domingo, 3 de julho de 2022

MESTRE OMRAAM MIKHAEL AIVANHOV

 
"Ao conceder dons artísticos a algumas pessoas, o Céu pôr nas suas mãos um grande tesouro, graças ao qual podem realizar maravilhas; mas, muitas vezes, elas não têm consciência disso e não acreditam muito no poder desses dons.
Um artista deve ter como ideal conduzir os seres para a Divindade; então, o seu nome será inscrito no Livro da Vida: será anotado que ele salvou várias almas das tribulações e da morte. E ele que não se inquiete com a sua própria alma. Se salvou as almas dos outros, alguém virá salvar a sua. Àquele que espalha alegria à sua volta, outros virão trazer alegria!"
 
"É preciso aprender a utilizar as críticas e a malevolência como estimulantes. Sempre que vos acusarem ou condenarem injustamente, pensai que isso vos proporciona as condições ideais para vos reforçardes. Se seguirdes este conselho, um dia sereis vós os vitoriosos, e aqueles que vos atacaram ficarão envergonhados. Porquê? Porque, enquanto estavam ocupados a fazer-vos mal, eles não trabalharam, não se melhoraram, pelo contrário; e agora, quando se comparam convosco, acham-se muito fracos e insignificantes!
Quando se está ao abrigo de ataques, na calma, não se faz qualquer esforço, mas essa calma não é coisa desejável. Se conseguirdes compreender as coisas deste modo, também pensareis que, apesar das aparências, aquele que é injustamente perseguido se encontra, afinal, na melhor situação."
 
"Quando uma criança come, será que ela compreende quais as energias que os alimentos lhe vão proporcionar e como essas energias contribuirão para o seu desenvolvimento físico, moral e intelectual? Não, claro que não, mas ninguém espera que a criança compreenda 
para lhe dar de comer.
Pois bem, também não se deve esperar que a criança compreenda para se lhe dar certos elementos de espiritualidade. Tudo o que ela assim tiver registado, sem compreender, aparecerá mais tarde na sua consciência e ela beneficiará disso, servir-se-á desses elementos e será muito mais equilibrada do que as crianças que foram afastadas de certas preocupações, com o pretexto de que não eram para a sua idade. Se se esperar que as crianças sejam capazes de compreender a vida espiritual para lha transmitir, de certo modo elas depressa morrerão, morrerão espiritualmente. A vida espiritual não é como a matemática, a física ou a química, que necessitam de um certo desenvolvimento intelectual. A vida espiritual é para a alma da criança, se quiserdes, como a língua materna da qual ela se impregna ouvindo-a 
falar à sua volta."
 
"Para resolverdes os vossos problemas, habituai-vos a elevar-vos todos os dias pelo pensamento. Cabe-vos a vós deslocardes-vos, sem esperar que o Senhor, na sua clemência e na sua misericórdia, venha visitar-vos, pois o Senhor não descerá.
Direis: «Mas nós lemos nas Escrituras que, no dia de Pentecostes, o Espírito Santo desceu sobre os Apóstolos na forma de línguas de fogo.» Sim, mas, para um ser humano receber o Espírito Santo, primeiro deve elevar-se interiormente às regiões celestiais, onde se funde com a Divindade. Aquele que se purifica, que vibra em uníssono com a vontade do Senhor, já vive nas regiões mais luminosas. Embora se diga que o Senhor desceu até ele, na realidade foi ele que subiu até ao Senhor, e o Senhor encheu-o com a sua presença."
 
"A maioria das pessoas não se preocupam com a maneira como comem. Passam as refeições a conversar, a gesticular, a discutir, e de vez em quando põem qualquer coisa na boca. E não veem nisso nada de anormal: pensam que o organismo se encarrega de receber e de selecionar todos os elementos necessários ao seu bom funcionamento. E é verdade, o organismo encarrega-se disso.
Mas o que esses ignorantes não sabem é que os alimentos contêm forças e elementos subtis que só uma nutrição consciente lhes permitirá receber. Esses elementos, que pertencem ao plano etérico, ao plano astral e até ao plano mental, podem ajudá-los a melhorar os seus pensamentos, os seus sentimentos, todo o seu comportamento. Sim, mas, uma vez mais, desde que eles aprendam a comer conscientemente."
 
"Era uma vez um jovem que procurava um Mestre que lhe ensinasse como encontrar Deus. Ele caminhou pela floresta até ao dia em que chegou diante da gruta de um velho eremita. O jovem disse-lhe que queria ser seu discípulo e o eremita aceitou que ele se instalasse junto de si. Quando o jovem fazia perguntas, o Mestre só lhe dava respostas curtas e ensinava-lhe exercícios muito simples para ele fazer. Mas o discípulo não estava satisfeito e continuava a atormentar o Mestre com perguntas sobre como encontrar Deus. Um dia, em que estava muito calor e eles caminhavam à beira de um rio, o Mestre disse: «Paremos aqui para beber», e baixaram-se para apanhar água com as mãos. De repente, o Mestre agarrou a cabeça do discípulo, mergulhou-a na água e manteve-a assim durante uns segundos. Depois, largou-a. O discípulo, recuperando o fôlego, olhou estupefacto para o Mestre. «Em que pensaste enquanto tiveste a cabeça debaixo de água? – perguntou o Mestre. – No ar. Eu queria r
 espirar. – Muito bem – disse o Mestre –, fica sabendo que, se quiseres encontrar Deus, é dessa maneira que deves pensar n’Ele.»
E eu também vos digo a vós: quando orardes, pensai em Deus com todo o vosso coração, com toda a vossa alma, e em nada mais, como aquele que, com a cabeça debaixo de água, deseja uma unica coisa: respirar."
 
"A água e o fogo representam os dois princípios da Criação. A sua atividade no Universo é simbolizada pela cruz, uma figura com um significado muito rico, que encontramos em todas as civilizações, sob uma forma ou outra.
A linha horizontal representa a atividade do princípio feminino, que tem sempre tendência a estender-se, a espalhar-se pela superfície do solo, ocupando o maior espaço possível, procurando mesmo os interstícios para se infiltrar na terra e desaparecer. A linha vertical representa a atividade do princípio masculino, o fogo, que, pelo contrário, tem tendência a concentrar-se e a elevar-se em direção às alturas. A água está, pois, ligada à superfície e à profundidade, e o fogo à altura. Estas duas direções, horizontal e vertical, sintetizadas pela figura da cruz, são as que melhor representam a atividade dos dois princípios, masculino e feminino, na Criação e nas criaturas. O Universo está repleto deste símbolo."
 
"Quando uma criança come, será que ela compreende quais as energias que os alimentos lhe vão proporcionar e como essas energias contribuirão para o seu desenvolvimento físico, moral e intelectual? Não, claro que não, mas ninguém espera que a criança compreenda para 
lhe dar de comer.
Pois bem, também não se deve esperar que a criança compreenda para se lhe dar certos elementos de espiritualidade. Tudo o que ela assim tiver registado, sem compreender, aparecerá mais tarde na sua consciência e ela beneficiará disso, servir-se-á desses elementos e será muito mais equilibrada do que as crianças que foram afastadas de certas preocupações, com o pretexto de que não eram para a sua idade. Se se esperar que as crianças sejam capazes de compreender a vida espiritual para lha transmitir, de certo modo elas depressa morrerão, morrerão espiritualmente. A vida espiritual não é como a matemática, a física ou a química, que necessitam de um certo desenvolvimento intelectual. A vida espiritual é para a alma da criança, se quiserdes, como a língua materna da qual ela se impregna ouvindo-a 
falar à sua volta."
 
"É muito perigoso para os humanos terem por guia o prazer, porque o que lhes agrada alimenta mais frequentemente os seus instintos do que a sua alma e o seu espírito. Como prova disso, basta ver em que é que eles encontram o prazer: em comer, beber, ir para a cama com alguém, jogar no casino, esmagar os outros, vingar-se, etc. Possibilidades não faltam. Mas, assim, aonde irão eles parar? Aonde é que isso os conduzirá, uns anos mais tarde?
Ao procurar o prazer, o homem pensa sobretudo em si, porque o  seu prazer é para si próprio. Ele não busca o prazer dos outros, mas unicamente o seu. Assim, limita-se e avilta-se, porque, para obter e preservar esse prazer, é muitas vezes obrigado a usar métodos que não são muito católicos: torna-se exigente, injusto, e se, em dado momento, é privado desse prazer, fica irritável, agressivo, vingativo. Então, torna-se insuportável para os outros, que não deixam de lho fazer sentir. Assim, que satisfações obteve ele verdadeiramente?"
 
"Se as células do nosso corpo tivessem uma consciência de si próprias desenvolvida, consoante o órgão a que pertencem, sentir-se-iam divididas, porque as suas funções não são as mesmas. O coração trabalha de uma maneira, o fígado de outra, assim como o estômago, os rins... Mas, se essas células pudessem ir mais longe na compreensão, veriam que é um só ser que as abarca todas e as une: o homem.
Com as criaturas humanas, acontece a mesma coisa: cada uma representa uma célula do grande corpo cósmico. Sim, o Criador é o único ser que realmente existe, e todos os humanos são apenas as células dispersas do seu corpo. Mas, como a consciência dessas células não está unificada, elas opõem-se umas às outras, entram em choque... Os humanos creem que têm justificações para as suas lutas, para os seus confrontos, por vezes até se sentem orgulhosos deles, porque pensam que estão a defender grandes causas. Não... Não têm de que ficar orgulhosos, porque esses confrontos não são mais do que o resultado da sua ignorância: eles não sabem que pertencem ao grande corpo de Deus."
 
"Para tornar a matéria flexível e moldá-la, é preciso introduzir nela uma força suscetível de a amolecer, ou mesmo de a dissolver. Se tiverdes argila e deitardes sobre ela um pouco de água, a argila humedecerá e ficará mole. Se tiverdes açúcar ou sal e os cobrirdes com água, eles derreterão. É sempre necessário encontrar alguma coisa que penetre, que humedeça, que faça amolecer. Noutros casos – no trabalho com os metais, por exemplo –, utiliza-se o calor...
No domínio espiritual, a água e o calor que permitem trabalhar a matéria são o amor. Tal como o calor e a água, o amor penetra nas partículas da matéria, fá-las fundir e transforma-as. Quando estais perturbados, irritados ou angustiados, podeis modificar esses estados graças ao amor, que purifica a vossa matéria psíquica e harmoniza as suas partículas. Até agora, vós conheceis somente o amor passional, que produz devastações. Doravante, aprendei a trabalhar com o poder do amor espiritual, que iluminará todo o vosso ser interior."
 
"Deveis aumentar a vossa atenção e o vosso amor pelas verdades da Ciência Iniciática, pois essas verdades merecem que tenhais para com elas uma atitude sagrada. Os nossos contemporâneos têm tendência a já não considerar nada como sagrado, com o pretexto de que se deve mostrar espírito crítico e desmistificar as noções filosóficas e religiosas que gerações demasiado crédulas foram construindo. Esta tendência é muito prejudicial à sua evolução, porque então a Natureza fecha-se para eles, não lhes faz qualquer revelação.
A Natureza só se descobre perante os humanos que têm o sentido do sagrado. Se aprenderdes a cultivar esta atitude, tereis revelações extraordinárias. Não apenas as revelações que virão do vosso Mestre, que, aliás, não serão muito substanciais enquanto não vierem igualmente de vós. Quando souberdes encontrar a atitude certa, as revelações virão também de vós e ficareis surpreendidos ao descobrir maravilhas que ainda não tínheis imaginado."
 
"O mundo invisível quer instruir os humanos por intermédio das suas próprias experiências, e nem um só deles é poupado. É esse o verdadeiro trabalho: cada um deter-se perante cada experiência da vida quotidiana para dela tirar conclusões que lhe permitam ir muito mais longe na via da espiritualidade.
Mas quantos são capazes de compreender essas lições e tirar proveito delas? Eles farão essas experiências durante toda a vida e continuarão tão fracos como antes, incapazes de reagir para melhorar a situação. É claro que sofrem... É claro que não têm orgulho em si próprios... Mas habituaram-se a todas essas desordens e resignam-se a vegetar. Não! Chegou o momento de compreenderem que devem sair desse estado. E para saírem dele devem meditar todos os dias sobre a harmonia, amá-la, desejá-la, introduzi-la em si próprios, em cada movimento, em cada palavra, em cada olhar."
 
"Acontece a toda a gente: sentir-se feliz, mas por muito pouco tempo! Estar feliz porque se obteve o que se desejava – sucesso, vantagens materiais ou mesmo o amor de um homem ou de uma mulher – não é realmente a felicidade, porque nunca se pode estar certo de que 
isso vai perdurar.
A verdadeira felicidade assenta numa compreensão correta. Os Iniciados sempre insistiram no facto de a felicidade ser um estado de consciência que resulta da maneira como se sente e se compreende as coisas. Os humanos não poderão ser felizes enquanto o seu intelecto e o seu coração forem um campo de batalha em que se defrontam pensamentos e sentimentos caóticos e devastadores. O trabalho dos Iniciados sempre foi o de ensinar aos humanos a sabedoria e o amor, porque da luz do intelecto e do calor do coração nasce o movimento harmonioso, uma atividade construtiva, equilibrada. E isso é que é a felicidade."
 
"O ser humano possui um espírito, uma alma, um intelecto, um coração, uma vontade e um corpo físico, e, para ele, a maior dificuldade está em harmonizá-los entre si. Enquanto não o tiver conseguido, enquanto não criar a unidade em si, ele não poderá ser forte nem poderoso.
Um dos objetivos de uma Escola Iniciática é ensinar-nos a criar essa unidade, a fazer convergir todas as nossas atividades, todas as nossas faculdades, para um ponto. Quer se trate da alma, do espírito, do intelecto, do coração, do ventre, do sexo..., devemos atribuir-lhes como objetivo o nosso aperfeiçoamento, a nossa iluminação. Uma vez realizada essa unidade em cada um de nós, poderemos, todos juntos, concentrar-nos na luz, para produzirmos efeitos benéficos sobre o mundo inteiro."
 
"Não dominar o fogo das paixões é a maneira mais segura de se aniquilar o que se tem de mais precioso. Muitos seres humanos buscam esse fogo devorador sem se aperceberem de que nunca mais recuperarão o que assim perdem. Fazem como as crianças que brincam com fósforos: ateiam um fogo para verem subir as chamas e soltam gritos de alegria enquanto tudo se vai consumindo. Pobres infelizes! Ignoram que em todo o seu organismo, e em particular no seu cérebro, esse fogo é acompanhado de abalos, de fissuras, de desmoronamentos. É evidente que os efeitos não são imediatos, mas, pouco a pouco, algo se desagrega neles.
Por isso, devemos esforçar-nos por tomar consciência das repercussões das nossas emoções e das nossas sensações sobre o nosso equilíbrio físico e psíquico, para prosseguirmos harmoniosamente a construção do nosso edifício interior."
 
"Se os humanos fossem clarividentes, ou simplesmente sensíveis, já teriam constatado que a atmosfera do mundo psíquico está ainda mais irrespirável do que a do mundo físico. Eles queixam-se dos fumos das fábricas, dos gases de escape dos automóveis... Mas eles próprios, individualmente, não fazem outra coisa senão envenenar a atmosfera espiritual com emanações tóxicas: os seus maus pensamentos, os seus sentimentos de ódio, de inveja, de cólera, de descontentamento.
Sim, é preciso que se saiba que todos os pensamentos e sentimentos malsãos que fermentam no homem produzem exalações pestilentas, asfixiantes. Acusa-se os automóveis, mas o que são os automóveis comparados com vários milhares de milhões de indivíduos ignorantes que nunca aprenderam a dominar as suas paixões inferiores?"
 
"É nos momentos em que estais numa atitude de recetividade e de confiança que o vosso Mestre pode inscrever as grandes verdades na vossa alma. Talvez não vos apercebais disso imediatamente, porque tudo se processa sem de tal terdes consciência, mas um dia, quando fordes pela rua, ou mesmo em casa, de repente essas verdades surgirão e 
ficareis deslumbrados.
Alguns dirão: «Mas isso é magia e eu tenho medo da magia!» Na realidade, nunca podereis sair da magia. Nós vivemos dia e noite rodeados de magia, tudo é magia: os olhares, as palavras, os gestos, a alimentação, tudo. O que é triste é que os humanos, que ainda não compreenderam isto, nada fazem para se libertarem da magia deplorável e nociva em que todos os dias estão mergulhados e para aceitarem, em seu lugar, uma outra magia que pode vivificá-los, dar-lhes esperança, entusiasmo, amor, e torná-los vivos, filhos e filhas de Deus. Então, fechai-vos, se quiserdes, à influência das pessoas malfazejas, mas perante o vosso Instrutor, que só pensa no vosso bem, porque haveis de fechar-vos?"
 
"Existem duas maneiras de ajudar os humanos: dar-lhes vestuário, alimentação, medicamentos, alojamento, ou instruí-los para que, daí em diante, saibam desenvencilhar-se sozinhos. O primeiro método é rápido, por vezes até espetacular, pois a situação material de alguém pode ser transformada em poucos minutos. Mas essa ajuda é apenas momentânea, porque as prateleiras de alimentos esvaziam-se, o vestuário gasta-se, etc., e será preciso recomeçar tudo. Esclarecer as pessoas é mais útil; só que, evidentemente, é muito mais moroso e difícil.
Para ajudar os humanos de um modo verdadeiramente eficaz, deve-se tomar por modelo a Natureza. Durante nove meses, a mãe traz o filho no seu ventre e ensina-o a comer, a beber, a respirar; depois, diz-lhe: «Agora, chega. Vá, sai!» No começo, ele chora um pouco, depois decide desenvencilhar-se sozinho e em breve o consegue. É assim que se deve educar os humanos. Mais do que reconstruir-lhes casas e dar-lhes alimentos, não seria preferível ensiná-los a deixarem de se guerrear?"
 
"As sumidades intelectuais e médicas da nossa época não conseguem admitir a ideia de que há entidades do plano astral que se introduzem nos humanos para se alimentarem à sua custa e os desagregarem. Na sua opinião, são elementos químicos que perturbam o bom funcionamento do psiquismo. É verdade, são elementos químicos, mas estes são uma consequência, uma concretização da presença de espíritos malfeitores atraídos pelo próprio homem. Essas entidades pululam no mundo astral, e se os humanos, pelas suas fraquezas e transgressões, lhes abrem a porta, elas entram neles e provocam perturbações.
Estes factos estão muito bem descritos em todos os Livros Sagrados, o que explica a importância dada pelos Iniciados à pureza e aos exercícios de purificação. Mas, em vez de estudarem esses textos e de compreenderem a sua profundidade, para depois instruírem os humanos nesse sentido, a medicina procura remediar as perturbações criadas por uma vida desordenada. Como é possível não se dar conta de que, na realidade, como não se trata as causas, os benefícios não são duradouros?"
 
"Contemplai o Sol e tomai-o por modelo, pois ele é que vos porá nas melhores condições para amardes e ajudardes os humanos. Enquanto não se tem este modelo de calor e de luz, é-se arrastado para atitudes egocêntricas e grosseiras.
Olhai o que se passa no mundo: só se vê gente que quer aproveitar-se dos outros, escravizá-los, esmagá-los. Isso não é nada glorioso! No Sol, pelo contrário, tendes a imagem de um ser sempre radioso e generoso. Mesmo admitindo que ele não é um ser inteligente e racional no sentido em que os humanos entendem a inteligência e a racionalidade, o contacto consciente com o seu calor e a sua luz não pode deixar de nos inspirar sentimentos mais fraternos para com os outros."
 
"Na realidade, a dualidade não passa de uma expressão da unidade. O número 1 é o primeiro e o único número. Só existe o número 1, é isto que é preciso compreender. E o que representam o 2, o 3, o 4?... Divisões do 1. Arbitrariamente, divide-se o 1 em 2, 3, 4, 5, 6... e cada divisão é apresentada como um novo número, quando não passa de um aspeto diferente do 1.
O que é o 2? O 1 polarizado. Pegai num íman: ele está polarizado, mas não dividido, é um e continuará a ser um. Em parte alguma o 2 está separado do 1. Qualquer objeto, ou mesmo o ser humano, tem duas extremidades, dois polos, mas é sempre um. E o 3? Ora bem, são os dois polos que ficaram ligados e que agem um sobre o outro para produzirem um ser, uma força ou um objeto, que é o 3; mas o 3 também não está separado do 1. E o 4, o 5, também são novos aspetos do número 1; individualmente, eles não existem, só o 1 existe."
 
"Se os humanos não sofressem, jamais se decidiriam a transformar-se. Por isso, em vez de se revoltarem contra o sofrimento, deveriam compreender a sua utilidade, pois o sofrimento é um fogo que queima as impurezas.
O fogo possui uma propriedade que se deve conhecer: nunca destrói o que é da mesma natureza que ele. Quando penetra no homem, ele queima somente as suas impurezas; a matéria que é pura não é consumida, resiste ao fogo e torna-se luminosa, porque vibra em uníssono com ele. É essa matéria que forma o corpo da glória, o corpo de luz de que falam as Escrituras. Quando o Iniciado consegue acender o fogo divino em si, inflama a matéria do seu ser e fá-la brilhar como um Sol."
 
"A vida... O que é a vida? O que é que faz dizer, acerca das criaturas, que elas vivem? O facto de serem capazes de fazer trocas com o mundo ambiente, onde captam os elementos que lhes são indispensáveis. Elas fazem-no quase sempre inconscientemente; muito poucas pessoas se expõem ao Sol, respiram, comem, bebem, etc., com uma consciência clara daquilo que a luz, o calor, o ar ou os alimentos lhes proporcionam. É justamente essa consciência que o 
discípulo deve adquirir.
Há milénios que os maiores Mestres da humanidade nos ensinam que o Espírito de Deus impregna todo o Universo e que nós podemos entrar em contacto com esse espírito através da matéria que nos rodeia. Os humanos não têm a mínima ideia de que os elementos que os cercam – a terra, a água, o ar e o fogo – são formados pela quinta-essência da Divindade e que, por intermédio da meditação, da respiração e de uma alimentação consciente, podem captar essa quinta-essência, que vivificará todas as células do seu corpo. Assim, não só eles melhoram a sua saúde física, como as suas células, rejuvenescidas, purificadas, iluminadas, em vez de os reterem nas camadas muito baixas e opacas da matéria, se tornam obreiras eficientes que dão suporte aos seus trabalhos de criação interior."
 
"Aprendei a alimentar-vos de luz, pois é a luz que traz as maiores riquezas. E quando vos sentirdes ricos tereis necessidade de dar, passareis a ser generosos, começareis a amar todas as criaturas. É a pobreza que engendra o ódio.
Os verdadeiros ricos jamais detestam alguém. Os verdadeiros ricos são os grandes Mestres. Eles vivem numa tal abundância, que têm necessidade de distribuir as suas riquezas. Como poderiam sentir ódio vivendo nesse estado de plenitude? Aqueles que se sentem privados é que se tornam ressentidos, invejosos, e começam a detestar os outros. Portanto, sempre que virdes um ser que não manifesta amor, nem nobreza, nem generosidade, é porque interiormente ele é pobre e miserável."
 
"Nada do que fazeis fica sem consequências. Imaginai que, há umas centenas de anos, um homem cavou um sulco na montanha para levar água ao seu jardim. Pouco a pouco, sob o efeito das condições atmosféricas – chuva, vento, gelo, Sol... – esse sulco foi ficando mais largo e mais fundo, e agora é um vale!
De igual modo, quando fazeis um gesto, pronunciais uma palavra, lançais um olhar ou ofereceis um sorriso, cada um desses movimentos inscreve-se na matéria astral, e todas as forças do mundo psíquico trabalham, como as forças da Natureza, para moldar essa matéria. Se tiverdes inscrito algo de bom, após um certo tempo vivereis em alegria e em paz... Mas, se tiverdes inscrito algo de negativo, atenção!... Evidentemente, os resultados não aparecem logo, mas tende paciência e vereis os sulcos que traçastes nos vossos corações, nos vossos intelectos e nas vossas almas tornarem-se autênticos vales: vales de lágrimas ou de alegrias!"
 
"Podemos dizer que os frutos, de maneira geral, têm três elementos: a pele, que deitamos fora, a polpa, que comemos, e o caroço, que plantamos. Dir-me-eis que sabeis isso. Não! Se o soubésseis, não cometeríeis tantos erros na vossa vida. Por exemplo: um homem ou uma mulher fala-vos todos os dias do seu amor. Vós aceitais todas as suas palavras e comei-las, até as engolis, sem fazerdes qualquer seleção. Algum tempo depois, ficais mergulhados numa enorme tragédia. Porquê? Porque não compreendestes a lição do fruto. Esse homem ou essa mulher introduziram certamente no seu amor, nas suas palavras, elementos muito bons e muito belos, e vós podíeis comê-los; mas devíeis ter sabido que, vindas de um ser humano, essas palavras conteriam necessariamente elementos humanos, demasiado humanos, que era preciso pôr de parte. Sim, o amor é uma questão muito complexa.
No amor que vos oferecem há sempre elementos que deveis rejeitar, outros que podeis aceitar, e um, finalmente, que deveis plantar na vossa alma. Por isso, deveis dizer ao ser que vos ama: «Espera um pouco. Antes de te dar uma resposta, primeiro tenho de plantar o caroço. O fruto é suculento, mas eu quero conhecer a árvore a que ele vai dar origem.»"
 
"Podemos encontrar na História criaturas nobres, elevadas e puras, mas não encontraremos nenhuma que possa comparar-se ao Sol em luz, amor e generosidade. Só  o Sol exprime a grandeza de Deus na Terra e é ele que devemos tomar por modelo.
É por não terem como ideal algo de infinito que os humanos são sempre fracos, sombrios, quezilentos e tristes. O seu ideal é serem como o tio, o vizinho, um dado homem político, um determinado ator ou um certo multimilionário. Mas que modelos são esses? Pessoas cheias de angústias, de doenças, de desordens! Enquanto ao Sol, nada se lhe pode comparar. Se o tomardes como modelo, o vosso intelecto terá a sua luz, o vosso coração, o seu calor, o vosso espírito, a sua força. E sobretudo, tal como ele, sabereis ser generosos."
 
"Quando estiverdes a assistir ao nascer do Sol, estai atentos, vigilantes, esperai pelo primeiro raio e, quando ele aparecer, pensai que o absorveis, que o engolis. Começais assim a beber o Sol. Em vez de apenas o contemplardes e o respirardes, vós bebei-lo e comei-lo, e imaginais que a sua luz, que é viva, se propaga a todas as células dos vossos órgãos, que ela as purifica, as reforça, as vivifica. Este exercício ajuda-vos a concentrardes-vos, e os resultados são fantásticos: todo o vosso ser vibra e acabais por sentir que absorveis realmente luz.
Diz o Zend-Avesta que, quando Zaratustra perguntou a Ahura Mazda como se alimentava o primeiro homem, este respondeu: «Ele comia fogo e bebia luz.» Então, porque não havemos nós de aprender a também comer fogo e beber luz, para voltarmos à perfeição do primeiro homem?"