domingo, 5 de janeiro de 2020

MESTRE OMRAAM MIKHAEL AIVANHOV



"Não existe um lugar de castigos eternos para os pecadores e aquilo a que os cristãos chamaram Inferno é uma invenção. Só existe o Purgatório, que é, como o nome indica, a região onde, durante um tempo mais ou menos longo, o homem vai “purgar-se” das suas faltas, isto é, lavar-se, purificar-se; e esta purificação, evidentemente, é acompanhada de sofrimentos.
Mas a evolução do ser humano não para quando ele expiou as suas faltas. A verdadeira evolução do homem processa-se na terra. Como foi na terra que ele agiu mal, é à terra que deve voltar para reparar o mal que cometeu, pois não basta lamentar e sofrer, o sofrimento não repara as faltas cometidas. Ele tem de vir de novo à terra para aqui as reparar. Não há outras explicações para a reincarnação. Se o homem já tivesse expiado as suas faltas no além, porque é que haveria de voltar a descer à terra? A lei obriga-o a reparar os seus erros em todas as regiões do Universo onde esses erros provocaram desordens e destruições."

"O princípio de vida e o princípio de morte manifestam-se incessantemente na Natureza e, portanto, no ser humano. Desde a formação do feto no seio da mãe, o princípio de morte começa a entrar em luta com o princípio de vida. Primeiro, a sua ação é limitada e é o espírito que triunfa. Mas, mais tarde, quando já conseguiu realizar os seus projetos no homem, o espírito deixa o corpo, pouco a pouco.
Tudo o que nasce deve morrer, é uma lei. É impossível vencer o princípio destruidor, mas não somos obrigados a submeter-nos a ele. Quando chega a velhice, quando se perde as forças e os meios físicos, é preciso assumir que, mais do que nunca, é o momento de procurar outras atividades, pois há sempre outros trabalhos e outras fontes de alegria para aquele que sabe ir fundo dentro de si mesmo para fazer jorrar as energias espirituais, e essas energias são inesgotáveis.  "

"Pelo facto de o Universo ter sido criado por Deus, toda a Natureza é a expressão da harmonia e da perfeição divinas. Esta harmonia e esta perfeição têm no corpo humano a sua melhor representação. Em tudo o resto, esta beleza está dispersa: os oceanos, por exemplo, representam uma parte do corpo cósmico, os rios, uma outra, as montanhas e o céu, outras ainda. Só os corpos do homem e da mulher podem exprimi-la plenamente.
Deus resumiu no homem e na mulher toda a Criação. Por isso, quando um corpo humano, pelas suas proporções e pelas suas emanações, se aproxima desse ideal de beleza, um Iniciado contempla-o deliciado. Ele diz para si próprio: «Eis uma criatura que é uma imagem perfeita das virtudes divinas.» Mas ele não se detém nessa criatura: ao contemplá-la, procura apreender o esplendor do Criador."

"Pode definir-se a magia como a aplicação das leis da física ao mundo espiritual. Uma dessas leis põe em evidência o poder da concentração. Usando uma lupa, concentrai os raios solares num ponto de uma folha de papel: eles farão com que ela comece a arder. A física espiritual ensina-nos que o pensamento do homem tem poderes análogos aos dos raios do Sol.
Quem aprendeu a concentrar fortemente o seu pensamento num determinado ponto pode conseguir gerar efeitos benéficos no mundo. Mesmo que não se veja nada no plano físico, nos domínios etérico, astral e mental o seu pensamento pode acender um fogo que queimará muitas impurezas."

"Existe o hábito de opor o Céu à Terra. Ora, o Céu e a Terra não são dois mundos opostos, nem sequer separados: não só estão continuamente em relação, como são as trocas entre eles que mantêm a vida no Universo.
O Céu e a Terra... Também eles estão continuamente a fazer trocas, mas nós só vemos uma parte delas, a mais material: os raios solares que vêm até nós; não vemos nada daquilo que se eleva da Terra para o Sol. Contudo, alguns seres particularmente sensíveis puderam ver entidades descerem das regiões superiores para agirem sobre os seres humanos, os animais, as pedras, e depois partirem, após terminarem esse trabalho. Existem relatos extremamente poéticos a este respeito. Um dia, toda a humanidade poderá contemplar essas criaturas que vão e vêm entre a Terra e o Sol, e ainda mais além..."

"Os humanos ignoram que os pensamentos, os sentimentos e os atos que não são inspirados pelo verdadeiro amor e pela verdadeira sabedoria provocam perturbações no invisível, cujos efeitos se prolongam muito para além da sua vida terrestre. Eles mesmos já desapareceram, mas os seus pensamentos, os seus sentimentos e os seus atos egoístas e maldosos, que eles não se deram ao trabalho de reparar, contribuem para alimentar as correntes destrutivas que circulam no espaço e envenenam a atmosfera psíquica da Terra.
Por isso, procurai tomar consciência de que cada uma das vossas manifestações não produz efeitos só sobre determinadas pessoas, num determinado momento e num lugar preciso. Elas desencadeiam, no mundo invisível, forças benéficas ou maléficas, e não se sabe até onde nem até quando essas forças terão poder para agir. Então, de vez em quando virai-vos para vós mesmos. Recordai as circunstâncias em que poderíeis ter tido um melhor comportamento e, se não puderdes reparar materialmente os vossos erros, pelo menos pelo pensamento esforçai-vos por restabelecer a harmonia e a paz em vós e à vossa volta."

"Perante a beleza e a profundeza de certas obras de arte e de certas obras filosóficas, iniciáticas, místicas, percebe-se bem que os seus autores contemplaram muito longe, muito alto, uma realidade que escapa à nossa consciência vulgar. Para terem acesso a essa realidade, eles tiveram de atravessar não só as camadas opacas da matéria física, mas também as camadas brumosas da matéria psíquica. Até aí, o que eles julgavam ser a realidade não passava de aparência, de um reflexo deformado ou, no melhor dos casos, de um véu que a escondia da sua vista.
 Conseguir levantar um véu é o objetivo da Iniciação. É a origem da expressão “levantar o véu de Ísis” transmitida pela tradição. Nesta grande figura feminina da religião egípcia, Ísis, os Iniciados viram um símbolo da Natureza primordial da qual saíram todos os seres, todos os elementos da Criação, e fizeram dela o seu principal objeto de estudo. Como eles querem conhecê-la, aplicam-se a procurar e a compreender todas as existências que ela engendra e através das quais se manifesta, até descobrirem a realidade última."

"Todos conheceis os relatos maravilhosos em que basta um mago ou uma maga pronunciarem algumas palavras para aparecerem um castelo, mesas cobertas dos manjares mais deliciosos, uma ave enorme para viajar no espaço... Estes relatos não são puras invenções, têm um sentido: recordam a época longínqua em que o homem possuía o verbo mágico. Mas, pouco a pouco, ao embrenhar-se na matéria, ele perdeu o seu poder sobre ele, deixou de ser capaz de o dominar. Todos os dias tem de se confrontar com a matéria para a moldar, tirar dela a sua subsistência, encontrar nela abrigo, fabricar objetos que lhe são necessários, e ela opõe-lhe resistência continuamente.
 Na realidade, o poder do verbo não foi definitivamente retirado ao homem e ele pode recuperá-lo, se empreender um grande trabalho de transformação interior. Pode definir-se o verbo como a síntese de todas as expressões da vida psíquica. Este trabalho de transformação começa, pois, pelo domínio dos pensamentos, dos sentimentos e dos desejos."

" Mesmo que não tenham consciência disso, todos os humanos vêm à terra com os registos daquilo que viveram nas regiões celestes, junto de Deus. Esta vida está registada neles como uma memória impossível de apagar, por isso acontece eles sentirem nostalgia dessa vivência. Por vezes, um encontro, um rosto, uma leitura, uma paisagem, uma imagem, uma música, desperta neles uma recordação longínqua. Eles vivem de novo alguns momentos do Paraíso, sentem-se impregnados de paz e de luz. Infelizmente, isso não dura; e, quando retomam as atividades quotidianas, eles não pensam que poderiam fazer alguma coisa para preservar esses estados e até os esquecem.
Longe de Deus, longe do Sol espiritual, o homem perde, pouco a pouco, todas as possibilidades de viver e de se manifestar com alegria, amor, liberdade. Ele poderia muito bem viver a sua existência terrestre e cumprir as suas obrigações mantendo, ao mesmo tempo, a ligação com Deus. Mas, evidentemente, isso supõe muita vigilância e, quando ele sente que se afasta, deve fazer tudo para retomar o caminho de volta."

"Porque é que as invocações a Deus ou aos deuses têm tanta importância em todas as religiões? Porque o meio mais poderoso para estabelecermos ligação com uma entidade é pronunciarmos o seu nome; graças às vibrações desse nome, elevamo-nos até ela. Para usar um exemplo da vida quotidiana, podemos dizer que pronunciar um nome é como marcar um número de telefone: obtém-se a comunicação com a pessoa para quem se ligou. Mesmo que não saibamos que forma atribuir à entidade que invocamos, isso não tem importância: conhecer o seu nome é suficiente. Se for pronunciado com um coração puro e a consciência do que ele representa no mundo divino, esse nome torna-se um verdadeiro poder mágico.
 Um nome exprime a entidade a que diz respeito. Aqueles que meditam sobre o nome de Deus e o invocam, impregnando-se da santidade da luz, enchem-se das suas emanações e santificam as criaturas e todos os objetos dos quais se aproximam."

"Há pessoas que podem atacar-vos, acusar-vos, sem sequer saberem porquê, e vós também podeis ignorar porque atacais outras pessoas. Isto explica-se pelo facto de os humanos serem, muitas vezes, instrumentos inconscientes de forças obscuras que se apoderaram deles. Portanto, para nos protegermos dos humanos, primeiro temos de proteger-nos dos espíritos malfazejos que vêm instalar-se neles, pois, por detrás de um inimigo físico, está sempre a operar uma entidade obscura.
 Os combates que precisamos de travar para nos defendermos são, pois, de natureza subtil. Devemos deixar os inimigos tranquilos, procurar não lhes fazer mal, mas sim exercitar-nos interiormente, reforçar-nos, cultivar qualidades – a pureza, a bondade, a paciência –, para atrairmos a ajuda das entidades luminosas. Quando elas vierem, expulsarão as entidades tenebrosas que se servem dos nossos inimigos para nos fazerem mal e instalar-se-ão em seu lugar. Então, um dia, as mesmas pessoas que se tinham manifestado como adversárias agirão como amigas."

"O Universo é obra dos dois princípios, masculino e feminino, e só pode subsistir graças ao trabalho destes dois princípios. No número 2, encontram-se todas as possibilidades de criação, mas também, simultaneamente, todas as possibilidades de bifurcação e de confronto. Com o 2, começa aquilo a que se chama o mal, por isso se diz que este número é o da Iniciação. Todas as questões mais profundas, mais complexas, mais perigosas, estão contidas no 2. Este número encerra mesmo o segredo da existência daquele a que se chama Diabo e que é sempre descrito como uma entidade que se ergue contra Deus, declarando-se seu adversário.
Na realidade, Deus não tem adversário. Como ele é o 1, situa-se além do bem e do mal. Deus não é unicamente o bem e não tem diante d’Ele o Diabo, encarnação do mal, que não consegue vencer. Tanto o bem como o mal são seus servidores."

"Pelo facto de uma igreja ou outro templo serem lugares consagrados onde muitas e muitas pessoas já vieram recolher-se, encontrareis aí boas condições para orar. Mas o essencial sois vós. Introduzi em vós a ordem, a pureza, a luz, e, onde quer que estejais, a vossa oração elevar-se-á até ao trono de Deus.
 Do mesmo modo que não é necessário entrar num lugar de culto para adorar Deus, também não há necessariamente um momento para isso. Cada religião reservou um dia particular para o culto, mas, na realidade, não existe qualquer diferença entre esses dias. Aos olhos de Deus, todos os dias são igualmente sagrados, abençoados. Passar seis dias mergulhado em preocupações e atividades prosaicas e, no sétimo, finalmente, lembrar-se de que Deus existe e virar completamente o seu olhar para Ele não tem qualquer sentido. Em que estado chegareis perante Ele, se tiverdes vivido os seis dias anteriores de forma negligente e inconsciente? O que viveis no sétimo dia depende da maneira como vivestes os outros seis. Portanto, é em toda a parte e todos os dias que devemos sentir-nos no templo de Deus para O celebrar e O adorar."

"Quando precisardes de vos servir de um objeto, pensai em pegar nele com doçura, pois, de certa forma, todos os objetos são vivos e retêm o que se passa à sua volta. São como as películas do fotógrafo: têm registados neles imensos acontecimentos que testemunharam.
Mesmo que isso vos seja difícil de admitir, aceitai a ideia de que todos os objetos que tocais ficam impregnados com as vossas emanações. Em todas as salas da casa que habitais, existem, pois, objetos cobertos de camadas que são boas ou más condutoras da luz do mundo do Alto. Se se depositam sobre esses objetos pensamentos ou sentimentos de ódio, palavras maldosas, maus olhares, eles tornam-se também como ímanes: atraem as correntes maléficas que circulam no espaço. Então, estai atentos para que, graças às vossas palavras, aos vossos pensamentos e aos vossos sentimentos, os objetos que vos rodeiam se tornem ímanes que apenas atraiam a alegria, a beleza, até a saúde, e as expandam à vossa volta."

"Todo o nosso ser é como uma taça que devemos lavar, purificar, para recebermos os alimentos divinos, o néctar e a ambrósia. Há pessoas que se queixam de que estendem há muito tempo a sua taça ao Senhor para que Ele a encha com as suas bênçãos e estão admiradas por não receberem nada, a taça permanece vazia. Mas no que é que elas acreditam? O que é que o Senhor pode verter numa taça que não foi lavada?
 O Senhor, que é muito sábio, sabe que, se vertesse a sua vida, a sua luz, em seres que não se purificaram, isso seria inútil e até nocivo: a mistura daí resultante seria indigesta, tóxica, e o organismo psíquico desses seres não aguentaria. Para segurança deles, é melhor que a sua taça permaneça vazia enquanto não se tiverem lavado."

"Os humanos não têm piedade para com os animais: todos os meios lhes servem para os explorarem  e satisfazerem com eles as suas necessidades e os seus interesses, ou mesmo só para o seu prazer. Os animais, por seu lado, desconfiam dos homens: fogem quando estes se aproximam e, se se sentem ameaçados, atiram-se a eles.
Contudo, há relatos de casos em que a luz e o amor que emanam de certos seres amainam até as feras, pois os animais têm sensibilidade, capacidade de perceção. Graças a essa capacidade, eles fazem um juízo dos humanos e, muitas vezes, melhor do que aquele que conseguem fazer outros humanos que não têm discernimento nem intuição. Por isso, a incompreensão e a hostilidade entre os humanos e os animais podem não ser definitivas. Se os humanos conseguirem viver fraternalmente uns com os outros, também farão a paz com os animais. Já não se falará de animais selvagens e animais domésticos, uns e outros serão de novo irmãos do homem."

"Cada religião tem a sua linguagem própria, a sua maneira particular de se exprimir, mas todas referem o dia em que, depois de se ter afastado de Deus, o ser humano regressará a Ele, pois teve n’Ele a sua origem. Para explicarem este afastamento e este retorno, elas fazem relatos diferentes, usam expressões e imagens diferentes, mas trata-se sempre da mesma realidade.
O homem afastou-se de Deus, mas apesar de, ao afastar-se, ter cometido uma falha, esse afastamento ocorreu com o acordo d’Ele. Deus poderia não ter dado liberdade ao homem, mas, no seu amor infinito, deu-lhe não só a liberdade de se afastar d’Ele, mas também a possibilidade de regressar a Ele. A Ciência Iniciática ensina os métodos que permitem ao homem retomar a posse dos seus corpos espirituais, regressar à sua pátria celeste, o Paraíso. E este Paraíso encontra-se, em primeiro lugar, nele mesmo."

"Se os humanos não forem capazes de ir às montanhas num estado de espírito conveniente, perturbam as entidades puras e luminosas que lá habitam. Então, um dia, elas vão-se embora, para onde ninguém possa ter acesso facilmente. Quando estas entidades desertam desses lugares, estes perdem o seu carácter sagrado e já não estão impregnados de força espiritual; aqueles que os visitam não recebem nada e regressam a casa tão pobres e limitados como estavam antes.
Que utilidade tem fazer tantos esforços para escalar as montanhas escarpadas se não se compreendeu que a ascensão das montanhas físicas é uma imagem da ascensão das montanhas espirituais?...  Aqueles que sobem devem sentir que se desfazem de tudo o que os sobrecarrega, até sentirem a ordem divina introduzir-se em si. Deste modo, encontram o silêncio, e neste silêncio descobrem a origem das coisas, unem-se à Causa primeira, fundem-se no oceano da luz cósmica."

"Quando precisardes de vos servir de um objeto, pensai em pegar nele com doçura, pois, de certa forma, todos os objetos são vivos e retêm o que se passa à sua volta. São como as películas do fotógrafo: têm registados neles imensos acontecimentos que testemunharam.
Mesmo que isso vos seja difícil de admitir, aceitai a ideia de que todos os objetos que tocais ficam impregnados com as vossas emanações. Em todas as salas da casa que habitais, existem, pois, objetos cobertos de camadas que são boas ou más condutoras da luz do mundo do Alto. Se se depositam sobre esses objetos pensamentos ou sentimentos de ódio, palavras maldosas, maus olhares, eles tornam-se também como ímanes: atraem as correntes maléficas que circulam no espaço. Então, estai atentos para que, graças às vossas palavras, aos vossos pensamentos e aos vossos sentimentos, os objetos que vos rodeiam se tornem ímanes que apenas atraiam a alegria, a beleza, até a saúde, e as expandam à vossa volta."

"Nos textos sagrados, o pão é muitas vezes o símbolo dos alimentos espirituais: os que recebemos do Céu e também os que somos capazes de dar. Todas as coisas boas preparadas pelo nosso coração, pelo nosso intelecto, pela nossa alma e pelo nosso espírito são como pão que não devemos deixar que seja comido pelas entidades inferiores, mas sim guardado preciosamente para os Anjos e as entidades celestes. Há imensos visitantes, oriundos do mundo divino, que ficariam felizes por permanecer junto de nós, mas não podem vir numas circunstâncias quaisquer. Se, ao chegarem, constatam que não eram esperados e que entidades obscuras comeram tudo o que deveria servir para os alimentar, afastam-se.
Tomai esta verdade a sério. Pensai que há espíritos luminosos que descem todos os dias até junto dos humanos. São visitantes carregados de presentes, mas é preciso, pelo menos, ser capaz de os acolher com o alimento que eles apreciam: pensamentos e sentimentos inspirados pela necessidade de crescer cada vez mais em luz. Senão, eles vão-se embora, pois não querem morrer de fome, e nunca aceitarão alimentar-se de impurezas."

"Festejar o Natal é prepararmo-nos para fazer nascer o princípio cósmico do Cristo na nossa alma, pois o Cristo, que é um princípio cósmico, pode nascer em nós como nasceu em Jesus.
O nascimento de Jesus foi, é certo, um acontecimento histórico da maior importância, mas não se deveria ter insistido tanto nesse acontecimento com a convicção de que ele mudou o curso da História: o nascimento de um ser humano num determinado momento não muda grande coisa. Se fosse suficiente o facto de Jesus ter nascido há dois mil anos, porque é que o Reino de Deus ainda não veio à terra? As guerras, as fomes, a miséria – tudo isso deveria ter desaparecido. As verdadeiras transformações só podem ser trazidas por um grande número de seres, que fizeram do nascimento de Jesus um acontecimento interior, um acontecimento espiritual: o nascimento do Cristo neles. Poder-se-á dizer que o nascimento de Jesus mudou verdadeiramente o curso da História quando os cristãos forem capazes de se manifestar por toda a parte como portadores da luz e da paz."

"Não existe qualquer certeza histórica sobre as circunstâncias do nascimento de Jesus. Mas, se a tradição refere que ele nasceu numa gruta ou num estábulo, sobre palha, e não numa morada digna da sua missão – um palácio, um templo –, é porque o relato deste nascimento é simbólico. Não fiqueis surpreendidos se eu vos disser que esta gruta em que deve nascer o menino divino se encontra também no nosso corpo: ela corresponde a um centro espiritual situado cerca de quatro centímetros abaixo do umbigo. Este centro, a que os japoneses chamam Hara – palavra que significa “ventre” –, tem um papel muito importante a desempenhar na vida espiritual. É ele a gruta onde deve nascer o Cristo.
Talvez pensásseis que o Cristo só pode nascer na nossa cabeça... Mas já vistes uma criança nascer do cérebro da sua mãe?... O ventre, as entranhas, geralmente não são considerados como as partes nobres do corpo, mas o Criador escolheu precisamente este lugar para a humanidade se perpetuar. E é também aí que nós devemos fazer nascer esta nova consciência: o Menino-Cristo."

"Metei na vossa cabeça, no vosso coração, na vossa alma, um ideal sublime, um ideal que nunca realizareis. E não penseis que ter um ideal assim é desanimador. Pelo contrário! Analisai-vos: como é que vos sentis quando obtendes aquilo que desejáveis? Durante algum tempo, estais satisfeitos, mas depois?... Quando já não tendes esforços a fazer para atingir um novo objetivo, perdeis o entusiasmo e até, por vezes, o gosto de viver. Então, escolhei um objetivo que nunca alcançareis e estareis sempre despertos, ativos, entusiasmados.
No seu pensamento, nos seus desejos, o ser humano tem possibilidades infinitas; no mundo da alma e do espírito, não há limites para ele. Se sente limites, é porque se limitou a si próprio. Portanto, é conscientemente que deveis ser capazes de alimentar um ideal irrealizável: pouco a pouco, sentireis que, graças aos vossos desejos, aos vossos pensamentos, conseguis elevar-vos muito alto; aí, contactais com seres, com elementos, que estão em correspondência exata com esses desejos e esses pensamentos, e atraí-los até vós, alimentais-vos deles."

"Os humanos têm o seu corpo, vivem com ele, cuidam dele, alimentam-no, lavam-no, vestem-no e até o maquilham, mas não se ocupam a decifrar o que quer dizer-lhes esse corpo com os seus membros e os seus órgãos. Devem estudar como a Inteligência Cósmica pensou as coisas ao pôr o seu corpo ao serviço do seu intelecto, do seu coração e da sua vontade; compreenderão que devem inspirar-se nesta lição para se orientarem na sua vida interior e saberão pôr tudo o que é material e efémero ao serviço do princípio eterno que é o seu espírito.
 O material e o efémero têm necessariamente um papel a desempenhar na nossa existência; mas, para esse papel ser benéfico, é preciso fazê-los participar na atividade do espírito. Não basta multiplicar os encontros, as informações, os conhecimentos, as aventuras, embora, no momento, eles deem a sensação de que se vive em plenitude. O que conta não é “viver o momento”, é o balanço que se faz da sua vida anos mais tarde. Por isso, é útil passar em revista, de vez em quando, as suas escolhas e as suas atividades, questionando-se: «O que é que tudo isto me traz verdadeiramente?...»"

"Quando Deus criou o homem, colocou nele os germes de todas as qualidades e virtudes, assim como de todos os dons. Eles estão lá, ainda adormecidos, e, para os desenvolver, o homem deve primeiro utilizar o pensamento, depois vivificar o pensamento por intermédio do sentimento, e, finalmente, pôr a vontade em ação para realizar o que pensou e sentiu. Então, é como um apelo que ele lança a entidades espirituais que se encontram muito longe, muito alto, e essas entidades respondem ao seu apelo vindo manifestar-se por intermédio dele.
 Os humanos devem aos sacrifícios de entidades do mundo espiritual as qualidades e os dons que conseguem desenvolver. É com alegria que elas fazem esses sacrifícios. Mas, para os humanos beneficiarem plenamente de tais sacrifícios, é preciso que estejam conscientes deles e se mostrem reconhecidos. Reconhecidos como? Esforçando-se por também estarem atentos, por serem bons e generosos para com as criaturas que os rodeiam, não apenas os humanos, mas também os animais, as plantas, toda a Criação. Essas entidades não pedem outra coisa. Nós devemos ter algo a oferecer a todos os seres visíveis e invisíveis que nos ajudam a viver e a crescer: uma alegria, um olhar, um raio."

"Como o ser humano representa um microcosmos, que é o reflexo do macrocosmos, todas as constelações existem também em si. Cada uma das constelações está relacionada com uma parte do seu corpo físico, mas também existe nele sob a forma de tendências, de traços de carácter. E do mesmo modo que, ao longo de um ano, o Sol percorre o Zodíaco, nós podemos, pelo nosso espírito, que é o nosso Sol, percorrer as doze constelações, para beneficiarmos das suas boas influências.
 Estas doze constelações são: o Carneiro (a energia, a audácia), o Touro (a tenacidade, a paciência), os Gémeos (as capacidades intelectuais), o Caranguejo (a sensibilidade, a intuição em relação ao mundo invisível), o Leão (a generosidade, a nobreza), a Virgem (a pureza, o gosto pela ordem), a Balança (o equilíbrio, a harmonia), o Escorpião (a sublimação das energias), o Sagitário (o impulso para o mundo espiritual), o Capricórnio (o autodomínio, a autoridade), o Aquário (a universalidade, a fraternidade) e os Peixes (o sacrifício)."