Um vídeo circulou
pelas redes sociais. Mostrava algo bastante singelo e valioso: filhos
adolescentes, jovens, ligando para seus pais para dizer simplesmente: Eu te
amo.
Eram ligações de
celular, inesperadas, a qualquer hora do dia. O pai ou a mãe atendiam, ouviam
um Olá e logo depois: Pai, mãe, eu queria dizer que te amo. Só liguei para
dizer isso.
As reações foram
belíssimas. Pais dizendo: Puxa, como é bom ouvir isso. Eu também te amo, meu
filho.
E do lado de cá,
de quem estava fazendo as chamadas, da mesma forma: lágrimas de emoção de
jovens que, raramente, ou nunca haviam proferido tais palavras.
Como se o simples
contato com essas palavras mágicas, quando verdadeiramente sentidas, já
provocasse neles algum tipo de transformação.
Muitos podem
dizer que o amor está subentendido, está nos gestos, na companhia diária, não
exige provas. E que talvez não precise ser declarado.
Muitos temem ser
pieguismo expressar-se dessa forma. Será?
Banalizamos o Eu
te amo, é certo, recitando-o da boca para fora muitas vezes, automaticamente.
As paixões
avassaladoras e efêmeras se apropriaram dele, tornando-o menor, pois da mesma
forma que o amor nasce, voraz, também morre, triste, pouco tempo depois em
relações vazias.
O Eu te amo dos
altares enfeitados, das grandes festas, não sobrevive às primeiras intempéries
de muitos casamentos.
Esse amor das
infinitas canções, das belas obras, mas também das puramente sentimentalistas,
que nada acrescentam para a verdadeira arte.
Curioso. O Eu te
amo foi dito tantas vezes que parece ter enfraquecido pelo mundo afora,
praticamente caindo no esquecimento.
* * *
Não falta amor
nos poemas, nas músicas, nas bocas. Falta, sim, amar.
Não falta amor
nos lares, nas famílias: falta amar.
Não falta amor
nos pensamentos, nas ideias: falta amar.
Não falta amor
nas potências de nossa alma. Falta, sim, o movimento do amar.
E muitas vezes, a
expressão pura e simples desse amor já é grande parte desse amar.
Quando
verdadeiramente sentimos dentro de nós essa afeição profunda, esse querer bem,
essa consciência do quão importante é aquela pessoa, nada mais natural do que
dizer, do que extravasar.
Bom para quem
diz, pois se encharca de suas vibrações benfazejas e revigorantes.
Bom para quem
ouve, pois recebe muito mais que palavras. Recebe o conforto, o aconchego e a
gratidão que tal declaração guarda em si.
Ouvir um Eu te
amo de verdade, é como ser levado pelas mãos a um passeio, uma viagem para um
mundo melhor, de menos preocupações e sofrimentos, um refrigério para a alma em
luta na Terra.
Voltamos
renovados, dispostos a seguir adiante e mais, voltamos conhecendo o amor um
pouco melhor.
Ainda sabemos
pouco do amor em sua profundidade. Estamos dando os primeiros passos depois de
deixar o primitivismo necessário.
Falta amar para
encontrá-lo e permanecer nele por mais tempo.
Falta amar para
podermos declará-lo sem medo de pieguismos empobrecedores.
Falta apenas
amar, nada mais.
Redação do
Momento Espírita.
Em 15.5.2019
Fonte: http://www.momento.com.br