"Vós possuís um terreno. Se lá semeardes, aomesmo tempo, sementes
boas e sementes más, umas e outras germinarão em conjunto, pois a
terra alimenta todas as sementes. Não podeis dizer-lhe que é
estúpida, que deveria abafar as sementes más e só deixar crescer
as boas, pois ela responder-vos-á: «Não compreendo o que estás a
dizer. Eu protejo e faço crescer todas as sementes. Para mim,
tudo é bom, mesmo o mau é bom.»
Se vós lançardes bons pensamentos, a Natureza irá alimentá-los,
fortalecê-los, e a colheita será magnífica; masela alimentará
também os vossos maus pensamentos, pois as más sementes têm
igualmente a liberdade de germinar e de se desenvolver. Até
quando? Até à colheita. Após a colheita, o dono do terreno
mandará queimar as ervas daninhas e encher o celeiro com a boa
semente. Foi o que Jesus ensinou com a parábola do trigo e do
joio. Ele sabia que tanto o mal como o bem têm odireito de
crescer e que cabe ao homem não semear o mal."
"Há imensas pessoas que se queixam das más condições em que são
obrigadas a viver! Sentem-se vítimas do destino,da sociedade, do
seu patrão e até da sua família… Não, elas devem saber que são
vítimas, em primeiro lugar, de si próprias: foram elas que,
consciente ou inconscientemente, pelos pensamentose sentimentos
que tiveram em encarnações anteriores, criaram as condições da
sua existência actual. Se mudarem o seu comportamento, o seu
estado de espírito, as condições mudarão na próxima existência e
até na existência actual.
Sim, as condições podem mudar desde já em função da vossa
atitude. Enquanto pensardes que os factores exteriores,
materiais, são determinantes e nada fizerdes para melhorar alguma
coisa em vós, continuareis a atrair as mesmas condições
deploráveis. Mas, se puserdes em primeiro lugar oespírito, a
luz, a força, as condições acabarão por se moldar segundo esses
princípios divinos. Como o que está em baixo é como o que está em
cima, com o tempo aquilo que está em cima acabará por se realizar
também em baixo."
"A virtude e o vício, a força e a fraqueza, a beleza e a fealdade,
são diferentes aspectos do bem e do mal que vemos manifestarem-se
por toda a parte. Mas, em vez de aprenderem como hão-de
comportar-se com estes dois pólos da unidade, os humanos estão
sempre a perguntar por que é que Deus permite queo mal exista.
Eles devem parar de colocar esta interrogação e compreender que o
bem e o mal estão intimamente ligados, pois,enquanto pólos
complementares, têm questões a tratar em conjunto.
A nossa existência na terra é inteiramente condicionada pela
alternância dos dias e das noites, e esta alternância que regula
a vida de toda a Natureza também regula a nossa vida física e a
nossa vida psíquica. Não saberíamos o que é a luzse as trevas
não existissem, nem o que são a sabedoria, ajustiça, a beleza, a
alegria, se não tivéssemos de nos defrontar com a idiotice, a
injustiça, a fealdade e a tristeza. É da comparação e do
confronto que nasce a compreensão. Se os contrários não
existissem, viveríamos na indiferenciação."
"Certas pessoas estão habituadas a ver só o lado bom dos
acontecimentos, sejam eles quais forem, ao passo que outras, pelo
contrário, só vêem o seu lado negativo. De certo modo, umas e
outras têm razão, mas a sua maneira de ver age de modos
diferentes sobre elas.
De um ponto de vista objectivo, podemos dizer que um copo está
meio cheio ou meio vazio, isso não tem qualquer importância; mas,
do ponto de vista subjectivo, do ponto de vista do efeito
produzido sobre a nossa consciência, do ponto devista mágico –
também podemos dizer assim! –, existe uma grande diferença. Ora,
é precisamente este aspecto mágico que é essencial. Se as pessoas
se habituam a ver as faltas, os defeitos, ficam cada vez mais
rabugentas, desgostosas, desanimadas, porque é isso que acontece
a quem se focaliza naquilo que falta. Essas faltas existem, é
evidente, mas a questão não está aí; a questão está em trabalhar
com tudo aquilo que se tem – e que, se se quiser reconhecê-lo, é
imenso – para se avançar cada vez mais na via da evolução. "
"As pessoas imaginam que podem resolver os seus problemas mudando
de casa ou alterando de outro modo as condições materiais da sua
existência. Na realidade, elas são como aquelas avezinhas que, um
dia, diziam à mãe: «O nosso ninho ficou muito sujo! Não podemos
continuar aqui! Vamos viver para outro lado, para outro ninho. –
Bem, disse a mãe ave, eu compreendo o vosso desagrado, nós
podemos mudar de ninho. Mas vocês não vão levar os vossos
rabinhos convosco?»
Quando a terra começa a parecer-lhes insuportável,os humanos
sonham com o Paraíso. Mas, se os deixassem entrar no Paraíso, com
o seu coração e o seu intelecto cheios de impurezas, depressa
eles fariam dele um lugar repugnante. Se eles fossem puros,
levariam o Paraíso consigo para onde quer que fossem. Então,
sempre que se sentem tentados a queixar-se das condições
exteriores, eles deveriam começar por procurar entender se não é
primeiro neles próprios que há alguma coisa amudar. "
"Nada é mais difícil do que pronunciar-se sobre a natureza de
acontecimentos que estão em curso. Isto é verdade em relação ao
que nos sucede a nós, mas também em relação ao que sucede aos
outros, pois nós não conhecemos o passado. Por exemplo: vós
quereis ajudar um ser a libertar-se de um vício que o destrói e
que é nocivo para quem o rodeia, evidentemente;esforçais-vos por
tirá-lo daquela situação, mas não conseguis…Então, finalmente,
em vez de ficardes desolados, dizei para vós próprios que talvez
aquele vício de que ele está refém o impeça de cometer actos mais
graves.
Com efeito, existem seres muito maus que, numa existência
anterior, cometeram actos abomináveis e é por isso que, na
existência presente, as leis do carma os condenama ficar
escravos de uma paixão que os desvia de actividades em que eles
poderiam revelar-se ainda mais perigosos.Inteiramente tomados
por essa paixão, eles estão como que anestesiados. Sim, é muito
difícil interpretar as situações e os acontecimentos presentes,
porque não se conhece nada dos acontecimentos do passado que
poderiam explicá-los."
"Quando estais muito empenhados num projecto pessoal e sentis que
a sua realização será útil, benéfica, não só para vós mas também
para outras pessoas, não o anuncieis antecipadamente por toda a
parte, executai-o; depois tereis muito tempo parao apresentar e
o comentar. Porquê estas precauções? Porque em vós e em torno de
vós existem entidades invisíveis que estão prontas a criar-vos
obstáculos servindo-se da vossa família, dos seres que vos
rodeiam; e assim encontrareis muitas dificuldades ou até sereis
mal sucedidos, pura e simplesmente.
Antes de falardes de alguns dos vossos bons projectos, e tanto
quanto possível, esperai que eles tenham pelo menos um começo de
realização. Quando eles tiverem começado a ganhar forma, serão
como uma árvore bem enraizada que os ventos não conseguem abater.
E essa árvore dará frutos que podereis distribuirà vossa volta."
"Procurais a felicidade? Então, amai, pois só o amor traz a
felicidade. Sim, o amor, não a ciência nem a filosofia. Aqueles
que sabem muito, que reflectem muito, não são necessariamente
felizes, pois o que eles descobrem nem sempre traz alegrias. Ao
passo que aqueles que têm muito amor no seu coração, mesmo que
não saibam grande coisa, são muito mais felizes.Porquê? Porque
Deus pôs a felicidade no coração e não no intelecto.
A ciência, os conhecimentos, não podem trazer-vos a felicidade:
eles preparam o caminho, alumiam-no, dão uma orientação, mas são
incapazes de nos tornar felizes. Vós direis: «Mas há tantas
pessoas que tiveram experiências amorosas infelizes e até
trágicas!» Sim, porque elas não sabiam onde procurar o amor e
como amar. Então, se quereis verdadeiramente ser felizes,
aprendei a amar."
"O poder do homem reside nos pequenos esforços renovados em cada
dia. Infelizmente, é nisso mesmo que ele capitula. De vez em
quando, ele pode ser capaz de se superar e realizar proezas. Mas
vencer todos os dias a inércia, a preguiça,controlar-se… como é
difícil! Contudo, o verdadeiro poder reside aí, na tenacidade.
Nada resiste àquele que não se deixa deter no caminho, pois ele
faz funcionar leis poderosas diante das quais os obstáculos
acabam por ceder.
A maior parte das pessoas concentram todas as suas energias no
esforço de um instante e, se não são bem-sucedidas, desistem, por
isso permanecem fracas. A força e o poder só se adquirem com
pequenos esforços renovados em cada dia. Se conseguirdes
trabalhar com continuidade, sabereis encontrar o ritmo
conveniente que, pouco a pouco, permite ganhar terreno, e, então,
quantas energias vós recebereis para prosseguirdes o vosso
trabalho!"
"Quando acendeis uma vela, o menor sopro pode apagar aquela
pequena chama. Mas acendei um braseiro e os ventos mais violentos
só irão atiçá-lo. Então, e vós? Se não passardes de uma pequena
chama, o mais leve sopro extinguir-vos-á. Mas, se fordes um
braseiro, quanto maior for a força do vento, mais o vosso fogo se
espalhará. Sim, enquanto fordes pequenos, fracos,débeis,
enquanto não vos tiverdes consolidado, a menor provação pode
deitar-vos por terra. Mas, se fordes sólidos, resistentes, todas
as dificuldades só aumentarão o vosso dinamismo, a vossa vontade,
o vosso amor.
Quantas vezes se viu isso! À menor contradição ou oposição, os
fracos desanimam, desistem, capitulam, ao passo que os fortes são
exaltados, ficam ainda mais decididos a continuar e a enfrentar
os obstáculos. Agora, não me pergunteis o que vós sois, podeis
descobrir isso por vós mesmos: se as menores dificuldades da vida
vos fazem parar, ainda não passais da chama de uma vela."
"Independentemente da vida que viveu, dos erros que cometeu,
quando chega o momento de deixar a terra, cada um deve
esforçar-se por partir num espírito de paz, de harmonia, de
reconciliação com todos os seres, e particularmente com Deus. No
cristianismo, é esse o sentido da extrema-unção.
A extrema-unção, esse sacramento que o sacerdote administra ao
moribundo, fundamenta-se num saber verdadeiro: o estado interior
em que um ser humano vive os seus últimos momentos determina a
via que ele vai seguir no outro mundo e tem igualmente uma
influência importante na sua próxima encarnação, no seu futuro
longínquo, portanto. Este sacramento é somente uma possibilidade
que lhe é dada de deixar a terra nas melhores condições, mas,
como todos os sacramentos, não é indispensável enquanto rito. Ele
é destinado a ajudar aqueles que o recebem, mas cada um pode
viver os seus últimos instantes na luz sem ter recebido esse
sacramento."
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