A cada dia, a
vida se renova. Distraídos, ignoramos o que nos é ofertado a cada amanhecer, em
vinte quatro horas que se repetem e se repetem.
O sol nasce e se
põe sem que vejamos nisso alguma magia ou beleza.
Botões se
entreabrem nos jardins, nas ruas e nas praças, sem nenhum aplauso da nossa
parte.
Flores deixam
cair as suas pétalas, colorindo o chão e nós simplesmente pisamos sobre elas,
sem nos permitir sentir o perfume ou observar as cores.
Frutos chegam à
nossa mesa sem nos darmos conta do cheiro, sabor, cor e texturas que possuem.
Quase sempre os mastigamos e engolimos, enquanto nossa mente anda distante.
O ar que
inalamos, em todos os lugares, todos os dias, entra e sai de nossos pulmões sem
qualquer movimento de gratidão ou louvor ao Criador.
A água que chega
em nossas torneiras abastecendo o lar e saciando a nossa sede, é sorvida com
automatismo.
Não nos
encantamos com a preciosidade desse líquido ou pela forma como nos chega das
fontes, dos rios, dos reservatórios.
No céu, cores se
revezam desde a aurora até o final da tarde.
Pássaros cantam
nos diversos caminhos por onde transitamos!
Os mares beijam
as praias, o planeta abraça os oceanos e esses abraçam com carinho os
continentes!
Lagos espelham o
céu azul!
Cachoeiras cantam
melodias inigualáveis, sonoras e belas!
Pequenos córregos
e riachos declamam versos em delicadas poesias.
Fontes
cristalinas solfejam acordes!
Chuvas amenas ou
torrenciais surgem para promover a renovação do solo, das plantas, além de operarem
modificações positivas nas energias que se concentram em certos lugares e
regiões.
Ventos e
tempestades tentam estabelecer algum diálogo conosco e não vemos nem ouvimos
nada...
Animais nos fazem
companhia. Dotados de sensibilidade e também de uma centelha espiritual, ajudam
a dar sentido aos nossos dias.
Quase sempre, não
correspondemos ao que nos oferecem.
Seguimos surdos e
cegos para essa linguagem divina, inarticulada e estranha para nós.
Há uma
necessidade de renovação em toda a Humanidade!
* * *
A mensagem
trazida pela pandemia é clara, mas requer sensibilidade, olhos de ver, ouvidos
de ouvir, coração para sentir, além de mãos para agir.
Temos sido
cristãos sem Cristo e esse paradoxo precisa ser resolvido para que tenhamos uma
nova família, uma nova sociedade, um novo governo, uma nova Humanidade.
Nada disso será
possível sem a gestação e o parto de um novo ser humano: fraterno, solidário,
amoroso e gentil com todos os seres da Criação: vegetais, animais e homens.
Um ser que saiba
respeitar, conviver e aprender com as diferenças, sem aceitar injustiças.
Que a parada
destes dias nos remeta a reflexões mais profundas que aquelas costumeiras.
Deixemos de agir
apenas como consumidores, atendendo a necessidades importantes e necessárias, mas
que não são suficientes para a construção de um mundo com mais compartilhamento
e menos acumulação.
Precisamos de
mais cooperação e menos competição. Um mundo com mais nós e menos eu.
Redação do
Momento Espírita, com base no
texto Renove seu
olhar, de Cezar Braga Said.
Em 8.6.2020