quinta-feira, 17 de maio de 2018

A GRANDE MESTRA



A vida não é vivida por todos da mesma forma. Cada um tem sua maneira particular de viver, de sentir. Até de receber e administrar as dificuldades que lhe chegam.

É interessante observarmos pessoas que sofrem intensas dores, que passam os dias imersos em graves problemas e, no entanto, mantêm o sorriso nos lábios e a disposição de viver.

Quem as observe à distância, desconhecendo-lhe os dramas que enfrentam, acreditam que são criaturas totalmente felizes, sem dificuldade alguma que as alcance.

Parecem plantas a florescer em pleno inverno. Algo semelhante ao ipê, essa árvore teimosa.

Enquanto as outras escolhem florescer no clima ameno da primavera e nos dias quentes e chuvosos do verão, ela engalana as quadras finais do inverno.

Indiferente às baixas temperaturas, apresenta as suas flores amarelas, brancas, roxas em abundância.

E quando chega a ventania gélida, ela lhe entrega os ramos, e deixa-se despir das flores lindas, bordando o chão.

Esperançosa, aguarda a primavera.

Bom seria se fôssemos como o ipê, oferecendo nossas floradas de sentimentos ao mundo, mesmo nas quadras invernais das nossas existências.

Ou que imitássemos aquelas outras flores que atingem o esplendor justamente no tempo gelado, como a gérbera, parente das margaridas.

Ou a tulipa que exige, para seu desenvolvimento, o clima frio. Ou a camélia que exibe todo seu esplendor em plena invernia.

Quadras invernais todos as temos. Aquelas em que o ar gelado da solidão nos castiga, os problemas se somam como flocos de neve caindo, de forma incessante, sobre nossas cabeças.

Ou então a chuva fina, gélida das dificuldades se faz insistente.

Bom seria florir enquanto outros se mostram entorpecidos, adormecidos pelas horas invernosas. Florir em meio à estação fria dos sentimentos alheios.

Florir em meio à indiferença de tantos.

Florir quando os corações já se despiram de esperanças e os cenhos carregados dizem das preocupações que lhes tomam as horas.

Ofertar flores coloridas quando os céus se apresentam cinzentos, as nuvens carregadas, anunciando chuvas intensas, logo mais.

Oxalá pudéssemos ser como a natureza que se renova, esplendorosa, depois da tempestade que a violentou, e lhe despedaçou os ramos, despetalou as flores.

Pudéssemos nos reerguer como o bambu que se dobra à fúria da ventania e, passada a tormenta, se ergue, viçoso, novamente.

Temos tanto a aprender com a natureza que todos os dias nos leciona fortaleza, bom ânimo.

Que não se abala com a destruição porque reconhece seu próprio poder de refazimento.

Que após a chuva torrencial, oferece o ar límpido, leve e aguarda a chegada do carro do sol, triunfante, despejando ouro.

Que, caprichosa, pincela as nuvens de cores enquanto esculpe formas delicadas que enchem de imaginação a cabecinha das crianças: carneiros, leões, uma águia...

Sim, a natureza é mestra exemplar. Se a observássemos mais, descobriríamos muitas formas de nós mesmos sermos mais felizes, imitando-a.

Não nos permitiríamos o desespero ante os abalos sísmicos da alma, nem a depressão ante os percalços que a vida nos apresenta.

Natureza. Obra das mãos Divinas que nos oferece beleza, harmonia, lições de bem viver.

Aprendamos com ela, nossa mãe natureza.


Redação do Momento Espírita.
Em 16.5.2018