domingo, 4 de março de 2012

OMRAAM MIKHAEL AIVANHOV

"Ter fé e dirigir preces ao Senhor é inútil se não se começou
a fazer um trabalho pondo pelo menos, como o agricultor, uma
semente na terra. Àquele que se limita a dizer: «Senhor,
rogo-Te que me dês o amor, a sabedoria, a força, a paz, a
alegria…», o Senhor responderá: «Bem, para eu poder
satisfazer o teu pedido, era preciso que tu tivesses, pelo menos,
plantado uma semente disso que pedes. Assemelhas-te a um
agricultor que pede ao Sol e à chuva que façam nascer e crescer
legumes e flores, mas não plantou nada. – Mas, Senhor,
ensinaram-nos que, se nós Te invocarmos… – Aqueles que te
ensinaram, responderá o Senhor, são ignorantes, se não
aprenderam que as leis do mundo psíquico são idênticas às
leis do mundo físico, e Eu não posso modificar essas leis para
agradar a preguiçosos. Se queres que Eu satisfaça o teu pedido,
tens de começar por trabalhar.»
Eis uma conversinha bastante interessante que muitos poderiam
ter com o Senhor."

"A procura de uma metade perdida – é assim que podemos resumir
toda a aventura dos homens e das mulheres. Os homens procuram as
mulheres e as mulheres procuram os homens… Eles nem sequer
sabem por que se procuram, mas procuram-se, é instintivo, uma
voz diz-lhes que é assim que re-encontrarão a sua unidade
original. De vez em quando, por alguns instantes, eles saboreiam
um pouco de uma felicidade indescritível, e depois veem as
decepções, os desgostos. Mas, como eles nunca perdem a
esperança, continuam a procurar…
Ora, por que é que é assim? Por que é que o ser humano não
consegue realizar as suas aspirações mais profundas? Porque
não é no plano físico que esta união entre o homem e a mulher
se deve fazer em primeiro lugar. O plano físico deve ser o
culminar de um trabalho que eles realizaram previamente nos
planos psíquico e espiritual. De outra forma, o mais que eles
podem encontrar são prazeres e gozos efémeros. Se alguns, muito
raros, conseguiram realizar duradouramente esta unidade
fundindo-se no plano físico, é porque tinham feito,
previamente, todo um trabalho interior. O ser humano deve
primeiro procurar unir os dois princípios nele mesmo. É a
filosofia do andrógino, a mais elevada que existe."

"Há imensas pessoas ditas civilizadas que se contentam com uma
vida que não é muito diferente da dos animais: alimentar-se,
dormir, abrigar-se, reproduzir-se. Elas estão ao serviço das
suas necessidades físicas e, para as satisfazer, põem em ação
todas as faculdades que o Criador lhes deu. Outras, mais
evoluídas, põem-nas ao serviço da arte, da ciência, da
filosofia… Mas, se elas pensam que não há nada acima disso,
estão enganadas.
A predestinação do ser humano não se limita a ser artista,
filósofo ou cientista. A predestinação do ser humano consiste
em desenvolver faculdades muito superiores ainda, que o porão em
contacto com o Princípio Divino nele. Quando ele conseguir
estabelecer esse contacto, o Princípio Divino penetrará nas
suas faculdades físicas, psíquicas e espirituais, e ele
tornar-se-á verdadeiramente criador."

"O ser humano não se exprime unicamente pela palavra. Para quem
sabe interpretá-los, os movimentos do rosto e do corpo são uma
linguagem clara, eloquente, poderosa. Pode-se compará-la a
mensagens que ele dirige continuamente aos habitantes dos mundos
visíveis e invisíveis, a sinais secretos graças aos quais ele
entra em contacto com eles.
A palavra é uma linguagem que é possível dominar: podeis
decidir falar ou não falar, e, se falardes, podeis ocultar os
vossos verdadeiros pensamentos e os vossos verdadeiros
sentimentos. Mas todos os gestos que fazeis inconscientemente com
as mãos ou os pés, as diferentes posições do corpo, os
movimentos imperceptíveis das diferentes partes do rosto (a
testa, os olhos, o nariz, a boca) são quase incontroláveis. É
por intermédio deles que exprimis a verdade do vosso ser. E,
consoante esses movimentos são harmoniosos ou não, as entidades
com as quais entrais em relação têm sobre vós influências
benéficas ou maléficas. Então, estai vigilantes, sabendo que o
menor dos vossos movimentos interiores convoca seres invisíveis
e que é com eles que construís o vosso futuro."

"Nunca vos queixeis de ter sido abandonados pelo Céu, pois todos
os dias o Céu vos fala, vos envia mensagens, vos dá respostas.
E por que é que não as recebeis? Porque elas vêm de um espaço
cuja matéria é extremamente subtil e, para chegarem até vós,
têm de atravessar todas as camadas opacas que acumulastes ao
vosso redor; por causa disso, elas sofrem deformações. Como
acontece se mergulhardes um pau num recipiente de água com
paredes transparentes: reparai que, no preciso lugar em que ele
penetra na água, parece partido. É a diferença de densidade
entre o ar e a água que provoca este efeito de deformação.
Acontece o mesmo no plano psíquico: quanto mais as correntes do
mundo espiritual descem a uma matéria densa, mais deformações
sofrem. Para as receber na sua verdade, é preciso conseguir
elevar-se pelo pensamento até ao mundo subtil onde elas têm a
sua origem. Um cérebro grosseiro não pode receber as mensagens
do Céu ou, mais exatamente, recebe-as deformadas: é ele que as
deforma. Fazei esforços, pois, para vos purificardes, vos
despojardes, vos enobrecerdes: só nessas circunstâncias
recebereis do Céu respostas claras, límpidas, verídicas."

"Por que é que o mundo invisível não nos previne em relação
às provações que teremos de atravessar?... A resposta é que,
quando temos de enfrentar uma situação imprevista, somos
obrigados a entrar mais profundamente em nós mesmos e a fazer
esforços maiores.
Nas Iniciações da Antiguidade, aqueles que deviam passar, por
exemplo, através do fogo, na realidade atravessavam um braseiro
artificial, mas não sabiam, pensavam que ele era real. Se
tivessem medo e recuassem, isso significava que não eram dignos
da Iniciação e mandavam-nos embora. Mas aqueles que eram
corajosos, audaciosos, que estavam cheios de fé, passavam
através do fogo e depois descobriam que ele era apenas uma
ilusão. De certa forma, podemos dizer que determinadas provas da
vida são mais imaginárias do que reais. No momento em que temos
de as atravessar, pensamos: «É horrível, vou passar por um
sofrimento atroz.» Mas, se tivermos sabido ler corretamente,
somos obrigados a reconhecer que não era assim tão terrível."

"A espiritualidade não consiste em aspirações vagas. O
verdadeiro espiritualista começa por edificar na sua alma um
altar para o Senhor e mantém continuamente aí uma chama acesa.
Ele deve subir todos os dias a esse altar com a consciência de
que entra na presença divina e só então sabe o que deve pedir.
Enquanto vos dirigis ao Senhor para que Ele satisfaça os vossos
desejos pessoais ainda não entrastes na sua presença. No dia em
que entrardes na presença do Senhor, só podeis pedir uma coisa:
que Ele vos encha da sua luz. Mas, na realidade, sentis que já
nada tendes a pedir: assim que entrais na presença do Senhor, a
sua luz invade-vos e, quando desceis, essa luz perdura em vós
por muito tempo."

"Mesmo que reconheçam que é importante ter um ideal, a maior
parte dos humanos receiam ter de lhe sacrificar alguma coisa. É
o medo que os impede de fazer certas renúncias. Ora, o medo
nasce da ignorância. Quantos não imaginam que um ideal
espiritual os privará das alegrias e dos prazeres da vida! Não,
pelo contrário, ter um ideal espiritual é aspirar a alegrias
muito maiores do que aquelas com as quais as pessoas se
contentavam até então.
Em todos aqueles que vivem uma vida vulgar, prosaica, os cinco
sentidos atrofiam-se. O espiritualista, pelo contrário, sente as
nuances e as subtilezas dos seres e das coisas. Eles não só
não se privam de qualquer alegria, como multiplicam os prazeres
que podem sentir e elevam a sua qualidade, pois toda a natureza
está pronta a derramar os seus tesouros na alma e no espírito
daquele que abre a sua inteligência e o seu coração."

"Por ignorarem aquilo que um Mestre pode representar para si
próprios, certos discípulos não descobrem que comportamento
devem adoptar em relação a ele. Impedem-no, por isso, de lhes
ser útil tanto quanto ele poderia e gostaria, entravando assim o
seu próprio avanço. Cabe ao discípulo descobrir o que devem
ser as suas relações com o seu Mestre, como o considerar e como
agir em relação a ele. Não cabe ao Mestre fazer-lhe
recomendações a este respeito.
Um verdadeiro Mestre limita-se a dar o seu ensinamento e deixa
os seus discípulos livres. Ele nunca lhes dirá: vós deveis
respeitar-me, admirar-me, obedecer-me… Nunca. Primeiro, porque
isso é inútil: nunca se impõe verdadeiramente o respeito, a
admiração ou a obediência. Em seguida, porque o Mestre não
necessita disso, tem outras fontes de alegria e de satisfação.
São os discípulos que, para a sua evolução, devem encontrar a
melhor atitude a ter para com o seu Mestre, quer ele esteja ainda
na terra, quer esteja já no outro mundo."

"Há imensas pessoas que falam de amor místico, mas vivem na
sensualidade e na desordem das paixões! E outras imaginam que se
consagraram a um ideal espiritual, quando, na realidade, só
servem a sua vaidade, a sua necessidade de dominar os outros,
etc. Vós direis: «Mas porquê? Isso é hipocrisia?» Não, pode
haver nelas aspirações espirituais autênticas. Só que não
basta “aspirar a” para realizar; quem não é capaz de
compreender as estruturas do psiquismo humano em geral e do seu
próprio psiquismo em particular enfrentará as piores contradições.
Assim como no macrocosmos, o universo, a cabeça negra é
representada simbolicamente como o reflexo, na água, da Cabeça
branca de Deus, no microcosmos que o homem é a natureza inferior
é o reflexo invertido da sua natureza superior. A extensão de
água é representada nele pelo diafragma, que separa,
simbolicamente, a sua natureza superior da sua natureza inferior.
E, assim como a cabeça negra não pode existir sem a Cabeça
branca, a natureza superior e a natureza inferior no homem não
podem existir uma sem a outra. Cabe-lhe a ele ser lúcido e
aprender a fazer com que a sua natureza inferior sirva o
desenvolvimento da sua natureza superior."

"As criaturas humanas que nós somos receberam do Criador a
missão de transformar e sublimar a matéria da sua criação.
Nós temos a tarefa de trabalhar sobre os alimentos que comemos,
o ar que respiramos, toda a matéria que passa através de nós.
O que significa isso? Que devemos esforçar-nos por dar a todos
os nossos atos uma nova dimensão, uma dimensão espiritual. Se o
conseguirmos, seremos reconhecidos, apreciados, escolhidos pelos
espíritos luminosos, que se deterão junto de nós, porque
compreendemos o sentido da vida.
Sempre que conseguimos superar-nos, ultrapassar-nos, criar
qualquer coisa que é mais do que nós mesmos, imprimimos na
matéria o selo do espírito, e é assim que cumprimos a nossa
tarefa de filhos de Deus."

"Quereis meditar? Começai por apaziguar-vos. Não tenteis
concentrar-vos enquanto não estiverdes calmos, senão
provocareis choques às células do vosso cérebro, que não
farão corretamente o seu trabalho. Como tudo o que existe, o
cérebro tem uma inércia natural e vós não conseguis
comunicar-lhe de imediato o movimento que desejais. Nunca
esqueçais que as células do vosso organismo e, portanto, as do
vosso cérebro, são criaturas vivas que não deveis forçar nem sobrecarregar.
Quando vos sentirdes descontraídos, apaziguados, podeis
começar a mobilizar as vossas células na direcção que
escolhestes. Mas, também em relação a esta fase, é preciso
aprender a operar convenientemente. Quando ligais o motor do
vosso carro, não o puxais imediatamente até mais de 100 km à
hora. Pois bem, com o vosso cérebro também deveis proceder por
etapas sucessivas, até ao momento em que sentis que,
mentalmente, tendes a situação suficientemente dominada para
vos concentrardes no tema que escolhestes. Sentireis, então, que
todas as vossas células colaboram no vosso trabalho. Deste-lhes
uma orientação tão boa que o vosso pensamento continua
naturalmente nessa direcção."

"Vós ides ajudar, apoiar, a vossa família ou os vossos amigos?
Esforçai-vos por vos elevardes até ao mundo divino para aí
recolher a paz, a luz, e depois voltai para as distribuir a eles.
O que pode proporcionar um homem fraco, pobre, ignorante? Mesmo
que aja com todo o seu bom coração, muitas vezes ele mais não
faz do que agravar as coisas. O único meio de ajudarmos os
outros, de os salvarmos, é voltarmos todos os dias à nossa
Pátria celeste no Alto, que abandonámos por um tempo, e
recolhermos aí os tesouros que lhes traremos. Senão, de que
natureza será essa ajuda?
Por certo vós mesmos já constatastes isto. Sim, não conheceis
pessoas a quem preferis nunca falar das vossas preocupações
porque sabeis que, com o pretexto de virem ajudar-vos, elas só
virão complicar tudo? Então, se não quereis ser uma dessas
pessoas que os outros evitam para não atraírem novas
dificuldades, começai por ir procurar no mundo divino as luzes e
as riquezas, e depois podereis fazer com que os outros beneficiem delas."

"O hábito que a maior parte das pessoas têm de ir descarregar-se
para cima das outras quando se sentem tristes e infelizes revela
uma grande fraqueza. Quantos de vós, à menor preocupação, à
menor contrariedade, não se apressam a ir ter com os pais, os
amigos, os vizinhos, ou pegam no telefone para lhes contar as
suas desgraças! E, assim, depressa há uma vintena de outras
pessoas que ficam envenenadas… Já alguma vez pensastes que os
outros não estão lá para ter de aguentar com os vossos pesos?
Já perguntastes a vós próprios se eles têm capacidade para
isso?... Se quereis, verdadeiramente, evoluir, abandonai esse
hábito e aprendei a não os sobrecarregar.
Quando tendes preocupações, desgostos, procurai uma forma de
neutralizar esses estados. Questionai-vos: «O que posso eu fazer
para me tornar mais forte, mais nobre, para me comportar como um
verdadeiro filho de Deus com quem o Céu pode contar para o seu
trabalho?» Se não quereis fazer esforços, se quereis
permanecer fracos, pois bem, continuai com as vossas velhas
práticas e as consequências que se lhes seguirão! Mas ficai a
saber que num Ensinamento iniciático é-vos indicado o caminho
para vos tornardes fortes, luminosos, e serdes capazes de ajudar
os outros."

"A criança e mesmo o adolescente são, durante anos, palco de
perturbações, de revoluções de toda a espécie, por isso o
seu Eu divino ainda não pode desenvolver-se. Mas, com o tempo,
eles acalmam-se, ficam mais sensatos, e todas as suas boas
qualidades começam a aparecer. Antes, era impossível, não
havia condições adequadas.
Observai o que se passa na natureza com a vegetação: por
vezes, devido a um aumento não habitual da temperatura, certas
plantas crescem prematuramente. Se então, por infelicidade,
surgir uma tempestade ou a temperatura baixar bruscamente e se
formar geada, essas plantas serão arrancadas pela raiz ou
morrerão de frio. Uma planta não pode desenvolver-se enquanto
as condições não lhe são favoráveis. Pois bem, é o que
acontece também com o ser humano: enquanto ele estiver
interiormente exposto às tempestades ou às temperaturas
extremas, não pode ouvir a voz da sabedoria, a voz do seu Eu
superior. É preciso esperar que as paixões se acalmem; então,
todas as suas qualidades terão condições para se manifestar."

"É um erro considerar o bem e o mal como duas forças
independentes que estão continuamente a defrontar-se. A
realidade é que o bem e o mal são duas correntes ligadas a uma
força superior: Deus. O problema do bem e do mal nunca poderá
ser resolvido no plano físico, pois a origem daquilo que une
essas forças contrárias está no Alto. Ao nosso nível, só
podemos ver o seu confronto. O nosso trabalho é, pois, o de nos
elevarmos até essa instância superior que sabe utilizar o bem e
o mal com um propósito que não lhes é dado a eles conhecerem.
Sim, o bem não conhece tudo… e o mal também não,
evidentemente. Aquele que conhece tudo está acima do bem e do
mal. É o Senhor. Então, dirigi-vos a Ele e dizei-Lhe: «Senhor,
Tu, que criaste tantas coisas tão belas, tão vastas e tão
profundas, vês-me perdido no meio delas… Eu não consigo ver
claro com a minha inteligência limitada. Envia-me os teus Anjos,
para que eles me digam como compreender e como agir."

"O que não se descobriria se se pudesse penetrar no coração dos
homens e das mulheres! Haveria matéria para rir… e,
certamente, também para chorar. Meu Deus, que desejos têm os
humanos! Eles não veem nada além de tudo o que pode satisfazer
o seu egoísmo, a sua vaidade, a sua sensualidade, a sua
necessidade de posse… E vós, o que desejais? Estudai aquilo
que pretendeis verdadeiramente e por certo ficareis surpreendidos
com a pequenez do vosso ideal.
Há muitas pessoas que vêm a uma Escola Iniciática na
esperança de que todas as suas dificuldades irão desaparecer
como por encanto e de que se tornarão ricas, influentes,
poderosas, cheias de glória, etc. Mas não, com tais ilusões
elas só podem encontrar dificuldades e insucessos maiores do que
se nunca tivessem posto o pé na Escola Iniciática, pois nunca
se deve utilizar as verdades que nela são ensinadas para
realizar objectivos pessoais, egoístas. Só ganharão realmente
alguma coisa aqueles cujo principal desejo é exercitar-se, fazer
esforços, aperfeiçoar-se, ajudar os outros. Em todas as
condições da vida, eles encontrarão as melhores ocasiões para
o seu avanço."

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