domingo, 6 de maio de 2018

MESTRE OMRAAM MIKHAEL AIVANHOV


"As velas e as lamparinas que se acendem nas Igrejas são símbolos do nosso espírito e da nossa alma, que devemos acender com a chama celeste. Quando os tivermos acendido, também poderemos acender outros espíritos e outras almas à nossa volta, tal como acontece nas igrejas ortodoxas, na manhã de Páscoa. Cada fiel tem uma vela na mão; o sacerdote começa por acender um círio, o oficiante mais próximo, que o assiste, acende nele o seu; depois, um a seguir ao outro, cada fiel acende a sua vela na de quem está ao seu lado. Assim, dir-se-ia que o fogo, passando de mão em mão, está em andamento, até que a igreja fica cheia de uma imensidão de pequenas chamas.
Numa Escola lniciática, nós aprendemos a acender o nosso espírito e a nossa alma no fogo divino. E, depois de os termos acendido, alimentamos continuamente a sua chama, para que outros espíritos e outras almas possam vir acender-se também nesse fogo. "

"A lei do tempo é implacável, nada lhe resiste. Quando um edifício envelhece, torna-se evidente que ele tem de ser reparado; esta constatação também se aplica ao ser humano: o seu eu tem de ser renovado, rejuvenescido, iluminado, isto é, reconstruído sobre novas bases, com materiais novos.
Vós perguntareis: «Mas como é que podemos reconstruir o nosso corpo?» Não se trata de reconstruir nem sequer de rejuvenescer o corpo físico, não se pode impedir que ele envelheça. Mas esse envelhecimento deve ser compensado pela construção do corpo espiritual, graças a uma matéria inalterável que se encontra muito alto, nos planos subtis. Pela meditação, pela contemplação, nós podemos atrair as partículas dessa matéria e introduzi-las em nós para construirmos um corpo novo, a que se chama “corpo da glória”. Era isso que São Paulo queria dizer, quando falava do velho Adão que devia renascer em Cristo."

"Por que é que o amor entre os homens e as mulheres não dura? Porque, em vez de cada um ligar o outro à Fonte Divina, para ambos se renovarem continuamente, agarram-se um ao outro e acabam por esgotar-se. Quando já não há nada, eles são como recipientes vazios e rejeitam-se. Considerai, pois, o homem ou a mulher que amais como um ser precioso, único, e pensai que depende de vós torná-lo vivo, belo e rico, se o ligardes à Fonte, ao Pai Celeste, à Mãe Divina, a todas as hierarquias angélicas, ao Sol, às estrelas...
O amor dá-vos todas as possibilidades. Mas se, em vez de ligardes ao Céu o ser que amais, vos alapardes a ele e lhe tirardes a suas energias, com o tempo esse ser ficará esgotado e amá-lo-eis menos. Mas de quem é a culpa? Por que não o ligastes ao Céu? Agora estais inquietos, interrogais-vos a seu respeito. Deveis, pois, aprender a projetar esse ser até muito alto, para que ele possa respirar, beber, alimentar-se. E ele deve fazer o mesmo convosco. Então, já não sereis simples recipientes, mas sim uma fonte inesgotável um para o outro."

"Por todo o mundo, os homens e as mulheres têm ocupações, afazeres, dedicam-se a atividades de todo o tipo, e chamam a isso “trabalhar”. Não, eles ainda não sabem que o verdadeiro trabalho é procurar atingir a perfeição do Senhor. Todas as faculdades que eles têm – a vontade, o coração, o intelecto, a alma, o espírito... – foram-lhes dadas para eles progredirem no caminho rumo a essa perfeição. Enquanto não tiverem compreendido isso, o mundo apresentará este espetáculo lamentável no qual se vê eles utilizarem as faculdades físicas e psíquicas que receberam da Natureza para agirem mal e se destruírem. Mas dizei-me: «Que sentido pode ter uma existência assim?»…
Compreendei que nós somos chamados a trabalhar numa obra sublime. E sabereis verdadeiramente o que é trabalhar no dia em que mobilizardes todas as faculdades e todas as forças que há em vós para vos aproximardes do modelo divino."

"No momento em que surgem, os mal-estares interiores são como uma matéria fluídica, maleável, sobre a qual é possível agir, mas na condição de não se esperar, pois, pouco a pouco, essa matéria solidifica-se e acaba por resistir a qualquer esforço para mudar o que quer que seja.
Consideremos uma imagem. Vós pusestes imprudentemente os pés em cimento líquido e ficais ali, pensando noutra coisa. O cimento irá endurecer e tornar-se-á tão duro que vós ficareis presos; será preciso trazer ferramentas para o partir e correreis o risco de ficar feridos. Pois bem, é também assim que as coisas se passam na vida interior. Se não reagirdes rapidamente a certas sensações dolorosas, depois será demasiado tarde. Essa matéria psíquica solidifica e não é possível “parti-la” sem causar outros estragos."

"Uma cura obtida por meios físicos (medicamentos, operação cirúrgica...) pode não ser definitiva, porque as perturbações do organismo, muitas vezes, são apenas a materialização de perturbações psíquicas: desordens nos pensamentos e nos sentimentos. Para se recuperar a saúde, há que chegar às causas, isto é, corrigir alguma coisa no psiquismo. Mas pode demorar muito tempo até as consequências benéficas se fazerem sentir no plano físico. Por isso, mesmo que as melhorias trazidas por meios físicos não sejam duradouras, ao mesmo tempo que se faz um trabalho psíquico, há que recorrer a esses meios, pelo menos para deter momentaneamente as destruições causadas pela doença. Para combater um mal já inscrito no corpo físico, são necessários meios físicos.
A espiritualidade não deve servir de pretexto para se brincar com a saúde. É preciso reconhecer que, no seu comportamento em relação à doença, muitas vezes os materialistas mostram mais bom senso do que os espiritualistas."

"Não se pode impedir uma alma de caminhar para a luz, pois a alma é filha de Deus, ninguém tem poder sobre ela. Eis uma questão que os casais devem ter em conta. Se um homem vê que a sua mulher se sente atraída pela vida espiritual, porque deseja aperfeiçoar-se, deve regozijar-se com isso e não tentar impedi-la de o fazer. Tanto mais que, se a sua mulher se enriquecer interiormente, ele também beneficiará com isso. E uma mulher deve dar a mesma liberdade ao seu marido.
Evidentemente, nunca foi preconizado que, com o pretexto da espiritualidade, um homem ou uma mulher comece a descurar as suas obrigações. Pelo contrário, para impelir e convencer o outro, deve usar a sua inteligência e o seu coração de modo a preservar a harmonia na relação e, sobretudo, não se deixar arrastar para o fanatismo. É importante que, num casal, o homem e a mulher estejam conscientes desta necessidade. É pela paciência, pela gentileza, pela ternura, que se pode ajudar e instruir o outro e conduzi-lo para o Criador."

"O suicídio é um erro muito grave para com a vida que Deus nos deu. Eu não me refiro a circunstâncias absolutamente excecionais que levam certas pessoas a porem fim aos seus dias para salvarem outros seres humanos. Refiro-me a todos os casos em que, ao suicidarem-se, homens e mulheres revelam que não souberam utilizar as possibilidades que o Criador pôs na sua inteligência, no seu coração e na sua vontade.
Aqueles que têm uma compreensão correta das coisas sabem que existe um mundo superior povoado por uma multidão de criaturas sábias e cheias de amor, e que lhes cabe estudarem esse mundo, que imprimiu a sua marca no mundo físico. Eles também sabem que os sentimentos e os desejos têm um tal poder que, com paciência, com tenacidade, conseguirão realizar as suas melhores aspirações. Finalmente, sabem que as dificuldades que encontram são um meio para exercitarem a sua vontade. Mesmo a miséria, as privações, as doenças e a solidão não conseguirão vencê-los, eles é que triunfarão."

"Quando Jesus diz, no Pai Nosso: «Venha a nós o teu Reino, seja feita a tua Vontade, assim na terra como no Céu...», ele não só sublinha a ligação que existe entre a terra e o Céu, mas também revela aos humanos que eles têm a tarefa de transformar, embelezar e purificar a terra, para ela se tornar, um dia, semelhante ao Céu. Vós direis que isso não é possível. É possível, sim.
Um espiritualista deve dirigir-se para o Céu, é verdade; mas o seu trabalho não termina aí. Ele deve pensar em fazer descer essa luz, esse amor, esse poder e essa pureza que existem no Céu, para os introduzir no seu cérebro, nos seus pulmões, no seu estômago... em todo o seu corpo. É assim que, após anos de esforços, ele conseguirá realizar em si a união do Céu com a terra, do espírito com a matéria. Quando tiver realizado essa união em si mesmo, ele poderá contribuir para a realizar também à sua volta."

"Podeis encontrar o Céu, a terra e mesmo o Inferno no Universo e, portanto, também em vós mesmos. Só a vós cabe decidir onde pretendeis ir, quanto tempo lá quereis ficar, e sair o mais rapidamente possível dos locais perigosos onde vos transviastes.
Imaginai que sois convidados a ir a um bar tomar qualquer coisa com uns amigos. Isso não é razão para ficardes lá eternamente. Ou, num passeio pelo campo, começais a colher uns morangos; isso está muito bem, mas pensai em voltar, senão a noite virá e não encontrareis o caminho de volta. Se pronunciastes palavras infelizes que causaram estragos, é inútil ficardes a alimentar remorsos por causa disso; pronunciai outras palavras, para reparar o que foi provocado pelas anteriores. E, se cairdes num pântano infestado de animaizinhos malfazejos, não vos limiteis a gritar e a recitar orações: apressai-vos a sair de lá! Tudo isto são imagens para vos mostrar que, muitas vezes, a sabedoria consiste em mudar de lugar ou de atitude."

"Será que Deus nos ama verdadeiramente? Mesmo os crentes se interrogam muitas vezes nestes termos. Mas só terão uma resposta no dia em que eles próprios começarem a amar Deus. Ele não necessita do nosso amor, nós é que necessitamos de O amar. Os grandes Mestres de todas as religiões ensinaram os homens a amar Deus precisamente porque conheciam uma lei mágica que corresponde, no plano espiritual, àquilo que se pode constatar todos os dias no plano físico.
Por exemplo, vós atirais uma bola contra uma parede: a parede reenvia-vos a bola. Numa montanha, pronunciais palavras que embatem na parede rochosa: elas voltam a vós como eco. Do mesmo modo, quando enviais o vosso amor a Deus, de todos os pontos do Universo ele volta a vós amplificado, pois Deus está presente em todo o Universo. Deus não necessita de nós, mas nós necessitamos d'Ele e só pelo nosso amor é que podemos atrair o seu amor, em retorno."

"Alguém que está sempre a salientar os defeitos dos outros não se apercebe de que, desse modo, entra em sintonia com esses defeitos e também se prejudica a si próprio. É que existe uma lei que refere o seguinte: «Se queres corrigir uma determinada pessoa, é porque és rico; então, dá-lhe metade da tua riqueza.» Mas, a quem fala bem de outra pessoa, o Céu diz: «Ao falar assim de ti, ele enriquece-te. Então, dá-lhe um pouco dos teus tesouros.» É muito claro: se dizeis mal dos outros, são eles que ganham com isso; se disserdes bem deles, sereis vós a beneficiar.
Mas admitamos que fostes obrigados a criticar alguém: não termineis a conversa nesse ponto, acrescentai pelo menos umas palavras positivas a seu respeito. Quaisquer que sejam os defeitos dessa pessoa, encontrareis nela uma qualidade de que podereis falar, para agirdes beneficamente sobre ela... e sobre vós! Nunca se deve ficar pelo lado negativo."

"O Sol brilha, e brilha sem se preocupar em saber se as criaturas às quais ele envia os seus raios são inteligentes ou estúpidas, boas ou criminosas, se elas merecem ou não os seus benefícios: ele ilumina-as todas sem distinção. Por isso se pode dizer que o Sol é o melhor símbolo do amor divino.
Considerai os seres mais extraordinários que existiram na Terra: todos tiveram alguns preconceitos, algumas preferências e até algumas animosidades. Mesmo os maiores profetas, mesmo os maiores Mestres, não conseguiram libertar-se completamente da necessidade de aplicar a lei da justiça e de punir os maus, pois não há nada mais difícil. Só o Sol lança sobre os humanos o mesmo olhar que o próprio Deus. Ele sabe que eles são centelhas divinas que, um dia, voltarão para o seio do Eterno. Por isso, há milhares e milhares de anos que ele continua pacientemente a aquecê-los, a iluminá-los, a vivificá-los. Isto não estimula em vós o desejo de fazer como ele?"

"As pessoas raramente estão conscientes dos seus maus hábitos mentais. Um, quando tem de começar um trabalho, fica imediatamente crispado, tenso; outro, perante cada situação nova, tem como primeira reação mostrar-se negativo ou ansioso; outro revolta-se, um outro desanima... Mas, como são reflexos de que eles nem sequer se apercebem, não conseguem evitá-los e, sejam quais forem as circunstâncias, caem fatalmente nos mesmos desaires.
Se quereis libertar-vos dos vossos maus hábitos mentais, a primeira coisa que deveis fazer é observardes-vos, para saberdes quais são. A partir do momento em que começais a ver claro em vós, recebeis os meios para remediar a situação: todas as possibilidades que o Criador pôs na vossa subconsciência, na vossa consciência e na vossa supraconsciência se mobilizam. Assim, progredis em cada dia, graças a essa vontade de vos estudardes e de estardes lúcidos em relação a vós próprios."

"Não basta pedir ao Céu que vos esclareça: se não começardes por fazer um trabalho interior de limpeza, de purificação, não recebereis corretamente a sua resposta. Porquê? Porque essa resposta, ao passar através de todas as camadas opacas que acumulastes em vós, chegará deformada. Quando se mergulha um pau na água, a parte imersa parece que está partida, desviada, pois o ar e a água não têm o mesmo índice de refração.
Do mesmo modo, os conselhos do mundo divino, quando têm de atravessar um meio psíquico que não está convenientemente preparado para os receber, sofrem deformações. Para estardes seguros de que recebeis do Céu respostas claras, límpidas e verídicas, deveis fazer um trabalho interior de ajuste, de clarificação, de purificação. Senão, o risco de errar será enorme! Portanto, antes de interrogardes o Céu sobre aquilo que deveis fazer, preparai-vos para receber corretamente as suas respostas."

"Não podemos conceber o espírito sem a matéria, mas a matéria também não pode ser concebida sem o espírito, pois no começo há o espírito: tudo o que existe no Universo tem a sua origem no Alto, no mundo do espírito, e a matéria é uma condensação progressiva do espírito.
É muito importante para o homem cultivar esta filosofia da primazia do espírito, pois ela dá-lhe os meios para dominar os acontecimentos. Mesmo a braços com as dificuldades da vida (a saúde, o trabalho, as relações com os outros, os acidentes), ele sabe que não pode ser vencido, pois, pelo poder do espírito, não só escapa às circunstâncias, como pode agir sobre elas; ele não aceita que sejam os acontecimentos a comandar, é ele que os controla. Então, cabe a vós escolher, pois, consoante a filosofia que abraçardes – a filosofia da matéria ou a do espírito –, sereis fracos ou poderosos."

"Aqueles que agem mal serão vítimas, mais cedo ou mais tarde, das desordens que criaram em si próprios. Por mais que se julguem muito fortes e acreditem que podem fazer tranquilamente o que quer que seja, as suas más ações inscrevem-se na sua consciência e, um dia, vêm atormentá-los: a inquietação e os remorsos corroem-nos interiormente. Mesmo um mago, um Iniciado, que tem poderes sobre a Natureza e a quem os espíritos obedecem, não pode escapar a esta lei. Não há poder algum capaz de apaziguar um homem atormentado por um sentimento de culpa e é por isso que ele enfraquece interiormente. Pouco a pouco, o seu mundo interior e o mundo exterior escapam ao seu controlo.
Portanto, só deveis contar com as vossas ações retas e honestas. Logo que transgredis uma lei, perdeis os vossos poderes. Eles só voltam quando conseguis reparar os vossos erros. O que diferencia os Iniciados dos homens vulgares é que eles conseguem reparar rapidamente os seus erros. O seu poder reside nisso, na capacidade que eles têm para reparar."

"O espaço infinito é o reino da alma. Assim, quando a alma de um ser se sente limitada, procura evadir-se a todo o custo e impele-o a dar-lhe meios para isso. Quem não é capaz de proporcionar à sua alma elementos de natureza espiritual será impelido a procurar substâncias materiais, como o álcool ou a droga, pois o álcool e a droga têm a propriedade de afastar a alma do corpo físico e dão-lhe, pelo menos por um momento, a ilusão de espaço e de liberdade.
Mas o álcool e a droga não passam de elementos químicos que se dá ao corpo. Ora, o corpo não tem necessidade de se evadir. A necessidade de evasão vem da alma, não do corpo. Beber ou drogar-se são indícios de que a alma pede para viajar nos espaços infinitos. Mas, como não é essa evasão que pode satisfazê-la, não só ela continua a definhar, como o corpo é destruído. Só os meios espirituais podem corresponder à necessidade que a alma tem de se dilatar no espaço."

"A doença é um sinal de que a desordem reina nesse reino que é o corpo físico. Por não ser um bom monarca, foi o próprio homem que, por causa da sua ignorância, permitiu que essa desordem se instalasse. Agora, é preciso que surja no seu cérebro uma luz, uma luz capaz de convencer todas as células do corpo de que, para se tornarem verdadeiramente poderosas e ricas, têm de entender-se e unir-se.
No interesse do imenso reino ao qual pertencem, todas as células devem harmonizar-se e vibrar em uníssono. Então, os órgãos trabalharão em conjunto, inteligentemente e com amor, e isso trará a abundância e a felicidade a todos os habitantes do reino."

"Todos os exercícios espirituais e todos os esforços que fazemos para nos aproximarmos de Deus e nos unirmos a Ele dão resultados. Mas não imagineis que, por terdes tido a sensação de que vos fundistes na consciência cósmica durante alguns segundos, daí em diante os vossos pensamentos, os vossos sentimentos e os vossos atos serão sempre inspirados pela vossa natureza divina, pelo vosso Eu superior. Não, infelizmente não! A vossa natureza inferior continuará a vir manifestar-se, não tenhais ilusões. Pelo contrário, precisais de estar ainda mais vigilantes e ser ainda mais lúcidos, pois não há nada mais perigoso para a vida espiritual do que não ver claro em si mesmo.
Cometer erros não é muito grave, se os reconhecermos para podermos repará-los e não os repetirmos. O que é grave é julgar-se inspirado pelo Espírito Santo quando, na realidade, se está a obedecer aos seus maus instintos. "

"Deveis continuar a acreditar e a amar, aconteça o que acontecer. Mesmo que os humanos se portem mal convosco, mesmo que eles vos dececionem, vos enganem, nunca deixeis esmorecer a vossa fé e o vosso amor, porque perdereis o sentido da vida. Meditai nesta questão, pesando os prós e os contras na vossa balança espiritual: constatareis que, parando de amar os humanos, deixareis secar a fonte que corre em vós, e isso não é uma punição para eles, mas para vós próprios.
Por que haveis de interromper em vós o curso daquilo que deve ser eterno, inesgotável, com o pretexto de que sois incompreendidos, vos desiludiram ou abusaram de vós? Houve tantos santos, profetas e Iniciados que foram perseguidos! Mas eles continuaram a amar e a acreditar. Então, que discípulo pode considerar-se digno de receber a Iniciação se começar a já não amar ninguém, a já não confiar em ninguém, porque foi enganado ou lesado algumas vezes?..."

"O problema do mal ultrapassa o entendimento humano, e é por isso que não se pode resolvê-lo pelo raciocínio. Na verdade, o mal só existe realmente e só é realmente temível para os fracos e os ignorantes; eles não aprenderam a dominá-lo, para o utilizar. O mal de que a religião tanto falou sem o compreender, os filhos de Deus, os Iniciados, os grandes Mestres, consideram-no uma matéria preciosa, rica, que se pode explorar e de que eles se servem para realizações fantásticas. Pelo facto de serem muito fortes, muito puros, os Iniciados ousam atacar o mal mergulhando nas profundezas obscuras do seu ser. E, graças a essa audácia, eles recolhem tesouros, tal como os pescadores que mergulham no oceano e, escapando às algas e aos tubarões, apanham ostras com pérolas.
Mas estas experiências não são aconselháveis para todos. Há muito poucos seres na Terra que podem permitir-se descer até às profundezas da sua natureza para trazerem de lá uma matéria que conseguirão sublimar. Porém, é útil saberdes que isso é possível."

"Na mitologia, a fénix é uma ave da Arábia que, periodicamente, se punha sobre um monte de plantas aromáticas, ela própria lhe lançava fogo, era consumida e depois renascia das suas cinzas. Por isso ela se tornou o símbolo dos seres mais evoluídos que, conhecendo as leis da vida imortal, são capazes de se renovar incessantemente. Esses seres tomaram o Sol como modelo.
Todos aqueles que aspiram à vida imortal, que é a verdadeira vida espiritual e não um prolongamento sem fim da vida física, devem também focar-se no Sol. Só o Sol pode ensinar-lhes quais são os elementos que dão a imortalidade e que trabalho podem fazer com eles. Esses elementos são três: a luz, o calor e a vida. O Sol distribui-os continuamente através do espaço, como expressões da luz, do calor e da vida divinos. No dia em que assistirdes ao nascer do Sol com a consciência de que podeis alimentar-vos com a sua luz, o seu calor e a sua vida, tornar-vos-eis imortais, porque tereis aprendido a renovar-vos. "

"A vossa existência atual é, em grande parte, determinada pela natureza das ligações que tecestes ao longo das vossas existências anteriores. Nos planos material e psíquico, as dificuldades e os tormentos, tal como as vantagens e os sucessos que agora encontrais, vêm das ligações visíveis e invisíveis que criastes no passado. Sabendo isso, deveis estar vigilantes e ter muito cuidado com as ligações que estabeleceis continuamente, todos os dias.
Toda a existência é feita de ligações e, quer tenhais consciência disso, quer não, entrais constantemente em relação com seres humanos, com entidades invisíveis, com a Natureza, com todo o Universo, e essas relações são uma questão fundamental. Por isso, é importante que comeceis a passar em revista as ligações que já estabelecestes: identificai as que são boas, para as manterdes ou até as reforçardes, e as que são más, para as cortardes. E estudai também novas ligações que possais estabelecer com outras criaturas."

"Nunca aceiteis esse estado de bifurcação em que dois pensamentos ou dois desejos contrários vos puxam cada um para seu lado e vos deixam desorientados, sem saber o que fazer. Para escapardes a esta desorientação, deveis criar a unidade em vós.
“Unidade” significa que todas as partes da periferia estão ligadas harmoniosamente com o centro, para manter o equilíbrio necessário à manifestação e à conservação da vida. Esta unidade é a lei da vida: átomos, moléculas, órgãos, membros, indivíduos, países, todos, a níveis diferentes, devem convergir para um centro, todos devem ligar-se ao centro e até amarrar-se a ele, para não serem arrastados por correntes contrárias. Em nós, este centro pode ser designado “Deus”, mas também pode ser um ideal muito elevado, uma vocação. Quem não procura ligar-se ao centro por intermédio dos seus pensamentos, dos seus sentimentos e dos seus atos cria uma bifurcação que, mesmo que breve, provoca desordens, oposições, ruturas."