domingo, 9 de junho de 2019

MESTRE OMRAAM MIKHAEL AIVANHOV


"A Criação, com a multiplicidade das suas manifestações e dos acontecimentos que nela se passam, na realidade pode ser reduzida a um jogo de números. Se se consegue vivificar os números, compreender como eles operam, vê-se que representam forças que agem na Natureza, e as suas somas, as suas subtrações, as suas multiplicações, as suas divisões, engendram as formas e os movimentos. Quando se olha para a concha de um caracol ou a estrutura de um cristal, como é possível não admirar o trabalho dos números? Todos os princípios da aritmética estão presentes nas pedras, nas plantas, nos animais, nas estrelas, nos corpos dos humanos, na sua vida psíquica e até no seu destino.
Os números estão, pois, na origem da Criação: cada existência é o resultado da cristalização e da agregação de elementos materiais em torno de um número. Aquele que consegue adquirir a verdadeira ciência dos números, não só é capaz de penetrar nos mistérios da Criação, mas também possui a omnipotência do espírito, pois os números são a primeira expressão do espírito."

"«Não há nada novo sob o Sol.», dizia Salomão. Admitamos que sim… Mas o Sol não é sempre novo? Todas as manhãs, quando nasce, ele convida-nos a recebermos uma vida nova, a harmonizarmo-nos com as novas correntes que ele envia para o Universo. E porque é que havemos de ficar sob o Sol? Se, pelo pensamento, tentarmos subir até ao Sol, se entrarmos em sintonia com o seu coração, todos os dias ele nos parecerá novo.
Evidentemente, de início é difícil sentir o Sol como um ser vivo, vibrante. Olhais para ele e ele parece-vos longínquo. Porquê? Porque não faz parte de vós; ou antes: porque ainda não conseguis fazer parte dele. Mas perseverai, esforçai-vos por entrar nele, e em breve recebereis dele forças novas. Será como se, pela primeira vez e finalmente, vivêsseis."

"Nunca se deve esquecer que a realidade se manifesta sob dois aspetos opostos: há o puro e o impuro, o luminoso e o tenebroso, o bem e o mal. O verdadeiro saber compreende os dois. Por isso, todos os verdadeiros Iniciados têm de confrontar-se com as forças do mal. Não se limitam a conhecer o bem e a trabalhar com ele, exploram também o mal, “descem aos infernos”, essas regiões a que as tradições chamam o mundo de baixo. Eles preparam-se durante muito tempo e, quando estão bem equipados e tomando grandes precauções, decidem enfrentar esse mundo de baixo e os seus habitantes.
Certos espíritos audaciosos quiseram aventurar-se nessas regiões, mas ainda não tinham dimensão para o fazer. É aí que a fórmula «saber, querer, ousar, calar-se», que os Iniciados transmitem uns aos outros de século em século, ganha todo o seu sentido. Depois de ter adquirido os conhecimentos necessários, o Iniciado tem vontade de agir. Então, ousa enfrentar as forças do mal. E, quando alcançou a vitória, cala-se, porque é perigoso falar dos infernos aos humanos que não estão preparados para ouvir: alguns poderiam ficar assustados e outros lançar-se em experiências muito arriscadas."

"O Sol que nasce todas as manhãs marca o início de um dia e, se vós tiverdes projetos, sois livres de os realizar ou não, e também de lhes introduzir alterações. Mas, no momento em que o Sol se põe, quando o dia terminou, o que está feito está feito, nem mais nem menos. O pôr do Sol representa o fim do ciclo que é um dia. Mas, na linguagem simbólica, um dia não é unicamente um período de vinte e quatro horas, pode representar também um mês, um ano e até uma vida.
É dado a cada ser humano um período suficientemente longo para ele cumprir as suas obrigações, reparar os seus erros. Uma vez esgotado esse tempo, aqueles que foram negligentes, que mostraram má vontade ou que, tendo agido mal, não repararam os seus erros, sofrerão a ação da lei do carma. Quando não se pôs as suas questões em ordem antes do pôr do Sol, isto é, antes de deixar a terra, encontrar-se-á as mesmas dificuldades numa próxima encarnação. E “pôr as suas questões em ordem” significa restabelecer relações harmoniosas não só com as pessoas que fazem parte do seu círculo social, mas também com o mundo divino."

"Aquele que decide entrar em si mesmo descobre que a fonte das suas riquezas, o seu espírito, é inesgotável e que, com poucas coisas, se sente preenchido. Somos forçados a voltar sempre à mesma questão: como libertar o espírito em nós. É com ele que devemos começar por contar. Nos momentos de provação e de perturbações, só o espírito tem o poder de nos aguentar e nos dar os meios para nos reconstruirmos. Tudo pode abandonar-nos, podemos perder tudo, exceto nós mesmos, o nosso espírito. Então, porque não havemos de procurar aí, em nós, se é a única posse, a única certeza que temos realmente?
Tudo pode servir-nos para procurarmos as riquezas que o espírito depositou em nós: os nossos sucessos e as nossas alegrias, evidentemente, mas também as nossas provações e as nossas dores. Talvez essas riquezas não sejam evidentes, pois o que nos foi dado de mais precioso pelo Criador está profundamente “enterrado” em nós. Mas, graças ao esforço que faremos para as descobrir, cresceremos no mundo do espírito."

"O espaço psíquico que rodeia a Terra desembaraça-se naturalmente das entidades inferiores que ali atrapalham; elas vão sendo rechaçadas e absorvidas pelas profundezas subterrâneas. No entanto, restam sempre algumas e, muitas vezes, são elas que se manifestam nas sessões espíritas.
Entrar na mente de um médium e falar em nome de Moisés, Jesus, Joana d’Arc, Napoleão, está ao alcance da mais baixa das entidades; o nome pelo qual ela se apresenta não prova nada. As entidades que aí se manifestam vêm do plano astral inferior e, muitas vezes, têm um prazer perverso em enganar os humanos. Então, as pessoas que julgam estar a ser esclarecidas pelas respostas que recebem afundam-se ainda mais no erro e acabam sempre por sofrer graves desequilíbrios. Não é interdito assistir a sessões espíritas para se ter uma ideia do que lá se passa, mas há que ter prudência, não se deve ser demasiado crédulo."

"Tomar e dar, ou receber e dar em troca, são como os dois pratos de uma balança. Quando tomais posse de algo ou recebeis algo, deveis dar qualquer coisa em troca para restabelecer o equilíbrio. E mesmo que não vos deem nada, dai vós! Porquê? Porque desse modo desencadeais um movimento e recebeis alguma coisa em retorno.
Se quereis verdadeiramente que fique algo de bom da vossa passagem pela terra, habituai-vos a dar. Observai uma fonte: os animais vão lá dessedentar-se, junto dela as árvores e as plantas crescem, os homens constroem as suas habitações, porque ela está sempre a dar a todos a água pura que recebeu do cume. A nascente ensina-nos que só existe um método verdadeiro para criar e manter a vida, é dar, dar o que temos de melhor no nosso coração e na nossa alma. É tornando-nos uma nascente que obtemos as verdadeiras riquezas. Só possuímos verdadeiramente o que somos capazes de dar."

"É difícil libertarmo-nos dos planos astral e mental – os sentimentos e os pensamentos vulgares – para nos elevarmos até ao plano causal, onde o espírito dita a sua lei. Do mesmo modo que um peixe que decidisse sair do mar ou do rio e viver no ar livre teria de preparar em si pulmões para tal, aquele que quer lançar-se até ao plano causal precisa de desenvolver órgãos apropriados. E, mesmo depois de ter conseguido projetar-se até lá, só pode aí permanecer por um momento: ainda não tem as condições para lá se manter demoradamente.
Conseguireis realizar estas condições um dia se, pela oração e pela meditação, vos esforçardes por elevar-vos, com a máxima frequência possível, até às regiões superiores do vosso ser. Pouco a pouco, sentireis as repercussões desse trabalho nos vossos pensamentos, nos vossos sentimentos, no vosso comportamento quotidiano e até na vossa saúde. Será como se fossem dadas ordens de cima para que tudo se organize e se harmonize em vós. Podeis imaginar que partis para subir a uma montanha. Esta imagem levar-vos-á até uma outra montanha, dentro de vós, e depois ainda a uma outra. Até ao dia em que chegareis ao cume, ao plano causal, ao vosso Eu superior."

"Viver a vida eterna… Esta vida eterna à qual aspiram os místicos não é uma duração de tempo, mas um estado de consciência. A partir do instante em que entramos em contacto com a Fonte Divina, e enquanto permanecermos nela, a vida eterna circula em nós, pois a vida eterna é uma qualidade de vida, abundante, rica, plena.
Uma imagem muito simples pode dar-nos uma ideia. Peguemos num pau… É um objeto retilíneo com um começo e um fim; portanto, algo que é limitado. É o tempo. Mas suponhamos agora que este pau é flexível e que o curvamos até juntarmos as duas extremidades: ele torna-se um círculo e, com esse círculo, podemos ter uma ideia da eternidade: nem começo, nem fim… uma unidade infinita. Cada momento da nossa vida que conseguimos ligar à Fonte Divina entra no círculo e torna-se vida eterna; ao entrar no círculo, ele mudou de natureza, já não é uma parcela separada do Todo. Cada ponto da linha reta é um momento do tempo e cada ponto do círculo é um momento da eternidade."

"O cristianismo ensina-nos o mistério de um Deus em três pessoas, a que chama o mistério da Santíssima Trindade: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Mas, para aqueles que sabem usar a lei da analogia, não é um mistério. Uma dessas analogias é-nos dada pelo Sol.
O Sol é uma extraordinária força criadora de vida que se manifesta como luz e como calor. Quando se aprofunda estas manifestações, descobre-se as relações que existem entre a vida, a luz e o calor do Sol e as três pessoas da Trindade. Estes três princípios encontram-se em todos os níveis da Criação, do plano físico ao plano divino. No plano espiritual, a vida, isto é, a omnipotência criadora, manifesta-se como sabedoria, ou luz, e como amor, ou calor. São estes três princípios que encontramos na Santíssima Trindade: o Pai, o Filho e o Espírito Santo são indissociáveis, tal como são indissociáveis a vida, a luz e o calor do Sol. Então, o mistério de um Deus em três pessoas não é assim tão difícil de explicar. O que continua a ser um mistério é a imensidão, o esplendor, da Essência primordial de onde saíram todas as existências."

"Há todo o tipo de entidades tenebrosas que tentam seduzir os humanos. Cabe-lhes a eles saberem reconhecê-las e responder-lhes. Para lhes responderem, basta dizerem “não”.
O verdadeiro poder do homem está em dizer “não”. Ninguém pode obrigá-lo a fazer o que ele não quer. Mesmo Deus não pode forçá-lo. Se ele soubesse onde reside o seu verdadeiro poder, venceria todas as seduções, todas as tentações. Ele só comete erros porque aceita cometê-los. Os espíritos têm o direito de o tentar e os meios para o fazer, mas não têm qualquer direito de o forçar. É por ignorância da sua origem divina que o homem sucumbe aos ataques do mal. Quando ele é capaz de dizer “não”, os espíritos das trevas deixam-no e os espíritos da luz vêm servi-lo. Sempre que ele obtém uma vitória interior, sempre que ele resiste a uma tentação, recebe luz e força."

"O ser humano é senhor do seu destino. Há imensas pessoas que ainda acreditam que a sua existência é regida pelo acaso ou pela fatalidade; ou, então, que existe uma vontade superior que se lhes impõe, a vontade de Deus ou dos deuses. A Igreja ainda ensina aos cristãos que o seu destino é regido pela vontade de Deus, uma vontade misteriosa, impenetrável. Uma criança nasce defeituosa, um homem é condenado injustamente, uma mulher é atropelada por um automobilista embriagado ao atravessar a rua e morre… Alguém dirá: «É a vontade de Deus.» Não, não existe uma vontade de Deus que distribui arbitrariamente felicidade ou infelicidade. Foram os próprios humanos que, pela vida que viveram num passado próximo ou longínquo, prepararam as condições da sua existência atual.
Aquilo a que se chama o “destino” de um ser é o cumprimento, a aplicação, das leis que ele próprio pôs a funcionar com os seus pensamentos, os seus sentimentos e os seus atos. É ele que forja o seu destino. Se agiu mal no passado, mas decide praticar, daí em diante, a justiça e a retidão, viverá a verdadeira vida, a vida da alma e do espírito, a vida imortal."

"Os humanos procuram os poderes, a riqueza, o saber, o amor... Mas é a vida, antes de tudo o mais, que eles deveriam procurar. Dir-me-eis que não necessitais de procurar a vida, porque já a tendes, e que se deve procurar o que não se tem. Vós estais vivos, é certo, mas a vida não é a mesma em todos os seres, tem graus.
 Desde o mineral até Deus, passando pelos vegetais, pelos animais, pelos humanos e pelas hierarquias angélicas, tudo o que existe tem vida. Mas estar vivo não basta, é preciso ter em conta a qualidade dessa vida. Pela sua configuração física, um ser humano vive, é claro, a vida de um humano. Mas, interiormente, a sua vida pode assumir todo o tipo de aspetos, o das pedras, o das plantas ou o dos animais, e também o dos Anjos e o dos Arcanjos. É esta vida angélica que ele deve fazer correr em si, a corrente que jorra pura e límpida da Nascente original."

"O orgulhoso imagina que é grande e vê-se sempre acima dos outros. Mas, na realidade, não é ele próprio que se engrandece, é um tumor que se vai desenvolvendo nele. Inchar não é crescer. O verdadeiro crescimento de um ser faz jorrar dele raios, centelhas, vibrações benéficas para todos, e só a humildade permite esse crescimento.
Um dos grandes segredos da vida reside, pois, nesta virtude tão raramente compreendida e apreciada: a humildade, a consciência de que existe um mundo superior e a vontade de entrar em harmonia com as entidades que nele habitam: os Anjos, os Arcanjos... até Deus. Por isso se pode dizer que a humildade é uma forma de inteligência. Ao virar o seu olhar para o Alto, o homem humilde descobre que o Céu é infinito e sente-se atraído, absorvido por ele. Simplesmente por ter mudado a orientação do seu olhar, entrou na imensidão."

"O que é uma qualidade, uma virtude? Uma entidade espiritual que veio habitar num ser para se manifestar por seu intermédio. Portanto, se quereis que entidades mais elevadas venham manifestar-se por vosso intermédio, dando-vos novos conhecimentos, novos poderes, preparai boas condições para elas. Acima de tudo, mostrai-lhes que sois capazes de fazer frutificar o que já recebestes. Então, com que alegria elas se ocuparão de vos enriquecer e vos embelezar mais, e de enriquecer e embelezar também os outros, por vosso intermédio!
Fareis frutificar esses dons, essas virtudes, participando conscientemente, harmoniosamente, na vida universal. E não digais que isso exige muitos esforços que os outros talvez não reconheçam. Se os outros reconhecem ou não, é coisa que não deve preocupar-vos. Só deve contar, para vós, a opinião do vosso Pai Celeste, pois, um dia, tereis de prestar-Lhe contas pelo uso que fizestes das riquezas que Ele vos concedeu. Como Ele vo-las deu, são vossas, mas só vos pertencerão verdadeiramente se as fizerdes frutificar para bem dos outros."

"Quando fazeis uma caminhada na floresta, não vos limiteis a mirar distraidamente as árvores pelas quais passais, tomai consciência de que se trata de criaturas junto das quais podeis regenerar-vos. Escolhei uma – um castanheiro, um pinheiro, uma faia, uma bétula… – e saudai-a, pedindo-lhe que vos dê da sua força. Depois, encostai-vos a ela, colocando a vossa mão esquerda nas costas, com a palma apoiada na árvore, e a palma da mão direita sobre o vosso plexo solar. Concentrai-vos, pensando que recebeis pela mão esquerda correntes de vida dessa árvore e que as verteis com a mão direita no plexo solar. Alguns minutos depois, sentir-vos-eis apaziguados, reforçados. Então, agradecei à árvore o que ela vos deu e continuai a caminhada.
É claro que, para se pôr em prática convenientemente esta transfusão de energias, é preciso estar consciente de que as árvores são seres vivos e amá-las. Hoje em dia, muito poucas pessoas têm ideia da força prodigiosa que as árvores de uma floresta possuem. Como não procuram estudar a linguagem de cada coisa na Natureza, a maior parte delas perderam os segredos da regeneração. Se aprenderem a vivificar-se junto das árvores, redescobrirão esses segredos."

"Se tivésseis o hábito de observar as vossas mãos, constataríeis que as linhas que as atravessam, em particular as linhas da vida, do coração e do intelecto, que são as mais importantes, podem estar mais ou menos cavadas, mais ou menos profundas. Essas diferenças revelam o estado do vosso organismo, pois todos os processos vitais se inscrevem nas mãos. Isto tornar-se-á claro para vós quando estudardes como a Natureza age sobre o corpo físico com a eletricidade e o magnetismo, a luz e o calor.
As mãos estão sempre a instruir os humanos e a fazer-lhes profecias. Se eles soubessem interpretar as suas linhas, não se aventurariam à toa por caminhos sem saída. Leem bibliotecas inteiras, mas esquecem que têm em si uma, a maior que existe, e que a transportam consigo para toda a parte. Foi também aí, nas suas mãos, que o Criador inscreveu os mistérios da vida."

"Quando abris os olhos de manhã, em que é que pensais? Nas preocupações da véspera, nas dificuldades que vos esperam, nos problemas que tereis de resolver… Não é uma boa maneira de começar o dia. Deixai as vossas preocupações para mais tarde, elas podem esperar. Começai por virar o vosso pensamento para o Céu, dizendo: «Senhor, agradeço-te por estar vivo hoje. Eis mais um dia em que continuo a poder ver, ouvir, caminhar, amar, estudar… Fortalece a minha vontade, para que tudo o que eu faço seja para o teu bem.»
Aquele que exprime, desde o despertar, a sua gratidão para com o Senhor aumenta em si o amor e a luz, e esse amor e essa luz influenciam cada momento do seu dia. Ele olha o mundo que o rodeia com outros olhos, tem uma atitude melhor para com aqueles que encontra e eles abrem-se em relação a si, porque sentem que ele espalha paz e alegria."

"O Universo é um corpo que Deus anima com o seu espírito. Foi ele que os filósofos antigos designaram por macrocosmos. Do mesmo modo, o homem possui um corpo, o microcosmos, criado à imagem do macrocosmos, e o espírito que anima esse corpo é uma centelha proveniente do Espírito divino.
Há imensos séculos que se repete que Deus criou o homem à sua imagem! O que significa que, ao criar-nos, Ele introduziu em nós uma quinta-essência de Si mesmo, da mesma luz, com a mesma pureza, o mesmo poder. É a esta quinta-essência divina em nós que a Ciência Iniciática chama “Eu superior”. Portanto, se nos concentramos no nosso Eu superior, entramos em relação com Deus, porque o nosso Eu superior é uma parcela d’Ele. Graças aos esforços que fazemos para contactar com esse centro em nós – podemos dizer também “esse cume”, pois, do ponto de vista espiritual, o cume é análogo ao centro –, fazemos jorrar forças que vivificam todas as células do nosso corpo."

"Após o dilúvio, quando as águas baixaram, Deus disse a Noé e ao seu filho: «Sede fecundos, multiplicai-vos e povoai a Terra.» Estas palavras significam apenas que, para obedecerem a Deus, os humanos devem reproduzir-se? Na verdade, pode-se dar-lhes um sentido muito mais amplo: trazei ao mundo filhos com um coração repleto de amor e um intelecto luminoso; será assim que ampliareis o vosso poder na terra. Que terra? A vossa própria terra, vós mesmos: por intermédio dos vossos sentimentos e dos vossos pensamentos, cobri-la-eis com uma geração magnífica.
Quando os pais têm um filho muito inteligente, muito capaz, que se distingue nas ciências, nas artes, na política, etc., a influência deste começa a estender-se por toda a parte. Isso também é, para os pais, uma maneira de povoar a terra: povoam-na por intermédio dos seus filhos e dos sucessos que eles obtêm. Do mesmo modo, todos aqueles que vivem com amor e sabedoria povoam o mundo inteiro com pensamentos luminosos e sentimentos calorosos: estes filhos espalham por toda a parte boas sementes e melhoram a vida de todos os humanos. "

"A paz, a verdadeira paz, é um estado interior estável e constante. Quando tiverdes conseguido realizá-la verdadeiramente, já não podereis perdê-la. Ela segue-vos por toda a parte. Direis que, como a vida é uma sucessão de alternâncias – sucessos e insucessos, abundância e pobreza, saúde e doença, alegria e sofrimento... –, é impossível alguém sentir-se sempre em paz. Não, não é impossível. Quando tiverdes aprendido a restabelecer diariamente a ligação entre a vossa consciência e os centros espirituais situados no vosso cérebro e no vosso plexo solar, já nada vos perturbará verdadeiramente. Se estiverdes solidamente ancorados num ponto fixo em vós, podereis ficar doentes, perder subitamente toda a vossa fortuna, ser presos, perseguidos, ver desaparecer os seres que amais, sem que essa paz vos deixe.
Não digo que não sofrereis. Mas sofrer não significa perder a sua paz. Na medida em que a vossa consciência não estagna ao nível dos acontecimentos, encontrareis, para cada dificuldade, para cada provação, uma explicação, uma verdade que vos apazigua e vos consola. Como conseguistes projetar-vos até ao cume, muito alto, compreendeis que as vossas dificuldades e os vossos sofrimentos são passageiros, que vós mesmos sois imortais e que existe uma região em vós onde já nenhum mal pode atingir-vos."

"Quando abris os olhos de manhã, em que é que pensais? Nas preocupações da véspera, nas dificuldades que vos esperam, nos problemas que tereis de resolver… Não é uma boa maneira de começar o dia. Deixai as vossas preocupações para mais tarde, elas podem esperar. Começai por virar o vosso pensamento para o Céu, dizendo: «Senhor, agradeço-te por estar vivo hoje. Eis mais um dia em que continuo a poder ver, ouvir, caminhar, amar, estudar… Fortalece a minha vontade, para que tudo o que eu faço seja para o teu bem.»
Aquele que exprime, desde o despertar, a sua gratidão para com o Senhor aumenta em si o amor e a luz, e esse amor e essa luz influenciam cada momento do seu dia. Ele olha o mundo que o rodeia com outros olhos, tem uma atitude melhor para com aqueles que encontra e eles abrem-se em relação a si, porque sentem que ele espalha paz e alegria."

"Pegai num objeto e dai-lhe do vosso amor. Dizei-lhe: «Vou pôr-te aqui. Purificarás o ar, cantarás...»
Já lestes, certamente, que, no Egito antigo, os sacerdotes preparavam objetos que punham nos túmulos para ajudarem os defuntos no além. Para isso, utilizavam técnicas especiais, pronunciavam certas fórmulas... Mesmo sem conhecerdes essas fórmulas, podeis já começar a fazer um trabalho com os objetos. Pelo facto de os encarardes como seres vivos, também compreendereis melhor as histórias que se contam sobre ícones e estátuas que faziam saudações, que se inclinavam, que falavam, sorriam ou choravam. Mesmo que não vejais esses objetos mexerem-se, mesmo que não os ouçais falar, estabelecer-se-á uma ligação real entre eles e vós. Eles apoiar-vos-ão nos vossos esforços para criar um mundo novo, acompanhar-vos-ão no caminho da luz."