O grande
anfiteatro oval romano, que conhecemos como Coliseu, foi mandado construir pelo
imperador Vespasiano, por volta do ano setenta.
O imperador
Domiciano o concluiu no ano oitenta e dois. Suas arquibancadas tinham
capacidade para oitenta mil pessoas. Os assentos eram de mármore e, para evitar
problemas nas saídas dos espetáculos, os arquitetos projetaram oitenta
escadarias.
Assim, em menos
de três minutos, o coliseu podia ser totalmente evacuado. Ao ensejo da sua
inauguração, as festas e jogos duraram cem dias.
Nesse período,
morreram nove mil animais e dois mil gladiadores. Ao longo dos anos, serviu
também à representação de tragédias e comédias. Chegaram mesmo a se realizar
simulações de batalhas navais.
Também foi local
onde muitos cristãos perderam a vida, lançados às feras. Esses espetáculos
sangrentos, de triste memória, eram assistidos em quase delírio.
Hoje, as ruínas
ainda permanecem carregadas de um clima misterioso, símbolo do império romano e
da cidade eterna. Curiosamente, nesse mesmo local onde os cristãos entravam na
arena cantando hinos de louvor, a caminho do martírio, outros hinos de louvores
se erguem, vez ou outra.
Assim foi quando
da apresentação do quarteto Il Divo que, entre unção e emoção, interpretou
Amazing Grace.
O hino tem muito
significado, vez que foi composto por John Newton, após o que é considerada a
sua conversão.
Newton era um
traficante de escravos africanos. Durante uma de suas viagens, seu navio foi
fortemente afetado por uma tempestade.
Lutando contra a
borrasca, ele sentiu como estavam todos, no navio, frágeis e desamparados,
concluindo que somente a graça de Deus os poderia salvar.
Estimulado por
esse acontecimento e posteriores reflexões que fez do livro Imitação de Cristo,
de Tomás de Kempis, ele resolveu abandonar o tráfico de escravos e se tornou
cristão.
E, então, compôs
a canção Amazing Grace, cujos versos podemos traduzir mais ou menos assim:
Sublime Graça! Quão doce é o som, que salvou um náufrago como eu.
Eu estava perdido
mas agora fui encontrado.
Eu estava cego,
mas agora eu vejo.
Foi a Graça que ensinou
meu coração a temer. E a Graça aliviou meus medos.
Quão preciosa
aquela Graça que apareceu na hora em que acreditei.
Por muitos
perigos, dificuldades e armadilhas eu passei até aqui.
Esta Graça me
trouxe em segurança de tão longe...
E esta Graça me
conduzirá para casa.
Quando
estivermos, há dez mil anos, claros e brilhantes como o sol, não teremos menos
dias para cantar e louvar a Deus do que nos dias quando começamos.
* * *
Enquanto as vozes
se elevam aos céus, lembramos que alguém disse, certa vez, que arar é orar.
E, de nossa
parte, afirmamos: cantar tal hino é uma verdadeira prece de louvor e gratidão
ao Senhor da Vida.
Imaginamos
quantas bênçãos tenham alcançado aquela imensa plateia, envolvida na harmonia
dos sons e na beleza dos versos.
Graça
maravilhosa...
Música renovando
a psicosfera de sangrentos dias. Prece ao Senhor da Vida pela própria vida.
Gratidão.
Redação do
Momento Espírita.
Disponível no CD
Momento Espírita, v. 25, ed. FEP.
Em 24.1.2020