As pessoas que cruzaram o meu caminho, sempre foram os meus espelhos.
Eu nasci num lar com pessoas instruídas, Pai e Mãe eram nobres. Vindo de família com muita tradição, com muito dinheiro, com muitas habilidades, com muitos talentos.
Minha mãe tocava piano muito bem. Era uma verdadeira artista.
Mas, da mesma forma que ela tocava piano, com tanta profundidade emoção, ela se emocionava... Com os filhos, com a casa, com as pessoas. E eu nunca sabia o que esperar da minha mãe. Se ela iria me acolher, ou, se ela iria passar por mim como se eu não existisse.
Era uma casa abastada em todos os sentidos, até nos sentimentos.
E foram momentos de muita dor, quando eu busquei o acolhimento. Principalmente de minha mãe. Meu pai, como cabia aos homens da época; cuidava dos negócios, cuidava de manter as suas amizades, os seus encontros políticos... Os relacionamentos.E eu procurava nos meus irmãos a amizade, o conforto, o carinho, a segurança. O tempo todo, eu queria os
meus irmãos. E eles também me queriam. Porque todos eram solitários.
Não era apenas eu, a criança solitária ou desajustada. Uns procuravam nos outros a solução das suas questões.
Queriam impor o seu pensamento. Queriam impor a sua palavra. Queriam impor a sua vontade. Queriam dizer que sabiam mais. Queriam dizer que podiam comandar uma situação, uma brincadeira. Éramos soltos... Tínhamos pai, tínhamos mãe e éramos completamente soltos.
E quando procurávamos a minha mãe, já que sabíamos dessa debilidade dela. Afinal, tínhamos sido criados por ela, não sabíamos que iríamos encontrar uma pessoa com questões em desalinho.
Era impressionante porque todos nós, tão crianças, já sabíamos de tudo isso. Ela não era uma boa mediadora. E era isso que nós procurávamos em nossa mãe: nós procurávamos alguém que pudesse mediar as nossas questões.
E quando chegou a minha adolescência, eu olhei na minha mãe, e vi nela todos os problemas.
E nesse momento, a minha mãe se tornou uma pessoa tão feia, tão sem brilho, sem luz. Eu enchi minha mãe de críticas, de dores, de tristezas... Que eram as minhas próprias dores.
E acusei minha mãe de ter me feito assim. De ter me criado dessa maneira. E de ter me trazido pra tantos sofrimentos.
Acusei minha mãe de não nos ter dado amor. De ter criado filhos abandonados, sem gentileza, sem afeto, sem carinho, sem cuidado.
Acusei a minha mãe de ter impedido a manifestação dos nossos talentos, porque não deu apoio. E assim foi.
E aí saí em busca, do acolhimento, do amor... Do meu pai.
Queria ser reconhecida por ele, queria ser tratada por ele. E ele era alguém ausente. Alguém que não me via.
Então foram os homens, meus namorados, aqueles que eu procurei o apoio, o carinho, o reconhecimento.
E quando eu vi... Eu estava igual a minha mãe, eu era como ela. Não apenas fisicamente, pois eu me parecia coma minha mãe e detestava ser parecida com ela. Mas, emocionalmente eu era parecida com a minha mãe, porque ela era o meu grande espelho.
E ali aconteceu uma grande tristeza dentro de mim. Porque eu não queria ser como a minha mãe. Eu não tinha admiração por ela. Eu achava que ela não resolvia bem os problemas, que ela não resolvia bem as questões e que eu também não resolvia. Então, como me parecer com alguém que era tão impuro, tão imperfeito, tão cheio de falhas... Que tristeza a minha, me parecer com a minha mãe.
E aí, eu me entreguei aos braços dos homens, esperando que suas carícias, seus beijos, suprissem as minhas necessidades... E me dissessem que eu era bonita, que eu era feliz, que eu tinha amor, que eu tinha capacidade, que eu era inteligente, que eu era brilhante, que eu era especial.
E eu não sei se eles esperavam o mesmo de mim. O fato é que se sucederam muitos relacionamentos. Alguns mais profundos. Alguns mais superficiais. E todos infelizes.Porque eu era carente? Talvez eles também fossem.
Talvez fossem superficiais ou egoístas... Ou talvez estivesse sofrendo, não sei.
O fato é que se uniam vazios: o meu vazio, o vazio deles.
Eu não sabia nada de vida espiritual. Eu não sabia como caminhar, como vencer. E as religiões, daquela época, não aquietavam o meu coração. As regras eram fixas, eram duras.
Eu não queria me tornar uma Freira. Eu não queria ir para conventos. Eu queria ser apenas Eu. E ser feliz. O que a maioria das pessoas sempre almeja. Eu queria a felicidade. A felicidade no amor, a felicidade na minha vida, a felicidade num relacionamento que me curasse. E nada disso aconteceu.
E aí, eu me contrariei muito, pensando que Deus era duro, cruel, que não havia um Deus que acolhe, que ama ou que ensina as pessoas. Porque eu estava muito infeliz.
E aí, o meu espelho: Deus, dentro do meu espelho. Aquilo que eu olhei pra Deus. Eu refleti toda a minha mágoa, toda a minha dor, todo o meu desencanto. E aquele espelho, que eu transformei Deus, que eu coloquei Deus... Foi um espelho de dor, de mágoa, de sofrimento, de vida sem solução. Porque era assim que eu me encontrava.
Eu me sentia sem solução.
Eu já tinha vivido alguns desencantos, quando isso aconteceu.
E aí eu fui passar uma temporada numa casa de campo da minha família. E era um lugar com amplos jardins. E eu cheguei numa época, onde, esses jardins estavam sendo reformados. Muita terra sendo tirada e todos os dias aquilo me incomodava. Porque eram muitas pessoas trabalhando naqueles jardins. Claro que eu nunca tinha colocado as minhas mãos numa pá ou na terra, ou, nem tinha me detido a olhar nada isso, porque a minha vida era uma vida de nobre.E quando eu olhava pela janela, quando eu queria caminhar pela manhã... Estava lá, aquela bagunça armada.
Pessoas por todos os lados, carrinhos de terra, jardineiros... Gente que eu achava bruta. Gente que eu achava que estava ali só pra trabalhar.
E quando uma parte desse jardim começou a ficar pronta e eu pude caminhar por ali, eu comecei a observar as coisas, as plantas, as pessoas. E havia muitas rosas, algumas tinham sido levadas de um lado pra outro, transplantadas...
E eu comecei a olhar aquelas flores e a meditar, e a sentir aquele perfume. E aos poucos eu fui fazendo perguntas. Onde seriam colocadas aquela muda, aquela outra. E fui conversando com aquelas pessoas que estavam ali trabalhando. Me esquecendo propositadamente dos meus problemas, que eram pra mim, os maiores do mundo.
O jardineiro, que ficou meu amigo, era um senhor. E ele me falava que a vida precisa de aceitação. Que as pessoas precisam aceitar as coisas: o tempo, a ação do tempo. Precisam aceitar a natureza das coisas.
Ele me dizia:
— Se eu colocar este pé de rosa no Sol, totalmente no Sol, ele dará um tipo de flor. Talvez mais forte. Mais rija. Se eu colocá-la num lugar de sombra, as pétalas nascerão fracas. O lugar bom, dela ficar é esse, ao Sol.
E ele dizia pra mim:
— Às vezes, você precisa expor a flor a uma situação. Pra que ela descubra a sua força.
Ele não me dava lições de psicologia ou de vida porque, talvez ele nem conhecesse nada disso. Mas, ele sabia das flores.
E como eu fiz sempre, a minha vida inteira, das pessoas um espelho... Eu traduzia as palavras daquele homem tão simples, em lições pra minha vida, pras minhas coisas. E percebi que eu nunca respeitei as pessoas. Que eu queria que elas me nutrissem, me amassem, me enxergassem, me cuidassem, me amparassem, me olhassem.
Mas eu não sabia quem elas eram, do que elas precisavam, onde elas estavam. Eu queria que elas me vissem onde eu estava. E cuidassem daquilo que eu precisava que elas cuidassem.
Eu me doava muito pouco. E eu achava que eu me entregava completamente, porque eu vivia apaixonada. E eram sofrimentos em cima de sofrimentos. Decepções em cima de decepções.
As rosas me curaram. Não pela beleza, ou pelo perfume, nem pelos espinhos. Mas, por terem me dado à oportunidade de observá-las.
A Natureza, a vida é cheia de exemplos. Mas, para enxergá-los, nós precisamos abrir um pouco mais a nossa percepção e o coração.
Muitas pessoas sofrem muito, porque acham que sabem tudo. E estão espelhando em suas vidas, o sofrimento.Se questionem. Perguntem sempre pra vocês mesmos:
Será que eu estou certo em pensar o que penso?
Será que esse pensamento em mim é real?
Será que existe outra forma de olhar essa mesma situação?
E não esperem a resposta de uma outra pessoa. Ou, de um grande insight.
Busquem na meditação, na oração. Na conexão interior, o aprofundamento... E as verdades virão.
Vocês aprenderão a respeitar o tempo das flores. A aceitar o seu próprio tempo. A desejar menos e compreender mais.
Eu aprendi que a vida não é feita de conquistas, mas, de acomodação, entendimento e expansão.
Vocês podem, assim como eu pude. E todos podem... Ir atrás dos seus objetivos, dos seus sonhos, das suas realizações. Mas, não se tornem escravos dos desejos.
Sejam felizes hoje, pelo prato de hoje. Pelos aprendizados de hoje.
E permitam que amanhã, como faz o Sol todos os dias... O dia brilhe e a claridade venha com todos os ensinamentos que lhe couber. Tudo ao seu tempo. Não sofram por antecipação.
E permitam, que um coração puro, dentro de vocês... Ofereçam á vida, um plácido espelho.
Em sintonia com a Chama Rosa. Eu sou Rowena. E venho com Amor, oferecer a vocês, aquilo que aprendi.
Recebam o meu carinho, e a minha oferta de Paz e de Cura.
Tenham Paz.
Canalização de Maria Silvia Orlovas em 07/08/2013
Fonte: http://mariasilviaporlovas.blogspot.pt/