"«Eu quero viver a minha vida», dizem os adolescentes quando
começam a exigir a sua independência. Mas será que eles
perguntaram a si mesmos se receberam a vida para satisfazerem os
seus desejos e os seus prazeres egoístas?.. A vida não está ao
serviço dos humanos. Eles é que devem tornar-se servidores da
vida, da vida divina. Senão, tornam-se servidores da morte.
É claro que não é proibido querer escapar à tutela, exercida
com maior ou menor esclarecimento, de uma família ou de um meio
social. Mas essa vida que cada um quer viver só será vivida se
for posta ao serviço do Princípio divino nele mesmo. Senão, o
mais certo é que a liberdade e a independência que ele julga
ter adquirido, ao conseguir escapar à autoridade de outras
pessoas, o conduzam à escravatura. Só existe liberdade real em
Deus, quando o homem se liga a Ele, assim como a todas as
criaturas visíveis e invisíveis portadoras da vida pura, a fim
de participar no seu trabalho."
"Aquele que trabalhou e, de uma forma ou de outra, ajudou os
outros, acha justo receber uma recompensa por isso. É justo,
sim, mas o amor, o amor que impele a dar sem esperar nada, está
acima da justiça. A justiça já habita naturalmente no homem,
mas o amor ainda não. Até os malfeitores, e mesmo os animais,
podem ter, de certo modo, o sentido da justiça. E há tantos
crimes que são cometidos para, supostamente, restabelecer a justiça!
Vós ajudastes alguém e, em nome da justiça, pensais que essa
pessoa vos deve alguma coisa. Mas, se teimais em esperar aquilo
que pode não chegar, ficais descontentes, irritados, sentis
mesmo um pequeno desejo de vingança. E por que ruminais agora
esses sentimentos de hostilidade? Por causa do bem que fizestes!
Será isso inteligente? Por que não procurais manter a alegria
que sentistes ao fazer o bem?"
"O trabalho espiritual deve sempre ser feito em segredo. Só se
pode partilhar com os outros o resultado do seu trabalho. É
melhor não dizer nada sobre o trabalho em si mesmo, aquilo em
que ele consiste, as experiências que se faz, os estados de
consciência que se vive.
As pessoas podem vangloriar-se dos seus diplomas, dos seus feitos
desportivos, dos seus sucessos nos negócios, etc., mas a vida
espiritual exige a maior humildade. Há que trabalhar, e pronto!,
mantendo o silêncio em relação àquilo que se procura
realizar e ainda mais sobre o que se conseguiu realizar. Pode-se
falar, mas de uma outra maneira: pelas suas emanações, pelas
suas vibrações, pelo exemplo que se dá, pela boa influência
que se exerce. Não mais do que isso."
"Evidentemente, todos gostaríamos de estar rodeados por pessoas
que nos respeitam, nos apreciam, nos amam. Pois bem, isso não é
possível. E é inútil queixarmo-nos de que o mundo é mau, de
que o Céu é cruel e não existe justiça alguma. Se fôssemos
consultar o Senhor para conhecer os seus projetos, Ele
responder-nos-ia que devemos considerar essas provações como
exercícios, testes, para vermos aquilo de que somos capazes,
pois nós ainda não nos conhecemos bem e devemos descobrir todos
os recursos que existem em nós e que não temos consciência de possuir.
Transformar o mal que nos fazem – é isso a verdadeira
alquimia. A pedra filosofal, que os alquimistas procuram obter,
é ainda mais importante realizá-la na sua alma, no seu
coração, graças à união da sabedoria com o amor, que
transforma toda a matéria vil em ouro e em pedras preciosas."
"Vós trabalhastes muito e estais esgotados… Mas ficai a saber
que, em vez de irdes estender-vos na cama, engolir umas chávenas
de café ou tomar outros excitantes para, supostamente,
recuperardes o dinamismo, há exercícios simples que podeis fazer.
Vou dar-vos um exemplo. Sentai-vos e concentrai-vos no centro
situado entre os dois olhos a que os hindus chamam Ajna chakra.
Procurai não pensar em nada, respirai apenas, e deixai-vos
flutuar como sobre um oceano de luz. Pouco a pouco, nesse estado
de passividade que, realmente, é uma outra forma de atividade,
sentireis a paz e a harmonia a instalarem-se em vós. Graças a
essa paz e a essa harmonia, atraireis da atmosfera energias,
fluidos muito subtis, e estareis de novo recarregados, prontos a
retomar o trabalho e a cumprir as vossas obrigações."
"A existência de cada um tem necessariamente altos e baixos: umas
vezes é-se bem-sucedido, outras vezes não; umas vezes é-se
reconhecido, apreciado, outras é-se ignorado ou até desprezado.
Mas não de deve julgar o valor de um ser humano segundo as
flutuações daquilo que lhe acontece. Se, pelo contrário, seja
o que for que lhe aconteça, ele aumentar a sua luz, o seu amor,
a sua determinação, então sim, podemos pronunciar-nos a seu
respeito. E aquele que sabe reerguer-se após uma queda é muitas
vezes mais forte do que aquele que nunca caiu.
O único critério infalível para nos pronunciarmos sobre um ser
é o seguinte: se ele procurar a luz, quaisquer que sejam os
acontecimentos essa luz salvá-lo-á. Se ele não procurar a luz,
mesmos os sucessos, a fortuna ou a glória farão com que, pouco
a pouco, ele se perca. Só para quem tem fome e sede do divino é
que o mal pode transformar-se em bem."
"Quem não está convencido de que é desejável ser bom, honesto,
desinteressado, paciente, indulgente? Todos elogiam aqueles que
praticam essas virtudes, mas quantas vezes eles próprios não
são bons, nem honestos, nem desinteressados, nem pacientes, nem
indulgentes! E isso não os perturba muito, não lhes ocorre que
a verdadeira compreensão nunca deve estar separada da
realização.
A razão de ser dos exercícios espirituais é a de fazermos
vibrar todo o nosso ser, até as células das nossas mãos e dos
nossos pés, em sintonia com as verdades espirituais que
aceitamos intelectualmente. Devemos fazer descer ao plano físico
cada verdade com que contactamos, para impregnarmos com ela todo
o nosso ser. A verdadeira compreensão não se faz só com as
células do cérebro; ela faz-se também com as células do
coração, do estômago, dos pulmões, do fígado e de todos os
nossos órgãos. Sim, para que a nossa compreensão seja
completa, todas as células do nosso corpo devem participar. Se
as células dos outros órgãos não fazem corretamente o seu
trabalho, pouco a pouco as capacidades do cérebro são
igualmente diminuídas."
"Quem não está convencido de que é desejável ser bom, honesto,
desinteressado, paciente, indulgente? Todos elogiam aqueles que
praticam essas virtudes, mas quantas vezes eles próprios não
são bons, nem honestos, nem desinteressados, nem pacientes, nem
indulgentes! E isso não os perturba muito, não lhes ocorre que
a verdadeira compreensão nunca deve estar separada da realização.
A razão de ser dos exercícios espirituais é a de fazermos
vibrar todo o nosso ser, até as células das nossas mãos e dos
nossos pés, em sintonia com as verdades espirituais que
aceitamos intelectualmente. Devemos fazer descer ao plano físico
cada verdade com que contactamos, para impregnarmos com ela todo
o nosso ser. A verdadeira compreensão não se faz só com as
células do cérebro; ela faz-se também com as células do
coração, do estômago, dos pulmões, do fígado e de todos os
nossos órgãos. Sim, para que a nossa compreensão seja
completa, todas as células do nosso corpo devem participar. Se
as células dos outros órgãos não fazem corretamente o seu
trabalho, pouco a pouco as capacidades do cérebro são
igualmente diminuídas."
"Vós tendes um ideal, mas há perto de vós pessoas que não vos
agradam e que vós pensais que vos impedem de o realizar; então,
sois tentados a voltar às vossas ocupações vulgares. Pois bem,
essa reação é muito má. Se tendes um ideal, não o abandoneis
por causa de pessoas que vos desagradam. Ninguém é perfeito, as
pessoas têm de se tolerar umas às outras. Pensar que os outros
não têm de fazer um esforço para vos tolerar é dar mostras de
um grande orgulho. Pensai todos os dias que existem pessoas que
vos toleram e, assim, descobrireis a humildade.
A humildade é uma virtude, mas é, acima de tudo, uma sabedoria,
uma maneira de compreender, ela sabe como situar as coisas. Sim,
a verdadeira humildade é uma sabedoria, pois ela vê claro, ao
passo que o orgulho obscurece a visão. Procurai perceber como os
outros vos veem e vos sentem – talvez exista também em vós
alguma coisa que os incomoda e lhes faz mal – e continuai a trabalhar."
"Quando uma pessoa se sente insatisfeita, infeliz, tem tendência
para atribuir esse mal-estar à falta de qualquer coisa e fica à
espera de que um ser, ou um objeto, venha preencher esse vazio. A
solução está em ela própria se decidir a levar algo aos
outros, a ajudá-los, apoiá-los, consolá-los ou mesmo
participar nas suas atividades. Nesse momento, uma nova vida
começa a circular nela, e ela já não necessita de nada,
sente-se preenchida. Ela compreendeu que, quando se procura levar
algo de bom aos outros, já se está a receber. Ao passo que
aquele que não faz nada pelos outros, mesmo que lhe deem alguma
coisa, não recebe nada.
A vida está baseada em trocas: receber e dar, dar para receber.
Se deixa de haver trocas, deixa de haver vida. "
"Não se pode negar que muitas pessoas têm bom coração e querem
sinceramente socorrer as outras. Mas, ao mesmo tempo que procuram
uma forma de as ajudar, elas também tentam satisfazer os seus
próprios interesses mais egoístas. Vê-se isso até ao nível
dos Estados. Quando certos países ricos pretendem ajudar países
pobres, o que é que fazem, exatamente? Arranjam forma de
recuperar por outra via o equivalente àquilo que lhes deram ou
ainda mais. Por isso, apesar de terem alguns aspetos positivos,
as soluções que eles apresentam não dão resultados lá muito bons.
Era o que Jesus subentendia ao dizer: «Ninguém pode servir dois
senhores. Vós não podeis servir Deus e Mammon.» É a lei. É
impossível satisfazer simultaneamente as suas aspirações
elevadas e os seus instintos grosseiros; não se pode ser
simultaneamente egoísta e generoso. É preciso escolher."
"É desejável que cada um reconheça os seus erros e lamente
tê-los cometido, mas isso não chega. Embora os remorsos e as
lágrimas, que por vezes os acompanham, contribuam para nos
purificar, para sermos perdoados nós devemos reparar os erros cometidos.
Está escrito no Zohar que, quando Deus criou a penitência,
disse-lhe: «Sempre que os homens se virarem para ti, deverás
apagar os seus erros.» Mas eles só serão realmente apagados se
nós «fizermos» penitência. A penitência supõe a atividade e
não a passividade. Quando se compreendeu que se agiu mal e
aquilo que se fez de mal, há que reparar os seus erros e,
sobretudo, pôr-se de novo a trabalhar. As lamentações, o bater
com a mão no peito, não reparam absolutamente nada e a pessoa
até se torna um fardo para os outros. A salvação não está
nos remorsos, mas no trabalho."
"No passado longínquo, havia o costume de enterrar os mortos com
alimentos e alguns objetos que lhes eram familiares. Este costume
pode existir ainda hoje; ele assenta numa ciência que diz
respeito às relações que existem entre o mundo de cima e o
mundo de baixo, como está escrito na Tábua de Esmeralda: «O
que está em baixo é como o que está em cima e o que está em
cima é como o que está em baixo.» Não existe qualquer
oposição entre o visível e o invisível. Qualquer objeto
existe no alto como quinta-essência; quando ele se materializa
no mundo de baixo, é sempre portador dessa quinta-essência e
cabe ao homem vivificá-la para a tornar atuante.
O costume que existia no Egito antigo, por exemplo, de colocar
alimentos, armas ou utensílios nos túmulos deve-se a que os
sacerdotes sabiam preparar esses objetos introduzindo neles
vibrações, energias, de que as almas dos mortos se impregnavam
para prosseguirem a sua vida nos mundos do além."
"À força de verem e ouvirem tantas coisas, as pessoas estão
saturadas, enfadadas. Eles acham que já não têm nada a
aprender: deixam que o foco da sua atenção mude sem se fixarem
em coisa alguma e nada se imprime nelas. Dizem: «Eu sei isto…
Aquilo, já vi…e aquilo também, aquilo também…» Elas olham
sem ver, escutam sem ouvir. Sim, é o hábito. Mas não há nada
mais pernicioso do que deixar-se governar pelo hábito: fica-se embrutecido.
É preciso, pelo contrário, não se habituar a nada e lançar um
olhar novo, uma atenção nova, sobre as ideias, os seres, as
coisas, e observá-los, estudá-los como se se estivesse a
contactar com eles pela primeira vez. É nessas circunstâncias
que se descobre as ligações que existem entre eles, surge uma
luz e algo da vida do universo nos é revelado."
"As crianças indisciplinadas e que fazem mais asneiras não se
tornarão necessariamente delinquentes. Elas têm muitas energias
que ainda não sabem controlar e, mais do que ficarem inquietos,
os pais devem encontrar para elas atividades que lhes permitirão
canalizar e orientar melhor essas energias. Os pais não devem
desejar ter filhos sempre muito bem comportados e obedientes, que
estejam sempre de acordo com eles, apesar de isso dar menos
canseiras, pois, muitas vezes, esse bom comportamento e essa
obediência são é passividade, e crianças assim, mais tarde,
não farão nada de mau mas também não farão nada de bom. Há
mesmo casos em que crianças e adolescentes inteiramente passivos
se tornam, mais tarde, grandes criminosos.
Não se deve constranger as crianças. Há que vigiá-las, há
que corrigi-las se for necessário e, sobretudo, mostrar-lhes que
podem sempre fazer melhor, que se acredita que elas são capazes
de fazer melhor. Para se melhorarem, as crianças necessitam de
que pelo menos uma pessoa lhes manifeste a sua confiança."
"O algarismo 8 é formado por dois círculos colocados um por cima
do outro e que se tocam num ponto. O círculo superior representa
o mundo de cima, o círculo inferior, o mundo de baixo, e os dois
mundos estão em contacto. Nesta figura que é o 8, em que o
círculo inferior é exatamente o simétrico do círculo
superior, podemos ver a ilustração do princípio enunciado por
Hermes Trismegisto na Tábua de Esmeralda: «Tudo o que está em
baixo é com o que está em cima e tudo o que está em cima é
como o que está em baixo, para fazer o milagre de uma só
coisa.» O círculo que está em baixo é como o que está em
cima e, como eles estão em comunicação, fazem, efetivamente, o
milagre de uma só coisa.
É a mesma ideia que encontramos no “Pai-nosso”, quando Jesus
diz: «Seja feita a tua vontade, assim na terra como no Céu.»
Jesus deseja que o mundo do alto possa descer ao mundo de baixo,
para que a terra seja um dia o reflexo exato do Céu. Assim se
realizará o milagre da unidade. O Céu que está em cima deve
descer à terra, e esta “terra” somos também nós, os
humanos: nós temos a missão de ligar em nós o Céu à terra e
a terra ao Céu, manifestando na nossa existência as qualidades do Céu."
"Toda a nossa vida não é senão uma repetição das mesmas
atividades: respirar, alimentar-se, dormir, trabalhar, amar,
pensar, etc. Então, aceitai que eu volte muitas vezes aos mesmos
assuntos, pois é aprofundando-os que vós os descobrireis sempre
sob uma forma nova, com cores, dimensões e expressões novas.
Não vos deixeis influenciar por essa tendência que as pessoas
hoje em dia têm para se dispersarem, se informarem sobre tudo,
irem a toda a parte. Não é mau ser curioso, mas que benefício
se obtém ficando à superfície das coisas?
E esta tendência está a alastrar-se também aos
espiritualistas. Em vez de aprofundarem algumas verdades, de
aplicarem alguns métodos, eles interessam-se por uma quantidade
de teorias e de práticas herdadas de todas as épocas, de todos
os continentes, e depois surpreendem-se por se sentirem tão
desorientados. Pois bem, existem materialistas que sabem melhor
como proceder. O que fazem aqueles que procuram petróleo? Eles
não cavam só alguns metros, perfuram o solo até grandes
profundidades. Um dia, o petróleo jorra e eles ficam muito
ricos. É aí que se vê que, muitas vezes, os materialistas são
mais inteligentes do que os espiritualistas: eles compreenderam
que, para quem escava, alguns metros quadrados são suficientes,
ao passo que outros, com milhares de hectares que só percorrem
à superfície, continuam na miséria."