quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

ENQUANTO OS VENTOS SOPRAM


Conta-se que, há muito tempo, um fazendeiro possuía muitas terras ao longo do litoral do Atlântico.

Horrorosas tempestades varriam aquela região extensa, fazendo estragos nas construções e nas plantações.

Por esse motivo, o rico fazendeiro estava, constantemente, a braços com o problema de falta de empregados. A maioria das pessoas estava pouco disposta a trabalhar naquela localidade.

As recusas eram muitas, a cada tentativa de conseguir novos auxiliares.

Finalmente, um homem baixo e magro, de meia-idade, se apresentou.

Você é um bom lavrador? Perguntou o fazendeiro.

Bom, respondeu o candidato, eu posso dormir enquanto os ventos sopram.

Embora confuso com a resposta, o fazendeiro, desesperado por ajuda, o empregou.

O homem trabalhou bem ao redor da fazenda, mantendo-se ocupado do alvorecer ao anoitecer.

O fazendeiro deu um suspiro de alívio, satisfeito com o trabalho dele.

Então, numa noite, o vento uivou ruidosamente, anunciando que sua passagem pelas propriedades seria arrasadora.

O fazendeiro pulou da cama, agarrou um lampião e correu até o alojamento dos empregados.

O pequeno homem dormia serenamente. O patrão o sacudiu e gritou:

Levante depressa! Uma tempestade está chegando. Vá amarrar as coisas antes que sejam arrastadas.

O empregado se virou na cama e calmo, mas firme, disse:

Não, senhor. Eu não vou me levantar. Eu lhe falei: posso dormir enquanto os ventos sopram.

A resposta enfureceu o empregador. Não estivesse tão desesperado com a tempestade que se aproximava, ele despediria naquela hora o mau funcionário.

Apressou-se a sair para preparar, ele mesmo, o terreno para a tormenta sempre mais próxima.

Para seu assombro, ele descobriu que todos os montes de feno tinham sido cobertos com lonas firmemente presas ao solo.

As vacas estavam bem protegidas no celeiro, os frangos estavam nos viveiros e todas as portas muito bem trancadas.

As janelas estavam bem fechadas e seguras. Tudo estava amarrado. Nada poderia ser arrastado.

Então, o fazendeiro entendeu o que seu empregado quis dizer. Retornou ele mesmo para sua cama para também dormir, enquanto o vento soprava.

*   *   *

Se os ventos gélidos da morte nos viessem, hoje, arrebatar um ser querido, estaríamos preparados?

Se reveses financeiros, instabilidade econômica levassem nossos bens de rompante, estaríamos preparados?

A religião que professamos, a fé que abraçamos devem nos preparar o Espírito, a mente e o corpo para os momentos de solidão, pranto e dor.

Enquanto o dia sorri, faz sol em nossa vida, fortifiquemo-nos, preparemo-nos de tal forma que, ao chegarem os tsunamis, soprarem os ventos e a borrasca nos castigar, continuemos firmes, serenos.

Pensemos nisso e comecemos ainda hoje a nossa preparação.


Redação do Momento Espírita, com base
em história de autoria desconhecida.
Em 7.2.2018