domingo, 4 de novembro de 2012

MESTRE OMRAAM MIKHAEL AIVANHOV


"Se puserdes na terra um caroço ou uma semente de limão, de
maçã ou de melão, vós não lhes dizeis: «Ouve bem: o teu
programa é tornares-te um limoeiro, uma macieira ou um
meloeiro.» O caroço ou a semente já têm um programa inscrito
neles, basta plantá-los para que esse programa se realize e eles
se tornem o que a natureza espera deles. Eles agarram-se à terra
e, dia após dia, vão-se desenvolvendo. Quando uma fase está
terminada, eles passam à seguinte, não se questionam sobre o
que têm a fazer daí a um ano ou cem anos.
Por que é que eu estou a falar-vos de árvores? Porque o ser
humano também é uma semente que tem o seu programa inscrito
nele pela Inteligência Cósmica. Ele ainda não é capaz de o
conhecer porque não para de elaborar por ele próprio programas
que só obscurecem a sua vista e o fazem desviar-se do seu
caminho. Ele deve manter-se interiormente livre, disponível,
para descobrir o esquema inscrito profundamente na sua alma."

"Mesmo que seja atacado, um Iniciado nunca deve usar contra os
outros os poderes que tem. Ele só deve servir-se desses poderes
para se tornar cada vez mais invulnerável às acusações, aos
ataques, para não sucumbir e transformar em ouro e em pedras
preciosas os calhaus que lhe atiram.
A grandeza de um Iniciado está em ele ter conhecimentos e
poderes e recusar-se a utilizá-los em proveito próprio. E o
Céu, que lhe permitiu adquiri-los, vigia-o. Ele só tem o
direito de utilizar esses conhecimentos e esses poderes para o
seu próprio avanço espiritual e o dos outros, não para se
impor, responder às injúrias ou vingar-se. Não foi esse o
exemplo que Jesus deu?"

"Qualquer atividade, por mais insignificante que seja
aparentemente – um movimento, um sentimento, um pensamento, uma
palavra –, produz necessariamente efeitos bons ou maus. Por
isso se pode dizer que a magia é a primeira das ciências. Basta
um movimento, uma influência, uma impressão, uma vibração,
para se entrar no domínio da magia. Sempre que um ser age sobre
outro ou sobre um objeto, realiza um ato mágico. Mas as pessoas
olham, falam, pensam, têm desejos e sentimentos, fazem gestos,
sem se aperceberem de que todas as forças que elas assim fazem
agir são forças mágicas. Muitas vezes, na sua ignorância,
acontece-lhes porem em ação forças negativas que se voltam
contra elas e, quando são apanhadas, mordidas, não compreendem
o que lhes acontece.
É importante, pois, que cada um aprenda a trabalhar sobre os
seus pensamentos, os seus sentimentos, as suas palavras, os seus
gestos, o seu olhar, para que as forças desencadeadas por cada
uma das suas atividades físicas ou psíquicas produza unicamente
efeitos benéficos... benéficos para ele, mas também para todas
as outras criaturas no mundo."

"O Céu dá-vos todas as condições adequadas à vossa
evolução, mas como, em geral, elas não se apresentam sob a
forma que vós esperais, não só não as vedes, como vos
queixais. Vós esperais que Deus vos dê a felicidade por
intermédio do sucesso ou da glória e, como o sucesso e a
glória não vêm, sentis-vos infelizes. Pois bem, isso é a
prova de que não sois inteligentes nem perspicazes. Estudai tudo
o que vos acontece e procurai entender o que o mundo invisível
espera de vós ao colocar-vos perante dificuldades e problemas
para resolver. De futuro, refleti e aprendei a olhar de outro
modo tudo o que considerais obstáculos ou insucessos:
compreendereis que há sempre alguma coisa a descobrir.
A felicidade está onde vós ainda não sabeis vê-la.
Gostaríeis que ela se assemelhasse à ideia que dela fazeis?
Não, é impossível. Mas não desanimeis, vós não estais sós,
muitos seres do mundo invisível pensam em vós e estão sempre a
instruir-vos e a ajudar-vos."

"Há muitos atos da nossa vida quotidiana que nós consideramos
absolutamente insignificantes mas que, se soubermos
interpretá-los, ganham uma dimensão espiritual, cósmica! Por
exemplo: todas as noites, antes de vos deitardes, vós
despis-vos. Tirais as peças de roupa uma a uma, das mais grossas
às mais leves: camisola de malha, camisa, camisola interior...
Pois bem, este despojar progressivo simboliza a morte; todas
essas roupas que deixais representam os diferentes corpos de que
um dia devereis libertar-vos uns após os outros. Inversamente,
de manhã, quando despertais, vestis-vos de novo (a camisola
interior, a camisa, etc.), reproduzis a descida do espírito.
Quando o espírito tem de descer à matéria também se veste, se
assim podemos dizer: entra sucessivamente em corpos cada vez mais
densos: os corpos átmico, búdico, causal, mental, astral,
etérico e, por fim, o corpo físico, que é a sua última veste.
Assim, todas as noites vos despis e todas as manhãs vos vestis
de novo; há anos que o fazeis, mas, entretanto, em que pensais?
Daqui em diante, fazei-o refletindo em todos esses gestos que
correspondem aos processos da incarnação e da desincarnação."

"Tomai hoje mesmo a decisão de vos sentardes nos bancos da Escola
Divina. Pegai nos vossos livros e nos vossos cadernos e começai
a estudar. Vós direis: «Mas estão ali outras pessoas que me
perturbam!» Bem, esforçai-vos por suportá-las e esquecê-las
um pouco. Todos vós devereis, um dia, ser sujeitos a exames e,
quando passardes por eles, ver-se-á o que aprendestes, o que
retivestes e, sobretudo, o que aplicastes. Não serei eu que vos
sujeitarei aos exames, mas a vida. E a vida é implacável, não
podereis “dar-lhe a volta” contando-lhe histórias sofre
fulano e beltrano que vos perturbaram ou vos impediram de
realizar todos os vossos bons projetos.
O sábio não se queixa dos defeitos e das fraquezas que observa
nos outros. Ele não os critica, não os combate, antes se
esforça por suportá-los, por transformar esses defeitos nele
mesmo, pois essa transformação produz uma energia que ele
depois pode re-enviar sob a forma de luz. É assim que ele
trabalha para a vinda do Reino de Deus."

"Vós comeis alguns frutos e esses alimentos, depois de digeridos
e assimilados, contribuem para o bom funcionamento de todo o
vosso organismo. Que Inteligência é essa que é capaz de levar
a cada órgão do nosso corpo aquilo de que ele necessita para
nós podermos continuar a viver? Como podemos não ficar
admirados perante ela?... Graças a esses alimentos, vós podeis
continuar a ver, a ouvir, a respirar, a saborear, a tocar, a
falar, a cantar, a caminhar. E até os vossos cabelos, as vossas
unhas, os vossos dentes, a vossa pele, etc... vão beneficiar com
eles. Sim, como é possível não ficar tomado de admiração
perante tal Inteligência? Deveis pensar mais nela. Procurai
descobri-la e manifestar-lhe o vosso reconhecimento.
O que é essencial na alimentação não é a matéria dos
alimentos. O essencial são as energias que eles contêm, a
quinta-essência aprisionada neles, pois é aí que está a vida.
A matéria dos alimentos é apenas um suporte. É, pois, a
quinta-essência que nós devemos procurar atingir através dessa
matéria, para alimentarmos também os nossos corpos subtis.
Considerar que nós comemos só para alimentar o nosso corpo
físico é um erro: nós comemos para alimentar também o nosso
coração, o nosso intelecto, a nossa alma e o nosso espírito."

"Ainda que na vida quotidiana se tenha em conta o simbolismo da
mão direita e da mão esquerda (a direita representando o bem e
a esquerda representando o mal), não se pode descurar o facto de
que todas as culturas e todas as civilizações são obra das
duas mãos: para criarem, elas devem trabalhar em conjunto.
A mão direita e a mão esquerda conciliam-se, harmonizam-se e
completam-se, sendo cada uma delas apenas um dos dois aspetos da
unidade. É impossível pensar numa mão independentemente da
outra, pois elas estão polarizadas: a mão direita tem a
polaridade masculina e a mão esquerda a polaridade feminina. Por
isso, elas foram frequentemente relacionadas com o Sol (mão
direita) e a Lua (mão esquerda), que exercem ambos a sua
influência sobre nós. Através das duas mãos, o princípio
masculino e o princípio feminino projetam correntes de natureza
diferente, e é preciso que eles estejam juntos para curar, para
apoiar, para salvar, para reparar, para iluminar."

"Por que é que, por vezes, vos acontece sentirdes-vos invadidos
por forças, entidades, que saqueiam os vossos jardins
interiores, roubam as vossas riquezas, apagam as vossas luzes?
Porque não soubestes ligar-vos ao Céu. Vós queixais-vos:
«Não sei o que se passa... Sinto-me mal, estou angustiado...»
E, para sair desse estado, procurais distrair-vos, ides à
farmácia, ao médico... Mas as distrações, os farmacêuticos e
os médicos não têm qualquer eficácia em relação a isso.
Para escapardes a essas entidades obscuras e malfazejas que podem
atacar-vos, o único meio é procurardes entrar em relação com
as entidades celestes, abrir-lhes o vosso coração, o vosso
intelecto, a vossa alma, o vosso espírito, para que a sua luz e
as suas bênçãos desçam até vós, vos purifiquem, vos
alimentem. As criaturas inferiores não podem opor-se às
correntes poderosas que vêm das regiões celestes, são
repelidas."

"É desejável que cada vez mais pessoas admitam a realidade da
reincarnação, mas na condição de saberem servir-se dela para
a sua evolução. Ora, o que é que se passa na maior parte dos
casos? Em vez de compreenderem que o mais importante é o que
elas são agora e o que fazem agora para preparar a sua vida
futura, muitas confabulam sobre vidas anteriores imaginárias,
dignas de romances, ou apressam-se a ir falar com videntes para
que eles lhas revelem, e muitas vezes esses videntes dizem-lhes o
que calha para lhes agradar.
Na realidade, o passado dos seres não é difícil de conhecer. A
partir do que eles são hoje, das suas qualidades e dos seus
defeitos, das suas faculdades e das suas lacunas, podemos
conhecer – sem entrar em detalhes, claro – o que eles foram;
o que eles são nesta incarnação não lhes aconteceu por acaso.
A lei das causas e das consequências, que se aplica a toda a
criação, entrou em ação para modelar a sua existência atual.
Então, agora, eles devem é ocupar-se do seu presente para
prepararem o seu futuro."

"Muitas coisas más podem decorrer de uma ingratidão! E quantas
coisas boas, pelo contrário, podem ser provenientes de um
simples gesto de reconhecimento! Porquê? Porque isso ultrapassa,
e em muito, o simples sentimento que vivenciais nesse momento.
Deixemos de lado a ingratidão e ocupemo-nos do reconhecimento. A
partir do momento em que sois tomados por um sentimento de
gratidão para com o Criador, para com a vida, para com a
natureza e todos os seres, mesmo os mais insignificantes, esse
sentimento não se limita a existir passivamente, ele age. Por
causa da lei da afinidade, ele atrai, pelas suas vibrações,
impressões e sensações da mesma natureza que ele. E todas as
bênçãos vos vêm então dessa pequena coisa: um sentimento de
reconhecimento."

"Está escrito no Génesis que a serpente era «o mais manhoso de
todos os animais dos campos.» Foi ela que convenceu Adão e Eva
a desobedecerem às ordens de Deus e a comerem o fruto da Árvore
do conhecimento do bem e do mal. Mas no livro do Êxodo está
escrito que Moisés, por ordem de Deus, tinha mandado fazer uma
serpente de bronze e que aqueles que olhavam para essa serpente
ficavam curados. E quando Jesus envia os seus discípulos em
missão, diz-lhes: «Sede prudentes como as serpentes e simples
como a pomba.» Ele apresenta a serpente, pois, como um símbolo
de sabedoria. Do mesmo modo, na Índia os sábios são por vezes
designados por “nagui”, que significa serpente. A serpente
é, pois, apresentada como uma entidade benéfica ou maléfica.
Como explicar esta aparente contradição?
Como foi a serpente que incitou Eva e Adão a provarem o fruto da
Árvore do conhecimento do bem e do mal, ela tornou-se um
símbolo do conhecimento. Ora, o conhecimento é neutro. Ele é
bom ou mau consoante o modo como é utilizado. Os seres mais
instruídos podem ser os maiores benfeitores ou os maiores
criminosos. Conhecer dá poderes. Aqueles que utilizam o seu
saber para o mal estão ligados ao aspeto tenebroso da serpente,
são os magos negros. E aqueles que o utilizam para o bem estão
ligados ao seu aspeto luminoso, são os magos brancos."

"Por tudo o que a natureza nos dá em abundância, as suas
riquezas, a sua beleza, nós também devemos dar alguma coisa em
troca. Estais surpreendidos por não ser gratuito?... Sim, é
gratuito, mas vós também deveis dar gratuitamente! Como?
Decidindo servir-vos de todas as faculdades que possuís para
seguir conscientemente pelo caminho da luz e do sacrifício.
Ficais, pois, empregados no serviço divino e Deus retribui-vos
dando-vos a inteligência, a bondade, a beleza, etc. É este o
“dinheiro” com que podeis “pagar” tudo o que tomais da natureza.
Aquele que não é empregado da empresa celeste não recebe nada,
por isso fica sem recursos, não tem dinheiro para pagar aquilo
que toma para si. Ele come, bebe, respira, passeia, faz
negócios, mas, mais cedo ou mais tarde, os credores, as forças
da natureza, vêm cobrar-lhe: de boa vontade ou à força, ele
tem de pagar."

"Enquanto criaturas vivas, nós estamos imersos num oceano
fluídico a que a Ciência Iniciática chama “luz astral”.
Esta matéria fluídica é tão sensível que tudo se imprime
nela. A mais insignificante das nossas ações, a mais leve das
nossas emoções, o mais fugidio dos nossos pensamentos, tudo
deixa uma marca, como uma onda que se propaga até aos confins do
universo, isto é, até aos limites do zodíaco.
A faixa do zodíaco representa, simbolicamente, as fronteiras que
Deus traçou para conter o mundo manifestado. Por isso, certas
tradições representaram o zodíaco como uma grande serpente que
contém o mundo no círculo formado pelo seu corpo. O destino é
tão implacável porque todos os nossos pensamentos, todos os
nossos sentimentos, todos os nossos atos, tanto os bons como os
maus, se inscreveram neste oceano fluídico ao qual não podemos
escapar e, um dia, acabam por voltar até nós."

"A tendência dos humanos é a de se separarem da vida coletiva,
universal, cósmica, para viverem unicamente a sua vida pessoal,
individual. Eles imaginam que, protegidos uns dos outros,
estarão a salvo. Mas não, isso é uma ilusão. Nesse isolamento
interior que constroem para si próprios, eles expõem a sua alma
a todos os perigos. Mesmo que não se consiga estar sempre com os
outros, há que estar com eles ao menos pelo pensamento.
A palavra “unidade” é a mais profunda da ciência espiritual
e o sentido da nossa existência reside nela. A consciência de
pertencermos a uma única e mesma família dá-nos a garantia de
fazermos algo de grandioso. Esta grandiosidade não vem de nós,
mas dessa família universal a que pertencemos: é ela que nos
sustenta e que nos salva da sensação de pobreza, de solidão,
de inutilidade, de vazio, que por vezes pode apoderar-se de nós."

"Uma pessoa tem um pesadelo, sonha, por exemplo, que está a ser
perseguida. Ela corre, corre, e depois abre-se diante de si um
abismo vertiginoso para onde ela cai... Que angústia! Mesmo
depois de despertar, durante alguns minutos ela ainda fica
perturbada como se aquilo que acabou de sonhar fosse a realidade.
Que conclusão é possível tirar desta experiência? Se se pode
tomar o sonho por realidade, também se pode considerar a
realidade como um sonho. Sim, e é o que fazem os sábios. Seja o
que for que lhes aconteça, eles dizem: «Eu estou a sofrer,
estou angustiado, sinto-me perseguido, mas trata-se de um sonho
e, quando eu despertar, não restará um vestígio de tudo disto.»
Vós direis que todos estes raciocínios não vos impedirão de
sofrer. Claro que não, mas aqueles que têm pesadelos também
sofrem: agitam-se na cama, gritam; no entanto, o que os faz
reagir assim não é a realidade. Aliás, é isso mesmo que eles
dizem para si próprios quando acordam. Então, quando estiverdes
a sofrer, dizei para vós próprios que isso não é a realidade."

"A quantas pessoas não gostaríeis vós de dizer que elas devem
ser mais pacientes, mais indulgentes, mais sinceras, mais
estáveis, etc.! Mas não vos enganeis, se vós mesmos não
possuirdes as qualidades que quereis despertar nos outros, por
mais que façais não conseguireis influenciá-los.
Nenhuma palavra, nenhum meio exterior pode conseguir transformar
os seres humanos, compreendei bem isso. Nenhum meio exterior! É
no interior, no coração, na alma, que vós deveis possuir um
elemento especial. Esse elemento que vibra, que irradia, é que
tem influência em quem vos rodeia; então, mesmo sem sequer
abrirdes a boca, fazeis nascer nas outras pessoas o desejo de vos
imitarem. Talvez elas não consigam isso imediatamente, porque
ninguém se liberta de um dia para o outro dos seus apetites e
dos seus instintos inferiores, mas apercebem-se de que há em
vós algo de luminoso, de caloroso, de vivo. Essa luz, esse calor
e essa vida é que se impõem a elas e as levam a querer seguir o
vosso exemplo."