MESTRE OMRAAM MIKHAEL AIVANHOV

"Alguns pensadores, ao verem os efeitos negativos da influência familiar, quiseram remediar a questão pondo em causa a existência da família. Na sua opinião, não deveria ser ela a assegurar a educação dos filhos, mas instituições controladas pelo Estado. São conceções deploráveis que dão resultados catastróficos. Os filhos tornam-se uns monstrozinhos estranhos aos seus pais e, em determinadas circunstâncias, vão ao ponto de os denunciar à polícia. É horrível! Nunca se deve destruir a família. Os membros de uma família têm laços sagrados entre si. Deve-se proteger a família, mas alargando a compreensão que se tem dela. Esse alargamento exige um grande trabalho e compete agora aos jovens realizarem-no."

"O dinheiro é necessário; nenhum ser razoável vos dirá que podeis viver sem dinheiro, porque vos tornaríeis mendigos ou parasitas. Também não é solução suprimir o dinheiro, pensando, como sugerem alguns, que ele é a causa de todas as desgraças da sociedade. O dinheiro é um meio de troca e, se ele fosse suprimido, seria obrigatório substituí-lo por outra coisa, porque a vida em sociedade é baseada nas trocas e ficar-se-ia perante o problema de arranjar outra moeda. Se o dinheiro causa danos, a culpa não é sua, mas sim da pessoa que se serve dele e que, usando-o, se esforça por satisfazer as suas ambições: se ela tem más intenções, o dinheiro serve para a ajudar a realizá-las. Mas, se ela puser outros projetos na cabeça, esse mesmo dinheiro tornar-seá uma bênção."

"Um verdadeiro Iniciado, que procura a harmonia, a perfeição divina, sabe que essa perfeição se reflete em toda a Natureza, mas também sabe que em parte alguma ela é melhor representada do que num corpo humano. Aliás, vemo-la espalhada por toda a parte: os oceanos, por exemplo, representam uma parte desse corpo humano, os rios uma outra, as montanhas, o céu, outras ainda. Só o homem e a mulher podem exprimir plenamente essa beleza: Deus resumiu no homem e na mulher toda a Criação, tudo o que existe no Cosmos. Quando esse reflexo está perfeitamente realizado num corpo humano, um Iniciado contempla-o com deleite, dizendo para consigo: «Eis uma criatura que reflete melhor do que as outras todas as virtudes de Deus.» Mas ele não se detém nessa criatura; ao contemplá-la, procura encontrar o esplendor do Criador."

"Para que a vossa alma seja visitada pelos seres invisíveis que vos ajudarão, protegerão e transformarão, trabalhai com o propósito de criardes uma atmosfera purificada de todos os elementos desarmoniosos. É no amor, na beleza, na pureza, na luz, que as grandes transformações podem operar-se em vós.
Quando estiverdes numa floresta, perto de uma nascente, à beira de um lago, ficai imóveis por uns momentos, deixando-vos penetrar pelo silêncio, pela frescura, pela transparência. Quando ouvirdes o cantar da água e das aves, o sussurrar da folhagem, quando contemplardes as estrelas à noite, entregai-vos a essa paz, a essa harmonia... E também precisais de aprender a sentir os humanos como sentis a Natureza. Quando estiverdes diante de um ser que exala perfumes como um jardim florido ou música como uma fonte, procurai captar essas sensações, porque esse ser pode iluminar-vos, guiar-vos, salvar-vos."

"Quer o digam quer não, quer estejam conscientes disso quer não, todos os humens e todas as mulheres procuram a sua alma gémea. Mas o que a maioria não sabe é que a alma gémea é uma noção da vida interior. Para se encontrar a alma gémea num homem ou numa mulher, é preciso tê-la encontrado primeiro dentro de si, pela meditação, pela contemplação, senão todas as experiências serão mais ou menos votadas ao fracasso. Eis uma verdade que é muito importante conhecer. Se o homem encontrou em si o princípio feminino e a mulher encontrou em si o princípio masculino, e quiserem servi-lo, trabalhar para ele, então que se amem, que se se casem, pois o seu amor será uma fonte de bênçãos! Através do seu amado, a mulher verá o Pai Celeste, e o homem, através da sua amada, verá a Mãe Divina... Então, todos os tesouros se abrirão para eles e viverão em constante deslumbramento, êxtase e beleza."

"Já alguma vez comparastes o tempo que passais realmente com o mundo exterior – uns minutos, umas horas – e o tempo que estais convosco próprios – todo o dia, toda a existência? Isso prova que a vossa vida interior é mais importante e que é necessário que a abundância, a riqueza e a ordem estejam primeiro em vós, antes de estarem no exterior. Ora, nós vemos o mundo exterior encher-se de objetos, produtos, aparelhos, construções e armas de toda a espécie, enquanto os humanos, interiormente, vivem cada vez mais na desordem, na fraqueza, na miséria, no vazio. É tempo de eles pensarem em realizar interiormente o que estão ocupados a realizar exteriormente. É em nós que devemos ter a riqueza, a beleza, a força, porque nada nem ninguém poderá tirar-nos aquilo que assim tivermos obtido."

"O Sol envia para todo o espaço partículas luminosas de uma enorme pureza. E, se souberdes concentrar-vos, conseguireis eliminar do vosso organismo muitas partículas velhas, gastas, sem brilho, para as substituirdes por essas partículas novas que vêm do Sol. Eis um exercício extremamente útil que podeis fazer de manhã, ao nascer do Sol: com todo o coração, com toda a alma, procurai captar essas partículas divinas e introduzi-las em vós. Assim, pouco a pouco, renovareis a matéria do vosso ser, pensareis e agireis como um filho de Deus, graças ao Sol!"

"Um homem tem muitas galinhas no seu galinheiro e é muito generoso e gentil para com elas: todos os dias lhes deita comida e cuida delas. No entanto, uma após outra, as galinhas desaparecem. Porquê? Que se passa? Pois bem, é o homem que vem buscá-las, depois corta-lhes a cabeça e a mulher mete-as na panela. Depois de terem cuidado delas, comem-nas, dizendo: «Hum!... que suculenta está esta galinha! Está mesmo boa!» É a isto que a maior parte dos humanos chama amar; sentem o amor como um apetite que é preciso saciar. É uma tendência antiga que lhes vem do reino animal e sobre a qual devem trabalhar.
Na nova vida, aprender-se-á que a primeira regra a observar é que, quando se ama alguém, é nesse ser que se deve pensar e não em si próprio. O amor é, antes de mais, querer descobrir quais as necessidades da alma do ser que se ama, como se poderá ajudá-lo na sua evolução, como se poderá dar-lhe condições para crescer, para se desenvolver, para se libertar."

"Deveis saber que todos os gestos são mágicos. Por consequência, quando encontrardes alguém de manhã, não lhe digais «Bom dia!» se tiverdes um recipiente vazio na mão, porque, sem o quererdes, sem o saberdes, estareis a desejar-lhe o vazio, a pobreza, o insucesso, para todo esse dia. Direis que isso não tem qualquer importância, que as pessoas não ligam a essas coisas... Se as pessoas são inconscientes, isso não é razão para as imitarmos. Elas que ajam como quiserem, mas nós, aqui, que aprendemos as leis da nova vida, devemos preparar-nos para estar conscientes de todas as coisas. Por conseguinte, quando encontrardes os vossos amigos logo pela manhã e os saudardes, não só não deveis fazê-lo com recipientes vazios, mas também deveis pôr muito amor no vosso coração e desejar-lhes um bom dia. Se souberdes trabalhar com as forças positivas da Natureza, toda a gente vos estimará e vos amará."

"Para muitas pessoas, os estados místicos de êxtase, de iluminação, são estados anormais e até perigosos. Segundo elas, só se deve confiar no intelecto, porque assim, ao menos, é-se sensato, tem-se a cabeça sobre os ombros. Mas, quando se trata de ir atrás dos prazeres, dos instintos, das paixões, ah!, isso é diferente; em vez de fazerem funcionar o intelecto e de verem que vão introduzir em si próprias toda a espécie de elementos nocivos que as arruinarão, essas pessoas tão ajuizadas e sensatas entregam-se completamente a eles. Nestas situações, elas pensam que é não só permitido, mas também preconizado, não fazer intervir a razão, para melhor se deixarem ir atrás das suas atrações e das suas sensações. E é a isso que chamam “viver”. Como se enganam! Nestas situações, pelo contrário, é que deveriam manter a cabeça fria, recusar esses prazeres e tentar viver estados divinos."

"É muito bom gostar de passear junto das cascatas e dos rios, de beber água das nascentes, de tomar banho nos lagos e nos mares, mas nada disso será um verdadeiro trabalho e daí não advirá qualquer transformação em vós, se não souberdes entrar realmente em contacto com a água, falar-lhe e ligar-vos a ela.
Para entrardes em contaco com a água, a primeira condição é aproximardes-vos dela com respeito, conscientes de que nela vivem entidades belas e puras, que só se mostrarão bem dispostas convosco se manifestardes consideração e amor por elas. Por exemplo: se quiserdes banhar-vos, sobretudo num lago, estai atentos! Não o façais num estado de espírito qualquer, pedi autorização às entidades da água. Ao tomardes esse banho, é como se vos descartásseis das vossas impurezas na sua morada, e deveis estar conscientes de que podeis indispô-las. Estai, pois, muito atentos!"

"Os dirigentes de um país estão continuamente expostos às críticas e à hostilidade dos cidadãos. E por toda a parte, para divertir o público, nos clubes noturnos, nas salas de espetáculo, na rádio e na televisão, os governantes são postos a ridículo e apresentados de forma grotesca. Pois bem, não é deste modo que eles serão estimulados a melhorar, pelo contrário: enviando-lhes pensamentos negativos, criam-se condições para que cometam erros e tomem decisões más para o país. Sim, esta questão leva-nos muito longe. Assim, se quiserdes realmente ajudar o vosso país, em vez de praguejardes constantemente contra aquele que está à sua cabeça, enviai-lhe luz, para que esteja sempre bem inspirado. Não podeis ajudar o país todo, porque é enorme, mas basta ajudar um homem, um só – é mais fácil! –, e esse fará bem a todos, porque muitas coisas dependem dele. Se ele conseguir fazer aprovar leis justas a favor da saúde pública, da habitação, da instrução
 , do trabalho, todos beneficiarão pelo facto de um só ter sido bem inspirado."

"Se o vosso único desejo for levar uma vida vulgar, prosaica, insignificante, podeis ir atrás de tudo, é inútil estardes vigilantes e fazerdes esforços para vos dominardes, para controlardes os vossos instintos. Esse controlo até será prejudicial à vossa saúde, física e psíquica. Tornar-vos-eis insuportáveis para a vossa família e para todas as pessoas com quem conviveis; sentir-vos-eis frustrados e, assim, sereis azedos, duros, intolerantes. Para que a vossa vigilância e o vosso autodomínio tenham razão de ser, é necessário que adoteis um ideal muito elevado, que desejeis fazer da vossa vida algo de extraordinário, belo e nobre, e sintais necessidade de lhe acrescentar um outro elemento, um elemento de espiritualidade, de luz. Senão, os vossos esforços não terão qualquer sentido."

"Os pais ocupam-se dos filhos e devem ocupar-se deles. Mas será que souberam trabalhar primeiro sobre si próprios? Não. Muitas vezes, viveram de qualquer maneira, deixaram que a desordem se instalasse em si, e agora dão aos filhos um exemplo de comportamento deplorável que influenciará muito negativamente o seu psiquismo e até a sua saúde. As pessoas têm de ocupar-se de si próprias, antes de quererem educar as outras ou influenciá-las, senão é exatamente como se quisessem tirar uma pequena mancha do rosto de alguém com as mãos sujas de carvão: só iriam sujá-lo ainda mais."

"Nada do que o homem cria interiormente fica sem efeito, em primeiro lugar para si próprio. Se, por meio dos vossos pensamentos, sentimentos e desejos, tentardes criar o paraíso em vós, sereis os primeiros a viver nele. Qualquer que seja a situação à vossa volta, estareis no paraíso. Depois, pouco a pouco, os vossos pais e os vossos amigos, todas as pessoas que se aproximarem, começarão a sentir que há em vós fontes que jorram, aves que cantam, flores que exalam perfumes, e dirão umas às outras: «Conheceis aquele jardim? Que paz! Que pureza! Que bênção!» E recebereis a sua alegria e o seu reconhecimento."

"O maior dos perigos, para os humanos, é procurarem grande parte das suas satisfações no plano físico, porque essa procura torna-os egoístas, injustos, desonestos e até criminosos. Para obterem um aumento de salário, um posto elevado, uma quota de mercado mais importante ou um convite para uma reunião mundana, lançam intrigas e aceitam toda a espécie de compromissos. Admitindo que conseguem alcançar os seus fins, o que é que esses sucessos podem trazer-lhes, verdadeiramente, como acréscimo? E quantos deles, uma vez obtido o que desejavam, não se sentem ainda mais insatisfeitos? Assim, prejudicaram outras pessoas e eles mesmos não estão mais felizes. Nada disso é realmente vantajoso.
Quem procura a felicidade na matéria é semelhante ao pesquisador de ouro que remove toneladas de areia para encontrar só uma palheta de ouro. Isso também não é vantajoso. Para se encontrar ouro em quantidade, é necessário pôr a matéria um pouco de parte e subir muito alto, até ao Sol, até ao espírito."

"Procurai adotar a atitude correta para com o Senhor, procurai pensar n’Ele com respeito, admiração e amor, porque então vibrareis em uníssono com Ele, e tudo o que Ele possui começará a vir até vós: sentireis que vos iluminais com a sua luz, que amais com o seu amor, que sois livres com a sua liberdade, que vos alegrais com a sua alegria. Quando amais profundamente um ser, comungais das mesmas sensações que ele, pois vibrais no mesmo comprimento de onda. É uma lei da física. Mas os humanos nunca pensam em aplicar no domínio espiritual as leis que descobriram no mundo físico.
O Criador, é claro, não necessita do vosso amor ou da vossa veneração, a Ele nada Lhe falta, Ele nada na plenitude; vós é que necessitais de O amar, porque graças a esse amor elevais-vos aos mundos da beleza, da luz e da liberdade, que são os seus."

"Não se pode obrigar as pessoas a transformarem-se. Se elas próprias não sentirem essa necessidade, se não tiverem compreendido a importância de uma filosofia e de uma disciplina espirituais, ninguém poderá forçá-las, há que deixá-las. A sua atitude apenas prova que são ainda muito jovens e têm necessidade de experiências, de lições. Sofrerão, é claro, e esse sofrimento é que as obrigará, um dia, a mudar de vida. Quanto àquelas que não estão satisfeitas com a sua vida prosaica, sem brilho e limitada, há todo um campo de atividades extraordinárias que se abre diante de si. Essas atividades são representadas, simbolicamente, por aquilo que a mitologia designou pelos doze trabalhos de Hércules. Os doze trabalhos de Hércules estão ligados ao Zodíaco e representam doze atividades para o homem, que lhe permitirão abrir as doze portas e tornar-se a Nova Jerusalém, a cidade de luz onde já não haverá trevas, nem doença, nem morte."

"Tudo o que existe fora de nós também existe em nós. Tudo o que existe sobre a terra e sob a terra, tudo o que existe nos rios, nos lagos, nos mares, nos oceanos, tudo o que existe no céu, nas estrelas, nas nebulosas, também existe em nós. É o que explica que, desde a origem, o homem seja sempre impelido a estudar e a compreender o mundo que o rodeia. É a si mesmo que ele quer estudar e compreender.
Infelizmente, enquanto não conhecer as causas profundas desta tendência, o homem limitar-se-á a observar o que é exterior a si, a anotar e registar, sem nunca compreender o essencial. Todas as investigações empreendidas pelos cientistas para conhecerem cada vez melhor as prodigiosas riquezas da Natureza são algo magnífico. Mas os Iniciados foram muito mais longe, estendendo essas investigações a si próprios, desenvolvendo até ao infinito os limites da sua consciência."

"Os Iniciados procuram a solução para o problema do amor decifrando o grande Livro da Natureza, porque Deus inscreveu nele, desde o começo, todas as soluções. As abelhas e as borboletas, por exemplo, ensinam-nos como se ama. A maioria dos humanos compreende o amor à maneira das lagartas, que comem as folhas das plantas. Mas a lagarta, um dia, transforma-se numa borboleta, que já não come as folhas, mas visita as flores, sem as estragar, para se alimentar do seu néctar. A abelha também se alimenta do néctar das flores, e depois lança-se ao trabalho para fazer o mel, que é o melhor dos alimentos. À semelhança da borboleta, o Iniciado ama todas as flores, isto é, todas as criaturas humanas, e o seu amor não as estraga, porque ele retira delas apenas um pequeníssimo átomo, e, como a abelha, fabrica, nos seus laboratórios, o mel que servirá de alimento ao mundo inteiro. Como vedes, todas as soluções estão na Natureza. É nela que se deve procurá-las."

"A melhor maneira de descansar não é não fazer nada, é mudar de atividade. Num ensinamento espiritual, o trabalho é muito diferente de tudo o que estais habituados a fazer. Não se trata de trabalhardes para ganhar a vida, mas sim para desenvolver a parte divina de vós mesmos, que é maltratada, asfixiada, na vida comum, por toda a espécie de ocupações e de preocupações.
Se frequentardes uma comunidade espiritual no mesmo estado de espírito com que viveis no mundo, será inútil, sofrereis, sentir-vos-eis incomodados, nervosos, e não encontrareis nada do que necessitais. Uma tal comunidade só é proveitosa para os que querem introduzir em si a ordem e a harmonia, para os que querem permitir à sua natureza divina que desabroche e empreenda um trabalho gigantesco para o bem do mundo inteiro. Digo-vos isto por vós, para vosso bem: decidi-vos a utilizar o melhor possível os momentos que passais na Fraternidade, para vos desenvolverdes na harmonia, no amor e na luz."

"As pessoas são verdadeiramente bizarras; quando alguém desagradável as faz sofrer, lamentam-se: «Que mau carácter ele tem!», «Que carácter pavoroso!»; ou então: «É um fraco, não tem carácter!» Nessas circunstâncias, esquecem-se repentinamente de que esse alguém é doutor por quatro ou cinco universidades, que ele escreveu três dezenas de livros, etc., e centram-se no seu carácter. É preciso que elas próprias sejam picadas, mordidas, maltratadas ou enganadas, para compreenderem quão importante é esta questão do carácter. Até então, punham as faculdades intelectuais acima de tudo. Ora bem, é tempo de cada um de vós dar novamente a primazia ao carácter, isto é, é tempo de trabalhardes diariamente e sem descanso para despertardes as forças e as qualidades que o Criador depositou no vosso coração, na vossa alma e no vosso espírito."

"Não vos agrada muito ouvir falar de autodomínio, quando todos à vossa volta reivindicam a liberdade sexual e justificam essas reivindicações com argumentos aparentemente muito válidos. Não tendes vontade de ficar privados de prazeres, não é verdade? Muito bem, mas tentai ao menos ver as vantagens de renunciar a alguns deles. Não se trata de vos privardes ao ponto de ficardes sem nada; trata-se de compreenderdes que é preferível substituir alguns prazeres materiais, grosseiros, por outros mais subtis, mais espirituais. Quando um médico constata que um homem está a comprometer a sua saúde porque abusa das carnes, dos doces, do álcool, não o aconselha a deixar de comer, pois sabe muito bem que ele não seguiria o seu conselho. Pior ainda: se o seguisse, morreria! Prescreve-lhe, então, que substitua esses alimentos por outros mais sãos, mais leves. Pois bem, eis o que também eu vos aconselho, mas num outro domínio. Não quero levar-vos a morrer de fome, mas a alimentardes-vos de modo diferente."

"Aquele que tem necessidade de umas sacudidelas, de catástrofes e de incêndios, para sentir que vive, demonstra que ainda é um ser primitivo e bárbaro. Aliás, tem-se visto isso ao longo da História. Todos os que incendiaram cidades e aldeias, todos os que atearam fogueiras e fornos crematórios, eram bárbaros. A necessidade de queimar objetos ou seres é um resquício da selvajaria primitiva. E o mesmo acontece no domínio dos sentimentos: aquele que está sempre a acender o fogo da paixão em si e nos outros comete um ato de barbárie. Isso é próprio dos seres que ainda não aprenderam a maneira correta de se aquecerem e de aquecerem os outros, isto é, que não aprenderam a maneira correta de amar!"

"Uma relação amorosa não tem sentido se não puderdes construir, com o vosso parceiro ou a vossa parceira, algo sólido e duradouro. Procurai ver se, entre vós, há harmonia nos três planos – físico, afetivo e mental – ou se cedeis apenas a um capricho passageiro, ao atrativo do prazer. Se não tiverdes afinidades no domínio das emoções, dos gostos e das ideias, não digais que isso não tem importância e que, com o tempo, as coisas se arranjarão. De maneira nenhuma! Pelo contrário, ao fim de algum tempo, esgotada a novidade de alguns prazeres, aperceber-vos-eis de que as afinidades psíquicas e intelectuais são extremamente importantes e, se essas afinidades não existirem, instalar-se-á a discórdia."

"Existe uma lei segundo a qual, quanto mais medo tiverdes de alguma coisa, mais a atraireis. Portanto, se não quiserdes que uma desgraça se abata sobre vós, não a receeis! Se fordes fortes, todos vos deixarão tranquilos. Mas quantos conhecem esta verdade? A maioria está à mercê dos seus medos, sem saber que eles são o resultado de uma falta de conhecimento, de uma falta de luz. Eis a prova disso: quando estais num lugar escuro, não vos sentis tranquilos enquanto não conseguis acender a luz. Podeis tirar deste fenómeno conclusões fantásticas para o domínio espiritual! A escuridão, ou seja, a ignorância, faz-vos correr todos os perigos, e é por isso que tendes medo. Mas projetai a luz, isto é, armai-vos com as verdades necessárias para enfrentardes a situação, e o vosso medo desaparecerá."

"O silêncio é a linguagem da perfeição, ao passo que o barulho expressa uma imperfeição, uma anomalia, ou então uma vida que é ainda desordenada, anárquica, e que tem de ser dominada, elaborada. As crianças, por exemplo, são barulhentas porque transbordam de energia e de vitalidade. As pessoas idosas, pelo contrário, são silenciosas. Direis: «Sim, é claro! As pessoas idosas gostam do silêncio porque têm menos forças e o barulho fatiga-as.» É um pouco verdade, mas também pode ser por ter havido nelas uma evolução, e agora é o seu espírito que as impele a entrarem em silêncio. Para reverem a sua vida, refletirem e tirarem lições, elas necessitam desse silêncio, onde se faz todo um trabalho de desprendimento, de simplificação, de síntese. A procura do silêncio é um processo interior que conduz os seres para a luz e para a verdadeira compreensão das coisas."