domingo, 3 de março de 2019

MESTRE OMRAAM MIKHAEL AIVANHOV


"O frio é compreendido, muitas vezes, num sentido negativo, é associado àquilo que contrai e paralisa, ao passo que o calor simboliza o que é vivo, generoso. Na realidade, existem duas espécies de calor e duas espécies de frio. Há o calor que dilata, vivifica, faz amadurecer, e o calor que queima, que seca. Há o frio que conserva tudo e que é bom, e o frio que paralisa toda a vida.
Consideremos o ciclo da água na Natureza. Sob o efeito dos raios solares, ela aquece e evapora-se. Chegada às camadas superiores da atmosfera, arrefece, cristaliza e cai sob a forma de neve. Quando o Sol faz fundir a neve, a água desce até aos vales, onde vai dar aos rios, aos lagos, aos oceanos. Depois, evapora-se de novo e o ciclo recomeça… Deste modo, a Natureza utiliza a alternância entre o frio e o calor para perpetuar a vida.
No ser humano, o intelecto deve ser frio para pensar corretamente e progredir na via da sabedoria, mas o coração deve ser quente para manifestar o amor."

"Os humanos têm tendência para fazer classificações; classificam a inteligência, o talento, a força, a destreza, a beleza, a riqueza, etc. Em toda a parte, existe sempre um primeiro e um último. Mas estas classificações são muito relativas. Quando se considera um número limitado de indivíduos, pode dizer-se que um deles é o primeiro e outro é o último; mas, quando se considera a vida como uma cadeia infinita e ininterrupta, aonde é que se vai encontrar o primeiro e o último?... Do mesmo modo, se se comparar a existência com uma roda a girar, o que está em primeiro torna-se o último e inversamente.
E na família, quem é o primeiro: o pai, a mãe ou o filho? Pela idade, o filho é o último, mas, pela importância, está em primeiro lugar, porque o pai e a mãe concentram toda a atenção nele. Ou, então, algumas pessoas que estão em primeiro lugar quando se trata de ser sábio, inteligente ou instruído, são os últimos em resistência física, e inversamente. É assim o mundo: aqueles que são os primeiros num domínio são os últimos noutro. Cada um pode regozijar-se pensando que é o primeiro em alguma coisa. "

"Uma palavra que contém verdade só pode ser compreendida e, sobretudo, aplicada se cair num terreno favorável. Para esclarecer esta questão, devemos tomar como ponto de partida a estrutura psíquica do ser humano. Essa estrutura assenta em três princípios: o intelecto, graças ao qual ele pensa, o coração, graças ao qual ele tem sentimentos, e a vontade, que o impele à ação. Ora, a vontade nunca age sem um propósito, mas sim sob o impulso de pensamentos e de sentimentos.
Observai-vos: para tomardes a decisão de agir, não basta pensardes que isso é útil, também precisais de gostar do que ides fazer. Podemos dizer, pois, que os atos são a concretização dos pensamentos produzidos pelo intelecto e dos sentimentos produzidos pelo coração, são filhos deles; e, consoante a qualidade desses pensamentos e desses sentimentos, os atos executados pela vontade são bons ou maus. São bons se o intelecto for inspirado pela sabedoria e o coração for inspirado pelo amor. É nessa circunstância que se age em consonância com a verdade, como uma semente que germinou e cresceu numa terra fértil."

"O que sabemos nós de um ser humano? Podemos descrever o seu corpo físico, tocar-lhe, mas a entidade que formou esse corpo, que habita nele e faz com que ele esteja vivo, não é possível descrevê-la e tocar-lhe. Um homem está estendido no chão, é visível, palpável, mas está morto: é porque algo invisível o deixou, esse “algo” que o fazia caminhar, falar, amar, pensar… E podeis pôr junto dele todo o tipo de comida e todos os tesouros do mundo, dizendo-lhe: «Tudo isto é para ti, meu caro! Regozija-te!», que não haverá nada a fazer, ele não se mexerá.
À primeira vista, o mundo que nos rodeia, o mundo que podemos ver, tocar, medir, parece-nos ser a única realidade. Não podemos negar que é uma realidade, mas não toda a realidade. Ele é somente a concretização, a materialização de um mundo invisível onde circulam forças, correntes, entidades. A verdadeira realidade não está acessível aos nossos cinco sentidos."

"O ser humano será sempre habitado por instintos e desejos que são, para ele, ocasiões para se extraviar. Mas ele não deve lutar contra esses instintos e esses desejos para os extirpar, pois eles representam as raízes do seu ser e, se ele arrancar as suas raízes, a fonte da vida acabará por secar. Ele deve unicamente esforçar-se por transformar, sublimar, os seus instintos e os seus desejos. Só que, seja em que domínio for, as pessoas compreendem melhor as palavras “arrancar” e “extirpar” do que as palavras “transformar”, “transmutar”, “sublimar”. É neste domínio, pois, que há um trabalho a fazer.
Quando sentis que um desejo pode levar-vos a agir mal, muitas vezes é quase inútil lutardes diretamente contra ele. Não o ataqueis, procurai antes elevar-vos até ao plano dos sentimentos, do pensamento, da alma, do espírito, e orientai-o num sentido diferente. Cada um deve esforçar-se diariamente por purificar, por enobrecer os seus desejos, pois eles ligam-no às regiões do espaço e às entidades que lhes correspondem, obscuras ou luminosas."

"Imensas pessoas passam o tempo a criticar os outros e fazem-no com satisfação e orgulho: sentem-se tão superiores! Na realidade, trata-se de uma fraqueza, de que não deveriam estar orgulhosas. Todas as palavras negativas são como um suporte material fornecido aos espíritos malfazejos, que se servem delas para a execução dos seus maus desígnios. Direis que nem sempre o mal que se diz de alguém corresponde realmente àquilo que se pensa. É possível, mas isso não impede que se tenha dado a entidades maléficas meios para elas fazerem mal.
Evitai, pois, as críticas, sobretudo se não estiverdes absolutamente seguros daquilo que dizeis. E mesmo que, por certas razões, sejais obrigados a falar do comportamento de uma pessoa que agiu mal, para serdes pedagógicos procurai sempre terminar mencionando pelo menos uma das suas qualidades. Realçar os defeitos ou os maus comportamentos das pessoas nunca serviu para as corrigir. Muitas vezes, com as críticas só se acrescenta mal ao mal."

"Quando as aves veem que o perigo se aproxima, levantam voo. Imitai-as! Quando vos sentis ameaçados, levantai voo e elevai-vos a um ponto tal que, pelo menos interiormente, estareis protegidos em relação a todas as formas de agressão. É este o conselho que a sabedoria dá. Se ele é tão difícil de seguir, é porque os humanos têm tendência sobretudo para obedecer à lei da ação e da reação. Fazem-lhes mal, eles ripostam, vingam-se, e, muitas vezes, até a dobrar. Não será assim que resolverão os problemas.
Aliás, quando se vê certas pessoas agirem, não se percebe se elas estão realmente empenhadas em resolver os problemas, em encontrar maneiras de viver em harmonia. Dir-se-ia, até, que os confrontos com os outros acabam por lhes agradar: elas medem forças, marcam pontos ou perdem-nos e tentam recuperá-los. Esgotam-se nesta luta, mas acham isso normal. Talvez seja normal para elas, mas não é normal aos olhos da sabedoria divina, que nos aconselha a resolvermos os conflitos ganhando altura, elevando-nos. "

"O que sabemos nós de um ser humano? Podemos descrever o seu corpo físico, tocar-lhe, mas a entidade que formou esse corpo, que habita nele e faz com que ele esteja vivo, não é possível descrevê-la e tocar-lhe. Um homem está estendido no chão, é visível, palpável, mas está morto: é porque algo invisível o deixou, esse “algo” que o fazia caminhar, falar, amar, pensar… E podeis pôr junto dele todo o tipo de comida e todos os tesouros do mundo, dizendo-lhe: «Tudo isto é para ti, meu caro! Regozija-te!», que não haverá nada a fazer, ele não se mexerá.
À primeira vista, o mundo que nos rodeia, o mundo que podemos ver, tocar, medir, parece-nos ser a única realidade. Não podemos negar que é uma realidade, mas não toda a realidade. Ele é somente a concretização, a materialização de um mundo invisível onde circulam forças, correntes, entidades. A verdadeira realidade não está acessível aos nossos cinco sentidos."

"O pai e a mãe de uma criança são como empreiteiros que foram encarregues de construir a casa para uma alma. Eles só são responsáveis pela construção dessa casa, pelos materiais com que ela será feita, não têm qualquer poder sobre a alma em si mesma: ela vem sem eles saberem de onde e irá embora sem que eles saibam quando nem para onde…
Eu sei que a perda de um filho é, para os pais, uma provação terrível. Muitos vieram ter comigo em busca de conselhos e consolo. Mas revoltar-se não muda nada e só pode agravar o seu sofrimento. Se eles foram bons pais, se lhe deram amor, atenção, deixaram nesse filho marcas magníficas. A sua alma, que partiu, estar-lhes-á eternamente reconhecida, nunca os esquecerá, e, a partir do mundo invisível, onde se encontra, virá consolá-los; trar-lhes-á presentes de ternura e de luz, e continuará a viver junto deles."

"«Eu sou o caminho, a verdade e a vida.» Esta frase de Jesus já foi inscrita em tantas igrejas e tantos templos! Para se compreender o seu significado, é preciso relacionar as três palavras “caminho”, “verdade” e “vida” umas com as outras, o que, à primeira vista, parece quase impossível. Mas há uma imagem que pode esclarecer-nos: a imagem do rio. Na origem de um rio, há uma nascente. Esta nascente representa a verdade. Desta nascente corre a água, a vida, e, com o tempo, a água vai cavando um leito, abre caminho para si própria.
Na origem, há sempre uma nascente, a verdade. A água, a vida que corre desta nascente, é o amor. E o leito do rio, o caminho, é a sabedoria. À medida que a água jorra da nascente, desce e vivifica todo o Universo. Se quisermos beber essa água no seu estado de pureza total, temos de subir até à nascente, seguindo o caminho da sabedoria. Alimentados pelo amor que é a vida e guiados pela sabedoria que é o caminho, chegaremos à nascente, a verdade."

"Para se justificarem de não conseguirem resistir às tentações, os humanos afirmam repetidamente que «a carne é fraca». Não! Na realidade, a carne, ou seja, o corpo, é neutro, é apenas o intermediário pelo qual nós realizamos os nossos pensamentos, os nossos sentimentos e os nossos desejos. Não só ele não nos obriga a cometer erros ou excessos, mas, graças a ele, nós podemos realizar obras magníficas; ele é mesmo o melhor instrumento para a nossa evolução. A Inteligência Cósmica pôs nele todos os instrumentos de que necessitamos para vibrar em uníssono com a ordem e a harmonia celestes.
Existem templos, igrejas, catedrais, lugares que foram consagrados para serem moradas da Divindade. Mas nenhum edifício sagrado se compara a um corpo humano purificado, iluminado, santificado. É o corpo que deve tornar-se um templo. Mas quanto tempo ainda será necessário para que os humanos aceitem, pelo menos, esta ideia? Ao porem continuamente o seu corpo ao serviço das suas cobiças, fazem dele um abrigo para animais e, evidentemente, não será o Senhor a vir aí habitar, mas sim entidades inferiores, indesejáveis, que apreciam muito essa companhia."

"O princípio feminino possui as chaves para a realização na matéria. Seja o bem, seja o mal, é o princípio feminino que realiza. Com efeito, a mulher tem como função trazer filhos ao mundo. Mas o filho pode ser também o símbolo de todas as realizações nos planos físico, psíquico ou espiritual, que obedecem às mesmas leis.
A mulher está construída de forma a emanar dela partículas muito subtis, uma matéria etérica que pode servir para incarnar ideias, projetos, para lhes dar um corpo. Por isso, cada mulher deve tornar-se consciente dos seus poderes e decidir a que projetos quer associar-se. A salvação da humanidade depende da orientação que as mulheres tomarem. Assim como no plano dos arquétipos, no Alto, só existe uma Mulher, a Mãe Divina, todas as mulheres na terra devem unir-se para formar só uma mulher, uma mulher coletiva que fará nascer a nova vida. A nova vida virá graças às mulheres, a todas as mulheres, pois elas é que possuem a matéria na qual ela pode tomar corpo."

"O intelecto do homem é naturalmente habitado pelo orgulho e o seu coração é naturalmente propenso à cólera. O orgulho e a cólera são dois venenos violentos que é difícil neutralizar; no entanto, existem antídotos. O antídoto para o orgulho é a humildade e o antídoto para a cólera é a doçura.
Doçura e humildade são duas virtudes que permitem encontrar soluções para as situações mais difíceis. Aquele que sabe manifestar estas virtudes não é um fraco, como, em geral, há tendência para crer; como ele tem o calor do coração insuflado pela alma, e a luz do intelecto insuflada pelo espírito, segue pelo caminho do poder. Todos aqueles que creem que, ao cultivarem a humildade e a doçura, se tornarão necessariamente escravos ou vítimas, estão enganados; pelo contrário, eles acumulam reservas de forças graças às quais saberão, cada vez melhor, defender-se e impor-se pelo bem."

"Quando se vê e se ouve o que se passa no mundo, sente-se que pode acontecer o pior: uma guerra atómica, epidemias, fome, catástrofes naturais, etc., suscetíveis de levar ao desaparecimento da humanidade. Mas os acontecimentos nunca estão absolutamente determinados: em função do comportamento dos humanos, eles podem ter um curso completamente diferente.
Não existe determinação, não existe destino irrevogável, nem para uma pessoa, nem para o mundo inteiro. Quando criou os humanos, Deus deu-lhes uma vontade livre, eles dispõem do seu futuro. Se vivem de forma inconsciente, em desordem, desencadeiam correntes caóticas e então, evidentemente, as leis da Natureza, que são as leis da justiça, levá-los-ão à perdição; isto é matemático. Mas, se eles refletirem nas consequências dos seus atos, se tomarem decisões acertadas, se projetarem à sua volta forças harmoniosas, se pararem de perturbar o equilíbrio da Natureza, muitas desgraças poderão ser evitadas."

"A verdadeira força de um ser humano não está em tornar-se duro para não sentir o sofrimento no meio das provações. A sua verdadeira força está em poder aceitar os sofrimentos com clareza, abnegação e, sobretudo, em paz e unidade de espírito.
Para quem passa por grandes provações, o mais terrível é ser abandonado por todos, e cada um pode viver isso pelo menos uma vez na sua vida. Mas este sentimento de abandono, por mais doloroso que seja, é necessário, obriga-o a avançar no caminho espiritual. Enquanto ele viver com facilidades, satisfeito, rodeado de amigos, não pode elevar-se até às verdades da alma e do espírito; para descobrir o essencial, tem de ser obrigado a isso e sentir-se só, privado de qualquer apoio. Na realidade, nenhum ser é abandonado no verdadeiro sentido do termo. Mesmo quando temos de passar pelas provações mais terríveis, estamos rodeados de entidades luminosas que falam para nós e velam por nós. A solidão não existe, é apenas um estado de consciência passageiro, e, para ultrapassar o mais rapidamente possível esse estado de consciência, nunca devemos duvidar do Ser que dá existência e suporte a todos os mundos."

"Ouve-se muitas vezes certas personalidades da ciência indignarem-se pelo facto de os humanos ainda não se terem desembaraçado de crenças que elas qualificam como irracionais. E isto apesar de serem obrigadas a constatar que, após um período de materialismo, de cientismo, há cada vez mais pessoas a virarem-se para a religião, para a espiritualidade, para o misticismo. Por vezes, esta tendência assume formas muito confusas, aberrantes e insensatas, como o fanatismo. As autoridades religiosas, evidentemente, ficam incomodadas com isso, sentem-se ultrapassadas por essas novas correntes que não conseguem controlar. Mas é delas a responsabilidade por essa situação. Durante demasiado tempo, estiveram muito mais preocupadas em ampliar o domínio da sua comunidade, a sua “capela”, do que em responder às verdadeiras necessidades das almas e dos espíritos. E a responsabilidade também é dos cientistas, das limitações da sua filosofia materialista.
Portanto, uns e outros devem parar de se lamentar ou de se indignar com uma situação que eles próprios contribuíram para criar e, em vez disso, tentar perceber como é que, juntos, podem remediá-la."

"Imaginemos alguém que não conhecesse nada sobre a anatomia e a fisiologia do corpo humano; essa pessoa questionar-se-ia sobre como é que os elementos que o compõem se aguentam juntos para formarem uma criatura que anda, respira, come, e exprime pensamentos e sentimentos. Seria necessário mostrar-lhe, pois, que, debaixo da pele que essa pessoa vê, existem carne, órgãos, músculos, vasos sanguíneos, nervos, etc., que ela não vê, e, finalmente, um esqueleto que sustém o conjunto.
A uma escala gigantesca, acontece o mesmo com o Universo. O Universo é um corpo, o corpo de Deus, e o nosso corpo físico é constituído à sua imagem. Então, do mesmo modo que o nosso corpo tem um “vigamento”, um esqueleto sem o qual se desmembraria, o Universo também é sustido por uma estrutura que mantém tudo em equilíbrio, desde as galáxias até às mais ínfimas partículas de matéria que constituem os átomos. É graças a esta estrutura que a vida é possível e é ela que constitui aquilo a que a filosofia iniciática chama “o mundo dos princípios”."