"Por
que é que a Igreja se obstinou tanto, e durante séculos, em
assustar
os cristãos ameaçando-os com a condenação eterna? É
uma
crença errada. Na realidade, não existe condenação eterna
para
os humanos. Pode apenas – e isso é muito raro –
acontecer
o seguinte: quando um ser se compraz verdadeiramente
com
o mal e insiste em trabalhar conscientemente contra os
projetos
de Deus, contra a luz, sobrecarrega-se tanto,
obscurece-se
tanto, que acaba por se dar uma separação entre a
sua
alma humana e a sua alma divina: a alma divina, sob a forma
de
centelha, deixa-o para retornar ao oceano da luz original, e
então,
privada dessa luz, a alma humana desagrega-se e desaparece.
Estes
casos, repito, acontecem muito raramente. Quaisquer que
sejam
os pecados e as transgressões cometidas, é sempre dada à
alma
humana a possibilidade de reconhecer os seus erros e de se
purificar
graças à alma divina que está ligada a ela e que
procura
sempre impeli-la para a luz."
"De
onde vem o fascínio que os humanos têm pelo ouro? É
simples.
O ouro atrai-os porque, no fundo deles mesmos, no seu
subconsciente,
eles conhecem um segredo. Esse segredo é que o
ouro
é uma condensação, uma materialização, da luz solar, e
que
essa luz contém todas as riquezas da vida. Antes de procurar
o
ouro, é importante procurar a luz, pois a luz representa, por
assim
dizer, a cabeça, ao passo que o ouro representa a cauda.
A
luz é a alma e o ouro é o corpo. Se tocardes no corpo sem
tocardes
na alma, na realidade não tocareis em nada. Se
possuirdes
o corpo sem possuirdes a alma, só tereis um cadáver.
E
deveis mesmo compreender que querer possuir o ouro antes de
querer
possuir a luz é perigoso. Vós sabeis o que acontece a
quem
pega numa serpente pela cauda: é mordido. É preciso pegar
na
serpente pela cabeça; então, não só se estará em
segurança,
como a cauda seguirá a cabeça."
"Os
humanos estão vivos, é claro, mas não vivem: na maior parte
do
tempo, só se pode dizer que eles estão ocupados. Eles não
se
apercebem de que as múltiplas atividades nas quais passam os
seus
dias os fazem esquecer-se de viver.
Viver
é respirar, alimentar-se, deslocar-se, dormir, fazer
gestos,
falar, etc. Mas quem é que está disposto a admitir que
há
nestas atividades algo a aprender, em que nunca se tinha
pensado?
Quem é que está disposto a dizer a si próprio: «É
verdade,
eu respiro, como, caminho, sirvo-me das minhas mãos…
mas
como? Não haverá nisso qualquer coisa que eu poderia
melhorar
se estivesse mais consciente? É que a cada instante do
dia
é a vida divina que se manifesta através de mim."
"Isto
é bem sabido: a palavra é uma arma de dois gumes. Ela pode
esclarecer,
ajudar, libertar, mas também subjugar, ferir,
massacrar.
Há muitas pessoas que, depois de terem destruído
alguém
com as suas censuras e recriminações, se mostram
bastante
satisfeitas consigo mesmas e se justificam, dizendo:
«Mas
eu disse aquilo para bem dele. Era o que ele precisava de
ouvir.
Eu apenas fui sincero.» Na realidade, acima de tudo foram
eles
que sentiram necessidade de exprimir a sua irritação, o
seu
descontentamento, e usam o bem dos outros
e
a sinceridade como pretextos.
Por
que é que só quando estão dominados pela cólera é que
alguns
se mostram, supostamente, sinceros? Eles que se analisem
um
pouco! Podem apresentar todas as boas razões que quiserem:
enquanto
o seu propósito não for verdadeiramente
desinteressado,
espiritual, os humanos nunca conseguirão
produzir,
com as suas palavras, efeitos benéficos sobre os outros."
"Aparentemente,
só se vê injustiças na terra. Uns têm tudo –
saúde,
beleza, riquezas, talentos, virtudes – e outros muito
pouco.
Mas, na realidade, nada do que os humanos receberam ao
nascer
lhes foi dado de forma arbitrária. Eles trabalharam nas
suas
encarnações anteriores para obterem tudo o que têm hoje,
e
a Justiça cósmica distribui-lhes dons equivalentes aos seus
esforços:
a riqueza material, intelectual ou espiritual.
Tudo
o que possuímos é a consequência de uma vida de
esforços,
mas isso não nos é dado definitivamente. Para o
mantermos
nas próximas encarnações, temos de o usar com
razoabilidade
e, sobretudo, fazer com que seja benéfico para os
outros.
Nós devemos fazer frutificar todos os dons que recebemos
ao
nascer, e a melhor maneira de os fazer frutificar é
utilizá-los
não apenas para nós, mas para ajudar os outros,
facilitando
a sua evolução."
"O
verdadeiro templo é aquele que Deus criou, o universo, e ele
é
indestrutível. Nós vivemos todos neste templo, mas só vivem
realmente
nele aqueles que têm uma consciência desperta.
As
entidades com que o Criador povoou o universo são outras
tantas
manifestações da sua presença. Mesmo que nós não as
vejamos,
essas entidades está aí para nos ajudar através da
terra,
da água, do ar, do fogo, da luz do Sol. É graças aos
sacrifícios
dessas entidades, graças ao seu amor, ao seu desejo
de
fazer trocas connosco, que nós estamos vivos, vivos
fisicamente,
vivos psiquicamente e vivos espiritualmente.
Devemos,
pois, aprender a entrar em contacto com elas, a
respeitá-las
e a estar-lhes reconhecidos."
"A
nossa alma está ligada a todo o universo, ela vive e vibra com
a
Alma Cósmica, está em contacto com o mundo do Alto, isto é,
o
mundo das ideias, dos arquétipos, das leis, das forças.
Quando
meditamos sobre certas verdades que se encontram muito
alto,
no plano causal, produz-se em nós um movimento,
desencadeia-se
algo, e nesse momento pode aparecer uma forma na
nossa
consciência: uma imagem ou um símbolo geométrico.
É
deste modo que se explicam as visões, as intuições, os
sonhos
premonitórios. Se tivéssemos de ser nós a procurar a
correspondência
exata entre aquilo que vivemos e o mundo dos
símbolos,
não o conseguiríamos, pois existem milhares e
milhares
de símbolos, de imagens e de correspondências
possíveis.
Só a inteligência da natureza conhece esta
afinidade
entre as coisas e apresenta ao nosso espírito a figura
que
corresponde exatamente ao tema em que estamos focados."
"Encontrar
um equilíbrio interior é difícil, mas ainda é mais
difícil
mantê-lo, pois a vida quotidiana não para de
apresentar
novas dificuldades a que é preciso fazer face. Quer
essas
dificuldades sejam pessoais, quer sejam coletivas, cada um
sente-as
como choques, abanões, puxões, e sente-se abanado em
todos
os sentidos, desorientado. Faça ele o que fizer para
resistir
e manter o equilíbrio, não o conseguirá se não tiver
um
bom sistema filosófico.
Um
bom sistema filosófico, primeiro que tudo, revela aos
humanos
o que eles são, sobre que matéria devem trabalhar e de
que
instrumentos dispõem para o seu trabalho. Ele mostra-lhes o
caminho
que eles têm de percorrer para alcançar o cume, o
objetivo
divino. É para esse cume, para esse objetivo, que eles
devem
apontar, pois só aí serão livres e estarão protegidos.
Sim,
pois, para estarem protegidos, eles têm de manter em vista
este
cume divino, têm de se ligar a ele, para não serem
arrastados
no momento em que as paixões humanas, as deles e as
dos
outros, começarem a manifestar-se intensamente. Se eles se
sentem
esmagados, desorientados ou mesmo despedaçados, é por
sua
culpa: ficaram a um nível muito baixo. Foi-lhes mostrado um
caminho
que conduz até ao único lugar onde eles estarão em
segurança,
foram-lhes dadas escadas… então, por que é que
eles
não sobem?"
"A
ciência descobriu a circulação das ondas no espaço. Ora, os
pensamentos,
os sentimentos e os atos também produzem ondas que
se
propagam. Daqui resulta que existe entre os humanos uma
espécie
de ligação magnética e, se vós pensardes e falardes
insistentemente
nos defeitos dos outros e alimentardes maus
sentimentos
a seu respeito, começais a assemelhar-vos a eles.
Sim,
quando só se vê o lado mau dos outros, está-se não só a
atraí-lo,
mas também a amplificá-lo em si mesmo.
Não
quereis ver aparecer em vós um determinado traço de
caráter,
um determinado comportamento, que vos desagrada nos
outros?
Não foqueis nele a vossa atenção, senão um dia
agireis
como eles ou mesmo pior do que eles. Pensai antes nas
suas
qualidades, e um dia descobrireis que, também neste caso,
começais
a assemelhar-vos a eles."
"O
autodomínio é uma aprendizagem difícil. Mas podeis começar
por
exercícios muito simples, como o de aprender a controlar os
vossos
gestos durante as refeições. Na mesa existem travessas,
pratos,
garrafas, copos, facas, etc. Esforçai-vos por
deslocá-los
sem que eles batam uns nos outros e vereis depois
que,
durante todo o resto do dia, essa harmonia vai refletir-se
nas
vossas diferentes atividades.
Mas
não basta ter o cuidado de não fazer barulho, aprendei
também
a concentrar a vossa atenção nos próprios alimentos.
Procurai
deixar as vossas outras preocupações de parte para
pensar
somente nos alimentos, maravilhando-vos com tudo o que
Deus
pôs neles como forças, energias, vitalidade… Quando
tiverdes
aprendido a comer nesse estado de harmonia, sereis
capazes
de assumir todas as tarefas quotidianas sem vos
fatigardes,
e isso simplesmente porque fizestes aqueles
exercícios
enquanto estivestes à mesa."
"Os
humanos não pensam que as perturbações de que eles são
culpados
terão consequências muito para além dos atos que os
seus
maus instintos lhes inspiram. Uma guerra, por exemplo, é
já,
por si mesma, algo terrível, mas as suas consequências
não
se limitam às ruínas ou ao número de cadáveres deixados
no
solo. Os pensamentos e os sentimentos de ódio que levaram a
esses
massacres continuam a alimentar no espaço correntes
destrutivas.
Essas correntes envenenam a atmosfera psíquica e
atiçam
outros focos de guerra.
Então,
procurai tomar consciência de que os vossos
pensamentos,
os vossos sentimentos e os vossos atos não têm
consequências
só num determinado momento, num determinado
lugar.
No mundo invisível, eles provocam forças, benéficas ou
maléficas,
e não se sabe até onde e até quando essas forças agirão."
"Pode-se
comparar o ser humano a um banco. E qual é a função de
um
banco? Ele recebe capitais que depois gere. Um banco é tanto
mais
próspero quanto mais trocas puder realizar com um maior
número
de clientes. Essas trocas supõem a existência de uma
coletividade
e de relações com essa coletividade; um banco que
deixasse
de fazer trocas iria muito rapidamente à falência…
Do
mesmo modo, os humanos que recusam viver em ligação com a
coletividade
privam-se da possibilidade de fazer trocas, ou seja,
privam-se
de “capitais”, e pouco a pouco perdem tudo, mesmo
as
suas próprias riquezas. Os Iniciados são ricos precisamente
porque,
sabendo que cada ser humano tem nele capitais que deve
descobrir
e valorizar, eles fazem trocas espirituais com toda a
gente.
Essas trocas trazem-lhes continuamente novas ideias, novos
sentimentos,
novas sensações, que são outros tantos meios à
sua
disposição para eles realizarem a sua tarefa."
"Muitas
pessoas imaginam que, se não estiver ninguém presente
para
as observar ou as julgar, elas são livres de fazer o que
querem.
Por causa desta ilusão, permitem-se cometer toda a
espécie
de transgressões e até de crimes. Pois bem, é tempo
de
elas conhecerem a realidade. Esta realidade é que nós nunca
estamos
sós, somos continuamente observados, vigiados, pelo
mundo
invisível, que regista os nossos pensamentos, os nossos
sentimentos,
os nossos projetos, os nossos atos, e todo nosso
futuro
depende do conteúdo desses registos. Ser impecável no
mundo
visível, ao ponto de respeitar escrupulosamente as
passagens
proibidas e os sinais vermelhos, não impedirá que se
encontre
dificuldades, sofrimentos, tormentos. Muito simplesmente
porque
se transgrediu as leis divinas.
Nunca
esqueçais que existe uma comissão perante a qual todos
devem
apresentar-se constantemente para prestar contas. No dia em
que
tiverdes realmente conseguido vencer certas fraquezas e
realizar
a harmonia em vós mesmos, recebereis um diploma. Esse
diploma
será colado no vosso rosto, em todo o vosso corpo, e as
criaturas
do mundo invisível, que notarão isso,
conceder-vos-ão
a sua estima e a sua ajuda."
"É
difícil alguém melhorar-se e, por vezes, vós pensais que os
resultados
não correspondem aos vossos esforços. Mas será que
usais
bem os métodos que eu vos ensino? Eles são numerosos, mas
hoje
eu limitar-me-ei a recordar-vos apenas um. Dirigi-vos ao
Céu
e dizei-lhe: «Agora, compreendi. Não há nada a fazer em
relação
à minha natureza inferior. Ela é teimosa, coriácea,
nunca
conseguirei mudá-la. Sim, depois de tantos anos perdidos,
hoje
compreendi finalmente, ó Espíritos celestes, que não
farei
nada dela: ela é limitada, cega, malfazeja. Então, para a
substituir,
enviai-me as entidades mais puras, mais perfeitas.
Que
essas entidades venham habitar em mim, que elas me guiem, me
instruam
e venham tomar a direção de toda a minha vida, para
que
eu possa realizar os vossos desígnios, não obstante a minha própria vontade.»
Eis
uma das melhores orações que existem e,
se
a pronunciardes sinceramente todos os dias,
sentireis
seguramente os seus bons resultados."
"Quando
vos sentis perturbados, infelizes, em vez de vos deixardes
afundar
sem nada fazer (pois pensais sempre que não podeis fazer
nada!),
procurai, pelo contrário, reagir. E reagi imediatamente,
ligando-vos
ao Céu pela meditação, pela oração. Logo que
conseguis
melhorar o vosso estado interior, é o mundo interno
que
vos parece transformado, porque olhais para ele com outros “óculos”.
Por
que é que os homens e as mulheres, quando estão
apaixonados,
acham o mundo tão belo? Porque neles mesmos,
subitamente,
tudo se tornou belo e poético. Muitas vezes goza-se
com
os apaixonados, mas, pelo contrário, dever-se-ia admirá-los
e
dizer: «Oh, nós podemos aprender muito com aqueles dois!...»
É
inverno, há nevoeiro, está a chover, mas, se tiverem um
encontro,
para eles o Sol brilha, as aves cantam, as flores
exalam
perfumes, porque neles existe primavera. Vós direis que
tudo
isso é inteiramente subjetivo… Sim, claro, mas há que
saber
que foi precisamente no mundo subjetivo que Deus escondeu
todos
os poderes."
"Durante
a última refeição que tomou com os seus discípulos,
Jesus
pegou no pão, abençoou-o, partiu e deu-o a eles, dizendo:
«Tomai
e comei; isto é o meu corpo.» Depois, pegou numa taça
de
vinho, abençoou-a e também a deu a eles, dizendo: «Tomai e
bebei;
isto é o meu sangue… Fazei isto em memória de mim»
São
estes gestos e estas palavras que o padre repete durante a
missa
no momento da comunhão. Só se pode compreender realmente
o
que é a missa se ela for interpretada como uma cerimónia
mágica.
E a comunhão é o momento mais significativo desta
cerimónia,
pois o pão e o vinho representam os dois grandes
princípios,
masculino e feminino,
que
estão na origem da Criação.
Mas
então por que é que, há séculos, na Igreja Católica, os
cristãos
só comungam com a hóstia, o pão, a carne do Cristo,
que
representa o princípio masculino? O vinho, o sangue do
Cristo,
o princípio feminino, está reservado para os padres. Os
fiéis
são alimentados só com um princípio, o princípio
masculino;
falta o princípio feminino. Ora, do ponto de vista
simbólico,
a verdadeira comunhão exige a presença dos dois
princípios."
"Os
humanos, em geral, concebem o amor unicamente como algo que
eles
só podem dar uns aos outros. Na realidade, o amor está
espalhado
por todo o universo, mas sob uma forma tão subtil,
tão
luminosa, que eles não o veem, não o sentem. Porém, na
realidade,
aquilo que o homem procura na mulher e a mulher
procura
no homem não é outra coisa senão esse elemento
impalpável.
Quando eles se abraçam e se beijam, o que é que
recebem?
Não retiram nada um do outro para o comer ou o beber.
Enquanto
eles não tiverem compreendido que aquilo que procuram
não
é o corpo, não é algo para agarrar, tocar, possuir, mas
sim
um elemento espiritual, estão sujeitos a grandes desilusões.
E
é isso o amor divino, esse elemento espiritual que os homens
e
as mulheres ainda não aprenderam a dar uns aos outros. Esse
amor
que se pode absorver, respirar, é o único que não deixa
impureza
nem insatisfação. Os Iniciados que sacrificaram tudo
para
ter esse amor sentem-se sempre felizes, preenchidos, na
plenitude,
pois bebem na fonte do amor divino."
"Esforçai-vos
por viver bem hoje e tudo se arranjará
harmoniosamente
para amanhã. Temeis perder de vista os vossos
objetivos
longínquos pelo facto de vos ocupardes do dia de hoje?
Não
temais. Quando seguis por um caminho, não mantendes os
olhos
fixos nos vossos pés para não perderdes a direção e
também
não os fixais continuamente num ponto longínquo, pois
correis
o risco de tropeçar num obstáculo ou cair num buraco.
É
este também o método que deveis aplicar na vossa vida
espiritual.
Assim como sabeis caminhar no plano físico, deveis
saber
caminhar no plano espiritual. Prestai atenção aos vossos
pés,
isto é, a todos os atos de cada dia, isso é primordial; e
dirigi
também o olhar para o vosso ideal, para a perfeição
divina,
a fim de verificardes que não vos desviastes do bom
caminho."
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