Um famoso
pensador, ao ser entrevistado, afirmou que uma das perguntas de maior teor
filosófico que mais o fez pensar nos últimos tempos, tinha vindo de sua filha,
uma menina de poucos anos de idade.
Afirmava o
entrevistado que, certa feita, ao dar o beijo de boa noite para sua pequena,
ela o surpreendeu com a seguinte pergunta: Pai, quando você morrer, irá sentir
saudades de mim?
A pergunta da
menina, longe da ingenuidade infantil, traz no seu bojo profundos
questionamentos filosóficos. Você mesmo já se surpreendeu pensando naqueles que
lhe antecederam na viagem de retorno ao mundo espiritual?
Já se perguntou
onde estarão eles? Sentirão saudades de mim?
Ou já pensou em
algum momento: Como pode o manto da morte ser capaz de destruir sonhos, romper
laços fraternos, separar aqueles que se amam?
E já se
questionou se aqueles a quem queremos bem, que nos são caros ao coração, que
convivemos anos a fio, compartilhando anseios, dúvidas, desafios, medos, com a
morte ficam irremediavelmente afastados de nós?
É comum dizermos
Perdi meu pai, ou Perdi meu filho, quando esses se vão com o fenômeno da morte.
Será verdade que os perdemos?
A razão nos diz
que não. Como pode a morte vencer os laços construídos ao longo dos dias, dos
anos, feitos no olhar, na dedicação, na cumplicidade, no compartilhar de dores
e felicidades?
Como pode o
fenômeno biológico vencer os sentimentos verdadeiros, que nascem nos refolhos
da alma e são guardados no coração?
Pensar dessa
forma é imaginar que Deus pouca importância daria para o amor. Afinal, de que
valeria amar alguém, se isso tudo nos levasse ao nada?
Já que a morte do
corpo é inevitável, inevitável seria então perder nossos amores.
A lógica nos
conduz ao entendimento das leis de Deus, a nos explicar que os laços de amor
vencem as distâncias provocadas pelo tempo e pelo espaço.
Aqueles que se
amam, onde estiverem, continuarão se amando, mesmo que momentaneamente
apartados.
E é isso que a
morte do nosso corpo físico nos provoca. Temporariamente, ficamos apartados
daqueles a quem amamos.
No entanto, logo
mais, em um tempo que a vida nos dirá, nos reencontraremos, com as saudades
daqueles que, após longa viagem, se reencontram para reviver o carinho, afeto e
sentimentos que sempre existiram.
Quem parte de
retorno ao mundo espiritual, pelo fenômeno da morte do corpo físico, é alguém
que nos antecede na viagem de volta.
Como nos ama, de
lá fica nos aguardando, para um reencontro inevitável. Naturalmente sentem
saudades como nós, sentem nossa falta, como sentimos nós a deles.
* * *
Quando a saudade
dos amados apertar nosso peito, que nossos pensamentos sejam de carinho, com a
certeza de que nos reencontraremos.
Aguardemos sem
revolta pois, afinal, dia desses lá estaremos nós, a revê-los, no retorno que
também faremos ao mundo espiritual.
Redação do
Momento Espírita.
Disponível no
livro Momento Espírita, v. 9, ed. FEP.
Em 29.1.2020