Extrato do Livro "Rumo a uma Civilização Solar" do Mestre Omraam Mikhaël Aïvanhov
VI Capítulo - O HOMEM À IMAGEM DO SOL - Parte I
Quando se olha para o Sol, o que se vê em primeiro lugar é aquele disco luminoso que tem sempre a mesma forma, a mesma dimensão, e que pode ser observado, medido, filmado. É o seu corpo. Mas se se quiser estudar o que sai dele, a luz que corre, que jorra do centro para a periferia, se se quiser saber o que ela é e até onde se expande no espaço, é impossível, isso ultrapassa a imaginação.
O ser humano é construído como o Sol: tem um corpo físico, determinado, imutável; mas acerca daquilo que sai dele – os seus pensamentos, os seus sentimentos, as suas radiações, as suas emanações –, o que é que se conhece? Pouca coisa...
As pessoas têm tendência a confundir -se com o seu corpo físico, mas daqui a não muito tempo serão obrigadas a rever todas as suas concepções e a reconhecer que só a Ciência esotérica é verídica, porque tem tido em conta, ao mesmo tempo, os dois aspectos da realidade: o aspecto objectivo, mensurável, material, dos fenómenos, que não deve ser descurado, mas também, e sobretudo, o aspecto espiritual, vivo, as emanações e as radiações, cuja natureza e cujo poder ainda não são conhecidos.
Um dia, eu disse -vos: «Os planetas tocam -nos, o Sol toca -nos...» e vós ficastes espantados. Contudo, é verdade, o Sol toca-nos de longe através dos seus raios. E nós, que somos construídos pelo mesmo modelo que o Sol, por intermédio do nosso pensamento, da nossa alma e do nosso espírito, temos poderes que se estendem até muito longe, para além dos limites do corpo físico. Do mesmo modo que o Sol age sobre os metais, as plantas, os animais e os humanos, que penetra, aquece e alimenta, assim também nós podemos, pelas nossas emanações, à distância, transformar, melhorar, iluminar e vivificar as criaturas.
Mas vamos mais longe: aquele disco luminoso que vemos no céu, perfeitamente limitado, é o corpo do Sol.
O que sai dele, os seus raios, são os seus pensamentos, a sua alma, o seu espírito, que vão visitar a periferia para distribuir por toda a parte a riqueza e a abundância. Quando eles estão descarregados, regressam ao Sol para se recarregar, e depois partem de novo para visitar outras criaturas através do espaço.
No nosso corpo físico, o representante do Sol é o coração; ele tem as mesmas funções, a mesma actividade infatigável, e, incessantemente, mesmo quando todos os outros órgãos abrandam a sua actividade, ele continua o seu trabalho, pois o seu objectivo é um só: ajudar, sustentar, alimentar, edificar, reparar. Ele só pensa em dar, em ser impessoal, generoso e cheio de amor. Mas será que os humanos se aperceberam de que possuem um órgão, o coração, que é o representante do Sol no seu corpo físico?
Estes raios, esta luz que o Sol envia, correspondem, portanto, ao sangue: como ele, estão cheios de tudo o que é útil, proveitoso, benéfico e salutar para todas as criaturas do Universo. Este sangue, depois de ter depositado a sua carga de materiais nutritivos, reparadores, portadores de cura, e de ter captado, em troca, todas as impurezas, regressa. Mas não regressa directamente ao Sol, ao coração, passa primeiro pelos pulmões do Universo para aí ser liberto dessas impurezas.
O planeta que desempenha o papel dos pulmões é Júpiter. A astrologia atribui-lhe mais o fígado, mas o fígado executa as mesmas funções noutro domínio: limpa e purifica igualmente o organismo dos seus venenos. Em búlgaro, fígado diz -se tcheren drob, que se pode traduzir por pulmão negro, e pulmões diz-se bel drob, pulmão branco.
Reparai que há uma proximidade extraordinária. Ambos estão encarregues da purificação, em dois domínios diferentes.
Se bem que a astrologia atribua vulgarmente o fígado a Júpiter, eu atribuo-o antes a Saturno. Aqui é a mitologia que pode ajudar-nos a compreender as suas relações. Na origem, Júpiter encontrava-se no fígado e Saturno nos pulmões, mas quando Júpiter destronou o seu pai, apoderou-se do governo dos pulmões e precipitou Saturno para o fígado.
Desde então, Saturno leva uma vida subterrânea, nas minas, tal como o fígado, que trabalha abaixo do diafragma, na escuridão e nos venenos.
Mas deixemos tudo isso e voltemos ao Sol.
A luz que sai do Sol é, pois, o seu sangue. Estes raios, depois de terem sido utilizados pelos planetas, pelos inúmeros seres do Universo – visto que o espaço é habitado por biliões de criaturas que recebem estes raios e deles se alimentam –, escurecem, perdem a sua luz, o seu calor; dirigem -se então para Júpiter, que os purifica – a Lua e Saturno participam também nesta purificação –, e, finalmente, voltam ao Sol. Em seguida, o Sol envia de novo esta força para o espaço, depois de a ter recarregado de amor, de sabedoria e de verdade.
No sistema solar há, pois, toda uma circulação.
Ele é um organismo vivo que funciona graças ao Sol, esse coração que bate e o alimenta incessantemente.
Por isso o coração foi tomado como símbolo da impessoalidade, do desapego de interesses, do amor: ele ocupa no homem o lugar do Sol. É o seu desejo de dar que torna o Sol tão luminoso e ardente. Tirai a alguém o amor, a bondade, o desejo de ajudar os humanos, e o seu rosto tornar-se-á mortiço, tenebroso.
Reparai num homem que se prepara para ir ver um amigo que está doente ou infeliz e levar-lhe presentes, dizer -lhe palavras de consolação: o seu rosto é belo, radioso. E reparai, pelo contrário, no aspecto de um criminoso que prepara um golpe: ele tem um ar tenebroso, crispado, inquieto, nele já não há luz. É preciso que compreendais esta linguagem.
Quanto mais tiverdes o desejo de esclarecer, de instruir os seres e de os ajudar, mais a luz aumentará em vós e se alargará até formar à vossa volta uma aura extraordinária, radiosa, luminosa. É o Sol que possui os verdadeiros critérios, as medidas, as leis absolutas.
Por isso, eu não procuro instruir-me noutros livros, para mim o Sol é o verdadeiro livro.
E agora, não achais espantoso que o Sol, que dá, dá e irradia há milhões e milhões de anos, não se tenha esgotado?... O que vós não sabeis é que no amor divino existe uma lei segundo a qual quanto mais dais, mais vos encheis. No Universo, não há vazio. Logo que se produz um vazio, algo vem imediatamente preenchê-lo. Esta lei age em todos os planos. Se aquilo que dais é luminoso, resplandecente, benéfico, recebeis, do outro lado, elementos da mesma qualidade, da mesma quinta-essência luminosa e irradiante. Mas, se emanardes sujidades, imediatamente o vosso reservatório se encherá de sujidades.
O Sol é inesgotável porque, no seu desejo de dar, enche-se. Ele envia-nos os seus raios, mas, ao mesmo tempo, recebe incessantemente novas energias do infinito, da imensidão, do Absoluto. Ele dá, projecta raios para a periferia, mas absorve as energias do Absoluto no seu próprio centro.
Foi o que ele me explicou um dia: «Eu estou continuamente ligado ao infinito, à Divindade, e, como tenho os desejos e pensamentos mais puros, atraio também as energias mais puras e luminosas. Aprendei comigo a tornar-vos perfeitos, inesgotáveis, infatigáveis. Tende o mesmo objectivo que eu, tende por ideal ser semelhantes a mim, trabalhar como eu, e constatareis que, quando despendeis algumas energias para o bem dos outros, muito pouco tempo depois, de súbito, sentis -vos recarregados com novas energias.»
Como acontece isso? É misterioso, mas é tão verdadeiro! Ao passo que, se despenderdes energias num propósito demasiado pessoal, levareis muito tempo a recuperar, a descansar, a restabelecer -vos, e se, por infelicidade, fi cardes doentes, talvez sejam necessários meses e anos para vos curardes. As criaturas inspiradas pelos melhores pensamentos e pelo melhor ideal restabelecem -se sempre mais rapidamente.
Dir-me-eis, é claro, que é difícil realizar esta grandeza, esta superioridade do Sol... Eu sei isso muito bem; mas se, de geração em geração, os humanos se aperfeiçoarem, se purificarem, se espiritualizarem, obterão pouco a pouco as mesmas qualidades que o Sol: serão infatigáveis, invulneráveis, inesgotáveis e sempre radiosos.
Parte II
Diz -se na Ciência esotérica que onde habita um Iniciado nenhum espírito mau tem o direito de penetrar. O Iniciado pode mesmo proibir-lhes a entrada no seu domicílio servindo-se de escritos em que os ameaça deste ou daquele castigo se eles não respeitarem a proibição. E quando ele quer fazer uma cerimónia mágica, um grande trabalho espiritual, reserva um lugar e consagra-o para impedir a entrada dos maus espíritos: envolve-o num círculo e inscreve lá nomes sagrados; assim, fica tranquilo e pode trabalhar. Só têm o direito de entrar as criaturas superiores, ao passo que as entidades inferiores ficam de fora a gritar, a ameaçar, e, se tentam entrar, são fulminadas.
Quando um ser quer criar, é como uma mulher grávida ou como uma ave fêmea que quer pôr os seus ovos: necessita de um ninho, de um lugar calmo e retirado. No mundo invisível passa-se exactamente o mesmo: cada espírito tem o seu lugar, que lhe é reservado no espaço infinito, cada criatura espiritual ocupa um lugar delimitado e protegido por certas vibrações, certas cores, ou por uma quinta-essência particular; é um domínio onde aquele que possui vibrações contrárias não tem o direito de vir causar perturbações. Só os espíritos superiores têm o direito de passar por toda a parte, porque nunca perturbam nada.
Nos locais onde os humanos vivem e habitam, há milhões, biliões de entidades que vão e vêm, que circulam, sem eles se aperceberem disso. Portanto, se não colocardes o letreiro: «É proibida a entrada», isto é, se não consagrardes a vossa casa, as criaturas inferiores, encontrando a porta aberta, virão roubar-vos; e nessa altura não podereis queixar-vos à justiça divina, pois ela responder-vos-á: «A culpa é vossa! Deveríeis ter colocado uma cerca ou, pelo menos, um cartaz.»
Enquanto o vosso coração, a vossa alma, o vosso espírito, estiverem abertos aos quatro ventos sem serem consagrados, protegidos, sem estarem cercados por uma barreira de luz, os espíritos têm o direito de entrar para sujar, devastar ou até levar todos os vossos tesouros. Não se pode puni-los, competia ao proprietário tomar precauções. Do mesmo modo que, no passado, se protegiam as cidades e os castelos com a ajuda de fossos cheios de água, de muralhas e de pontes levadiças, assim também o discípulo deve erguer à sua volta paredes, muralhas e fortificações. Para um discípulo ou um Iniciado, a melhor protecção contra todas as más correntes e todos os espíritos tenebrosos é a aura.
Quanto mais luminosa e vasta ela é, mais puras são as suas cores e mais o discípulo está em segurança, visto que a aura funciona como uma carapaça, como uma couraça que o protege de todas as más correntes. Mas será que vós pensais em trabalhar sobre a vossa aura? Não, ficais expostos às idas e vindas dessas entidades malfazejas e depois lastimais-vos por terdes sido despojados ou por vos sentirdes fatigados, tristes e infelizes.
Reparai que na Natureza todos têm as suas desconfianças: os pássaros, as feras, os insectos, constroem à sua volta protecções para impedir que os encontrem ou os capturem. Então, por que haveria o homem de ser tão ingénuo e confiante a ponto de acreditar que nenhum inimigo o ameaça e que será poupado? Milhões de entidades se esforçam encarniçadamente, dia e noite, por extraviar o género humano e juraram aniquilá-lo por completo.
Felizmente, a humanidade tem protectores! É graças a esses protectores que ela ainda não foi aniquilada, mas à custa de quantos sofrimentos e tormentos!
A conclusão a tirar é que deveis trabalhar sobre a vossa aura. Como? Quando assistis ao nascer do Sol, reparai como ele se rodeia de uma aura formidável, cheia de cores maravilhosas, e dizei para convosco: «Também eu quero rodear-me das mais belas cores». Fechai os olhos e imaginai que estais envolvidos em violeta, depois em azul, verde, amarelo, laranja, vermelho... Ou então começai pelo vermelho para ir até ao violeta, ficando envolvidos por cada cor durante alguns minutos.
Banhai-vos nessa luz, imaginai que ela brilha e se espalha até muito longe, e que todas as criaturas que se encontram nesta atmosfera beneficiam dela, que todos os que se dão convosco poderão, de uma maneira ou de outra, receber os seus benefícios.
É desta forma que a vossa aura vos serve de protecção, sendo ao mesmo tempo uma bênção para os outros, pois graças a ela podeis ajudá -los.
Dir-vos-ei até que, quando alguém que amais está doente, infeliz, desanimado, se quiserdes realmente ajudá-lo, enviai-lhe cores. Sim, quantos exercícios se podem fazer com a aura e as cores!
Fonte: http://www.publicacoesmaitreya.pt/