domingo, 8 de abril de 2018

MESTRE OMRAAM MIKHAEL AIVANHOV


"A ambição impele os humanos a procurarem situações e cargos cada vez mais elevados. Mas isso obriga-os a aceitar responsabilidades cada vez maiores, e chega um momento em que eles as sentem como um constrangimento, um peso, uma fonte de complicações. Essas situações que eles desejaram tanto e às quais dedicaram tanto tempo e tantas energias acabam por esmagá-los.
Um Mestre espiritual também tem de assumir encargos pesados, mas, como ele procura conduzir os seres para uma direção divina, encontra, nessas responsabilidades, possibilidades de evolução infinitas. Isto não quer dizer que ele não sinta qualquer peso. Mas diz para consigo: «Graças a este encargo, vou desenvolver a vigilância, vou alargar a minha consciência», e assim avança, cresce, enriquece-se. Também vós, qualquer que a vossa posição, precisais de assumir encargos: então, sabei escolhê-los e levá-los por diante, de modo a que vos sintais cada vez mais iluminados, mais reforçados, mais enobrecidos."

"Todos os seres humanos têm um rosto interior, que é diferente do seu rosto físico. Este rosto interior é o da sua alma. Ele não tem traços definidos e imutáveis, graças aos quais se poderia reconhecê-lo, está sempre a modificar-se, pois depende estreitamente da sua vida psíquica, dos seus sentimentos e dos seus pensamentos.
Consoante os momentos, esse rosto interior está luminoso ou sombrio, harmonioso ou distorcido, expressivo ou impassível, e as entidades espirituais do mundo invisível, que são sensíveis a essas diferentes expressões, aproximam-se ou afastam-se… Pela oração, pela meditação, pela contemplação, pelos estados de consciência superiores, pouco a pouco, nós conseguimos modelar o rosto da nossa alma, esculpi-lo, pintá-lo, iluminá-lo. Deste modo, um dia essa beleza acabará por impregnar o nosso rosto físico."

"Certas revelações dos Evangelhos podem ser consideradas perigosas, pois o sentido das palavras de Jesus não é fácil de compreender para aqueles que não têm o verdadeiro saber iniciático. «Vós sois o sal da terra», «Vós sois a luz do mundo», «Vós sois deuses», «Sede perfeitos como o vosso Pai Celeste é perfeito»… Como compreender estas palavras, que dão uma imagem tão sublime do ser humano?
Estas revelações estão escritas, foram impressas ao longo de séculos, e cabia à Igreja explicá-las, a fim de preparar os humanos para esta tomada de consciência. Mas a Igreja considerou que explicar aos humanos que podem alcançar a perfeição do seu Pai Celeste não é prudente, que havia o risco de eles se tornarem uns monstros de orgulho… Como se eles não tivessem encontrado outras maneiras de se tornarem orgulhosos! Quando, por não lhes terem explicado em que princípios devem basear a sua fé, eles acabam por assumir-se como descrentes ou ateus e dizem que já não têm qualquer necessidade de Deus, como é que isso se chama: humildade ou orgulho?"

"Num castelo onde se amontoam tesouros, uma bela princesa está cativa de um dragão. Vários cavaleiros se apresentam para a libertar, mas todos são devorados pelo dragão. Até ao dia em que chega, finalmente, um belo príncipe ao qual uma maga, que conhece o ponto fraco do dragão, confiou um segredo para ele o vencer. Depois de o ter vencido, o príncipe liberta a princesa, e que doces beijos eles trocam! Daí em diante, todos os tesouros acumulados no castelo pertencem àquele belo príncipe vitorioso. Depois, os dois, montados no dragão, que cospe fogo, voam pelo espaço.
Interpretemos este conto. O dragão representa a força sexual e o castelo o nosso corpo, com todos os seus tesouros. Nesse castelo suspira a princesa, a nossa alma, que o dragão, ainda não dominado, impede de viver o amor verdadeiro. O príncipe é o nosso espírito e as suas armas são os meios de que ele dispõe para dominar essa força e a utilizar. Uma vez domado, o dragão serve-nos de montada, pois, embora seja representado com uma cauda de serpente – símbolo das forças subterrâneas – também tem asas para nos levar para as alturas."

"Cada pessoa tem uma conceção particular da felicidade, consoante o seu temperamento. Uma fica feliz quando reflete e outra quando vive despreocupada e a divertir-se. Uma tem necessidade de uma vida familiar e outra prefere o celibato. Uma sente-se impelida a ajudar o próximo, a socorrê-lo, a cuidar dele, e outra a dominá-lo ou a destruí-lo, etc.
Na realidade, qualquer busca da felicidade é uma forma de buscar Deus; uma busca mais sábia ou menos sábia, mais esclarecida ou menos esclarecida, mas é sempre a busca de Deus, pois, por detrás da ideia que os humanos têm da felicidade, está Deus. Foi Deus que pôs neles esta aspiração à felicidade, para que possam acabar por encontrá-l'O. E mesmo que, entretanto, eles ainda O procurem passando pelas chaminés, pelos esgotos, pelos pântanos, pelos cemitérios, um dia compreenderão que devem procurá-l'O nas regiões superiores, sob a forma de pureza, de luz. Aí, sim, encontrá-l'O-ão e serão verdadeiramente felizes."

"O fogo é o meio mais poderoso para entrar em contacto com o mundo espiritual, pois ele representa a fronteira entre o visível e o invisível, entre o plano físico e o plano etérico. Por isso, antes de começarem um trabalho com uma certa importância, os Iniciados, os magos, têm o hábito de acender uma chama, tal como os padres antes de dizerem missa, pois a missa também é uma cerimónia mágica.
Onde o fogo participa, há resultados. Por isso, vós também deveis aprender a utilizar o fogo. Quando sentis dificuldades interiores, desgostos, tristezas, desânimos, tentações, escrevei num papel o vosso desejo de recuperar a calma, a força, a clareza, acendei uma vela e pedi ao Anjo do Fogo que vos purifique de todos esses miasmas; depois, queimai o papel. Por que haveis de viver a vida inteira com sofrimentos e limitações? O fogo pode ajudar-vos a sair dessa situação, pois ele introduz-vos nas regiões subtis, onde o vosso pensamento e a vossa voz serão captados."

"É importante aprender a trabalhar com as diferentes fases da Lua. Durante a Lua crescente, as energias físicas e psíquicas que a Natureza depositou no homem ajudam-no a manifestar-se como um ser consciente, ativo, voluntarioso. Depois, durante os catorze dias da Lua decrescente, essas energias têm mais tendência a retirar-se para descer e alimentar as suas raízes, isto é, o estômago e o sexo: o apetite e a sensualidade aumentam, ao passo que a sua atividade mental tende a diminuir.
Uma vez que estas alternâncias existem e não podeis escapar-lhes, é desejável aprender a utilizá-las para fazer um trabalho psíquico. Por exemplo, durante a Lua decrescente, podeis concentrar-vos numa fraqueza de que desejais libertar-vos, pronunciando a seguinte fórmula: «Tal como a Lua decresce no céu, assim também decresça e desapareça em mim esta ou aquela fraqueza.» Inversamente, durante o período da Lua crescente, podeis concentrar-vos nas qualidades que desejais adquirir ou reforçar."

"A economia tornou-se a grande preocupação dos humanos. No interesse da economia, eles sentem-se obrigados a correr, a viver uma vida agitada, porque é preciso produzir cada vez mais para vender cada vez mais e comprar cada vez mais... E todos os que não são considerados suficientemente “rentáveis” são eliminados.
Mas que economia é esta, na qual se acha normal sacrificar os humanos? Ela torna-se cada vez mais florescente, isso é verdade, mas, com isso, os humanos estragam o seu sistema nervoso, e não é só o seu sistema nervoso que sofre, mas também o seu coração, o seu estômago, os seus pulmões, pois toda essa atividade, toda essa produção e todo esse consumo acelerados geram uma poluição que envenena a atmosfera, os mares, as florestas, a água, a terra, os alimentos, etc. Aonde é que está a inteligência? Aonde é que está a razão? Uma “economia” que esbanja, que desperdiça, que suja, que destrói, será a verdadeira economia?"

"É uma lei da física: quando se produz um vazio algures, qualquer coisa vem imediatamente preenchê-lo. Esta lei também tem aplicações na vida psíquica. Quais…? Oh, há muitas, mas uma delas é a seguinte: quando se dá, recebe-se.
Quando esvaziais os vossos reservatórios interiores, dando o vosso amor e enviando os vossos bons desejos a todas as criaturas, algo vem imediatamente do Alto para vos encher. Então, amai e sereis amados. Dai e dar-vos-ão. Dai mesmo aquilo de que tendes falta e obtê-lo-eis. Desejais ser esclarecidos, iluminados, e não sabeis como atrair a luz? É simples: com os vislumbres, a luz frouxa, que possuís, esforçai-vos por iluminar aqueles que vivem na escuridão. Então, as entidades luminosas do mundo invisível virão transmitir-vos a sua clareza, o seu brilho."

"Diz-se de certos seres excecionais que eles têm na fronte uma marca, um sinal que os distingue de todos os outros. E é verdade, mas não é uma marca que uma entidade visível ou invisível lá tenha aposto do exterior; esse sinal vem do interior, é a expressão das suas realizações espirituais. Tudo aquilo que um homem vive – os seus pensamentos, os seus sentimentos, os seus estados de consciência, os seus atos – se regista e deixa marcas, não só em redor dele, mas também, e sobretudo, nele.
Todo o nosso ser está impregnado e é modelado pelas manifestações da nossa vida psíquica. É uma lei: sempre que manifestamos a bondade, a justiça, a paciência, o amor, essas virtudes inscrevem-se em nós e, ao mesmo tempo, criam à nossa volta uma espécie de campo magnético que atrai do espaço forças benéficas que nos protegem. E como, em certos seres, esse magnetismo é muito poderoso, tem-se dito que eles estão marcados com um sinal especial."

"O racismo é uma das piores teorias que alguma vez foram inventadas por indivíduos criminosos, pois, qualquer que seja a raça a que pertence, cada ser humano representa uma célula do grande Ser cósmico. Mas como fazer compreender isto a todas essas “células” que permanecem num nível de consciência tão inferior que se sentem estranhas e até hostis umas em relação às outras? Elas não são capazes de conceber esta unidade a que pertencem e, portanto, à menor ocasião, as suas reações, os seus comportamentos, entram em conflito com o Todo.
Essas células anárquicas têm de admitir que a humanidade inteira, na realidade, é um só organismo, uma só entidade. No dia em que conseguirem admitir isto, cada uma delas já não terá outro desejo a não ser o de entrar em harmonia com todas as outras células que, como elas, fazem parte do Ser supremo, o Criador. Se recusam as outras, se as excluem, na realidade são elas que se excluem do Todo."

"A vida quotidiana dos humanos é um encadeamento ininterrupto de atividades e de preocupações que os projetam para a periferia do seu ser. Eles chegam esgotados ao fim do dia, com a sensação de que, em vez de lhes trazerem algo de construtivo, essas atividades esvaziaram-nos. Quantas vezes não passastes por esta situação?
Para romper com esta engrenagem que vos esgota, fazei várias pausas ao longo do dia: permanecei durante alguns minutos em silêncio, mas num silêncio intenso, vivo, um silêncio no qual a vossa alma e o vosso espírito podem concentrar-se no Criador, na Fonte da vida, e dirigir-se a ela. Treinando assim, regularmente, a vossa faculdade de concentração, conseguireis escapar, ao menos por alguns instantes, aos pesos da vida quotidiana, e ficareis mais bem preparados para enfrentar as dificuldades que vos esperam. Constatareis, então, como é útil saberdes libertar-vos completamente, de vez em quando, de todas as preocupações, concentrando o vosso pensamento unicamente no mundo divino."

"Os humanos sabem, instintivamente, que, para conquistarem a amizade ou o amor dos outros, devem usar palavras agradáveis, elogiá-los, oferecer-lhes presentes, alimentar a sua vaidade. Ao fazerem isso, não é, evidentemente, à natureza superior dos outros que se dirigem; estão a acariciar, a alimentar a sua natureza inferior. Por que é que depois ficam admirados com o facto de uma relação nascida em tais condições prosseguir com mal-entendidos, tensões e confrontos? O desejo de ser amado, de ter amigos, é um desejo sincero e louvável, mas, infelizmente, não se realiza em quaisquer condições. Se se quer suscitar nos outros um amor sincero, generoso, duradouro, há que ter em conta a sua natureza superior e aprender a dirigir-se a ela.
Amar um ser não é querer atraí-lo para vós, com o pretexto de que necessitais dele, mas procurar, incessantemente, projetar luz sobre ele, reforçá-lo. Um amor assim, desinteressado, que será extremamente benéfico para esse ser, trar-vos-á, em retorno, tudo aquilo que desejais."

"Alguém vos diz que é católico, ou protestante, ou ortodoxo, ou judeu, ou muçulmano, etc. Ao ver essa pessoa agir, apercebeis-vos de que a religião à qual ela diz pertencer não tem uma influência real na sua vida, não passa de um conjunto de noções vagas, de formas sem qualquer conteúdo. Ela repete o que lhe ensinaram quando era criança, como se recitasse uma lição, e essas crenças não correspondem, nela, a nada de profundo, de vivo. Deve-se concluir, portanto, que ela tem uma religião, mas, na realidade, não tem fé.
Uma outra pessoa diz que não pertence a nenhuma religião; os seus pais eram, digamos... cristãos, mas não praticavam, não a batizaram e não lhe deram qualquer instrução religiosa. Mas, com o continuar da conversa, e conhecendo melhor a pessoa, constatais que ela tem o sentido do sagrado, está animada por um alto ideal, pelas mais nobres aspirações. Ela não fala de Deus, mas sente, de um modo confuso, uma presença superior no mais profundo de si mesma e no Universo. Essa pessoa não terá uma religião, mas tem fé."

"Antes de vos lançardes num projeto, seja qual for, questionai-vos neste termos: «O que eu procuro é a luz, a paz, o equilíbrio, o autodomínio. Será que os obterei ao fazer isto?» Graças aos critérios da Ciência Iniciática, podeis ter imediatamente a resposta exata. De outro modo, correis o risco de perder mesmo aquilo que já possuís.
Observai os homens de negócios que não param de correr agitadamente por todo o mundo para conseguirem mais um mercado, para instalarem uma nova sucursal... Eles sentem-se orgulhosos ao apresentarem os seus resultados magníficos, sem preverem que todos esses encargos, todas essas atividades nas quais se lançam para satisfazer as suas ambições, destruirão o seu sistema nervoso. Eles estão a perder a sua paz, o seu equilíbrio, a sua saúde e, afinal, que benefícios obtêm?... Alguns até acabam por cometer graves erros e ficam na ruína! Sim, tende atenção a esses exemplos, eles devem fazer-vos refletir. Antes de procurardes fazer uma determinada aquisição ou obter um dado papel, uma dada função, perguntai sempre a vós mesmos aonde é que esses desejos acabarão por conduzir-vos."

"Mais vale um materialista convicto, que não aceita o mundo invisível como uma realidade, do que um pretenso espiritualista que se aventura num mundo que conhece mal e que quer explorar por interesse ou mesmo só para atrair a atenção, para se mostrar original, pois quem age deste modo infringe as leis do mundo espiritual e, mais cedo ou mais tarde, terá de responder pelos seus erros.
O saber que os Iniciados acumularam ao longo dos séculos não era destinado ao uso que dele fazem muitas pessoas que se interessam por ele: curiosos, charlatães, doentes, escroques... Aqueles que se dizem espiritualistas não devem esperar nada da Ciência Iniciática a não ser métodos para se aperfeiçoarem. Qualquer intenção estranha a este propósito não é verdadeira espiritualidade. E aqueles que não sabem, ou não querem saber, em que caminhos se aventuram, correm os maiores perigos. "

"Em todas as religiões há fanáticos que não só julgam ver o prestígio do Senhor ameaçado por toda a parte, mas também imaginam que receberam a missão de O defender. Como se o Senhor fosse tão fraco, que necessitasse de ser defendido! Pois, mas é o que eles creem. Então, condenam, perseguem e massacram pessoas que, muitas vezes, são bem melhores do que eles.
Se fossem honestos, perguntariam ao Senhor a sua opinião e ouviriam o Senhor, que é Amor, responder-lhes: «Não te metas nisso, não é assunto para ti. Se eles quiserem realmente atacar-me, destruir-se-ão a si próprios, e isso é uma punição suficiente. Deixa-os tranquilos. Senão, também tu me ofendes e estás a destruir-te a ti próprio.» Quando se quer, verdadeiramente, defender o Senhor, deve-se manifestar, como Ele, paciência e amor."

"Há imensas pessoas descontentes com a sua existência que consideram que a culpa disso é dos seus pais, que não as compreenderam, não lhes deram boas condições para o seu desenvolvimento, que foram exemplos deploráveis... Talvez seja verdade, mas elas não devem acusá-los. Se tiveram esses pais, é porque os mereceram. Se tivessem merecido viver noutras condições, teriam tido outros pais.
Se alguém já trabalhou, nas suas existências anteriores, para ser um músico ou um pintor de génio, a justiça divina fá-lo reencarnar numa família que lhe dá condições para desenvolver os seus dons. Se ele merece ser fraco, deficiente ou doente, a justiça divina fá-lo reencarnar numa família que lhe transmite fraquezas, doenças físicas ou psíquicas. Os pais só são responsáveis aparentemente, não há que censurá-los por coisa nenhuma, pois eles apenas foram executantes. O que cada um recebe dos seus pais foi ele que o preparou há muito tempo, com o seu comportamento; portanto, se quiser evoluir, tem de assumir que a culpa é sua e pôr-se imediatamente a trabalhar."

"Ter poderes psíquicos nunca deve ser um objetivo. Muitas pessoas, com treino, conseguem desenvolver alguns. Vós, começai por procurar adquirir o maior autodomínio possível, para respeitardes, aconteça o que acontecer, as regras do desapego, da pureza. Sem estas qualidades, não podereis entrar em contacto com as entidades e as forças luminosas da Natureza.
É meu dever alertar todos aqueles que, sem terem estudado bem e adquirido um grande domínio de si mesmos, pretendem ajudar os outros por intermédio da clarividência, da adivinhação, ou curar as suas perturbações físicas e psíquicas com o magnetismo, a imposição das mãos, etc. Só a muito poucas pessoas é dado terem acesso ao mundo invisível para nele lerem o passado, o presente ou o futuro sem risco de errarem, ou para entrarem em contacto com as forças e as entidades psíquicas e espirituais, a fim de ajudarem os outros. Porquê? Porque, para trabalhar com essas forças e essas entidades, são necessárias qualidades ainda mais difíceis de adquirir do que aquelas que nos permitem agir no plano físico."

"Ninguém deve desculpar-se com as suas insuficiências físicas ou psíquicas para viver uma vida medíocre. Mesmo o ser mais desvalido tem a possibilidade de alcançar um estado de consciência superior que lhe permitirá trabalhar para o bem da humanidade. Algumas pessoas dirão: «Mas isso não é possível! Eu não tenho conhecimentos, não sou sábio nem poderoso. O que posso fazer para o bem de milhões e milhões de homens?»
Evidentemente, não ireis realizar de um dia para o outro o Reino de Deus na terra. Mas, a partir do momento em que pensais nele, em que o desejais, orientais as vossas forças e as vossas energias nessa direção. Esse trabalho produzirá efeitos, em primeiro lugar sobre vós mesmos: elevar-vos-eis, tornar-vos-eis mais nobres. E, como nada fica sem consequências, de um modo ou de outro acabareis por influenciar favoravelmente os seres que vos rodeiam. Em todo o caso, aos olhos do Céu nunca podereis justificar-vos por não fazer nada."

"Por que razão é tão importante ter um ideal de beleza, de luz, de pureza, de poder, de amor? Porque esse ideal tem efeitos mágicos: entre ele e nós tece-se uma completa rede de energias. Ele põe em ação as forças ocultas no mais profundo do nosso ser, desperta-as e atrai-as para si.
Um alto ideal serve-nos, em primeiro lugar, como termo de comparação, é como uma medida, um modelo, um padrão; mas, acima de tudo, põe em movimento as forças da nossa consciência e da nossa supraconsciência. Então, pouco a pouco, o nosso mental aprende a discernir e descobre o caminho que nos conduzirá à perfeição; o nosso coração alarga-se e enche-se de amor; e a vontade é estimulada, dinamizada. É assim que um alto ideal põe todo o nosso ser em consonância com o próprio Deus. Nós devemos questionar-nos relativamente a cada pensamento, cada sentimento, cada desejo, cada ação: será que ele nos aproxima do nosso ideal ou nos afasta dele?"

"Procurai tomar consciência do valor desses momentos em que, no silêncio e no recolhimento, recebeis uma luz, uma graça do Céu. Muitos seres humanos sofrem porque não têm esta consciência. Eles recebem bênçãos, mas, mesmo que as sintam, depressa as perdem, porque ignoram o valor daquilo que receberam. Eles imaginam que o Céu está sempre a derramar a sua luz e o seu amor e, quando não têm nada de mais interessante para fazer, aceitam parar durante alguns minutos para os receber!
Não, não é assim que as coisas devem passar-se. O Céu não está à disposição das pessoas levianas e negligentes. Num determinado momento e em certas condições, ele derrama as suas bênçãos e, se não estiverdes suficientemente conscientes para as receber, ou se não souberdes conservá-las, é lamentável, mas perdê-las-eis. Portanto, atenção! Nos dias em que sentis que recebestes uma revelação, uma graça do Céu, procurai conservá-la preciosamente durante o máximo tempo possível."