domingo, 1 de outubro de 2017

MESTRE OMRAAM MIKHAEL AIVANHOV

"Há séculos que certos pensadores repetem que a humanidade é como um corpo onde cada país representa um órgão. Mas, na realidade, muito poucas pessoas trabalham para que os órgãos da humanidade sejam inspirados pela sabedoria e pelo desapego que os órgãos do corpo físico demonstram; cada um só pensa em si mesmo, em detrimento do vizinho. É tempo, pois, de seguir o exemplo do organismo humano, que a Natureza construiu com tanta ciência, de estudar o seu funcionamento, em que casos ele está de boa saúde, em que casos está de má saúde, e compreender que as mesmas regras se aplicam ao conjunto da humanidade.
Quando o cérebro está lúcido e o coração dilatado, até os pés se sentem bem. Sim, quando um órgão está de boa saúde, todas as outras partes do corpo sentem isso e se regozijam. E, quando um órgão está deficiente, também os outros, coitados, se sentem fragilizados. Então, por que é que, quando um país está em dificuldade, os seus vizinhos se regozijam? Isso prova que eles são maus órgãos e não se apercebem de que, mais cedo ou mais tarde, também sofrerão as consequências disso."

"Nós estamos no Universo como num santuário, onde devemos penetrar com um sentimento sagrado, pois a Natureza não é só viva, também é inteligente, e, se nos abrirmos a ela, ela responder-nos-á, fazendo-nos participar na sua vida. Vós pensais que todos os fenómenos da Natureza acontecem mecanicamente, que não há nisso qualquer inteligência. Estais enganados; não é porque os humanos, tendo observado que o Universo obedece a leis, criaram as ciências ditas “naturais”, que se pode qualificar esses fenómenos como “mecânicos”. Pensando deste modo, mortificais a Natureza e mortificais-vos a vós mesmos: impedis que a vida penetre no vosso coração, na vossa alma, na vossa inteligência e até no vosso corpo físico.
Só vos tornareis verdadeiramente vivos no dia em que decidirdes entrar em relação com essa vida imensa, inesgotável, que se manifesta em todo o Universo."

"Provavelmente, nunca fizestes uma viagem de balão, mas sabeis que o que torna possível o balão elevar-se para ao céu é o calor produzido pela combustão de um gás: o ar quente, ao encher o balão torna-o mais leve do que o ar ambiente. Também no plano espiritual, para nos elevarmos, temos de nos tornar mais leves, dilatar-nos; e para nos dilatarmos temos de aquecer algo em nós. É o calor do amor que enche o coração e que o torna tão leve que ele começa a subir como um balão.
Como podeis perceber, para vos aproximardes do Céu é mais útil saberdes ler o livro da Natureza do que as obras dos teólogos. O livro da Natureza ensina-vos que, se esfriais, contraís-vos, tornais-vos pesados, mais pesados do que o ar, e caís. E, quando estais por terra, queixais-vos de que fostes abandonados pelo Céu... Mas aquecei de novo o vosso coração, enchei-o de amor, e de novo vos elevareis e viajareis no espaço. "

"Seja qual for o vosso entusiasmo pela religião ou pelo ensinamento espiritual que estais a descobrir, nunca comeceis por querer pregá-lo aos outros. Primeiro, porque as pessoas estão fartas de ouvir sermões: só os atos podem convencê-las. Depois, porque essa atitude também não é boa para vós.
Uma convicção espiritual deve ser vivida no mais profundo de vós mesmos, para se tornar carne e osso em vós. Então, se começardes a pregar a torto e a direito, interiormente haverá algo que se desagregará e, à menor oposição, ao menor abanão, ficareis abalados. Mesmo que continueis agarrados a princípios, rapidamente eles deixarão de ser para vós algo vivo e ireis endurecer, secar, porque a nascente em vós deixou de correr. Há que encontrar meios muito subtis para exprimir as suas convicções, senão elas perdem-se ou, pior ainda, transformam-se rapidamente em fanatismo. "

"A vida é uma sucessão de trocas entre o nosso mundo interior e o nosso mundo exterior, mas devemos sempre colocar a tónica no mundo interior, pois é com ele que estamos continuamente em relação, é nele que estamos sempre mergulhados. Refleti: não estais sempre a olhar, a ouvir, a tocar ou a saborear qualquer coisa exterior a vós, mas estais sempre convosco, com os vossos pensamentos, os vossos sentimentos, os vossos estados de consciência. Por isso, enquanto privilegiardes o mundo exterior em relação ao mundo interior, acabareis sempre por ter grandes deceções. Talvez, por um momento, possais ter a ilusão de que agarrastes qualquer coisa, mas algum tempo depois já não tereis nada nas mãos, escapou-vos tudo.
Os humanos andam à procura de algo que os preencha, do grande amor, de algo que eles nem sempre conseguem definir, mesmo que lhe chamem felicidade. Mas têm de saber que é neles próprios que conseguirão encontrar essa felicidade, organizando o seu mundo interior."
 
"Um Mestre espiritual é um ser que tem grandes poderes psíquicos, mas esses poderes não lhe permitem agir a cada instante, em todos os lugares, em quaisquer circunstâncias e com quem quer que seja.
Numa passagem dos Evangelhos, está escrito que, ao passar por Nazaré, Jesus não fez lá muitos milagres por causa da incredulidade dos seus habitantes. Portanto, embora Jesus tivesse imensos poderes, não os manifestava perante seres que não estavam abertos, confiantes. E àquele que lhe pedia a cura para si mesmo ou para o seu filho, ele respondia: «Que te seja dado segundo a tua fé» ou: «A tua fé te salvou». É claro que os ignorantes dirão que Jesus era suscetível, vaidoso, e por isso só aceitava ajudar aqueles que tinham uma confiança cega nele. Não, a verdadeira explicação é que a fé e a dúvida são comparáveis a elementos químicos: a fé é feita de elementos subtis que favorecem a manifestação, a realização; e a dúvida é feita de elementos que se opõem a ela."

"O barulho e o silêncio são linguagens. O silêncio pode exprimir a paragem completa de movimento, a ausência de vida, mas também é a linguagem da perfeição. Quanto ao barulho, é a expressão da vida, mas esta vida, muitas vezes, é desordenada e precisa de ser dominada, organizada. As crianças, por exemplo, são barulhentas porque transbordam de energia e de vitalidade. As pessoas idosas, pelo contrário, são silenciosas. Isto deve-se, em parte, a que as suas forças diminuíram e o barulho as cansa; mas é também, muitas vezes, porque elas se tornaram mais sábias, mais profundas, e é o seu espírito que agora as impele a estar em silêncio. Para reverem a sua vida, refletirem, tirarem lições, elas precisam desse silêncio, para fazerem todo um trabalho de desprendimento, de simplificação, 
de síntese.
A busca do silêncio é um processo interior que conduz os seres para a luz e para a verdadeira compreensão das coisas."

 "É pensando nos outros, trabalhando para eles, que as pessoas se enriquecem. É certo que, no começo, tem-se mais a impressão de que acontece exatamente o contrário. Os seres plenos de amor, de bondade, de abnegação, são considerados ingénuos por aqueles com quem se relacionam, que começam por usar e abusar deles. Mas, quanto mais o tempo passa, mais eles são apreciados e, um dia, todos vêm manifestar-lhes amor. Eles só têm de ser pacientes.
Quanto colocais uma certa quantia de dinheiro num banco, não recebeis imediatamente os juros, pois não? Deveis esperar. Existe exatamente a mesma lei no plano espiritual. Vós trabalhais com muito amor, com muito desapego, e, no princípio, não percebeis o que isso pode trazer-vos… Não deveis desanimar: um dia, as riquezas virão até vós de todos os lados e, mesmo que tenteis escapar-lhes, não conseguireis. O Universo inteiro fará descer bênçãos sobre vós, porque fostes vós que as provocastes. É uma das formas da justiça."

"Alguém diz: «Eu sou livre de fazer o que quiser, e é melhor que os outros me aceitem como sou.» Pois bem, avança: darás empurrões aos outros, porás os pés em cima da mesa, eliminarás aqueles que te incomodam, cometerás excessos de toda a espécie e ficarás muito orgulhoso de ti. Mas, um dia, ficarás imobilizado, porque nenhum ato fica sem consequências. «Imobilizado? Como assim? Por que é que eu hei de ficar imobilizado?» Porque, consciente ou inconscientemente, com o pretexto de afirmares a tua liberdade, estás sempre a transgredir as leis, as leis humanas, mas também – o que é muito mais grave! – as leis divinas. Estás, pois, a preparar condições muito más na tua cabeça, no teu coração e no teu organismo. E é por isso que, um dia, em vez de estares livre, ficarás imobilizado.
Para se convencerem de que são fortes, independentes e livres, os humanos tomam caminhos perigosos. Eles ignoram que as transgressões que estão sempre a cometer representam outras tantas dívidas que terão de pagar; e, pouco a pouco, sucumbem ao enorme peso do fardo que carregam. "

"Uma coisa é conhecer as leis do destino para compreender que nada daquilo que acontece aos humanos – felicidade ou infelicidade – é fruto do acaso e outra é encontrar a atitude adequada para os ajudar. Algumas pessoas dirão: «Mas, se eles têm de passar por essas provações, de nada serve querer ajudá-los, porque foram as leis que lhas impuseram.» Não devemos pronunciar-nos de uma forma tão categórica.
Na realidade, os esforços que se faz para ajudar os seres nunca são inúteis; em certas circunstâncias, vendo o vosso amor e a vossa boa vontade, os Senhores dos Destinos podem ceder a seu favor. E esses esforços também são úteis para vós, pois permitem-vos progredir. Quando ajudais os outros, os vossos pensamentos, sentimentos e atos generosos também agem favoravelmente sobre vós. Ajudai os outros! Sereis vós quem primeiro se sentirá melhor."

"Os adolescentes, que não conhecem grande coisa dos mecanismos da vida psíquica, não fazem ideia de quão perigoso é deixarem a sua imaginação vaguear sem nenhum controlo. E os pais e os educadores, que fizeram o mesmo na sua juventude, deixam-nos mergulhar nesses estados nebulosos; por vezes, até os encorajam, dizendo: «Ele sonha, é um poeta. Há que deixá-lo sonhar.» Mas, o que conhecem eles desse mundo ilusório? Na realidade, é o mundo astral, com as suas seduções, as suas ilusões, as suas armadilhas.
A Natureza atribuiu ao homem poderes formidáveis e a imaginação é um desses poderes, mas ela torna-se perigosa, se não for dominada. Os jovens, e também os adultos, que deixam os sentimentos e os desejos de qualquer tipo tomarem conta da sua imaginação acabam por ser presas de correntes e de entidades malfazejas, que provocarão perturbações graves no seu psiquismo. A imaginação deve ser sempre orientada num sentido positivo, construtivo, em direção ao mundo da luz que o Sol simboliza."

"Os humanos não só imaginam que não perdem nada ao separarem-se da harmonia universal, como estão convencidos de que conquistam a sua liberdade e afirmam o seu poder eximindo-se às leis da Natureza, lutando contra elas. Pois bem, esse é o maior dos erros.
O ser humano só se torna verdadeiramente poderoso e livre se conseguir vibrar em harmonia com o Universo. Ele começa a ouvir a sinfonia da Natureza inteira, onde tudo canta: as florestas, os rios, as estrelas... É a esta sinfonia cósmica que se chama “música das esferas”. E, para ouvir esta música das esferas, ele tem de começar por harmonizar todo o seu ser, todos os seus órgãos, todas as células dos seus órgãos, por intermédio de um trabalho assíduo e profundo. No momento em que as menores partículas do seu ser vibrarem em uníssono, a sinfonia do Universo revelar-se-á a ele."
 
"Por que é que acreditar em Deus é uma evidência para alguns e para outros é uma ilusão e até um absurdo? A explicação é simples: cada ser humano, ao nascer, chega à Terra com o somatório das experiências que fez nas suas encarnações precedentes. Se alguém tem fé espontaneamente, é porque o que ele estudou e verificou nas suas existências anteriores ficou registado na sua alma e aparece nesta encarnação como intuição relativa à existência do mundo divino. Se a existência do Pai Celeste é uma certeza para ele, é porque já esteve com Ele desde há muito tempo, comunicou com Ele e foi marcado por impressões tão fortes, que não pode duvidar: ele sabe. A fé é, pois, um saber baseado numa experiência.
Aquele que, nas suas encarnações anteriores, fez experiências nas regiões inferiores do seu ser, tira dessas experiências conclusões que toma como sendo a verdade. E aquele que fez experiências nas regiões superiores, da alma e do espírito, também tira conclusões, e não pode duvidar de que uma inteligência superior se manifesta no mundo."

"Como a sua existência é uma sequência de esforços, de sofrimentos, de obstáculos que tem de ultrapassar, o ser humano é obrigado a lutar e, nas suas lutas, ele enfraquece, esgota-se, isso é visível: dia após dia, há nele algo que se desagrega, que se degrada. Porquê? Porque ele não soube ligar-se à Fonte que jorra, à Fonte inesgotável, a única que pode proporcionar-lhe uma água sempre nova, uma vida sempre nova.
Estar vivo é ser capaz de se renovar, de de regenerar. Mas são raros aqueles que sabem o que significa, verdadeiramente, renovar-se; a maioria confunde o que é novo com o que é diferente. A mudança não traz, necessariamente, algo verdadeiramente novo. Só é novo, realmente novo, o que vem da Fonte Divina, e é a essa Fonte que nós devemos ligar-nos para nos regenerarmos."

"Apesar de os pregadores cristãos se esforçarem por recordar o mandamento ensinado por Jesus: «Amai os vossos inimigos», na verdade, há muito poucas pessoas capazes de o aplicar. A maior parte delas nem sequer sabem amar os seus amigos; então, como é que vão amar os inimigos? É tão difícil! Para se chegar a este amor altruísta, impessoal, há que ligar-se a um ser que realiza plenamente este mandamento: o Sol. Observai: seja qual for o modo como os humanos se comportam, o Sol continua a enviar-lhes a sua luz e o seu calor, alimenta-os, vivifica-os.
Se quiserdes conhecer a moral mais elevada, será no Sol que a encontrareis, e apenas nele. E como aquilo que em vós representa o Sol é o vosso espírito, ao olhardes para o Sol esforçai-vos por elevar-vos em vós até essas regiões do espírito, onde sentis que nada pode atingir-vos, pois só daí é que podereis continuar a enviar a vossa luz e o vosso amor, independentemente daquilo que vos façam."

"São-vos proporcionadas imensas ocasiões para esquecerdes e ultrapassardes a mediocridade da existência quotidiana! Mas vós não pensais em refletir sobre essas ocasiões. O silêncio da noite, o espaço, o céu estrelado, apresentam-nos as melhores condições para conseguirmos uma distância em relação aos assuntos humanos e pensarmos noutros mundos, onde entidades espirituais vivem na harmonia e no esplendor. Tudo o que, para nós, constitui motivo de preocupação, de inquietação, de angústia, nada representa para eles, são acontecimentos minúsculos. Direis vós: «Como? Acontecimentos minúsculos? Mas a fome, as guerras, os massacres, são coisas terríveis!» Sim, é terrível, mas a Inteligência Cósmica não as encara do mesmo modo que nós.
Aos olhos da Inteligência Cósmica, só são importantes os acontecimentos da alma e do espírito. E, se os humanos, em vez de se concentrarem nos seus interesses materiais, atribuíssem mais importância aos acontecimentos da alma e do espírito, seriam mais altruístas, mais compreensivos e mais abertos aos outros; então, seriam evitados no mundo muitos sofrimentos, muitas infelicidades."

"Quando um certo número de pessoas se reúne à volta de uma ideia, os seus pensamentos e os seus desejos criam, desde logo, uma entidade viva; é uma lei do mundo espiritual. E, embora essa entidade não seja feita de partículas suficientemente materiais que lhe permitam ser vista e tocada, ela existe. Chama-se a essa entidade coletiva uma egrégora. Uma egrégora é, pois, uma entidade viva e atuante, e cada país, cada religião, cada corrente de pensamento, tem uma egrégora.
A Fraternidade Branca Universal também tem a sua egrégora, e todos os seus membros, os irmãos e as irmãs que se reúnem em torno do mesmo ideal de paz e de luz, estão sempre a alimentá-la, a reforçá-la. Deste modo, ela não só pode agir sobre as outras egrégoras que há no mundo, para as influenciar beneficamente, mas também, e sobretudo, contribui para a evolução dos seres que trabalham para a formar. "
 
"A bondade tem muito a ver com a vontade. Quem é bom é sempre levado a manifestar os seus pensamentos e os seus sentimentos por intermédio de atos: dá de si próprio para apoiar os outros, para os ajudar, e chega a dar-lhes abanões para os tirar das suas dificuldades. Por isso, muitas vezes, debaixo de uma aparência carrancuda esconde-se um coração muito bom.
Mas, embora a bondade se manifeste por atos, ela não se limita a isso. São necessárias várias existências para que um homem consiga desenvolver realmente essa virtude, que representa, na realidade, uma das formas mais elevadas de inteligência. Diz-se muitas vezes que as pessoas boas são um pouco patetas. Mas que erro! Aquele que consagra as suas faculdades mentais, o seu tempo, as suas forças, a ajudar o próximo, é o mais inteligente, pois a verdadeira inteligência está em esquecer-se de si próprio para se pôr ao serviço dos outros."