domingo, 4 de setembro de 2022

MESTRE OMRAAM MIKHAEL AIVANHOV

 
"A inteligência do homem desenvolve-se quando ele encontra dificuldades e obstáculos, porque, para os ultrapassar, ele tem de observar, refletir, tornar-se perspicaz. Por isso, a Natureza colocou dificuldades, um pouco por toda a parte, na vida dos seus filhos, para eles desenvolverem a inteligência. Mas esses filhos não se desenvolvem, porque, em vez de procurarem compreender e encontrar soluções, perdem tempo e energias em choros, queixumes, cóleras e nervosismo. Quando ficam esgotados, evidentemente, acalmam-se, mas as dificuldades não desaparecem. As energias partiram, mas as contrariedades ficaram. 
Que estranho método!
Pergunto a alguém: «Durante quanto tempo chorou? – Três horas. – E resolveu o problema? – Não. – Pois bem, na próxima vez, contente-se com chorar dez minutos. Já que lhe faz tanta falta chorar, faça-o, mas não mais de dez minutos, e quando tiverem passado os dez minutos, acabou-se, comece a refletir!»."
 
"É importante distinguir a verdadeira sensibilidade da sensibilidade doentia, a que seria mais exato chamar suscetibilidade ou pieguice. A verdadeira sensibilidade é uma faculdade que nos torna capazes de nos elevarmos muito alto, muito longe, e de termos acesso a um mundo cada vez mais subtil, para captarmos as suas realidades. A pieguice, essa, é uma manifestação da natureza inferior que, tomando-se pelo centro do mundo, acha sempre que não lhe dispensam a consideração suficiente, sente-se frustrada, ferida, e torna-se agressiva. Quando se vê esta distinção, compreende-se que há todo um trabalho a realizar sobre a natureza inferior para a dominar, a agarrar pelos colarinhos: é a única maneira de permitir que a verdadeira sensibilidade se expanda e se enriqueça.
A sensibilidade não é apenas a faculdade de nos emocionarmos e de nos maravilharmos com os seres que amamos, a beleza da Natureza ou as obras de arte; ela também nos abre as portas da imensidão, da luz, também nos dá a compreensão da ordem divina das coisas e nos permite vibrar em uníssono com as regiões, as entidades e as correntes do Céu."
 
"São as montanhas que fazem a ligação entre a terra e o Céu. Uma grande sabedoria presidiu à sua formação e decidiu a sua localização, que nunca é ao acaso. A cada uma está atribuída uma determinada função, razão pela qual são todas diferentes na forma, no volume e na altura.  Os seus cumes elevam-se como antenas destinadas a irradiar ou a captar ondas de frequências diferentes, criando assim, cada uma, condições favoráveis para uma determinada atividade.
O discípulo deve subir à montanha para comunicar com o Céu. Deve fazê-lo não só fisicamente, mas também espiritualmente, e meditar durante muito tempo para compreender o que a montanha representa para ele, na sua vida interior."
 
"A luz é um espírito, um espírito que vem do Sol... Cada raio é uma força formidável que, pelo espaço, vai penetrar em todas as coisas e agir sobre elas. Se há algum domínio a aprofundar, é realmente o da luz: o que ela é, como trabalha, e como também nós devemos trabalhar com ela.
Aquele que abandona a luz para se ocupar apenas do dinheiro e dos negócios é um ignorante. Ele não sabe que o ouro que procura, na realidade, é precisamente a condensação dos raios de Sol, acumulados, recolhidos e trabalhados por seres que vivem debaixo da terra. Se prestardes honras ao ouro, mas descurardes a luz, o que acontece? É como se descurásseis uma princesa em favor da sua aia. Então, evidentemente, logo que se apercebe disso, a princesa fecha-vos a porta. Primeiro, deveis amar a luz; o ouro virá depois, seguir-vos-á: quando sairdes com a princesa, todos os outros virão atrás para vos servir."
 
"As verdades que ainda não tinham sido bem aceites no passado serão agora compreendidas, esclareciddas, e até se lhe acrescentarão muitas verdades novas. Porque nada fica estagnado, tudo mexe, tudo evolui. Aliás, Jesus mostrou isso mesmo, dando uma nova moral, diferente da de Moisés. Em várias passagens dos Evangelhos, ele repete: «Foi dito... mas eu digo-vos...» Por exemplo: «Foi dito: “Não matarás!” Mas eu digo-vos: “Quem se encolerizar contra seu irmão, será passível de julgamento...” Foi dito: “Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo.” Mas eu digo-vos: “Amai o vosso inimigo e orai por aqueles que vos perseguem...”».
Como vedes, a moral que Jesus trouxe já não era a moral dada por Moisés. E porque não havemos de ir agora ainda um pouco mais longe? Os cristãos ficarão escandalizados porque não querem que haja outra coisa depois de Jesus; segundo eles, nada se lhe pode acrescentar. Mas é o próprio Cristo que vem acrescentar outras verdades, porque tudo evolui."
 
"As pessoas, na sua maioria, estão convencidas de que não poderão prosperar se não conseguirem fazer o que lhes agrada. E para isso estão dispostas a passar por cima de todas as regras, de todos os “tabus”, como elas dizem. Querem ser livres. E que liberdade é essa? A de fazerem loucuras e até de se destruírem, porque, quando alguém se liberta da luz, da sabedoria, da razão, sofre inevitavelmente. Até fisicamente acaba por ficar doente, pois a doença não é mais do que a manifestação, no plano físico, das desordens que a pessoa deixou que se instalassem no plano psíquico.
Querermos derrubar os preceitos e as regras de uma moral limitadora, para sermos finalmente nós próprios, não é mau, pelo contrário. Mas precisamos de saber que, acima das leis da moral humana, existem leis eternas estabelecidas pela Inteligência Cósmica e, quer se queira quer não, se se transgride essas leis paga-se com o desgosto, o sofrimento e a doença."
 
"O destino não se deixa apiedar, mas nunca é cruel; é justo, apenas isso. Todas as vossas falhas se vão acumulando num prato da balança; mas, se vos decidirdes a reconstruir a vossa vida, tudo o que fizerdes de bom irá pesar no outro prato.
Então, quando chegar o momento de pagardes pelas transgressões, os vossos bons pensamentos, os vossos bons sentimentos e as vossas boas ações intervirão, para que o pagamento seja menos pesado. Isto não significa que se deve ser fatalista, dizendo: «Se o meu destino é este ou aquele, não há nada a fazer, tenho de aceitar.» Não. Nunca esqueçais isto: o destino nunca exige a asfixia e a extinção do espírito. Pelo contrário, o destino existe para nos obrigar a despertar o espírito, a trabalhar com o espírito, a fim de criarmos para nós um novo destino."
 
"Em vez de fazerem esforços para se aperfeiçoarem, os humanos preferem proteger a sua natureza inferior. Deixam-se ir atrás das suas fraquezas, dos seus desejos e caprichos, e nem tentam distinguir a origem dos seus pensamentos, sentimentos e desejos: mal sentem despertar no seu íntimo esses pensamentos e esses sentimentos, cedem imediatamente. E depois de terem dado a todos os seus impulsos a possibilidade de se manifestarem, ficam admirados por se sentirem enfraquecidos e infelizes.
Na realidade, para se tornarem fortes e felizes, os seres precisam de aprender a submeter-se às leis divinas. Sim, contrariamente ao que a maioria das pessoas imagina, é quando obedecem às leis que se tornam fortes e felizes, e não quando se opõem a elas. Quando se opõem às leis divinas, mais cedo ou mais tarde são esmagadas."
 
"Para dardes um sentido à vossa vida, não basta terdes, de vez em quando, um momento de inspiração e de luz; também deveis aprender a fazer com que esse momento perdure, para que se torne um estado de consciência permanente que purifique, ordene e restabeleça tudo em vós. Direis: «Mas está a pedir-nos uma coisa impossível. Na vida, não se pode manter sempre estados divinos.»
Aparentemente, tendes razão, eu vivo no mesmo mundo que vós e sei como as as coisas se passam. Mas também sei que, aconteça o que acontecer, apesar da fadiga, do desânimo, dos desgostos, das desgraças, o discípulo da luz nunca se deixa desviar do seu caminho; pelo contrário, agarra-se àquilo que viveu de grandioso, de belo, às experiências que, em certos momentos privilegiados, lhe deram o verdadeiro sentido da vida."
 
"Aquilo a que geralmente se chama anarquia não deve ser considerado como necessariamente mau. Não, a anarquia é o estado de um ser que quer levar a vida como entende e não se submeter à ordem estabelecida. Seja essa ordem boa ou má, ele quer viver segundo as suas próprias conceções, e pode suceder que as suas conceções sejam superiores às da ordem estabelecida. A sociedade considera-o como um anarquista, mas se ele aspira a mais amor, mais fraternidade e mais justiça, para o Céu não é um anarquista.
Segundo os Iniciados, só é anarquista aquele que não reconhece a ordem divina, a existência de um Senhor do Universo, de entidades e de forças superiores, de regras às quais deve submeter-se. Pode ser que ele viva em total conformidade com uma sociedade de milhões de homens que não têm qualquer vida espiritual, mas perante a Inteligência sublime é um anarquista, porque transgride as suas leis."
 
"Vós assistis ao nascer do Sol para receberdes os frutos da esperança. Sim, o Sol, pela sua luz, pelo seu calor e pela sua vida, já tantas vezes vos deu a comer e a beber esperança! É pena que tenhais abandonado tão frequentemente essa esperança por causa do desânimo. Se não a tivésseis abandonado, se não tivésseis tido tantas dúvidas e hesitações, teríeis obtido resultados bem melhores.
Porque não haveis de ter pensamentos que alimentem o vosso espírito? Se não tentardes sair da triste realidade pela qual vos sentis invadidos, ficareis realmente sufocados. Precisais de mudar alguma coisa, pelo menos interiormente, dizendo a vós mesmos: «As dificuldades, os sofrimentos, não duram sempre. Eu sou filho de Deus, sou filha de Deus, e Deus prepara para mim a beleza, a luz e o esplendor.» "
 
"Se fugirdes de certos esforços, de certos trabalhos que vos são impostos pela vida, nunca chegareis a desenvolver-vos. Algumas pessoas consideram que a vida se torna difícil na sua família ou no seu trabalho e deixam-nos... Outras fogem de todas as responsabilidades... Pois bem, fugir não é nada recomendável. Se o destino vos colocou em certas condições, é porque existem razões para isso.
Face aos obstáculos do mundo exterior, há que ser forte, como os desportistas que vemos a treinarem-se para suportarem o frio, o calor, a fadiga, as privações, a fome... ou como os navegadores que conseguem vencer as correntes contrárias, suportar as intempéries, enfrentar grandes perigos. É aconselhável ser como eles, treinar a resistência, aguentar. Evidentemente, se chegar uma ocasião em que vedes que já não podeis suportar a situação, afastai-vos... Mas, logo que possível, enfrentai-a de novo... Até vos tornardes verdadeiramente sólidos e fortes."
 
"Há alguns séculos, cada país estava dividido em ducados, principados ou pequenos reinos que andavam continuamente em guerra, até ao dia em que, graças a uma maior luz, a um alargamento de consciência, todos conseguiram compreender que era mais vantajoso unirem-se. De igual modo, é necessário que, um dia, surja no cérebro humano uma luz, uma inteligência, que consiga convencer todas as células dos órgãos de que, para se tornarem verdadeiramente poderosas e ricas, têm de estar unidas.
As doenças são a maior prova de que a anarquia e a desordem reinam no organismo humano, de que a luz e a inteligência ainda não penetraram em cada órgão, em cada célula. Foi o homem que, pela sua ignorância, permitiu que a desordem se instalasse. Mas, doravante, para o interesse comum, ele deve conseguir harmonizar as suas células, fazê-las vibrar em uníssono. Assim, todos os órgãos obedecerão sábia e inteligentemente, trabalharão juntos com amor, e haverá abundância e felicidade para todos."
 
"Para que um ser encarne na terra, é preciso que toda a Criação consinta na sua vinda. Se ela lhe recusar mesmo que apenas alguns elementos, ele morrerá. Isto surpreende-vos? Pois bem, refleti. Observai como se passam as coisas num país, numa empresa ou numa família. Há pessoas que calculam o orçamento, determinam as despesas (quanto dedicar à educação, à defesa, à segurança social...), decidem quais as economias a fazer, quais as pessoas a contratar, a dispensar ou a manter... quais as verbas necessárias à alimentação, ao aquecimento, à manutenção... Então, quando se trata da chegada de um ser à terra, acreditais que ninguém a decidiu nem aprovou?
Numa família, numa cidade, num país, tudo se faz segundo cálculos, planos, orçamentos; e no Universo tudo se faria sem reflexão, ao acaso? Realmente, a ignorância humana é incrível! Lá em cima, os seres invisíveis também contam quantos homens devem descer à terra, o número de anos que devem cá permanecer... Sim, é toda uma economia de que nem sequer podeis ter uma ideia."
 
"A tradição cristã representa o homem acompanhado de um anjo e um demónio – o anjo à sua direita e o demónio à sua esquerda – ao longo de toda a sua vida. O anjo dá-lhe bons conselhos, ilumina-o, enquanto do outro lado o demónio quer induzi-lo em erro, para que se torne sua vítima.
Poder-se-á perguntar porque é que o anjo e o demónio se limitam a ficar tranquilamente junto do homem, porque é que eles não apertam o pescoço um ao outro... Seria mais simples, e aquele que vencesse apoderava-se do pobre coitado. Mas não, eles não se combatem, respeitam-se, estimam-se e até se saúdam: «Bom dia, como vais?» O diabo não ataca o anjo da luz e o anjo também não o fulmina. Porquê? Porque, na realidade, o anjo da guarda e o diabo são imagens que exprimem as duas realidades, um mundo superior e um mundo inferior, entre os quais o homem se encontra, com as duas naturezas – a natureza divina e a natureza animal – que em si coexistem, e a ele cabe decidir a qual das duas quer dar a possibilidade de se manifestar."
 
"É preciso compreender, de uma vez por todas, que as condições nunca são determinantes. Quando a coletividade é tocada por certos acontecimentos, por exemplo, as mesmas provações não afetam os humanos da mesma maneira. Porquê? Porque eles não as enfrentam com o mesmo estado de consciência. Enquanto uns, que não têm uma compreensão correta, pouco a pouco se tornam azedos, vingativos, ou se deixam esmagar completamente e envenenam a vida das pessoas à sua volta, outros, pelo contrário, reforçam-se, enriquecem-se e, graças às suas experiências, depois podem ajudar os que os cercam com os seus conselhos, a sua atitude, a sua irradiação, as forças que deles emanam.
Isto prova bem que as condições não são tudo. Claro que não se pode ignorá-las ou negligenciá-las completamente, mas, para progredirmos, precisamos de saber que muitas coisas na vida só dependem de nós, da nossa maneira de as considerar, e que a felicidade e a infelicidade são estados completamente relativos."
 
"Um homem e uma mulher que se amam são como dois recipientes e, se não tiverem o hábito de se ligar à Fonte, acabarão por esgotar o conteúdo um do outro. Ora, quando já nada houver, que poderão eles fazer senão rejeitar-se? Pensai, pois, que o vosso parceiro é um ser precioso, único, e que depende de vós torná-lo vivo, belo e rico, na condição de o ligardes à Fonte Divina, ao Pai Celeste, à Mãe Divina, ao Sol, aos Anjos, aos Arcanjos, a todos os Mestres da humanidade.
O amor dá-vos todas as possibilidades; mas, se não fordes esclarecidos, se, em vez de ligardes ao Céu o ser que amais, vos aferrardes a ele, consumireis as suas energias. Com o tempo, aperceber-vos-eis de que esse ser está em perda e que o amais menos. Mas de quem é a culpa? Porque não o ligastes ao Céu? Agora estais inquietos, questionais-vos a seu respeito, no entanto é muito simples: vós é que não soubestes ligá-lo às regiões superiores, projetá-lo para muito alto, para que ele pudesse aí beber e respirar... E ele deve fazer a mesma coisa convosco. Nesse caso, já não sereis simples recipientes, sereis uma fonte um para o outro."
 
"Quase todas as pessoas estão habituadas a só contar com os elementos exteriores a si: aparelhos, máquinas, medicamentos. Não pensam muito em utilizar os dons e as faculdades que o Criador nelas colocou.
Mesmo quando encontram um Mestre, têm exatamente a mesma atitude. Em vez de aprenderem com ele a desenvolver as suas faculdades espirituais, contam com o Mestre para este fazer tudo por elas; é o Mestre que tem de instruí-las, purificá-las, curá-las, encontrar soluções para todos os seus problemas, torná-las felizes e ricas. Sim, esta atitude de esperar tudo do exterior está tão generalizada que até os espiritualistas a adotaram. Num Mestre, elas procuram um fulaninho que venha livrá-las de apuros, salvá-las de perigos e, sobretudo, que carregue todos os seus fardos. Sim, um burro de carga! Analisai-vos e vereis se não é verdade..."
 
"Meditai no sacrifício da água, tão transparente, tão inocente, que desce à terra para se carregar de todas as impurezas das criaturas. Se vos sujardes um pouco ao querer ajudar os outros, não vos inqueteis: tereis sempre, como a água, a possibilidade de vos fundir no oceano, e esse não pode estar sujo.
Se vos queixais de que ficastes sujos, de que fostes roubados, diminuídos, é muito simplesmente porque vos sentis pequenos como um charco ou, pior ainda, como uma poça. Não vos identifiqueis com o charco, identificai-vos com o oceano, e sentireis que nada nem ninguém poderá sujar-vos. Depois, chegará o momento em que ficareis sob a ação dos raios do Sol espiritual, que se ocuparão da vossa purificação. Elevando-vos no espaço, abandonareis os elementos impuros que absorvestes pelo caminho."
 
"Infelizmente, não basta desejar salvar alguém. Para salvar um alcoólico ou um doente mental, são necessários conhecimentos e métodos, senão ele será mais forte e não só não mudará, como vos destruirá. Muitas mulheres que quiseram sacrificar-se para salvar um homem da bebida acabaram por morrer de desgosto. Os maridos passavam as noites no bar e, quando regressavam, batiam-lhes...
Não é nada fácil salvar alguém; é preciso ser muito forte para resistir e continuar até à vitória. Não deveis sobrestimar as vossas capacidades, mas analisar-vos, avaliar a extensão das vossas forças e dizer: «Gostaria de salvar este ser, mas não tenho meios para o fazer.» Deveis dirigir-vos, então, a um ser mais poderoso, um Anjo ou um Iniciado, e suplicar ao Céu que interceda em favor dessa infeliz criatura que amais; mas vós, protegei-vos, senão também sereis arrastados para a ruína."
 
"Se uma garrafa já estiver cheia, como podereis introduzir nela mais líquido? Não podereis; primeiro, é preciso esvaziá-la. Assim acontece com o ser humano: se ele não se esvaziar dos seus vícios e hábitos perniciosos, como poderão as virtudes e as qualidades divinas vir instalar-se nele? Já está cheio! Mas é preciso que fique vazio. É esse o sentido da renúncia: renunciar é esvaziar, abandonar certos hábitos prejudiciais a si e aos outros, para poder introduzir algo de novo em seu lugar.
Aqueles que compreenderam o sentido da renúncia sabem que a fazem em seu benefício, para criarem um vazio onde as qualidades divinas poderão introduzir-se. Enquanto o homem não compreender isto, pensará: «Se eu renunciar a beber, a roubar, a enganar, a seduzir mulheres, serei muito infeliz.» Não, é o contrário, porque, se ele conseguir fazer o sacrifício, esses prazeres minúsculos serão substituídos por prazeres muito maiores e de melhor qualidade."
 
"Exercitai-vos doravante a superar as vossas antipatias e não continueis a imaginar que as vossas simpatias são algo de absoluto que deveis seguir cegamente. Na Fraternidade Branca Universal, onde temos como ideal formar na Terra inteira uma família que viva em paz e harmonia, vós deveis dar o exemplo.
Ainda que alguém vos ofenda, pelo simples facto de estardes na Fraternidade e seguirdes este ideal, deveis mostrar-vos compreensivos. Fazendo esses esforços, vós é que ganhais, porque conseguis vencer a vossa natureza inferior, que procura sempre arrastar-vos para complicações, mal-entendidos e lutas. No momento em que o conseguirdes, entrareis num mundo de harmonia e de luz, e logo verificareis que tudo muda, porque aqueles para quem olháveis com frieza e hostilidade sentem que o vosso olhar se modificou e começam a gostar de vós."
 
"O sofrimento está ligado à sensibilidade. Quanto mais sensível um ser se torna, mais sofre, mas é preferível sofrer e ser sensível a não sofrer e ser como uma pedra. Deve-se ser sensível, mas sem cair na sensibilidade doentia, na pieguice. Muitas pessoas não estão minimamente esclarecidas sobre esta questão; têm medo de ser sensíveis e tornam-se como pedras. Não, é preferível passar pelos sofrimentos e aumentar o seu grau de sensibilidade, porque é o grau de sensibilidade que determina a grandeza, a elevação do ser humano.
Segundo os Iniciados, ser sensível é ser capaz de sentir cada vez mais a beleza, o esplendor, a riqueza do Céu, de captar melhor as maravilhas do mundo divino e não continuar a sentir tanto a maldade e a estupidez de certas criaturas. Os grandes Mestres e, acima deles, os Anjos e os Arcanjos, já  não sofrem com a fealdade, já nem a veem; só veem a beleza e vivem incessantemente na alegria."
 
"Nunca esqueçais que o vosso verdadeiro futuro, a vossa predestinação longínqua, é virdes a ser como o próprio Deus. Se esquecerdes este conhecimento de sabedoria, esta luz, não vos admireis de encontrar sempre deceções, amarguras e desespero. Depois, evidentemente, dareis trabalho aos médicos.
Há tantas pessoas que chegaram à beira dos precipícios! Diz-se que estão deprimidas, que são neurasténicas, neuróticas... Os epítetos científicos não faltam! Mas, na realidade, trata-se sempre da mesma doença: o esquecimento da verdadeira natureza do homem, da sua essência divina e da sua predestinação final, o regresso ao seio do Eterno. Por isso, pensai todos os dias, intensamente, neste futuro luminoso."
 
"Algumas pessoas decidem assumir o papel de guia espiritual sem se aperceberem de que não têm as virtudes necessárias para tal: a sabedoria, o amor, a pureza, o desapego, a paciência... Não sabem que, enquanto ainda não tiverem recebido a aprovação do Céu, é muito perigoso para elas tomarem sobre os ombros uma tarefa tão esmagadora.
Para se assumir a tarefa de guia espiritual, é preciso ter recebido um diploma. Sim, no mundo espiritual também se recebem diplomas: os espíritos luminosos que nos enviaram à terra observam-nos, avaliam-nos e, se veem que um ser conseguiu aperfeiçoar-se e corrigir alguns dos seus defeitos, enviam-lhe um diploma que lhe dá o direito de, por sua vez,  ensinar. E onde está esse diploma? Não se trata de um papel que possa ser apagado ou destruído: é como que um selo impresso no rosto e em todo o corpo, que faz parte do próprio homem e que mostra que ele teve sucesso no seu trabalho espiritual. Talvez os humanos não o vejam, mas todos os espíritos da Natureza e todos os espíritos luminosos o veem de longe, e então acorrem a 
ajudá-lo na sua tarefa."
 
"Algumas pessoas decidem assumir o papel de guia espiritual sem se aperceberem de que não têm as virtudes necessárias para tal: a sabedoria, o amor, a pureza, o desapego, a paciência... Não sabem que, enquanto ainda não tiverem recebido a aprovação do Céu, é muito perigoso para elas tomarem sobre os ombros uma tarefa tão esmagadora.
Para se assumir a tarefa de guia espiritual, é preciso ter recebido um diploma. Sim, no mundo espiritual também se recebem diplomas: os espíritos luminosos que nos enviaram à terra observam-nos, avaliam-nos e, se veem que um ser conseguiu aperfeiçoar-se e corrigir alguns dos seus defeitos, enviam-lhe um diploma que lhe dá o direito de, por sua vez,  ensinar. E onde está esse diploma? Não se trata de um papel que possa ser apagado ou destruído: é como que um selo impresso no rosto e em todo o corpo, que faz parte do próprio homem e que mostra que ele teve sucesso no seu trabalho espiritual. Talvez os humanos não o vejam, mas todos os espíritos da Natureza e todos os espíritos luminosos o veem de longe, e então acorrem a 
ajudá-lo na sua tarefa."
 
"Quando um homem ou uma mulher manifesta um dom para as artes ou para as ciências, todos ficam maravilhados, todos lhe manifestam apreço e lhe dirigem convites, todos o(a) abraçam. Não procuram saber se se trata de um ser bom, justo, honesto, generoso. Não, apenas se observa o talento e, por isso, é o que todos tentam cultivar. Assim, a Terra está agora povoada de pessoas capazes, talentosas; é formidável, que abundância!
Mas porque é que todas essas capacidades, todos esses talentos, todos esses génios, não conseguem salvar o mundo? Tudo vai mesmo de mal a pior... Mas as pessoas aceitam esta situação. Alguém tem capacidades e isso é que conta. Não importa nada que, no seu interior, reinem a desordem, a fealdade e a podridão. Como todos sabem que é assim, só se preocupam em desenvolver os talentos que serão apreciados pelos outros, mesmo que esses talentos contribuam para a desagregação da humanidade."
 
"A Fraternidade existe para que possamos, todos juntos, coletivamente, pedir a vinda do Reino de Deus. Claro que cada um pode pedi-lo sozinho, por si; mas sozinho não se é capaz de produzir efeitos tão poderosos, para isso é preciso conhecer outras leis. Aquele que está só deve saber que isolado nunca fará nada e que, pelo pensamento, deve unir-se a toda a coletividade de seres dispersos pelo mundo, que trabalham continuamente no mesmo sentido, para o Reino de Deus. Se nem sempre se pode estar com os outros, pelo menos há que ligar-se a eles pelo pensamento.
Porque se há de ficar sempre isolado? Até para se gerar um filho é preciso sair dessa solidão estéril e encontrar um outro ser, uma mulher ou um homem... Mas os humanos não compreenderam nada. «Sozinho... Quero ficar sozinho!» Bom, está bem, fica sozinho e colherás a esterilidade, uma abundância de esterilidade! Para se encontrar o Senhor, não se pode permanecer só; deve-se entrar em união com todos os seres evoluídos do Universo que estão ocupados a pensar n’Ele."
 
"As plantas, os animais e os homens são impregnados pela energia solar, mas só recebem essa energia depois de ela ter sido absorvida, transformada e redistribuída pela Terra. Sob este ponto de vista, a Terra é tão importante como o Sol.
Não penseis que, quando vos expondes ao Sol, recebeis os seus raios diretamente, porque, antes de chegarem até vós, esses raios tiveram de atravessar a atmosfera da Terra, e foi porque a atmosfera da Terra os transformou que pudestes captá-los e absorvê-los. Por isso, é importante para vós estar sempre em harmonia com a Terra, respeitá-la, amá-la. Senão, mesmo expondo-vos ao Sol, não tirareis grandes benefícios da sua luz e do seu calor."
 
"Quando os alpinistas iniciam a escalada de uma montanha, não pedem ao guia que os conduz que se volte para olhar para eles. Pois bem, a vida espiritual é como a ascensão de um cume elevado, e não deveis pedir ao vosso Mestre que se volte para trás, porque é no facto de ele não se voltar que está a vossa salvaguarda. Se ele se voltar para olhar para vós, para vos escutar, dará um passo em falso e toda a fileira daqueles que o seguem se despenhará.
Na planície, na vida vulgar, é diferente, mas, quando se está a escalar uma montanha, as regras são mais estritas. Deveis mesmo pedir ao Céu que o vosso Mestre não olhe para ninguém, para que possa conduzir toda a fileira até ao cimo. Sim, deve ser essa a vossa oração, em vez de vos concentrardes continuamente, com todas as forças, para o obrigardes a voltar-se para vós, a ocupar-se de vós, sem pensardes que, se ele o fizer, será a perdição de todos. Estais a ver? As pessoas ainda não  sabem como considerar um Mestre."
 
"Uma ideia é uma criatura, um ser vivo que vem do mundo do espírito, e esse ser vivo faz um trabalho sobre vós. Enquanto a mantendes, enquanto a alimentais, a ideia dá-vos forma, modela-vos, ao ponto de, um dia, conseguirdes refletir esse mundo sublime onde ela tem a sua origem, o mundo dos arquétipos onde moram as criaturas a que se chama, 
precisamente, Ideias.
Por isso é tão importante trabalhar por uma ideia divina: essa ideia tira de si mesma todas as possibilidades de vos modelar, de vos melhorar, e um dia tornais-vos cidadãos desse mundo das Ideias. Deve-se trabalhar por uma ideia, para se ter uma ligação com o mundo superior. Se deixar de haver ideias a trabalhar sobre vós, como abelhas, para vos trazerem todas as bênçãos, ficareis privados de tudo o que existe de melhor."