões económicas e financeiras, sabereis como conservar as riquezas espirituais que recebeis do Céu. Qualquer ignorante sabe que, se não fizer render o seu capital, ao fim de algum tempo não terá nada, porque um capital que não é alimentado depressa se gasta. Mas, quando se trata do domínio espiritual, até os mais instruídos se deixam empobrecer; esquecem-se de que a luz, o calor, a riqueza interior, são rapidamente consumidos, se não se trabalhar todos os dias para os aumentar. Precisamos de ligar-nos continuamente à Fonte inesgotável, à Fonte Divina, pela prece, pela meditação, pela contemplação, para renovarmos diariamente as energias que nos permitirão realizar o nosso trabalho. "

"A história das religiões mostra que muito raramente os humanos têm sabido que importância devem conceder, respetivamente, ao espírito e ao corpo. Para alguns, só contava o espírito, e descuravam o corpo de tal maneira, que definhavam. Se o corpo é assim tão desprezível e só o espírito conta, porque desceu o homem à terra? Deveria ter ficado lá em cima, nas regiões etéreas do espaço. Se ela desce para se encarnar na terra, é porque tem aqui um trabalho a fazer com o seu corpo.
A missão do espírito é tomar um corpo físico e descer à terra para trabalhar nela e a impregnar das suas qualidades, a fim de que ela se transforme num magnífico jardim, onde o Senhor e os seus anjos venham passear. Também Jesus, ao dizer: «Seja feita a tua Vontade, assim na terra como no Céu», orava para que o esplendor do espírito descesse à matéria."

"Os ateus imaginam que têm qualidades superiores de objetividade, de lógica: eles, ao menos, pronunciam-se segundo o que veem, ouvem, tocam, medem, etc., ao passo que os crentes estão tão obnubilados pela sua fé, que fazem juízos errados. Pois bem, não é assim; por muito inteligente que um homem seja, se ele não acreditar na existência de Deus, na realidade da alma, na imortalidade do espírito, faltar-lhe-á sempre um elemento essencial para completar as suas observações, os seus juízos. A ausência deste elemento retém-no num ponto de vista superficial; ele detém-se na forma, na superfície da existência.
Um ateu é comparável a alguém que, diante de um ser humano, só considera a sua anatomia. Enquanto se trata de identificar os membros, os órgãos, e de descrever a sua aparência, tudo bem, a anatomia pode chegar. Mas ocupar-se apenas da anatomia significa ocupar-se do corpo sem a vida, não da própria vida. É preciso que a crença no mundo divino venha introduzir-se no homem, para este poder descobrir a verdadeira dimensão dos seres e das coisas, e sentir as correntes que circulam entre ele e esses seres e essas coisas."

"Cada signo do Zodíaco é uma etapa na lenta transformação da Natureza, ao longo de todo o ano. Quando o Sol entra no Carneiro, é o começo da primavera, o jorrar das forças, o brotar dos rebentos. Este impulso prossegue no Touro e nos Gémeos, com o aparecimento das folhas e das flores. Com a constelação do Caranguejo, começa o verão: formam-se as sementes; depois, o fruto amadurece (constelação do Leão). Quando ele está maduro, faz-se a colheita (constelação da Virgem). Depois, vem o outono (signos da Balança, do Escorpião e do Sagitário): colhem-se os últimos frutos, as folhas caem, a vegetação morre e decompõe-se. Finalmente, chega o inverno (signos do Capricórnio, do Aquário e dos Peixes): a semente é enterrada no solo, onde morre e é assimilada pela terra; mas é desta morte que nascerão as novas sementes para novas manifestações e novas florações."

"A decisão de modificar a sua vida é muito semelhante à decisão de jejuar: as pessoas começam por sentir-se muito mal. O que alguém que decidiu abraçar a vida espiritual começa por sentir corresponde, simbolicamente, às palpitações, às dores de cabeça, às cãimbras e às vertigens ocasionadas pelo jejum naqueles que nunca jejuaram vinte e quatro horas. Então, que fazer? Parar? Graças ao jejum, o organismo, sentindo-se um pouco mais livre, está decidido a declarar guerra a todas as impurezas acumuladas há muito tempo, e isso não pode acontecer sem que haja, primeiro, algum mal-estar. Quem for capaz de suportar por algum tempo os incómodos provocados pelo jejum apercebe-se de que eles rapidamente desaparecem, dando lugar a um sentimento de apaziguamento, de bem-estar, que depois se reflete na sua saúde física e psíquica.
O mesmo acontece com quem decide transformar a sua vida: entra num mundo de vibrações e de correntes mais puras, mais intensas, a que não está habituado, e, inicialmente, pode sentir-se perturbado. Mas, se tiver paciência, se perseverar, constatará a purificação, o alívio e a depuração que ocorrerão em si!"

"Muito poucas pessoas têm a intuição do que pode representar um Mestre espiritual para a orientação do seu destino, de tudo o que a sua presença pode retificar, melhorar e harmonizar na sua existência. Não acham importante ter um Mestre, porque sabem que, com ele, já não estarão sossegadas: o Mestre mostrar-lhes-á as suas lacunas, o perigo dos caminhos por que muitas vezes enveredam; evidentemente, sentem-se um pouco refreadas e não querem isso. É pena, porque, com essa atitude, preparam para si próprias sofrimentos e limitações muito maiores do que os que teriam de suportar se seguissem os conselhos de um Mestre."

"Enquanto os humanos derem tanta importância à posse de objetos, de carros, de casas, de terrenos, de lugares bem situados... não pararão de entrar em conflito uns com os outros, porque tudo o que se pode adquirir no plano físico é limitado em quantidade, e é impossível que toda a gente nade na opulência. Isso não significa que é impossível toda a gente ser feliz, pois a felicidade não está na opulência. Bastam muito poucos bens para se encontrar a felicidade, mas desde que se compreenda que há um trabalho a fazer, a fim de orientar as suas necessidades para o plano psíquico e, além dele, para o plano espiritual, onde as possibilidades são infinitas. Aí, todos podem alimentar-se e saciar a sede, tanto quanto desejarem, sem entrarem em conflito com os vizinhos nem recearem que alguém venha tirar-lhes aquilo que adquiriram."

"A atração que se sente por um ser é algo incontrolável. Vós reparais num homem ou numa mulher e, sem saberdes porquê, ficais logo encantados, tocados por alguma particularidade do seu aspeto físico: o rosto, os gestos, o comportamento, uma atmosfera que o rodeia... e tentais aproximar-vos desse ser. É absolutamente natural. Mas deveis saber que essas formas de simpatia imediata não significam que encontrastes o grande amor, a alma-gémea da vossa vida. Salvo raras exceções, a escolha da pessoa com quem podereis, verdadeiramente, construir algo de harmonioso e de estável requer muito tempo e muita reflexão."

"Quando o homem deixa a terra, tem de abandonar não só as suas posses materiais, mas também tudo o que lhe foi dado nos outros domínios, tanto pelas pessoas, como pelos livros; tudo se apaga, exceto o que ele profundamente verificou, experimentou, viveu; e, quando volta na encarnação seguinte, tem de reaprender tudo, com muita dificuldade. Mesmo o facto de poder falar ou escrever sobre toda a espécie de assuntos não prova que os conheça verdadeiramente, e terá de recomeçar do início.
Notai ainda o seguinte: as pessoas casam-se, têm filhos, e muitas sentem-se tão desamparadas, tão perdidas diante dessas circunstâncias, como se as abordassem pela primeira vez. Todavia, quantas vezes, ao longo das suas encarnações, elas conheceram estas situações! Mas, como nunca procuraram aprofundar realmente os seus papéis e as suas responsabilidades de maridos, de mulheres ou de pais, é sempre como se os descobrissem pela primeira vez; e fazem tolices... e sofrem..."

"Para viverdes o verdadeiro amor, deveis começar por restabelecer a ligação com o mundo divino, porque é essa ligação que dá o verdadeiro sabor às coisas, até ao amor. Quando tiverdes restabelecido essa ligação, sentireis um fluxo de energias superiores vir inundar-vos. Só a presença dessas energias divinas pode dar um gosto requintado ao vosso amor, como se comunicásseis com toda a Natureza, com todo o Universo."

"Quando vos sentirdes angustiados, atormentados, não fiqueis a debater-vos com esses estados negativos, porque não é garantido que eles vos deixem. Deveis encontrar outros meios. Já vistes, por certo, um passarinho debicar sementes no chão. Se se aproximar um gato, que faz o pássaro? Não espera pelo gato para o enfrentar, voa. Perguntar-me-eis: «Mas nós, como é que voaremos?» Deslocando-vos, pelo pensamento, pela prece, para as regiões onde reinam a paz, a beleza e a luz... Alguns livros, alguns trechos de música, poderão ajudar-vos, e também o contacto com a Natureza ou o trabalho com a imaginação. O essencial é que consigais mudar de plano."

"A água jorra pura e cristalina na montanha. À medida que vai descendo, recebe as sujidades das regiões que atravessa e, quando chega ao mar, está saturada de impurezas. Mas, em pouco tempo, aquecida pelos raios do Sol, transforma-se em vapor e retoma o caminho do céu, até ao dia em que volta a cair sob a forma de chuva ou de neve.
Esta viagem da água é simbólica. O destino humano é à imagem dessas viagens perpétuas da água entre a terra e o céu. Como as gotas de água, as almas descem à terra cada uma num determinado lugar; daí, têm todo um caminho a percorrer, até ao momento em que, fatigadas, gastas por todos os trabalhos da vida, voltarão ao ponto de onde vieram... para descerem de novo um dia, noutro lugar. Chama-se a isto a reencarnação."